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Já aqui escrevi sobre Passarolas e Balões, no entanto na altura não tinha conhecimento do texto de Pinheiro (Fr. Lucas de S. Joaquim) que vim a descobrir online no Arquivo da Torre do Tombo.
Este texto está incluso no final de uma compilação de cartas e obras de Alexandre de Gusmão até 1752, pelo que se conclui que Pinheiro, o autor desta transcrição viveu posteriormente, e pela descrição na sua Nota final, dá a entender que o texto foi escrito numa altura em que o Torreão da Casa da Índia estaria por concluir, após a reconstrução derivada do Terramoto de 1755. A frase final, assinalando a perda desta glória para Portugal, sugere que talvez as experiências dos Montgolfier já fossem conhecidas, remetendo esta transcrição para final do Séc. XVIII.

O que interessa é que a leitura deste texto coloca praticamente um ponto final sobre o assunto. É claro que não fui eu o único a ler o texto, que até se encontra online, pelo que se trata obviamente de mais um segredo de Polichinelo, silenciado pelos numerosos arlequins que embelezam esta tragicomédia popular.

Transcrevo as páginas manuscritas 202 a 204 que podem ser consultadas directamente no link da Torre do Tombo. Fica claro que houve de facto uma farsa, mas não no desenho remetido ao 2º Marquês de Abrantes, nem que se tratava de uma outra embarcação com ascenção por ar quente, conforme tinha lido e escrito no texto anterior... ou seja, em breves palavras:
  • Bartolomeu Lourenço terá criado o primeiro dirigível, que se elevava por auxílio de um gás leve, provavelmente hidrogénio. Isso tornava grande parte do restante aparato como uma grande ilusão, onde entrava o fascínio à época pelo magnetismo (pedras de cevar). Uma grande quantidade de gás poderia de facto permitir a ascenção independentemente da forma pouco convencional do aparelho.
  • Pinheiro sugere que o gás poderia estar colocado nas esferas e no velame, mas talvez seja mais natural considerar ainda que o corpo da barca também seria um depósito de gás. A isso acresce a descrição de que o corpo da barca era forrado a chapas de ferro e palha de centeio, talvez com algum propósito de calafetar o conteúdo. As duas esferas poderiam estar ligadas a dois depósitos internos, regulando a inclinação da barca pela libertação de gás, e finalmente permitiriam a descida do aparelho.
  • Isto não exclui que o próprio Bartolomeu não tivesse feito demonstrações com balões de ar quente, usando o princípio das Lanternas de Kongming (balões de S. João...). Porém a verdadeira novidade seria mesmo a utilização de um gás mais leve, o que evitaria a necessidade de alimentar uma combustão e daria a necessária autonomia.
  • É notável que na carta a D. João V, Alexandre de Gusmão refira o particular interesse de explorar as regiões mais vizinhas dos Pólos, dando a entender por isso que seriam apenas aquelas onde não seria possível a navegação... assumindo implicitamente que as naus portuguesas já teriam explorado as regiões navegáveis. Nada disto será de estranhar se lermos o que dizia Pedro Nunes, já 200 anos antes... e complementa-se pelo pouco relevo dado à descoberta das costas marítimas da Antártida (que nem tem descobridor atribuído...).
Após este gás no reinado de D. João V, que potenciaria uma nova ascenção portuguesa, percebemos que seria necessário um abalo de fortes consequências para que os sonhos caíssem por terra.

Segue a transcrição que fiz do texto manuscrito:
_________________________

Petição do Padre Bartholomeu Lourenço
sobre o instrumento que inventou para andar pelo ar e suas utilidades.

Diz o licenciado Bartholomeu que ele tem descoberto um instrumento para andar pelo ar da mesma sorte que pela terra, e pelo mar, com muita mais brevidade, fazendo muitas vezes duzentas e mais léguas de caminho por dia, nos quais instrumentos se poderão levar os avisos de mais importância aos exércitos e terras mais remotas, quasi no mesmo tempo em que se resolvem - no que interessa a Vª Majestade muito mais que todos os outros Princípes pela maior distância de seus Domínios, evitando-se desta sorte os desgovernos das conquistas, que provem em grande parte de chegar tarde a notícia deles. Além do que poderá V. Mag. mandar vir todo o (?) delas muito mais brevemente e mais seguro. Poderão os homens de Negócio passar letras e cabedais a todas as Praças sitiadas: poderão ser socorridas tanto de gente, como de víveres, e munições a todo o tempo, e tirarem-se delas as Pessoas que quiserem, sem que o inimigo o possa impedir.

Descobrir-se-ão as regiões mais vizinhas aos Pólos do Mundo, sendo da Nação Portuguesa a glória deste descobrimento, além das infinitas conveniências que mostrará o tempo. (?) deste invento se podem seguir muitas desordens cometendo-se com o seu uso muitos crimes, e facilitando-se muito na confiança de se poderem passar a outro Reino, o que se evita estando reduzido o dito uso a uma só Pessoa, a quem se mandem a todo o tempo as ordens convenientes a respeito do dito transporte, e proibindo-se a todas as mais sob graves penas. E é bem se remunere ao suplicante invento de tanta importância.

Pede a V. Majestade seja servido conceder ao suplicante o privilégio, de que pondo por obra o dito invento nenhuma pessoa de qualquer qualidade que for possa usar dele em nenhum tempo neste Reino, ou suas conquistas sem licença do suplicante, ou seus herdeiros sob pena de perdimento de todos os bens, e as mais que a V. Majestade parecerem.

Consultou-se
No Desembargo do Paço a El Rey com todos os vossos(?) e que o prémio que pedia era muito limitado e que se devia ampliar.
Saiu Despachado
Como parece à Mesa, e além das penas acrescento a de morte aos Transgressores, e para com mais vontade o suplicante se aplicar ao novo Instrumento, obrando os efeitos que relata, lhe faço mercê da primeira Dignidade, que vagar nas minhas colegiadas de Barcelos, ou Santarém, e de Lente de Prima de Mathematica da minha Universidade de Coimbra com 600 mil réis de renda, que crio de novo em vida do suplicante somente.
Lisboa, 7 de Abril de 1709
(com a rubrica de Sua Majestade)

Explicação da Máquina
a. Mostra o modo velame para cortar os ares.
b. Mostra o leme para se poder governar
c. Mostra o corpo da barca levando em cada concha um fole e cano para lhe suprir a falta de ventos.
d. Mostra as Asas, que como pás servem para não voltar de todo à banda.
e. Mostra as Esferas feitas de metal, levando na base uma pedra de cevar e dentro dizia o Autor que ia o segredo. O corpo da barca era de madeira forrado de chapas de ferro forrado de esteiras de palha de centeio e tabuado capaz de conduzir até 11 Pessoas.
f. Mostra uma coberta feita de Arames com alambres enfiados fingindo que com o calor do Sol atrairão a si as esteiras com a barca.
g. Mostra a agulha de marear
h. Mostra o Piloto com o Astrolábio
i. Mostram as roldanas para se governar a escota.



Nota
Suposto como certo, e infalível, que o Autor achando o segredo do gás o havia de encobrir até estar certo da felicidade de suas operações, e de alcançar os prémios que pretendia, devemos confessar que justo o encobrisse fingindo que o ascenso da Máquina procedia de outros princípios atractivos com que o vulgo se enganasse.
Enfim, não obstante que diga que dentro dos globos ia a Magnete, cujo virtude faria subir a Máquina, ou barca, contudo a sua elevação não podia proceder da virtude atractiva, mas sim da expansão, e força do gás, a que o Autor chama segredo que ia dentro dos globos - ou talvez no velame. O certo é que o Autor era curiosíssimo na composição de fogo do ar e que esta Máquina foi experimentada, e lançada da Praça de Armas do Castelo, e que veio cair no Torreão da parte Ocidental da Praça, que então era Terreiro do Paço, e o Torreão Casa da India, e hoje é Praça do Comércio, e o Torreão está por concluir, e disto havia muitas testemunhas que alcançaram os meus dias. O fim desastrado do Autor foi causa de Portugal não ter a glória desta descoberta.

Pinheiro (assinatura)


Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:00


Já aqui escrevi sobre Passarolas e Balões, no entanto na altura não tinha conhecimento do texto de Pinheiro (Fr. Lucas de S. Joaquim) que vim a descobrir online no Arquivo da Torre do Tombo.
Este texto está incluso no final de uma compilação de cartas e obras de Alexandre de Gusmão até 1752, pelo que se conclui que Pinheiro, o autor desta transcrição viveu posteriormente, e pela descrição na sua Nota final, dá a entender que o texto foi escrito numa altura em que o Torreão da Casa da Índia estaria por concluir, após a reconstrução derivada do Terramoto de 1755. A frase final, assinalando a perda desta glória para Portugal, sugere que talvez as experiências dos Montgolfier já fossem conhecidas, remetendo esta transcrição para final do Séc. XVIII.

O que interessa é que a leitura deste texto coloca praticamente um ponto final sobre o assunto. É claro que não fui eu o único a ler o texto, que até se encontra online, pelo que se trata obviamente de mais um segredo de Polichinelo, silenciado pelos numerosos arlequins que embelezam esta tragicomédia popular.

Transcrevo as páginas manuscritas 202 a 204 que podem ser consultadas directamente no link da Torre do Tombo. Fica claro que houve de facto uma farsa, mas não no desenho remetido ao 2º Marquês de Abrantes, nem que se tratava de uma outra embarcação com ascenção por ar quente, conforme tinha lido e escrito no texto anterior... ou seja, em breves palavras:
  • Bartolomeu Lourenço terá criado o primeiro dirigível, que se elevava por auxílio de um gás leve, provavelmente hidrogénio. Isso tornava grande parte do restante aparato como uma grande ilusão, onde entrava o fascínio à época pelo magnetismo (pedras de cevar). Uma grande quantidade de gás poderia de facto permitir a ascenção independentemente da forma pouco convencional do aparelho.
  • Pinheiro sugere que o gás poderia estar colocado nas esferas e no velame, mas talvez seja mais natural considerar ainda que o corpo da barca também seria um depósito de gás. A isso acresce a descrição de que o corpo da barca era forrado a chapas de ferro e palha de centeio, talvez com algum propósito de calafetar o conteúdo. As duas esferas poderiam estar ligadas a dois depósitos internos, regulando a inclinação da barca pela libertação de gás, e finalmente permitiriam a descida do aparelho.
  • Isto não exclui que o próprio Bartolomeu não tivesse feito demonstrações com balões de ar quente, usando o princípio das Lanternas de Kongming (balões de S. João...). Porém a verdadeira novidade seria mesmo a utilização de um gás mais leve, o que evitaria a necessidade de alimentar uma combustão e daria a necessária autonomia.
  • É notável que na carta a D. João V, Alexandre de Gusmão refira o particular interesse de explorar as regiões mais vizinhas dos Pólos, dando a entender por isso que seriam apenas aquelas onde não seria possível a navegação... assumindo implicitamente que as naus portuguesas já teriam explorado as regiões navegáveis. Nada disto será de estranhar se lermos o que dizia Pedro Nunes, já 200 anos antes... e complementa-se pelo pouco relevo dado à descoberta das costas marítimas da Antártida (que nem tem descobridor atribuído...).
Após este gás no reinado de D. João V, que potenciaria uma nova ascenção portuguesa, percebemos que seria necessário um abalo de fortes consequências para que os sonhos caíssem por terra.

Segue a transcrição que fiz do texto manuscrito:
_________________________

Petição do Padre Bartholomeu Lourenço
sobre o instrumento que inventou para andar pelo ar e suas utilidades.

Diz o licenciado Bartholomeu que ele tem descoberto um instrumento para andar pelo ar da mesma sorte que pela terra, e pelo mar, com muita mais brevidade, fazendo muitas vezes duzentas e mais léguas de caminho por dia, nos quais instrumentos se poderão levar os avisos de mais importância aos exércitos e terras mais remotas, quasi no mesmo tempo em que se resolvem - no que interessa a Vª Majestade muito mais que todos os outros Princípes pela maior distância de seus Domínios, evitando-se desta sorte os desgovernos das conquistas, que provem em grande parte de chegar tarde a notícia deles. Além do que poderá V. Mag. mandar vir todo o (?) delas muito mais brevemente e mais seguro. Poderão os homens de Negócio passar letras e cabedais a todas as Praças sitiadas: poderão ser socorridas tanto de gente, como de víveres, e munições a todo o tempo, e tirarem-se delas as Pessoas que quiserem, sem que o inimigo o possa impedir.

Descobrir-se-ão as regiões mais vizinhas aos Pólos do Mundo, sendo da Nação Portuguesa a glória deste descobrimento, além das infinitas conveniências que mostrará o tempo. (?) deste invento se podem seguir muitas desordens cometendo-se com o seu uso muitos crimes, e facilitando-se muito na confiança de se poderem passar a outro Reino, o que se evita estando reduzido o dito uso a uma só Pessoa, a quem se mandem a todo o tempo as ordens convenientes a respeito do dito transporte, e proibindo-se a todas as mais sob graves penas. E é bem se remunere ao suplicante invento de tanta importância.

Pede a V. Majestade seja servido conceder ao suplicante o privilégio, de que pondo por obra o dito invento nenhuma pessoa de qualquer qualidade que for possa usar dele em nenhum tempo neste Reino, ou suas conquistas sem licença do suplicante, ou seus herdeiros sob pena de perdimento de todos os bens, e as mais que a V. Majestade parecerem.

Consultou-se
No Desembargo do Paço a El Rey com todos os vossos(?) e que o prémio que pedia era muito limitado e que se devia ampliar.
Saiu Despachado
Como parece à Mesa, e além das penas acrescento a de morte aos Transgressores, e para com mais vontade o suplicante se aplicar ao novo Instrumento, obrando os efeitos que relata, lhe faço mercê da primeira Dignidade, que vagar nas minhas colegiadas de Barcelos, ou Santarém, e de Lente de Prima de Mathematica da minha Universidade de Coimbra com 600 mil réis de renda, que crio de novo em vida do suplicante somente.
Lisboa, 7 de Abril de 1709
(com a rubrica de Sua Majestade)

Explicação da Máquina
a. Mostra o modo velame para cortar os ares.
b. Mostra o leme para se poder governar
c. Mostra o corpo da barca levando em cada concha um fole e cano para lhe suprir a falta de ventos.
d. Mostra as Asas, que como pás servem para não voltar de todo à banda.
e. Mostra as Esferas feitas de metal, levando na base uma pedra de cevar e dentro dizia o Autor que ia o segredo. O corpo da barca era de madeira forrado de chapas de ferro forrado de esteiras de palha de centeio e tabuado capaz de conduzir até 11 Pessoas.
f. Mostra uma coberta feita de Arames com alambres enfiados fingindo que com o calor do Sol atrairão a si as esteiras com a barca.
g. Mostra a agulha de marear
h. Mostra o Piloto com o Astrolábio
i. Mostram as roldanas para se governar a escota.



Nota
Suposto como certo, e infalível, que o Autor achando o segredo do gás o havia de encobrir até estar certo da felicidade de suas operações, e de alcançar os prémios que pretendia, devemos confessar que justo o encobrisse fingindo que o ascenso da Máquina procedia de outros princípios atractivos com que o vulgo se enganasse.
Enfim, não obstante que diga que dentro dos globos ia a Magnete, cujo virtude faria subir a Máquina, ou barca, contudo a sua elevação não podia proceder da virtude atractiva, mas sim da expansão, e força do gás, a que o Autor chama segredo que ia dentro dos globos - ou talvez no velame. O certo é que o Autor era curiosíssimo na composição de fogo do ar e que esta Máquina foi experimentada, e lançada da Praça de Armas do Castelo, e que veio cair no Torreão da parte Ocidental da Praça, que então era Terreiro do Paço, e o Torreão Casa da India, e hoje é Praça do Comércio, e o Torreão está por concluir, e disto havia muitas testemunhas que alcançaram os meus dias. O fim desastrado do Autor foi causa de Portugal não ter a glória desta descoberta.

Pinheiro (assinatura)


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publicado às 06:00


Já aqui escrevi sobre Passarolas e Balões, no entanto na altura não tinha conhecimento do texto de Pinheiro (Fr. Lucas de S. Joaquim) que vim a descobrir online no Arquivo da Torre do Tombo.
Este texto está incluso no final de uma compilação de cartas e obras de Alexandre de Gusmão até 1752, pelo que se conclui que Pinheiro, o autor desta transcrição viveu posteriormente, e pela descrição na sua Nota final, dá a entender que o texto foi escrito numa altura em que o Torreão da Casa da Índia estaria por concluir, após a reconstrução derivada do Terramoto de 1755. A frase final, assinalando a perda desta glória para Portugal, sugere que talvez as experiências dos Montgolfier já fossem conhecidas, remetendo esta transcrição para final do Séc. XVIII.

O que interessa é que a leitura deste texto coloca praticamente um ponto final sobre o assunto. É claro que não fui eu o único a ler o texto, que até se encontra online, pelo que se trata obviamente de mais um segredo de Polichinelo, silenciado pelos numerosos arlequins que embelezam esta tragicomédia popular.

Transcrevo as páginas manuscritas 202 a 204 que podem ser consultadas directamente no link da Torre do Tombo. Fica claro que houve de facto uma farsa, mas não no desenho remetido ao 2º Marquês de Abrantes, nem que se tratava de uma outra embarcação com ascenção por ar quente, conforme tinha lido e escrito no texto anterior... ou seja, em breves palavras:
  • Bartolomeu Lourenço terá criado o primeiro dirigível, que se elevava por auxílio de um gás leve, provavelmente hidrogénio. Isso tornava grande parte do restante aparato como uma grande ilusão, onde entrava o fascínio à época pelo magnetismo (pedras de cevar). Uma grande quantidade de gás poderia de facto permitir a ascenção independentemente da forma pouco convencional do aparelho.
  • Pinheiro sugere que o gás poderia estar colocado nas esferas e no velame, mas talvez seja mais natural considerar ainda que o corpo da barca também seria um depósito de gás. A isso acresce a descrição de que o corpo da barca era forrado a chapas de ferro e palha de centeio, talvez com algum propósito de calafetar o conteúdo. As duas esferas poderiam estar ligadas a dois depósitos internos, regulando a inclinação da barca pela libertação de gás, e finalmente permitiriam a descida do aparelho.
  • Isto não exclui que o próprio Bartolomeu não tivesse feito demonstrações com balões de ar quente, usando o princípio das Lanternas de Kongming (balões de S. João...). Porém a verdadeira novidade seria mesmo a utilização de um gás mais leve, o que evitaria a necessidade de alimentar uma combustão e daria a necessária autonomia.
  • É notável que na carta a D. João V, Alexandre de Gusmão refira o particular interesse de explorar as regiões mais vizinhas dos Pólos, dando a entender por isso que seriam apenas aquelas onde não seria possível a navegação... assumindo implicitamente que as naus portuguesas já teriam explorado as regiões navegáveis. Nada disto será de estranhar se lermos o que dizia Pedro Nunes, já 200 anos antes... e complementa-se pelo pouco relevo dado à descoberta das costas marítimas da Antártida (que nem tem descobridor atribuído...).
Após este gás no reinado de D. João V, que potenciaria uma nova ascenção portuguesa, percebemos que seria necessário um abalo de fortes consequências para que os sonhos caíssem por terra.

Segue a transcrição que fiz do texto manuscrito:
_________________________

Petição do Padre Bartholomeu Lourenço
sobre o instrumento que inventou para andar pelo ar e suas utilidades.

Diz o licenciado Bartholomeu que ele tem descoberto um instrumento para andar pelo ar da mesma sorte que pela terra, e pelo mar, com muita mais brevidade, fazendo muitas vezes duzentas e mais léguas de caminho por dia, nos quais instrumentos se poderão levar os avisos de mais importância aos exércitos e terras mais remotas, quasi no mesmo tempo em que se resolvem - no que interessa a Vª Majestade muito mais que todos os outros Princípes pela maior distância de seus Domínios, evitando-se desta sorte os desgovernos das conquistas, que provem em grande parte de chegar tarde a notícia deles. Além do que poderá V. Mag. mandar vir todo o (?) delas muito mais brevemente e mais seguro. Poderão os homens de Negócio passar letras e cabedais a todas as Praças sitiadas: poderão ser socorridas tanto de gente, como de víveres, e munições a todo o tempo, e tirarem-se delas as Pessoas que quiserem, sem que o inimigo o possa impedir.

Descobrir-se-ão as regiões mais vizinhas aos Pólos do Mundo, sendo da Nação Portuguesa a glória deste descobrimento, além das infinitas conveniências que mostrará o tempo. (?) deste invento se podem seguir muitas desordens cometendo-se com o seu uso muitos crimes, e facilitando-se muito na confiança de se poderem passar a outro Reino, o que se evita estando reduzido o dito uso a uma só Pessoa, a quem se mandem a todo o tempo as ordens convenientes a respeito do dito transporte, e proibindo-se a todas as mais sob graves penas. E é bem se remunere ao suplicante invento de tanta importância.

Pede a V. Majestade seja servido conceder ao suplicante o privilégio, de que pondo por obra o dito invento nenhuma pessoa de qualquer qualidade que for possa usar dele em nenhum tempo neste Reino, ou suas conquistas sem licença do suplicante, ou seus herdeiros sob pena de perdimento de todos os bens, e as mais que a V. Majestade parecerem.

Consultou-se
No Desembargo do Paço a El Rey com todos os vossos(?) e que o prémio que pedia era muito limitado e que se devia ampliar.
Saiu Despachado
Como parece à Mesa, e além das penas acrescento a de morte aos Transgressores, e para com mais vontade o suplicante se aplicar ao novo Instrumento, obrando os efeitos que relata, lhe faço mercê da primeira Dignidade, que vagar nas minhas colegiadas de Barcelos, ou Santarém, e de Lente de Prima de Mathematica da minha Universidade de Coimbra com 600 mil réis de renda, que crio de novo em vida do suplicante somente.
Lisboa, 7 de Abril de 1709
(com a rubrica de Sua Majestade)

Explicação da Máquina
a. Mostra o modo velame para cortar os ares.
b. Mostra o leme para se poder governar
c. Mostra o corpo da barca levando em cada concha um fole e cano para lhe suprir a falta de ventos.
d. Mostra as Asas, que como pás servem para não voltar de todo à banda.
e. Mostra as Esferas feitas de metal, levando na base uma pedra de cevar e dentro dizia o Autor que ia o segredo. O corpo da barca era de madeira forrado de chapas de ferro forrado de esteiras de palha de centeio e tabuado capaz de conduzir até 11 Pessoas.
f. Mostra uma coberta feita de Arames com alambres enfiados fingindo que com o calor do Sol atrairão a si as esteiras com a barca.
g. Mostra a agulha de marear
h. Mostra o Piloto com o Astrolábio
i. Mostram as roldanas para se governar a escota.



Nota
Suposto como certo, e infalível, que o Autor achando o segredo do gás o havia de encobrir até estar certo da felicidade de suas operações, e de alcançar os prémios que pretendia, devemos confessar que justo o encobrisse fingindo que o ascenso da Máquina procedia de outros princípios atractivos com que o vulgo se enganasse.
Enfim, não obstante que diga que dentro dos globos ia a Magnete, cujo virtude faria subir a Máquina, ou barca, contudo a sua elevação não podia proceder da virtude atractiva, mas sim da expansão, e força do gás, a que o Autor chama segredo que ia dentro dos globos - ou talvez no velame. O certo é que o Autor era curiosíssimo na composição de fogo do ar e que esta Máquina foi experimentada, e lançada da Praça de Armas do Castelo, e que veio cair no Torreão da parte Ocidental da Praça, que então era Terreiro do Paço, e o Torreão Casa da India, e hoje é Praça do Comércio, e o Torreão está por concluir, e disto havia muitas testemunhas que alcançaram os meus dias. O fim desastrado do Autor foi causa de Portugal não ter a glória desta descoberta.

Pinheiro (assinatura)


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publicado às 22:00

Direito Sinistro

27.03.12
Tendo colocado aqui o último texto sobre os Painéis de Nuno Gonçalves, notei que a questão sobre a dualidade Poente-Nascente, um aspecto a que dei muita importância na altura, acabou por ter sido negligenciado na maioria dos textos seguintes. 
Talvez por ter insistido demasiado nessa particularidade nos meses iniciais de pesquisa, acabei por negligenciar alguma necessidade de menção nos textos seguintes... No entanto, de nenhuma forma ele deixou de estar presente no meu olhar sobre os mais insignificantes pormenores. Acho que já aqui referi que um pormenor distintivo, nas duas primeiras edições dos Lusíadas de Camões, era justamente a diferença na orientação da cabeça do pelicano, no fronstispício.

A dualidade Poente-Nascente foi assim chamada também para relacionar directamente com a dualidade sobre as duas designações de Vénus - ao amanhecer seria encarado como "portador de luz", ou Lucifer, e ao entardecer era encarado como "fonte de esperança", ou Hespero (de onde surgia a designação das ilhas ocidentais paradisíacas - as Hespérides). Era ainda claramente uma dualidade sempre presente entre o Ocidente e o Oriente, dois destinos diferentes que se colocavam a uma Europa que se via como centro do mundo. Houve uma progressiva deslocação do centro de poder para ocidente, desde um centro babilónico ou persa, passando a um centro cultural helénico e depois romano, caminhando para os centros mais recentes, inglês e americano. 
É uma separação claramente diferente e menos óbvia face à dualidade entre o alto e o baixo, o norte e o sul, entre um topo próximo do céu e uma profundidade infernal.

Poderia também falar-se de uma dualidade Esquerda-Direita, que se foi mantendo como divisão política.
Porém aqui é habitual notar que, em italiano, a Esquerda é Sinistra, e em inglês, a Direita está Certa (right).
Será que a posição escolhida pelos deputados na Assembleia francesa de 1788 foi acidental?... não nos parece! Não foi nenhum acidente, nem nenhum sinistro... simplesmente colocaram-se na posição que já reflectia opções políticas, da mesma forma que ter uma cabeça de águia imperial olhando para a esquerda ou para a direita não seria exactamente um simples acaso nos antigos brasões (a ponto de com os Habsburgos terem surgido mesmo águias bicéfalas).

É claro que muitas das relações são fortuitas, desinformadas, e será por isso fácil contra-argumentar contra qualquer pretensão séria de levar estas relações mais longe... nem todos os brasões foram escolhidos com as suas armas viradas para a esquerda ou para a direita com propósito necessariamente informativo. Aliás, essa desinformação foi-se acentuando com uma progressiva entrada na Idade Moderna.
Para além disso é ainda claro que quem se sentava à esquerda, ficaria voltado para a direita, para nascente, aguardando um novo amanhecer com uma estrela da manhã portadora de luz... ao passo que quem se sentava à direita ficaria olhando o pôr do sol com uma estrela de entardecer sinónimo de esperança. Como se isto não fosse suficientemente sinistro, esta posição dependeria ainda da própria orientação do edifício (e os exemplos de edifícios parlamentares que vimos seguem exactamente esta orientação solar... os lugares da esquerda viram-se a nascente e os da direita a poente)!

Porém, aqui queria acentuar um outro aspecto... o do Direito!
Quando comentei sobre a separação de poderes não coloquei, nem mesmo implicitamente, qualquer referência a esta particularidade relativa ao poder judicial... o poder do Direito.
Vivemos num "Estado de Direito", ainda que cada vez mais nos pareça que vivemos num "Estado Sinistro"... e não apenas "sinistro" no seu aspecto oculto, mas também porque parece caminhar para um inevitável acidente.

Nas sociedades modernas o sistema político acabou por cumprir uma separação de dois poderes, que já comentei (havendo a confusão entre poder executivo e legislativo). Há um poder pseudo-legitimado por uma pretensa eleição partidária, esse constitui o lado sinistro, e há um outro poder que assumidamente não é outorgado pelo povo, que simplesmente se desenvolve numa carreira pelo lado do direito, o poder judicial.
É especialmente interessante ver como o poder desse direito se acentua quando decide investir pelo lado sinistro da governação e pelos seus intérpretes, supostamente eleitos democraticamente. Assim, tem sido curioso verificar como os diversos governos ficam sinistramente presos(!) no estado de direito.
Nem tão pouco falo dos processos mais ou menos caricatos, alguns ridículos, que têm manchado a credibilidade da justiça portuguesa... falo aqui de um imperativo do Direito, que ao se sobrepor, tem tornado os governos praticamente impotentes para alterar cláusulas ou contratos, compromissos feitos em nome de um estado que apenas parece vacilar perante o "corte a direito" que executa a legislação sinistra.

Não assumir uma posição "às direitas" pode parecer meio sinistro, ou uma simples brincadeira na língua portuguesa... Porém, vai ficando claro que o compromisso de separação de poderes pouco mais fez do que dar a um lado de corrente maçónica-judaica uma parte do bolo, enquanto que a aristocracia-oligárquica tradicional iria manter a outra parte. De um lado uma faculdade de letras, da cultura, à esquerda, e do outro lado uma faculdade de direito, no efectivo poder...

O lado sinistro fez cair sobre a educação e cultura um véu de encobrimento, e foi nomeando alguns dos seus eleitos como pequenas estrelas - referências de luz... talvez para orientação na grande noite que os levaria a Vénus, portador da luz, e assim à "alvorada" (new dawn...)! A população ganharia uma maior liberdade aparente, já que encaminhada nos seus carreiros/carreiras dificilmente veria a altura dos muros da prisão que se erguiam a direito, mesmo a seu lado. A aparente cedência de poder a uma pretensa eleição popular pouco seria mais do que colocar um caminheiro com um bordão à frente do rebanho de carneiros... sabendo-se exactamente que as ovelhas tresmalhadas se assustariam com os cães, e dificilmente deixaram de seguir o seu caminho a direito, nalguns casos direito ao açougue.

O direito teve uma transição da sua componente canónica, com residência medieval no Vaticano, passando para um direito civil que foi consagrando direitos aos indivíduos que foram esquecendo o seu estatuto de servos da plebe... a missão libertadora que os movimentos maçónicos preconizaram, e que enfiou o barrete frígio em muitas revoluções, foi assim progressivamente cumprida. No entanto, por uma natural descrença na natureza humana, acabou por desistir de levantar o véu da farsa que criou, tendo mesmo pensado em criar uma ilusão de alvorada, como farsa final.
Ora, é praticamente claro que os donos do rebanho não tencionam deixar de encarreirar os carneiros, assumindo que no deslumbre das flores (flower-power) se escondem latidos de lobos disfarçados de cães-pastores, e por isso os seus carneiros não podem deixar de seguir o carreiro a direito...
Lei da Babilónia
Estela menir de diorite (séc XVIII a.C) 
com a forma de um digito indicador 

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publicado às 07:33

Direito Sinistro

27.03.12
Tendo colocado aqui o último texto sobre os Painéis de Nuno Gonçalves, notei que a questão sobre a dualidade Poente-Nascente, um aspecto a que dei muita importância na altura, acabou por ter sido negligenciado na maioria dos textos seguintes. 
Talvez por ter insistido demasiado nessa particularidade nos meses iniciais de pesquisa, acabei por negligenciar alguma necessidade de menção nos textos seguintes... No entanto, de nenhuma forma ele deixou de estar presente no meu olhar sobre os mais insignificantes pormenores. Acho que já aqui referi que um pormenor distintivo, nas duas primeiras edições dos Lusíadas de Camões, era justamente a diferença na orientação da cabeça do pelicano, no fronstispício.

A dualidade Poente-Nascente foi assim chamada também para relacionar directamente com a dualidade sobre as duas designações de Vénus - ao amanhecer seria encarado como "portador de luz", ou Lucifer, e ao entardecer era encarado como "fonte de esperança", ou Hespero (de onde surgia a designação das ilhas ocidentais paradisíacas - as Hespérides). Era ainda claramente uma dualidade sempre presente entre o Ocidente e o Oriente, dois destinos diferentes que se colocavam a uma Europa que se via como centro do mundo. Houve uma progressiva deslocação do centro de poder para ocidente, desde um centro babilónico ou persa, passando a um centro cultural helénico e depois romano, caminhando para os centros mais recentes, inglês e americano. 
É uma separação claramente diferente e menos óbvia face à dualidade entre o alto e o baixo, o norte e o sul, entre um topo próximo do céu e uma profundidade infernal.

Poderia também falar-se de uma dualidade Esquerda-Direita, que se foi mantendo como divisão política.
Porém aqui é habitual notar que, em italiano, a Esquerda é Sinistra, e em inglês, a Direita está Certa (right).
Será que a posição escolhida pelos deputados na Assembleia francesa de 1788 foi acidental?... não nos parece! Não foi nenhum acidente, nem nenhum sinistro... simplesmente colocaram-se na posição que já reflectia opções políticas, da mesma forma que ter uma cabeça de águia imperial olhando para a esquerda ou para a direita não seria exactamente um simples acaso nos antigos brasões (a ponto de com os Habsburgos terem surgido mesmo águias bicéfalas).

É claro que muitas das relações são fortuitas, desinformadas, e será por isso fácil contra-argumentar contra qualquer pretensão séria de levar estas relações mais longe... nem todos os brasões foram escolhidos com as suas armas viradas para a esquerda ou para a direita com propósito necessariamente informativo. Aliás, essa desinformação foi-se acentuando com uma progressiva entrada na Idade Moderna.
Para além disso é ainda claro que quem se sentava à esquerda, ficaria voltado para a direita, para nascente, aguardando um novo amanhecer com uma estrela da manhã portadora de luz... ao passo que quem se sentava à direita ficaria olhando o pôr do sol com uma estrela de entardecer sinónimo de esperança. Como se isto não fosse suficientemente sinistro, esta posição dependeria ainda da própria orientação do edifício (e os exemplos de edifícios parlamentares que vimos seguem exactamente esta orientação solar... os lugares da esquerda viram-se a nascente e os da direita a poente)!

Porém, aqui queria acentuar um outro aspecto... o do Direito!
Quando comentei sobre a separação de poderes não coloquei, nem mesmo implicitamente, qualquer referência a esta particularidade relativa ao poder judicial... o poder do Direito.
Vivemos num "Estado de Direito", ainda que cada vez mais nos pareça que vivemos num "Estado Sinistro"... e não apenas "sinistro" no seu aspecto oculto, mas também porque parece caminhar para um inevitável acidente.

Nas sociedades modernas o sistema político acabou por cumprir uma separação de dois poderes, que já comentei (havendo a confusão entre poder executivo e legislativo). Há um poder pseudo-legitimado por uma pretensa eleição partidária, esse constitui o lado sinistro, e há um outro poder que assumidamente não é outorgado pelo povo, que simplesmente se desenvolve numa carreira pelo lado do direito, o poder judicial.
É especialmente interessante ver como o poder desse direito se acentua quando decide investir pelo lado sinistro da governação e pelos seus intérpretes, supostamente eleitos democraticamente. Assim, tem sido curioso verificar como os diversos governos ficam sinistramente presos(!) no estado de direito.
Nem tão pouco falo dos processos mais ou menos caricatos, alguns ridículos, que têm manchado a credibilidade da justiça portuguesa... falo aqui de um imperativo do Direito, que ao se sobrepor, tem tornado os governos praticamente impotentes para alterar cláusulas ou contratos, compromissos feitos em nome de um estado que apenas parece vacilar perante o "corte a direito" que executa a legislação sinistra.

Não assumir uma posição "às direitas" pode parecer meio sinistro, ou uma simples brincadeira na língua portuguesa... Porém, vai ficando claro que o compromisso de separação de poderes pouco mais fez do que dar a um lado de corrente maçónica-judaica uma parte do bolo, enquanto que a aristocracia-oligárquica tradicional iria manter a outra parte. De um lado uma faculdade de letras, da cultura, à esquerda, e do outro lado uma faculdade de direito, no efectivo poder...

O lado sinistro fez cair sobre a educação e cultura um véu de encobrimento, e foi nomeando alguns dos seus eleitos como pequenas estrelas - referências de luz... talvez para orientação na grande noite que os levaria a Vénus, portador da luz, e assim à "alvorada" (new dawn...)! A população ganharia uma maior liberdade aparente, já que encaminhada nos seus carreiros/carreiras dificilmente veria a altura dos muros da prisão que se erguiam a direito, mesmo a seu lado. A aparente cedência de poder a uma pretensa eleição popular pouco seria mais do que colocar um caminheiro com um bordão à frente do rebanho de carneiros... sabendo-se exactamente que as ovelhas tresmalhadas se assustariam com os cães, e dificilmente deixaram de seguir o seu caminho a direito, nalguns casos direito ao açougue.

O direito teve uma transição da sua componente canónica, com residência medieval no Vaticano, passando para um direito civil que foi consagrando direitos aos indivíduos que foram esquecendo o seu estatuto de servos da plebe... a missão libertadora que os movimentos maçónicos preconizaram, e que enfiou o barrete frígio em muitas revoluções, foi assim progressivamente cumprida. No entanto, por uma natural descrença na natureza humana, acabou por desistir de levantar o véu da farsa que criou, tendo mesmo pensado em criar uma ilusão de alvorada, como farsa final.
Ora, é praticamente claro que os donos do rebanho não tencionam deixar de encarreirar os carneiros, assumindo que no deslumbre das flores (flower-power) se escondem latidos de lobos disfarçados de cães-pastores, e por isso os seus carneiros não podem deixar de seguir o carreiro a direito...
Lei da Babilónia
Estela menir de diorite (séc XVIII a.C) 
com a forma de um digito indicador 

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publicado às 07:33

Direito Sinistro

26.03.12
Tendo colocado aqui o último texto sobre os Painéis de Nuno Gonçalves, notei que a questão sobre a dualidade Poente-Nascente, um aspecto a que dei muita importância na altura, acabou por ter sido negligenciado na maioria dos textos seguintes. 
Talvez por ter insistido demasiado nessa particularidade nos meses iniciais de pesquisa, acabei por negligenciar alguma necessidade de menção nos textos seguintes... No entanto, de nenhuma forma ele deixou de estar presente no meu olhar sobre os mais insignificantes pormenores. Acho que já aqui referi que um pormenor distintivo, nas duas primeiras edições dos Lusíadas de Camões, era justamente a diferença na orientação da cabeça do pelicano, no fronstispício.

A dualidade Poente-Nascente foi assim chamada também para relacionar directamente com a dualidade sobre as duas designações de Vénus - ao amanhecer seria encarado como "portador de luz", ou Lucifer, e ao entardecer era encarado como "fonte de esperança", ou Hespero (de onde surgia a designação das ilhas ocidentais paradisíacas - as Hespérides). Era ainda claramente uma dualidade sempre presente entre o Ocidente e o Oriente, dois destinos diferentes que se colocavam a uma Europa que se via como centro do mundo. Houve uma progressiva deslocação do centro de poder para ocidente, desde um centro babilónico ou persa, passando a um centro cultural helénico e depois romano, caminhando para os centros mais recentes, inglês e americano. 
É uma separação claramente diferente e menos óbvia face à dualidade entre o alto e o baixo, o norte e o sul, entre um topo próximo do céu e uma profundidade infernal.

Poderia também falar-se de uma dualidade Esquerda-Direita, que se foi mantendo como divisão política.
Porém aqui é habitual notar que, em italiano, a Esquerda é Sinistra, e em inglês, a Direita está Certa (right).
Será que a posição escolhida pelos deputados na Assembleia francesa de 1788 foi acidental?... não nos parece! Não foi nenhum acidente, nem nenhum sinistro... simplesmente colocaram-se na posição que já reflectia opções políticas, da mesma forma que ter uma cabeça de águia imperial olhando para a esquerda ou para a direita não seria exactamente um simples acaso nos antigos brasões (a ponto de com os Habsburgos terem surgido mesmo águias bicéfalas).

É claro que muitas das relações são fortuitas, desinformadas, e será por isso fácil contra-argumentar contra qualquer pretensão séria de levar estas relações mais longe... nem todos os brasões foram escolhidos com as suas armas viradas para a esquerda ou para a direita com propósito necessariamente informativo. Aliás, essa desinformação foi-se acentuando com uma progressiva entrada na Idade Moderna.
Para além disso é ainda claro que quem se sentava à esquerda, ficaria voltado para a direita, para nascente, aguardando um novo amanhecer com uma estrela da manhã portadora de luz... ao passo que quem se sentava à direita ficaria olhando o pôr do sol com uma estrela de entardecer sinónimo de esperança. Como se isto não fosse suficientemente sinistro, esta posição dependeria ainda da própria orientação do edifício (e os exemplos de edifícios parlamentares que vimos seguem exactamente esta orientação solar... os lugares da esquerda viram-se a nascente e os da direita a poente)!

Porém, aqui queria acentuar um outro aspecto... o do Direito!
Quando comentei sobre a separação de poderes não coloquei, nem mesmo implicitamente, qualquer referência a esta particularidade relativa ao poder judicial... o poder do Direito.
Vivemos num "Estado de Direito", ainda que cada vez mais nos pareça que vivemos num "Estado Sinistro"... e não apenas "sinistro" no seu aspecto oculto, mas também porque parece caminhar para um inevitável acidente.

Nas sociedades modernas o sistema político acabou por cumprir uma separação de dois poderes, que já comentei (havendo a confusão entre poder executivo e legislativo). Há um poder pseudo-legitimado por uma pretensa eleição partidária, esse constitui o lado sinistro, e há um outro poder que assumidamente não é outorgado pelo povo, que simplesmente se desenvolve numa carreira pelo lado do direito, o poder judicial.
É especialmente interessante ver como o poder desse direito se acentua quando decide investir pelo lado sinistro da governação e pelos seus intérpretes, supostamente eleitos democraticamente. Assim, tem sido curioso verificar como os diversos governos ficam sinistramente presos(!) no estado de direito.
Nem tão pouco falo dos processos mais ou menos caricatos, alguns ridículos, que têm manchado a credibilidade da justiça portuguesa... falo aqui de um imperativo do Direito, que ao se sobrepor, tem tornado os governos praticamente impotentes para alterar cláusulas ou contratos, compromissos feitos em nome de um estado que apenas parece vacilar perante o "corte a direito" que executa a legislação sinistra.

Não assumir uma posição "às direitas" pode parecer meio sinistro, ou uma simples brincadeira na língua portuguesa... Porém, vai ficando claro que o compromisso de separação de poderes pouco mais fez do que dar a um lado de corrente maçónica-judaica uma parte do bolo, enquanto que a aristocracia-oligárquica tradicional iria manter a outra parte. De um lado uma faculdade de letras, da cultura, à esquerda, e do outro lado uma faculdade de direito, no efectivo poder...

O lado sinistro fez cair sobre a educação e cultura um véu de encobrimento, e foi nomeando alguns dos seus eleitos como pequenas estrelas - referências de luz... talvez para orientação na grande noite que os levaria a Vénus, portador da luz, e assim à "alvorada" (new dawn...)! A população ganharia uma maior liberdade aparente, já que encaminhada nos seus carreiros/carreiras dificilmente veria a altura dos muros da prisão que se erguiam a direito, mesmo a seu lado. A aparente cedência de poder a uma pretensa eleição popular pouco seria mais do que colocar um caminheiro com um bordão à frente do rebanho de carneiros... sabendo-se exactamente que as ovelhas tresmalhadas se assustariam com os cães, e dificilmente deixaram de seguir o seu caminho a direito, nalguns casos direito ao açougue.

O direito teve uma transição da sua componente canónica, com residência medieval no Vaticano, passando para um direito civil que foi consagrando direitos aos indivíduos que foram esquecendo o seu estatuto de servos da plebe... a missão libertadora que os movimentos maçónicos preconizaram, e que enfiou o barrete frígio em muitas revoluções, foi assim progressivamente cumprida. No entanto, por uma natural descrença na natureza humana, acabou por desistir de levantar o véu da farsa que criou, tendo mesmo pensado em criar uma ilusão de alvorada, como farsa final.
Ora, é praticamente claro que os donos do rebanho não tencionam deixar de encarreirar os carneiros, assumindo que no deslumbre das flores (flower-power) se escondem latidos de lobos disfarçados de cães-pastores, e por isso os seus carneiros não podem deixar de seguir o carreiro a direito...
Lei da Babilónia
Estela menir de diorite (séc XVIII a.C) 
com a forma de um digito indicador 

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publicado às 23:33

Já há algum tempo tinha preparado um texto para retomar a peça sobre os Painéis de S. Vicente... porém, já referi implicitamente nos comentários que considero uma absoluta perda de tempo qualquer actividade humana com intenções sérias. Numa farsa os personagens sérios são os mais facilmente ridicularizados, porque o seu sentido de seriedade está desalinhado com a comédia ensaiada, aparecendo como absurdos.

Porém, esta supressão do Knol motiva-me a escrever alguma coisa mais neste blog. É claro que a farsa em que vivemos pode vir a ter autores conhecidos, mas em última análise, não passam eles próprios de meros personagens risíveis numa comédia de contornos complexos, que escapam por completo a uma simples inspecção de mortais.

Numa carta de 1844 dirigida a Atanazy Raczyński, o visconde de Juromenha relata sucintamente o que se conhecia da pintura portuguesa antes de 1500. Começava por falar de Jorge Afonso, que pintou parte do Palácio de Sintra, ao tempo de D. João I... e conhecia-se muito pouco mais.
Nessa altura ainda não tinham saído do sótão de S. Vicente de Fora os famosos painéis.
S. Vicente de Fora em estampa - funeral de D. Pedro V
(Ilustração Portuguesa, 1867)

A saída dos painéis do sótão do Mosteiro de S. Vicente de Fora terá causado alguma incomodidade imediata, já que subitamente a pintura quinhentista portuguesa passava quase do zero ao infinito, com a notável cena retratada por Nuno Gonçalves. Parece que os painéis foram descobertos em 1882 por um entalhador Leandro Braga, quando estavam a ser usados como plataformas de andaimes em obras no mosteiro... essa terá sido a "primeira redescoberta" oficial, por ter sido atestada por Columbano Bordalo Pinheiro. Mesmo assim caiu no esquecimento, e terá sido uma "farpa" de Ramalho Ortigão que voltou a trazer os painéis a assunto público em 1895, mas só em 1909 foi autorizada a saída para o Museu de Arte Antiga e o restauro de Luciano Freire.

Desde essa altura os painéis acabaram por fazer parte do imaginário pródigo de especulação, havendo mesmo a tese de que Salazar teria procurado inserir o seu retrato num personagem dos painéis.
Não foi longe desse espírito imaginativo que coloquei a hipótese de retratarem um episódio marcante - a morte do filho de D. João II...

A tese habitual colocava os painéis em 1470-80, encaixando alguns detalhes importantes, que Dagoberto Markl enumerava como impossibilidades de uma datação anterior, em 1445, conforme se pretendeu entretanto admitir. Essa datação de 1470-80 tinha um problema complicado, pois a imagem do Infante D. Henrique aparecia claramente nos painéis, e este teria morrido em 1460... havia ainda assim quem argumentasse que não se tratava do Infante D. Henrique - algo meio ridículo dada a semelhança quase fotográfica entre as duas representações.
Apesar disso, tudo apontava para uma data posterior a 1470, desde os trajos a outros detalhes que pude ler nas críticas de Dagoberto Markl, e que tornam a tese de 1445 facilmente refutável.
Essa tese teria como argumento adicional uma datação dendocronológica... colocando as tábuas num tempo aproximado, com a dúvida inerente ao processo, e não menos óbvia possibilidade da pintura não ter ocorrido exactamente sobre madeira acabada de recolher...

De qualquer forma, o mais engraçado acaba por ser a tentativa de justificar os personagens... onde basicamente tudo é possível. Acho que cada cara já deve ter tido pelo menos umas dez possibilidades de ser fulano X ou fulano Y... e não havendo possibilidade de contraditório, tudo encaixa, especialmente recheando o contexto de figuras menores.

O funeral "simbólico" do Infante Santo em 1445 até seria uma possibilidade plausível, não houvessem tantos problemas, e apenas cito um que me parece colocar um ponto final sobre essa hipótese - as figuras reais em primeiro plano (no 3º painel, chamado Painel do Infante) não podem ser Isabel de Coimbra e o D. Afonso V... por uma simples razão... D. Afonso V teria em 1445 não mais que 14 anos!

As diversas argumentações que coloquei em 2009 continuam a fazer todo o sentido, e poderia alongar-me num ou noutro argumento, ou corrigir alguns excessos de entusiasmo, mas dificilmente retiraria muitas virgulas ao que escrevi.

Há um interesse sinistro em manter o assunto como secreto, e apoiar as teses menos consistentes, mas isso também não é nada de novo... faz parte da alimentação da farsa! Continuará a fornecer matéria para argumentação e contra-argumentação inútil ou fútil, mais ou menos ridícula, tanto ou pouco consistente.
Pela minha parte, já dei o que tinha a dar para esse peditório... pouco ou nada me importa saber se esta tese será alguma vez considerada, interessa-me que fez e faz todo sentido num quadro muito mais lato.
A maior crítica será justamente ter procurado ir demasiado ao detalhe e interpretar algumas coisas direccionado numa perspectiva que acabava de descobrir.
Mais do que o detalhe de determinar todos os personagens e particularidades, interessa saber por que razão o quadro teve um destino de ocultação... e aí nenhuma das outras teses "politicamente correctas", logicamente incorrectas, esboça nenhuma resposta convincente... é claro que nem precisa, porque o objectivo continua a ser a ocultação, agora uma ocultação educativa que permite até ousar a sua exposição ao público.
A censura ganhou novos contornos... há muito que deixou de ser feita escondendo ou destruindo as coisas, é feita publicitando o que devemos pensar, e marginalizando eventuais pensamentos dissonantes.
Simples, porque afinal os cérebros são formatados na educação e dirigidos pela informação... quem controla a educação e a informação só tem praticamente que se preocupar com quem pensa por si próprio... manifestamente um pequeno número de pessoas.


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publicado às 05:56

Já há algum tempo tinha preparado um texto para retomar a peça sobre os Painéis de S. Vicente... porém, já referi implicitamente nos comentários que considero uma absoluta perda de tempo qualquer actividade humana com intenções sérias. Numa farsa os personagens sérios são os mais facilmente ridicularizados, porque o seu sentido de seriedade está desalinhado com a comédia ensaiada, aparecendo como absurdos.

Porém, esta supressão do Knol motiva-me a escrever alguma coisa mais neste blog. É claro que a farsa em que vivemos pode vir a ter autores conhecidos, mas em última análise, não passam eles próprios de meros personagens risíveis numa comédia de contornos complexos, que escapam por completo a uma simples inspecção de mortais.

Numa carta de 1844 dirigida a Atanazy Raczyński, o visconde de Juromenha relata sucintamente o que se conhecia da pintura portuguesa antes de 1500. Começava por falar de Jorge Afonso, que pintou parte do Palácio de Sintra, ao tempo de D. João I... e conhecia-se muito pouco mais.
Nessa altura ainda não tinham saído do sótão de S. Vicente de Fora os famosos painéis.
S. Vicente de Fora em estampa - funeral de D. Pedro V
(Ilustração Portuguesa, 1867)

A saída dos painéis do sótão do Mosteiro de S. Vicente de Fora terá causado alguma incomodidade imediata, já que subitamente a pintura quinhentista portuguesa passava quase do zero ao infinito, com a notável cena retratada por Nuno Gonçalves. Parece que os painéis foram descobertos em 1882 por um entalhador Leandro Braga, quando estavam a ser usados como plataformas de andaimes em obras no mosteiro... essa terá sido a "primeira redescoberta" oficial, por ter sido atestada por Columbano Bordalo Pinheiro. Mesmo assim caiu no esquecimento, e terá sido uma "farpa" de Ramalho Ortigão que voltou a trazer os painéis a assunto público em 1895, mas só em 1909 foi autorizada a saída para o Museu de Arte Antiga e o restauro de Luciano Freire.

Desde essa altura os painéis acabaram por fazer parte do imaginário pródigo de especulação, havendo mesmo a tese de que Salazar teria procurado inserir o seu retrato num personagem dos painéis.
Não foi longe desse espírito imaginativo que coloquei a hipótese de retratarem um episódio marcante - a morte do filho de D. João II...

A tese habitual colocava os painéis em 1470-80, encaixando alguns detalhes importantes, que Dagoberto Markl enumerava como impossibilidades de uma datação anterior, em 1445, conforme se pretendeu entretanto admitir. Essa datação de 1470-80 tinha um problema complicado, pois a imagem do Infante D. Henrique aparecia claramente nos painéis, e este teria morrido em 1460... havia ainda assim quem argumentasse que não se tratava do Infante D. Henrique - algo meio ridículo dada a semelhança quase fotográfica entre as duas representações.
Apesar disso, tudo apontava para uma data posterior a 1470, desde os trajos a outros detalhes que pude ler nas críticas de Dagoberto Markl, e que tornam a tese de 1445 facilmente refutável.
Essa tese teria como argumento adicional uma datação dendocronológica... colocando as tábuas num tempo aproximado, com a dúvida inerente ao processo, e não menos óbvia possibilidade da pintura não ter ocorrido exactamente sobre madeira acabada de recolher...

De qualquer forma, o mais engraçado acaba por ser a tentativa de justificar os personagens... onde basicamente tudo é possível. Acho que cada cara já deve ter tido pelo menos umas dez possibilidades de ser fulano X ou fulano Y... e não havendo possibilidade de contraditório, tudo encaixa, especialmente recheando o contexto de figuras menores.

O funeral "simbólico" do Infante Santo em 1445 até seria uma possibilidade plausível, não houvessem tantos problemas, e apenas cito um que me parece colocar um ponto final sobre essa hipótese - as figuras reais em primeiro plano (no 3º painel, chamado Painel do Infante) não podem ser Isabel de Coimbra e o D. Afonso V... por uma simples razão... D. Afonso V teria em 1445 não mais que 14 anos!

As diversas argumentações que coloquei em 2009 continuam a fazer todo o sentido, e poderia alongar-me num ou noutro argumento, ou corrigir alguns excessos de entusiasmo, mas dificilmente retiraria muitas virgulas ao que escrevi.

Há um interesse sinistro em manter o assunto como secreto, e apoiar as teses menos consistentes, mas isso também não é nada de novo... faz parte da alimentação da farsa! Continuará a fornecer matéria para argumentação e contra-argumentação inútil ou fútil, mais ou menos ridícula, tanto ou pouco consistente.
Pela minha parte, já dei o que tinha a dar para esse peditório... pouco ou nada me importa saber se esta tese será alguma vez considerada, interessa-me que fez e faz todo sentido num quadro muito mais lato.
A maior crítica será justamente ter procurado ir demasiado ao detalhe e interpretar algumas coisas direccionado numa perspectiva que acabava de descobrir.
Mais do que o detalhe de determinar todos os personagens e particularidades, interessa saber por que razão o quadro teve um destino de ocultação... e aí nenhuma das outras teses "politicamente correctas", logicamente incorrectas, esboça nenhuma resposta convincente... é claro que nem precisa, porque o objectivo continua a ser a ocultação, agora uma ocultação educativa que permite até ousar a sua exposição ao público.
A censura ganhou novos contornos... há muito que deixou de ser feita escondendo ou destruindo as coisas, é feita publicitando o que devemos pensar, e marginalizando eventuais pensamentos dissonantes.
Simples, porque afinal os cérebros são formatados na educação e dirigidos pela informação... quem controla a educação e a informação só tem praticamente que se preocupar com quem pensa por si próprio... manifestamente um pequeno número de pessoas.


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publicado às 05:56

O fim do Knol

07.03.12
Comecei a divulgação destes apontamentos no Knol... uma ferramenta que a Google tinha criado, e que teria tudo para ser uma boa ferramenta para autores e leitores. Porém, o projecto acaba agora de ser descontinuado.

Assim, sugerem agora aos autores a passagem para o Wordpress, que é praticamente um serviço de blog, tal como este... e se não o fizermos, os textos que lá estão vão perder-se! Pode haver um desinteresse na ferramenta, mas parece algo estranho pretender-se suprimir o material que os autores colocaram naquele espaço.

O Knol tinha bastantes vantagens face a um blog normal, e não fora a própria Google desvalorizar os textos que lá eram colocados, seria tão competitivo quanto uma Wikipedia... com uma vantagem, não havia o risco de termos alguém externo a suprimir o que lá havíamos escrito, e até marcava um histórico com o momento exacto da inserção do texto.

Nenhum autor gosta de ter parte do seu texto adulterado por outrem, e por isso a Wikipedia acaba por ser uma ferramenta que exigiria uma grande atenção por parte do autor, para evitar adulterações e manipulações. 

Com o fim anunciado do Knol para Maio de 2012, irei colocar aqui o material que lá tinha, e que foi o primeiro material que escrevi publicamente, quando ainda julgava que importava divulgar e que a sociedade era minimamente livre, ou que pelo menos não estaria prisioneira com grades feitas de farsas e preconceitos educacionais.

Comecei em 14 de Dezembro de 2009 com um texto dividido em 7 partes, a que chamei
 e por razões que não interessa aqui referir, acabei por reduzir tudo a 3 partes:

Não se trata por isso de produção de novo material, mas irei migrar para este espaço alguns conteúdos que ficariam assim perdidos... começarei com Nuno Gonçalves, literalmente, como tinha sido escrito em 14 de Dezembro de 2009, e depois aproveitarei para fazer alguns comentários num postal seguinte.

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publicado às 03:17

O fim do Knol

07.03.12
Comecei a divulgação destes apontamentos no Knol... uma ferramenta que a Google tinha criado, e que teria tudo para ser uma boa ferramenta para autores e leitores. Porém, o projecto acaba agora de ser descontinuado.

Assim, sugerem agora aos autores a passagem para o Wordpress, que é praticamente um serviço de blog, tal como este... e se não o fizermos, os textos que lá estão vão perder-se! Pode haver um desinteresse na ferramenta, mas parece algo estranho pretender-se suprimir o material que os autores colocaram naquele espaço.

O Knol tinha bastantes vantagens face a um blog normal, e não fora a própria Google desvalorizar os textos que lá eram colocados, seria tão competitivo quanto uma Wikipedia... com uma vantagem, não havia o risco de termos alguém externo a suprimir o que lá havíamos escrito, e até marcava um histórico com o momento exacto da inserção do texto.

Nenhum autor gosta de ter parte do seu texto adulterado por outrem, e por isso a Wikipedia acaba por ser uma ferramenta que exigiria uma grande atenção por parte do autor, para evitar adulterações e manipulações. 

Com o fim anunciado do Knol para Maio de 2012, irei colocar aqui o material que lá tinha, e que foi o primeiro material que escrevi publicamente, quando ainda julgava que importava divulgar e que a sociedade era minimamente livre, ou que pelo menos não estaria prisioneira com grades feitas de farsas e preconceitos educacionais.

Comecei em 14 de Dezembro de 2009 com um texto dividido em 7 partes, a que chamei
 e por razões que não interessa aqui referir, acabei por reduzir tudo a 3 partes:

Não se trata por isso de produção de novo material, mas irei migrar para este espaço alguns conteúdos que ficariam assim perdidos... começarei com Nuno Gonçalves, literalmente, como tinha sido escrito em 14 de Dezembro de 2009, e depois aproveitarei para fazer alguns comentários num postal seguinte.

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