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Começam assim as "Tripas" do Padre José Agostinho de Macedo (1823):
Se quem se mete com rapazes amanhece borrado, como poderia eu ficar muito limpo metendo-me com Tripas! E que tirei eu a limpo de todos os meus combates? Livros, e livros, escritos, e escritos contra a Seita Pedreiral, um denodo, uma valentia a toda a prova na época em que a Veneranda com as mãos de fora, com a faca, e queijo na mão, partia e repartia muito à sua vontade, ataquei esta vil canalha, ou miserável cambada de gaiatos (...)
Macedo escreve as Tripas numa altura de mudanças, de oscilação entre liberais e miguelistas... e ele próprio acabará por oscilar, apesar desta veemência: 
(...) nem os temi, quando os via de dia no Gabinete e de noite na Loja, e com arrojo tal que não há um bom Português, que quer dizer um bom Realista, que não conhecesse que a minha vida andava em perigo, porque ousei ser o mais franco Campeão da Pátria, das Leis, da Religião, do Trono, da virtude, e da verdade. Com tudo isto dei bom burro a dizimo! Acho-me com as mãos atadas. Boa recompensa! Ah Portugal, Portugal! Se eu me tivera lançado no partido infame dos Pedreiros Livres, teria em sua época chegado às honras, e ao fastigio das coisas humanas e menos pateta do que eles, ainda no mais eminente boleo, eu me saberia conservar seguro, e teria cravado hum prego de galiota na roda da fortuna. Mas seja embora o meu jantar uma sardinha, ou sardinha nenhuma, nunca farei nada bom, e nada mau, por paga, ou recompensa humana.
Mas, dificilmente encontramos uma denúncia tão explícita contra a Maçonaria:
Está dito ate à saciedade, e mostrada até evidência, que um dos fitos da Pedreirada é o extermínio da Religião; a terra com os altares (e quando se consertarão muitos que eles agora demoliram?) Eles crêem tanto em Deus, como eu creio neles. Mesmo a frasezinha que trazem sempre no bico — O Supremo Arquitecto, o Grande Arquitecto, é uma irrisão manifesta. Tirado este principio da existência de Deus, e de Deus revelado, que Religião pode ter quem nega seu Divino Autor? Só para os Pedreiros há a Religião do Juramento, sendo um dos preceitos do Decálogo, é cousa para eles de zombaria, porque o anunciador do Decálogo - Moisés; é para os Pedreiros Livres um dos três Impostores, Moisés, Jesus Cristo e Maomé; e sendo para eles galhofa o Juramento, não há cousa em que estes patifes mais tenham insistido. Desde que apontou a Regeneração não temos feito mais que jurar, jurar, jurar, e para quê, ou porquê? 
Porque eles conhecem que a totalidade da Nação é sã, e querem segurar-se com a Religião do juramento que liga a consciência. 
O discurso gira em torno da aprovação da Constituição de 1820 (notando que 24 de Agosto carregava o simbolismo do Massacre de S. Bartolomeu, algo que não teria passado despercebido à tendência jacobina, ateia, influenciada directamente pela Maçonaria Francesa, enquanto que a tendência liberal, teísta, estava mais ligada à Maçonaria Inglesa). Ainda sob o espectro do "reino de terror" jacobino, da Revolução Francesa, continuava José Agostinho de Macedo:
Converteram-se de Procuradores em Déspotas descarados. Proclamaram, a Soberania do Povo; mas este Povo não éramos nós, eram eles. Depois de extorquirem a maior parte das Procurações como nós sabemos, não nos deixaram mais acto algum de soberania, e fizeram irrevogáveis os poderes que lhe concedemos. (...) 
O primeiro sinal do Despotismo, e da nossa desgraça foi a enorme força armada de que se fizeram continuamente cercados nossos Augustos, e Soberanos Procuradores. Com Bayonetas nos trouxeram a quimérica, e ilusória Regeneração, com Bayonetas nos ditam Leis com mais orgulho e soberania que o Sultão aos Eunucos do Serralho. 
Macedo não resiste a personalizar: Ferreira Borges, e em particular Manuel Fernandes Tomás...
Chorai Povos, que morreu Manoel Fernandes! Quem não estoiraria de riso por, baixo, e por cima? Sairmos no outro dia de nossas casas cobertos de dó, alimpando os olhos, e respondendo aos que nos perguntassem porque chorávamos? Morreu o Manoel Fernandes . . . . E quem era esse Manoel Fernandes? Era o Patriarca .... De quem ? Dos patifes.
O discurso do maçon "Manoel Fernandes", dito "patriarca dos patifes"... pois, pois, mas findo o riso de Macedo, 
Manuel Fernandes Tomás acabou mesmo imortalizado no frontispício do parlamento, na Assembleia República.
Macedo, é claro, não se coibiu à época de propor outro epitáfio: 
"Aqui jaz Manoel Fernandes, que escapou de morte de forca, porque morreu de diarreia.
O que devia fazer o Carrasco, fez o Boticário."
Sim, no Séc. XIX, a censura do "politicamente correcto" não estava tão implantada...

Macedo, e muitos outros à época, consideravam que a nossa Constituição era uma variante pobre da Espanhola, mas vai mais longe, acusando mesmo a traição de um projecto de união ibérica (a união de estados europeus sob a mesma lei, consolidaria o projecto maçónico): 
(...) que acarretaram toda a qualidade de males, e desventuras sobre este Reino; que nos reduziram à extrema indigência: que dissolveram todos os vínculos do estado social: que abrogaram todos os foros Nacionais: que nos venderam ou ajustaram vender aos Castelhanos, pois a união à Espanha era o seu ultimo recurso, como eles mesmos sem pejo declararam, não só em seus burricais discursos, mas em seus miseráveis escritos: que nos deram, e nos obrigaram a jurar a Constituição Espanhola mais abrejeirada (...)
É especialmente interessante, e por muitos transponível para um discurso acusatório recente:
 (...) que conceberam projectos de destruição, com especialidade no segundo Club Maçónico chamado, Cortes Ordinárias: que puseram um jugo de ferro a todo o Povo Português, fazendo-lhe a mais escandalosa traição que ainda se viu no mundo; que espoliaram o Real Erário, a que davam o nome de Tesouro Público, aumentando a Dívida Nacional até ao ponto de ser insolúvel por séculos.
Pois, nota-se aqui um problema que parece herdar protagonistas com 200 anos de história, e que continua no modo:
(...) que reduziram à mendicidade inumeráveis famílias, privando os seus respectivos chefes de seus ordenados: que excluíram dos empregos os que legitimamente os tinham, e ocupavam, para introduzirem em seu lugar os adeptos da Maçonaria (...)
É claro que a exclusão de empregos, ou a espoliação do Erário Público, não terão o mesmo correspondente  em termos de método e modo, ao fim de dois séculos, mas não deixa de haver um certo tom profético, até porque no original os verbos aparecem na forma antiga como "reduzirão", "conceberão", "espoliarão", remetendo para um futuro que encontra paralelo no presente, até no club, e na assembleia...  
(...) que atropelaram todos os princípios da Justiça confíscando, prendendo, degradando, e expatriando homens beneméritos, conspícuos, e honrados, só por serem denunciados pelos Espiões, sem outra alguma forma de Processo, e só pela ridícula nomenclatura de Corcundas (...) 
Esta parte é mais radical, mas é instrutiva para compreendermos a noção de "Corcunda", que se projecta figurativamente no "Corcunda de Notre-Dame", de Victor Hugo, é de 1831 (escrito oito anos depois), onde a figura de "corcundas" se aplicaria aos opositores da Revolução de Julho de 1830, que Vitor Hugo apoiaria, após éditos do anterior rei francês, Charles X (que em particular impunham o fim da liberdade de imprensa).
A "Liberdade", de Delacroix, marchando contra os éditos reais franceses de Julho 1830.

É claro que há duas faces nesta moeda. Se Macedo lhe mostra a Cara, havia também a Coroa... como Macedo acaba por reconhecer, as últimas Cortes legislativas eram de 1697. Ou seja, a Lei não era actualizada há mais de 120 anos... mas depois vem o espanto, à época - e a que nós já nos habituámos:
(...) porque tudo quanto se tratou no espaço de anos e meses se podia discutir, e resolver em oito dias (...)
Macedo fala então das célebres Cortes de Lamego, e que "a nossa Legislação civil, e económica, talvez fosse a mais luminosa dos povos civilizados da Europa". Por isso estranha a adulação dos legisladores a Benjamin Constant e a Jeremy Bentham, salientando 
(...) este Gebo Londrino é o ídolo dos Publicistas Regeneradores da infeliz Lusitania, e havia quem exigisse o busto de corpo inteiro, só para ter a feliz ocasião de lhe imprimir todos os dias ardentes beijos em sua parte posterior. Eu não sei o que eles liam de Jeremias Bentham? (...)
Não sabemos se terá ou não escapado ao Padre Macedo que Jeremy Bentham tinha proposto o Sistema Panóptico, de que já falámos... ou seja, o sistema de controlo em que os guardas não são vistos pelos prisioneiros. Se soubesse, talvez não tivesse realizado como isso se poderia aplicar ao controlo de toda a sociedade. Afinal, os legisladores iriam mudar constantemente as leis, sob representação popular, um controlo exercido por guardas, que se sentavam confortavelmente nas assembleias legislativas, recebendo ordens de uma aristocracia invisível na manifestação do seu poder.

Macedo ironiza a verborreia legislativa, com a venda do vinho aos quartilhos:
"- Oh! Questão importantíssima! Oh coluna firmissima da publica prosperidade! Quem há-de vender vinho aos quartilhos?"
E, é claro, depois denuncia uma prática que se revelou secular...
Ah! Mandriões! (...) São Legisladores e encomendam as Leis a outros de fora? (...) Com que a Nação paga 4$800 diários a cada um de vocês para fazerem as Leis, e ainda em cima há-de pagar aqueles a quem vocês as encomendam, pois estão prometendo tantos, e mais quantos de prémios a quem fizer Códigos: e isto quando? Quando a Mãe Pátria anda a ponto de pedir uma esmola, ou em perigos de perder a sua honestidade, e flor, só para lhe meter na barriga a vocês Mandriões de alto bordo!!
Poderia continuar com as citações do Padre Macedo, que pelo seu tom directo, aguerrido, levam-nos a um tempo passado, onde ainda se via uma exposição contundente dos perigos do regime parlamentar que se iria instituir como "o melhor sistema". 
Um sistema de fabrico perpétuo de leis, que baralham os povos pela sua ignorância, e protegem as elites pela sua flexibilidade. Afinal, não podemos invocar o desconhecimento de leis... de leis em constante fabrico, de códigos com alçapões para fuga de um capital e armadilhas para capturar o outro. Um sistema onde as leis são chaves, para manter uns presos, e deixar os outros livres da sua aplicação.

Hoje, o politicamente correcto evita a crítica deste parlamentarismo, convocando todos os demónios que alertam para os perigos doutros regimes... evitando assim a objectiva crítica do sistema actual.
A moeda esconde agora a Cara, e exibe a Coroa, uma coroa que falsamente ilude a população para a responsabilidade de um poder que perdeu, quando foi enfiada numa prisão de espelhos, num Panóptico, que lhe ilude uma liberdade, uma falsa representação, e lhe esconde a face da maioria dos seus carcereiros, que usufruem do trabalho forçado duma população encarcerada.

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publicado às 06:44

Começam assim as "Tripas" do Padre José Agostinho de Macedo (1823):
Se quem se mete com rapazes amanhece borrado, como poderia eu ficar muito limpo metendo-me com Tripas! E que tirei eu a limpo de todos os meus combates? Livros, e livros, escritos, e escritos contra a Seita Pedreiral, um denodo, uma valentia a toda a prova na época em que a Veneranda com as mãos de fora, com a faca, e queijo na mão, partia e repartia muito à sua vontade, ataquei esta vil canalha, ou miserável cambada de gaiatos (...)
Macedo escreve as Tripas numa altura de mudanças, de oscilação entre liberais e miguelistas... e ele próprio acabará por oscilar, apesar desta veemência: 
(...) nem os temi, quando os via de dia no Gabinete e de noite na Loja, e com arrojo tal que não há um bom Português, que quer dizer um bom Realista, que não conhecesse que a minha vida andava em perigo, porque ousei ser o mais franco Campeão da Pátria, das Leis, da Religião, do Trono, da virtude, e da verdade. Com tudo isto dei bom burro a dizimo! Acho-me com as mãos atadas. Boa recompensa! Ah Portugal, Portugal! Se eu me tivera lançado no partido infame dos Pedreiros Livres, teria em sua época chegado às honras, e ao fastigio das coisas humanas e menos pateta do que eles, ainda no mais eminente boleo, eu me saberia conservar seguro, e teria cravado hum prego de galiota na roda da fortuna. Mas seja embora o meu jantar uma sardinha, ou sardinha nenhuma, nunca farei nada bom, e nada mau, por paga, ou recompensa humana.
Mas, dificilmente encontramos uma denúncia tão explícita contra a Maçonaria:
Está dito ate à saciedade, e mostrada até evidência, que um dos fitos da Pedreirada é o extermínio da Religião; a terra com os altares (e quando se consertarão muitos que eles agora demoliram?) Eles crêem tanto em Deus, como eu creio neles. Mesmo a frasezinha que trazem sempre no bico — O Supremo Arquitecto, o Grande Arquitecto, é uma irrisão manifesta. Tirado este principio da existência de Deus, e de Deus revelado, que Religião pode ter quem nega seu Divino Autor? Só para os Pedreiros há a Religião do Juramento, sendo um dos preceitos do Decálogo, é cousa para eles de zombaria, porque o anunciador do Decálogo - Moisés; é para os Pedreiros Livres um dos três Impostores, Moisés, Jesus Cristo e Maomé; e sendo para eles galhofa o Juramento, não há cousa em que estes patifes mais tenham insistido. Desde que apontou a Regeneração não temos feito mais que jurar, jurar, jurar, e para quê, ou porquê? 
Porque eles conhecem que a totalidade da Nação é sã, e querem segurar-se com a Religião do juramento que liga a consciência. 
O discurso gira em torno da aprovação da Constituição de 1820 (notando que 24 de Agosto carregava o simbolismo do Massacre de S. Bartolomeu, algo que não teria passado despercebido à tendência jacobina, ateia, influenciada directamente pela Maçonaria Francesa, enquanto que a tendência liberal, teísta, estava mais ligada à Maçonaria Inglesa). Ainda sob o espectro do "reino de terror" jacobino, da Revolução Francesa, continuava José Agostinho de Macedo:
Converteram-se de Procuradores em Déspotas descarados. Proclamaram, a Soberania do Povo; mas este Povo não éramos nós, eram eles. Depois de extorquirem a maior parte das Procurações como nós sabemos, não nos deixaram mais acto algum de soberania, e fizeram irrevogáveis os poderes que lhe concedemos. (...) 
O primeiro sinal do Despotismo, e da nossa desgraça foi a enorme força armada de que se fizeram continuamente cercados nossos Augustos, e Soberanos Procuradores. Com Bayonetas nos trouxeram a quimérica, e ilusória Regeneração, com Bayonetas nos ditam Leis com mais orgulho e soberania que o Sultão aos Eunucos do Serralho. 
Macedo não resiste a personalizar: Ferreira Borges, e em particular Manuel Fernandes Tomás...
Chorai Povos, que morreu Manoel Fernandes! Quem não estoiraria de riso por, baixo, e por cima? Sairmos no outro dia de nossas casas cobertos de dó, alimpando os olhos, e respondendo aos que nos perguntassem porque chorávamos? Morreu o Manoel Fernandes . . . . E quem era esse Manoel Fernandes? Era o Patriarca .... De quem ? Dos patifes.
O discurso do maçon "Manoel Fernandes", dito "patriarca dos patifes"... pois, pois, mas findo o riso de Macedo, 
Manuel Fernandes Tomás acabou mesmo imortalizado no frontispício do parlamento, na Assembleia República.
Macedo, é claro, não se coibiu à época de propor outro epitáfio: 
"Aqui jaz Manoel Fernandes, que escapou de morte de forca, porque morreu de diarreia.
O que devia fazer o Carrasco, fez o Boticário."
Sim, no Séc. XIX, a censura do "politicamente correcto" não estava tão implantada...

Macedo, e muitos outros à época, consideravam que a nossa Constituição era uma variante pobre da Espanhola, mas vai mais longe, acusando mesmo a traição de um projecto de união ibérica (a união de estados europeus sob a mesma lei, consolidaria o projecto maçónico): 
(...) que acarretaram toda a qualidade de males, e desventuras sobre este Reino; que nos reduziram à extrema indigência: que dissolveram todos os vínculos do estado social: que abrogaram todos os foros Nacionais: que nos venderam ou ajustaram vender aos Castelhanos, pois a união à Espanha era o seu ultimo recurso, como eles mesmos sem pejo declararam, não só em seus burricais discursos, mas em seus miseráveis escritos: que nos deram, e nos obrigaram a jurar a Constituição Espanhola mais abrejeirada (...)
É especialmente interessante, e por muitos transponível para um discurso acusatório recente:
 (...) que conceberam projectos de destruição, com especialidade no segundo Club Maçónico chamado, Cortes Ordinárias: que puseram um jugo de ferro a todo o Povo Português, fazendo-lhe a mais escandalosa traição que ainda se viu no mundo; que espoliaram o Real Erário, a que davam o nome de Tesouro Público, aumentando a Dívida Nacional até ao ponto de ser insolúvel por séculos.
Pois, nota-se aqui um problema que parece herdar protagonistas com 200 anos de história, e que continua no modo:
(...) que reduziram à mendicidade inumeráveis famílias, privando os seus respectivos chefes de seus ordenados: que excluíram dos empregos os que legitimamente os tinham, e ocupavam, para introduzirem em seu lugar os adeptos da Maçonaria (...)
É claro que a exclusão de empregos, ou a espoliação do Erário Público, não terão o mesmo correspondente  em termos de método e modo, ao fim de dois séculos, mas não deixa de haver um certo tom profético, até porque no original os verbos aparecem na forma antiga como "reduzirão", "conceberão", "espoliarão", remetendo para um futuro que encontra paralelo no presente, até no club, e na assembleia...  
(...) que atropelaram todos os princípios da Justiça confíscando, prendendo, degradando, e expatriando homens beneméritos, conspícuos, e honrados, só por serem denunciados pelos Espiões, sem outra alguma forma de Processo, e só pela ridícula nomenclatura de Corcundas (...) 
Esta parte é mais radical, mas é instrutiva para compreendermos a noção de "Corcunda", que se projecta figurativamente no "Corcunda de Notre-Dame", de Victor Hugo, é de 1831 (escrito oito anos depois), onde a figura de "corcundas" se aplicaria aos opositores da Revolução de Julho de 1830, que Vitor Hugo apoiaria, após éditos do anterior rei francês, Charles X (que em particular impunham o fim da liberdade de imprensa).
A "Liberdade", de Delacroix, marchando contra os éditos reais franceses de Julho 1830.

É claro que há duas faces nesta moeda. Se Macedo lhe mostra a Cara, havia também a Coroa... como Macedo acaba por reconhecer, as últimas Cortes legislativas eram de 1697. Ou seja, a Lei não era actualizada há mais de 120 anos... mas depois vem o espanto, à época - e a que nós já nos habituámos:
(...) porque tudo quanto se tratou no espaço de anos e meses se podia discutir, e resolver em oito dias (...)
Macedo fala então das célebres Cortes de Lamego, e que "a nossa Legislação civil, e económica, talvez fosse a mais luminosa dos povos civilizados da Europa". Por isso estranha a adulação dos legisladores a Benjamin Constant e a Jeremy Bentham, salientando 
(...) este Gebo Londrino é o ídolo dos Publicistas Regeneradores da infeliz Lusitania, e havia quem exigisse o busto de corpo inteiro, só para ter a feliz ocasião de lhe imprimir todos os dias ardentes beijos em sua parte posterior. Eu não sei o que eles liam de Jeremias Bentham? (...)
Não sabemos se terá ou não escapado ao Padre Macedo que Jeremy Bentham tinha proposto o Sistema Panóptico, de que já falámos... ou seja, o sistema de controlo em que os guardas não são vistos pelos prisioneiros. Se soubesse, talvez não tivesse realizado como isso se poderia aplicar ao controlo de toda a sociedade. Afinal, os legisladores iriam mudar constantemente as leis, sob representação popular, um controlo exercido por guardas, que se sentavam confortavelmente nas assembleias legislativas, recebendo ordens de uma aristocracia invisível na manifestação do seu poder.

Macedo ironiza a verborreia legislativa, com a venda do vinho aos quartilhos:
"- Oh! Questão importantíssima! Oh coluna firmissima da publica prosperidade! Quem há-de vender vinho aos quartilhos?"
E, é claro, depois denuncia uma prática que se revelou secular...
Ah! Mandriões! (...) São Legisladores e encomendam as Leis a outros de fora? (...) Com que a Nação paga 4$800 diários a cada um de vocês para fazerem as Leis, e ainda em cima há-de pagar aqueles a quem vocês as encomendam, pois estão prometendo tantos, e mais quantos de prémios a quem fizer Códigos: e isto quando? Quando a Mãe Pátria anda a ponto de pedir uma esmola, ou em perigos de perder a sua honestidade, e flor, só para lhe meter na barriga a vocês Mandriões de alto bordo!!
Poderia continuar com as citações do Padre Macedo, que pelo seu tom directo, aguerrido, levam-nos a um tempo passado, onde ainda se via uma exposição contundente dos perigos do regime parlamentar que se iria instituir como "o melhor sistema". 
Um sistema de fabrico perpétuo de leis, que baralham os povos pela sua ignorância, e protegem as elites pela sua flexibilidade. Afinal, não podemos invocar o desconhecimento de leis... de leis em constante fabrico, de códigos com alçapões para fuga de um capital e armadilhas para capturar o outro. Um sistema onde as leis são chaves, para manter uns presos, e deixar os outros livres da sua aplicação.

Hoje, o politicamente correcto evita a crítica deste parlamentarismo, convocando todos os demónios que alertam para os perigos doutros regimes... evitando assim a objectiva crítica do sistema actual.
A moeda esconde agora a Cara, e exibe a Coroa, uma coroa que falsamente ilude a população para a responsabilidade de um poder que perdeu, quando foi enfiada numa prisão de espelhos, num Panóptico, que lhe ilude uma liberdade, uma falsa representação, e lhe esconde a face da maioria dos seus carcereiros, que usufruem do trabalho forçado duma população encarcerada.

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Macavencos

14.04.13
Já aqui falámos brevemente sobre a implantação da República Portuguesa, no texto sob o titulo
Bolonhesa e Carbonara
em que referimos a influência da Maçonaria e da Carbonária na preparação do 5 de Outubro.

Encontrámos uma notícia interessante no jornal Expresso (5/Fev/2010) sobre uma sociedade peculiar com um nome macavenco... os "Makavenkos".
Conforme descreve a autora da notícia:
Entravam bem trajados pela Rua dos Condes, como se fossem para o teatro. Empresários, políticos, artistas, médicos, jornalistas, aristocratas e plebeus, monárquicos e republicanos, maçons, ultraconservadores e revolucionários passavam as bilheteiras sem parar, desciam dois lanços de escada e tocavam à porta da sociedade 'secreta' dos makavenkos... um clube privado lisboeta para polígamos "de todas as qualidades, excepto os vadios", que gostavam de petiscar na mesa e na cama. Ali, cozinhava quem sabia e desfrutava quem podia, sempre em agradável companhia feminina, também aceite sem descriminação de classe, da nobreza à rua, conforme as paixões dos convivas.
À entrada, vestiam o modo de ser makavenkal: o prazer da boa mesa, da "alegre rapioqueira", e a compensação dos 'pecados' com actos de benemerência. Mas, ao fim de 26 anos, quebraram uma das regras. Ou nunca cumpriram essa de não falar de política e religião. No ano de 1910, na Casa dos Makavenkos, onde a prioridade era dar "largas à alegria e elasticidade à tripa", preparou-se a revolução.
Este Clube Makavenko era presidido por Francisco Grandella, um personagem de conto de fadas. De empregado numa retrosaria na Rua dos Fanqueiros, ao fim de alguns anos montara negócio próprio, e alguns anos depois, com os Armazéns Grandella tornava-se num dos homens mais ricos e influentes de Portugal. 
Tal como Grandella, o Clube Makavenko tinha afiliação directa no Partido Republicano e na Maçonaria lisboeta. Porém, estas coisas são o que são... e Grandella punha a nú os mais básicos instintos do Homem - a boa comida e as mulheres boas. O clube terá sido um sucesso, se as ideias republicanas não eram tão apelativas, seriam apelativos os programas dessas noites.
Todos eram iguais perante a sopa, o copo e as makavenkas e nenhum podia namoriscar com a mesma por mais de 15 dias. Findo este período ela seria declarada "praça aberta" e ele, se insistisse, levava o título de "lamechas" e a intimação para pôr fim ao relacionamento em 24 horas.
Em conversas casuais, já me descreveram situações algo semelhantes nas actuais máquinas partidárias... ou seja, na sua vertente de clubes de prestações de serviços, teriam necessidade de recorrer aos préstimos dos mais valiosos colaboradores da noite, entre outros, porteiros de bares, discotecas, ou simples proxenetas. Ao fim de alguns anos, ficavam influentes na concelhia do partido, depois na distrital, e com alguma discrição poderiam até passar a figuras públicas. Objectivamente, são precisos operacionais para este tipo de assuntos mais mundanos, que fazem parte do arregimentar de vontades que movem as organizações. Se o Clube Makavenko já não existe, as vontades não desaparecem, e acabam por levar à existência de clubes similares, festas "bunga-bunga", talvez com protagonistas mais envergonhados que Berlusconi ou Grandella.

Interessante é o símbolo da organização. Diz-se no artigo do Expresso que Grandella usara o moto de Edward III, que ornamenta a Ordem da Jarreteira: "Honi soit qui mal y pense"... pois, maldito quem pensasse mal da liga que caíra à dama que entrara na dança de Edward III, transportava-se no final do Séc. XIX, princípio do Séc. XX, para as ligas das makavenkas.

De dois filhos de Eduardo III, John de Gaunt e Edmund Langley, aparecem duas rosas. A vermelha da Casa de Lancaster e a branca da Casa de York, que vão levar à famosa Guerra das Rosas. Apesar de York ter inspirado a substituição de Nova Amsterdão em Nova York, e Langley ser hoje a sede da CIA, não é pelo lado branco do "rosário" que seguiremos.
O símbolo da rosa vermelha era da Casa de Lancaster, e foi adoptado por muitos Partidos Socialistas, no final do Séc. XX. Em Portugal também, tendo acabado por substituir o símbolo de "punho cerrado" que caracterizou o PS. 
O que é curioso é que vamos encontrar esse "punho-cerrado" no símbolo dos Makavenkos, de forma tão similar como podemos vislumbrar na figura seguinte: 
O PS sempre afirmou o seu legado republicano, e é conhecida a grande identificação ao Grande Oriente Lusitano, a mais antiga organização maçónica portuguesa. Nesses pontos estava em comunhão com o Clube fundado por Grandella, seguia-se a rosa vermelha que remete à Casa de Lancaster, e à Ordem da Jarrateira, coincidindo no moto escolhido por Grandella.
Tudo coincidências? Possivelmente, alguém quererá dizer... porém fica um bocadito mais difícil de aceitar tal coincidência, quando temos um punho-cerrado que se insere bem no círculo de fundo escuro dos makavenkos

Mas isto acontece só com o PS? 
Aqui o leitor vai compreender que apenas posso trabalhar com o material que encontro, a maioria das vezes acidentalmente. Não se trata de opção política, trata-se de opção informativa. Esta associação do símbolo do PS ao clube de luxúria dos Makavenkos é puramente acidental, a filiação política que ambos partilharam, pois isso acrescenta algo mais que um simples acidente no logotipo.
Há antigos símbolos na heráldica que usam um braço (Guerreiro, Horta, Macedo, ...), mas não apenas uma mão fechada... uma espécie de "bate-punho"!
Poderíamos dissertar sobre as setas do PSD, lembrando-nos do selo dos EUA, em que a águia segura 13 setas (eram 13 as colónias-estados originais), mas não há comparação em termos de associação.

Agora, como é óbvio, os partidos reflectem uma forma de poder, mesmo aqueles que aparentemente estão no contra-poder. Sobre o arco-governativo temos experiência ao longo destas décadas, sabemos dos seus compromissos e vícios. Se há um lado mais ligado a esta faceta da maçonaria explícita, há outro lado que se evidencia por ligações mais antigas, aristocráticas. No entanto, convém notar que a face visível remete para uma aristocracia estabelecida essencialmente no final do Séc. XIX. Não se trata das velhas casas aristocráticas... essas submergiram de visibilidade, especialmente após o liberalismo de D. Pedro IV, e da derrota de D. Miguel. Curiosamente, dessa aristocracia antiga, só a Casa Real de Bragança não conseguia evitar o protagonismo que lhe era imposto constitucionalmente... os novos barões, viscondes, esses emergiam politicamente, promovidos pelo regime de burguesia a pequena aristocracia.
No final do Séc. XIX, princípio do Séc. XX, a oligarquia lisboeta que dominava a vida pública aumentava de número e de vícios... o que obviamente levaram a gastos de compromisso, em subsídios, comendas, que arruinaram as finanças públicas e levaram o país à bancarrota de 1896.

Como diria Almeida Garrett: "foge cão que te fazem barão... para onde, se me fazem visconde?" 
Até às migrações provincianas, saloias, que trouxeram uma nova plebe para a região lisboeta, dificilmente já se encontraria alguém na capital que não soubesse traçar convenientemente a sua origem a algum resquício de nobreza, com o intuito de que o nome de família lhe trouxesse vantagem, pelo velho expediente da "cunha".

Nada disso desapareceu, a prole aumentou, teve novos protagonistas. Os expedientes de subsídios, de oportunidades de negócio fabricados por legislação conveniente, de comendas, de pensões, subvenções, etc... de tudo isso passou o Estado a ser devedor, para manter silenciada e satisfeita a enorme prole, resultante de um alargamento da pseudo-aristocracia lisboeta. 
Todos os tostões que se gastam na subsídio-dependência social do Rendimento Mínimo Garantido fazem falta aos outros protagonistas, não apenas a uma oligarquia que procura Rendimento Máximo Garantido, através de negócios privilegiados, mas toda uma plebe de servidores que inveja o mesmo estatuto.

Damos apenas um exemplo ilustrativo... Francisco Joaquim Ferreira do Amaral foi um dos últimos primeiro-ministros monárquicos, e passou do serviço a D. Manuel II para o clube republicano dos Makavenkos, sendo mesmo conhecido como "o Makavenko". Certamente por mera coincidência viemos a ter um político com nome similar, Joaquim Ferreira do Amaral que, após ser Ministro das Obras Públicas (PSD) teve a "sorte" de ser nomeado como administrador da Lusoponte, afinal a empresa que quem foi dado o monopólio das ligações viárias sobre o Tejo. É sabido que os rendimentos de tal negociata são astronómicos.

Há muito que o tecido produtivo foi minado pela verborreia legislativa que entope tribunais.
Por um lado, as leis servem a classe instalada, que procura proteger monopólios e manter impunidades. Por outro lado, as novas ideias, sendo mesmo novas, não podem ser executadas, por ausência de legislação. Tudo precisa de regulamentos, para regular os lamentos instalados, que evitam produção de nova riqueza, o aparecimento de novos ricos, sem a devida autorização e benção das antigas famílias.
As oportunidades de negócio são decretadas por leis feitas nos tradicionais escritórios de advocacia, com as devidas vírgulas que permitem assegurar que a oligarquia se mantém fechada à novidade. A isto acrescem anos de contactos privilegiados entre famílias, que podendo ser rivais, sabem unir-se para sobreviver, e evitar novas ameaças à negociata instalada. 
Quem quiser entra curvado para servir o sistema, quem não quiser fica fora do negócio... e neste tipo de sociedade, tudo não passa de um negócio, porque sempre se habituaram a vergar tudo e todos a essa lógica de ganhos e perdas. 
Há quem não alinhe... claro, há sempre, mas o número é residual, e podem ser ignorados. Aliás, até interessa que existam, e que se mostrem, para apimentar o tédio da corte instalada. Nesta perspectiva, tal como cristãos lançados aos leões, a sua impotência serve para mostrar aos espectadores a inutilidade da resistência perante o poder do império.

Quanto ao nome "Macavencos" é curiosa a explicação dada no artigo do Expresso:
É, aliás, da autoria do despenseiro, por vezes cozinheiro, a explicação 'científica' do nome da sociedade... inventado por Grandella: um povo de origem asiática, das ilhas Curilas, que já habitara na península ibérica, no que é hoje Portugal e no País Basco, muito antes dos gregos, "antes do desaparecimento da Atlântida e tinham uma seita que professava uma espécie de culto pela mulher esbelta, mundana, com quem conviviam e protegiam aproveitando-a mesmo para fins de utilidade geral".
... sim, porque é sempre conveniente dar um toque mítico a este tipo de sociedades, para que haja um qualquer refúgio espiritual num mundo construído por oposição à espiritualidade. Mas, dada a natureza dos intervenientes, é de considerar que o nome fosse apenas uma chalaça silábica de conotação sexual. Acabou por entrar no léxico - macavenco é sinónimo de excentricidade.

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Macavencos

14.04.13
Já aqui falámos brevemente sobre a implantação da República Portuguesa, no texto sob o titulo
Bolonhesa e Carbonara
em que referimos a influência da Maçonaria e da Carbonária na preparação do 5 de Outubro.

Encontrámos uma notícia interessante no jornal Expresso (5/Fev/2010) sobre uma sociedade peculiar com um nome macavenco... os "Makavenkos".
Conforme descreve a autora da notícia:
Entravam bem trajados pela Rua dos Condes, como se fossem para o teatro. Empresários, políticos, artistas, médicos, jornalistas, aristocratas e plebeus, monárquicos e republicanos, maçons, ultraconservadores e revolucionários passavam as bilheteiras sem parar, desciam dois lanços de escada e tocavam à porta da sociedade 'secreta' dos makavenkos... um clube privado lisboeta para polígamos "de todas as qualidades, excepto os vadios", que gostavam de petiscar na mesa e na cama. Ali, cozinhava quem sabia e desfrutava quem podia, sempre em agradável companhia feminina, também aceite sem descriminação de classe, da nobreza à rua, conforme as paixões dos convivas.
À entrada, vestiam o modo de ser makavenkal: o prazer da boa mesa, da "alegre rapioqueira", e a compensação dos 'pecados' com actos de benemerência. Mas, ao fim de 26 anos, quebraram uma das regras. Ou nunca cumpriram essa de não falar de política e religião. No ano de 1910, na Casa dos Makavenkos, onde a prioridade era dar "largas à alegria e elasticidade à tripa", preparou-se a revolução.
Este Clube Makavenko era presidido por Francisco Grandella, um personagem de conto de fadas. De empregado numa retrosaria na Rua dos Fanqueiros, ao fim de alguns anos montara negócio próprio, e alguns anos depois, com os Armazéns Grandella tornava-se num dos homens mais ricos e influentes de Portugal. 
Tal como Grandella, o Clube Makavenko tinha afiliação directa no Partido Republicano e na Maçonaria lisboeta. Porém, estas coisas são o que são... e Grandella punha a nú os mais básicos instintos do Homem - a boa comida e as mulheres boas. O clube terá sido um sucesso, se as ideias republicanas não eram tão apelativas, seriam apelativos os programas dessas noites.
Todos eram iguais perante a sopa, o copo e as makavenkas e nenhum podia namoriscar com a mesma por mais de 15 dias. Findo este período ela seria declarada "praça aberta" e ele, se insistisse, levava o título de "lamechas" e a intimação para pôr fim ao relacionamento em 24 horas.
Em conversas casuais, já me descreveram situações algo semelhantes nas actuais máquinas partidárias... ou seja, na sua vertente de clubes de prestações de serviços, teriam necessidade de recorrer aos préstimos dos mais valiosos colaboradores da noite, entre outros, porteiros de bares, discotecas, ou simples proxenetas. Ao fim de alguns anos, ficavam influentes na concelhia do partido, depois na distrital, e com alguma discrição poderiam até passar a figuras públicas. Objectivamente, são precisos operacionais para este tipo de assuntos mais mundanos, que fazem parte do arregimentar de vontades que movem as organizações. Se o Clube Makavenko já não existe, as vontades não desaparecem, e acabam por levar à existência de clubes similares, festas "bunga-bunga", talvez com protagonistas mais envergonhados que Berlusconi ou Grandella.

Interessante é o símbolo da organização. Diz-se no artigo do Expresso que Grandella usara o moto de Edward III, que ornamenta a Ordem da Jarreteira: "Honi soit qui mal y pense"... pois, maldito quem pensasse mal da liga que caíra à dama que entrara na dança de Edward III, transportava-se no final do Séc. XIX, princípio do Séc. XX, para as ligas das makavenkas.

De dois filhos de Eduardo III, John de Gaunt e Edmund Langley, aparecem duas rosas. A vermelha da Casa de Lancaster e a branca da Casa de York, que vão levar à famosa Guerra das Rosas. Apesar de York ter inspirado a substituição de Nova Amsterdão em Nova York, e Langley ser hoje a sede da CIA, não é pelo lado branco do "rosário" que seguiremos.
O símbolo da rosa vermelha era da Casa de Lancaster, e foi adoptado por muitos Partidos Socialistas, no final do Séc. XX. Em Portugal também, tendo acabado por substituir o símbolo de "punho cerrado" que caracterizou o PS. 
O que é curioso é que vamos encontrar esse "punho-cerrado" no símbolo dos Makavenkos, de forma tão similar como podemos vislumbrar na figura seguinte: 
O PS sempre afirmou o seu legado republicano, e é conhecida a grande identificação ao Grande Oriente Lusitano, a mais antiga organização maçónica portuguesa. Nesses pontos estava em comunhão com o Clube fundado por Grandella, seguia-se a rosa vermelha que remete à Casa de Lancaster, e à Ordem da Jarrateira, coincidindo no moto escolhido por Grandella.
Tudo coincidências? Possivelmente, alguém quererá dizer... porém fica um bocadito mais difícil de aceitar tal coincidência, quando temos um punho-cerrado que se insere bem no círculo de fundo escuro dos makavenkos

Mas isto acontece só com o PS? 
Aqui o leitor vai compreender que apenas posso trabalhar com o material que encontro, a maioria das vezes acidentalmente. Não se trata de opção política, trata-se de opção informativa. Esta associação do símbolo do PS ao clube de luxúria dos Makavenkos é puramente acidental, a filiação política que ambos partilharam, pois isso acrescenta algo mais que um simples acidente no logotipo.
Há antigos símbolos na heráldica que usam um braço (Guerreiro, Horta, Macedo, ...), mas não apenas uma mão fechada... uma espécie de "bate-punho"!
Poderíamos dissertar sobre as setas do PSD, lembrando-nos do selo dos EUA, em que a águia segura 13 setas (eram 13 as colónias-estados originais), mas não há comparação em termos de associação.

Agora, como é óbvio, os partidos reflectem uma forma de poder, mesmo aqueles que aparentemente estão no contra-poder. Sobre o arco-governativo temos experiência ao longo destas décadas, sabemos dos seus compromissos e vícios. Se há um lado mais ligado a esta faceta da maçonaria explícita, há outro lado que se evidencia por ligações mais antigas, aristocráticas. No entanto, convém notar que a face visível remete para uma aristocracia estabelecida essencialmente no final do Séc. XIX. Não se trata das velhas casas aristocráticas... essas submergiram de visibilidade, especialmente após o liberalismo de D. Pedro IV, e da derrota de D. Miguel. Curiosamente, dessa aristocracia antiga, só a Casa Real de Bragança não conseguia evitar o protagonismo que lhe era imposto constitucionalmente... os novos barões, viscondes, esses emergiam politicamente, promovidos pelo regime de burguesia a pequena aristocracia.
No final do Séc. XIX, princípio do Séc. XX, a oligarquia lisboeta que dominava a vida pública aumentava de número e de vícios... o que obviamente levaram a gastos de compromisso, em subsídios, comendas, que arruinaram as finanças públicas e levaram o país à bancarrota de 1896.

Como diria Almeida Garrett: "foge cão que te fazem barão... para onde, se me fazem visconde?" 
Até às migrações provincianas, saloias, que trouxeram uma nova plebe para a região lisboeta, dificilmente já se encontraria alguém na capital que não soubesse traçar convenientemente a sua origem a algum resquício de nobreza, com o intuito de que o nome de família lhe trouxesse vantagem, pelo velho expediente da "cunha".

Nada disso desapareceu, a prole aumentou, teve novos protagonistas. Os expedientes de subsídios, de oportunidades de negócio fabricados por legislação conveniente, de comendas, de pensões, subvenções, etc... de tudo isso passou o Estado a ser devedor, para manter silenciada e satisfeita a enorme prole, resultante de um alargamento da pseudo-aristocracia lisboeta. 
Todos os tostões que se gastam na subsídio-dependência social do Rendimento Mínimo Garantido fazem falta aos outros protagonistas, não apenas a uma oligarquia que procura Rendimento Máximo Garantido, através de negócios privilegiados, mas toda uma plebe de servidores que inveja o mesmo estatuto.

Damos apenas um exemplo ilustrativo... Francisco Joaquim Ferreira do Amaral foi um dos últimos primeiro-ministros monárquicos, e passou do serviço a D. Manuel II para o clube republicano dos Makavenkos, sendo mesmo conhecido como "o Makavenko". Certamente por mera coincidência viemos a ter um político com nome similar, Joaquim Ferreira do Amaral que, após ser Ministro das Obras Públicas (PSD) teve a "sorte" de ser nomeado como administrador da Lusoponte, afinal a empresa que quem foi dado o monopólio das ligações viárias sobre o Tejo. É sabido que os rendimentos de tal negociata são astronómicos.

Há muito que o tecido produtivo foi minado pela verborreia legislativa que entope tribunais.
Por um lado, as leis servem a classe instalada, que procura proteger monopólios e manter impunidades. Por outro lado, as novas ideias, sendo mesmo novas, não podem ser executadas, por ausência de legislação. Tudo precisa de regulamentos, para regular os lamentos instalados, que evitam produção de nova riqueza, o aparecimento de novos ricos, sem a devida autorização e benção das antigas famílias.
As oportunidades de negócio são decretadas por leis feitas nos tradicionais escritórios de advocacia, com as devidas vírgulas que permitem assegurar que a oligarquia se mantém fechada à novidade. A isto acrescem anos de contactos privilegiados entre famílias, que podendo ser rivais, sabem unir-se para sobreviver, e evitar novas ameaças à negociata instalada. 
Quem quiser entra curvado para servir o sistema, quem não quiser fica fora do negócio... e neste tipo de sociedade, tudo não passa de um negócio, porque sempre se habituaram a vergar tudo e todos a essa lógica de ganhos e perdas. 
Há quem não alinhe... claro, há sempre, mas o número é residual, e podem ser ignorados. Aliás, até interessa que existam, e que se mostrem, para apimentar o tédio da corte instalada. Nesta perspectiva, tal como cristãos lançados aos leões, a sua impotência serve para mostrar aos espectadores a inutilidade da resistência perante o poder do império.

Quanto ao nome "Macavencos" é curiosa a explicação dada no artigo do Expresso:
É, aliás, da autoria do despenseiro, por vezes cozinheiro, a explicação 'científica' do nome da sociedade... inventado por Grandella: um povo de origem asiática, das ilhas Curilas, que já habitara na península ibérica, no que é hoje Portugal e no País Basco, muito antes dos gregos, "antes do desaparecimento da Atlântida e tinham uma seita que professava uma espécie de culto pela mulher esbelta, mundana, com quem conviviam e protegiam aproveitando-a mesmo para fins de utilidade geral".
... sim, porque é sempre conveniente dar um toque mítico a este tipo de sociedades, para que haja um qualquer refúgio espiritual num mundo construído por oposição à espiritualidade. Mas, dada a natureza dos intervenientes, é de considerar que o nome fosse apenas uma chalaça silábica de conotação sexual. Acabou por entrar no léxico - macavenco é sinónimo de excentricidade.

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Contas

01.04.13
Sabemos que um maratonista razoável demora menos de 3 horas a percorrer os 42 Km, e que uma pessoa deslocando-se a passo, faz uma média de 5 Km/h. Ou seja, sem dificuldades especiais, passo a passo, não apressado, uma pessoa vulgar pode fazer 50 Km em 10 horas, por dia, reservando pelo menos 12 horas para descansar.
Ora 50 Km num dia, são 500 Km em 10 dias, 5 000 Km em 100 dias, digamos mesmo 4 meses, se reservarmos 20 dias para dificuldades adicionais no percurso.

Simples contas como esta, levam-nos ao percurso de 15 000 Km num ano, a passo, a pé, com bastante tempo de repouso, e 2 meses de pausa para enfrentar dificuldades especiais.
Será menor o percurso que leva de Portugal a Macau (cerca de 11 000 Km), em extremidades do continente euroasiático.
Semelhante será o percurso que se leva pelas praias do continente africano, de Ceuta ao Cabo da Boa Esperança.

Isto serve para mostrar que sempre foram demasiado enfatizadas as dificuldades de mobilidade humana, sem acompanhar duma razão aparente que o justificasse. Em tempos primitivos, sem grande delimitações territoriais, seria possível a um povo deslocar-se de uma ponta à outra das plataformas continentais, no espaço de um ano. Usando um cavalo, como meio de transporte, podemos passar a ligações que levavam apenas dois ou três meses.

Por isso, quando apresentámos este gráfico da expansão portuguesa, em direcção ao sul de África...
... convém reparar que os aproximadamente 3 000 Km de costa africana, creditados em 26 anos de exploração levada a cabo pelo Infante D. Henrique, de 1434 a 1460, do Cabo Bojador à Serra Leoa, seriam percorridos pelos extensos areais que fazem aquelas praias, por um qualquer grupo expedicionário, mesmo mal preparado, e preguiçoso, num espaço de poucos meses.
Em vez de alguns meses, foram precisos quase 30 anos de "organização científica" na exploração do Infante...

De forma semelhante, os restantes 8 000 Km de costa, que se seguiram, levaram mais 28 anos até passar o Cabo da Boa Esperança. Poderiam ter sido percorridos por um grupo expedicionário num espaço de meio ano, mas nem os sábios de D. Afonso V, nem os de D. João II, o teriam feito.

Não se trata de percursos complicados, pelo meio da selva, tratar-se-ia praticamente de seguir as praias, mandar uns tiros de mosquete para afugentar eventuais problemas com indígenas mais curiosos.
Qual seria o grande obstáculo a este progresso terrestre, que serviria, quanto mais não fosse para propósitos de cartografia? Nenhum, e não há registo de confrontos na parte ocidental de África, que alguma vez tivessem colocado obstáculos complicados à passagem dos portugueses, em direcção ao sul.

Se é natural que uma pessoa vulgar não se interrogue sobre estes assuntos, é inconcebível que estudiosos o ignorem. É natural o desconhecimento, o duvidar por que razão o assunto não é debatido, mas o cidadão alfabetizado tem obrigação intelectual de colocar a questão e não se deixar iludir.

Ao fim destes mais de três anos que aqui fui colocando informação, é habitual que haja dúvidas, as mais diversas, que começam sempre pelo simples facto de mais ninguém falar no assunto. O homem é demasiado social, e acaba por não dar conta que a maioria das questões que coloca a si próprio são um produto social.
Não coloca questões que não sejam induzidas por outrem... e essas já trazem respostas previstas, prontas para se enredar na retórica das verdades ilusórias.

Porém, há coisas tão simples quanto estas contas... que são simples obrigação de interrogação de quem fez a 4ª classe. Não precisa de duvidar ou procurar documentação, deve duvidar da versão que lhe é apresentada oficialmente, porque todos sabem fazer contas elementares.

Ao fim de mais de três anos, contam-se pelos dedos da mão as pessoas que foram capazes de me dizer que sim, que de facto a história oficial não batia certo, e que a versão que conheciam dos bancos de liceu estava muito mal contada... 
Por mais que sejam os argumentos que apresente, do outro lado normalmente espero o silêncio.

Por isso, caros leitores, o cidadão vulgar quando aceita desta forma ser enganado, é cúmplice de todos os enganos, e não é um nem dois... é a esmagadora maioria, quase totalidade absoluta da população que aceita e quer ser enganada, porque deposita sempre confiança noutro alguém que não em si próprio.

Quanto a isso, nada há a fazer... os enganos de que a população é vítima ocorrem justamente por ela ser cúmplice, juntamente com as suas elites, num conveniente silenciamento geral.

Pouco interessa ter aqui registadas mais de 90 mil visitas, essas contas não valem nada, nem sei se representam alguma coisa real. Já coloquei informação em vários espaços, desde facebooks a blogs conhecidos, inclusivé espaços dedicados à história nacional, oficial ou alternativa - sempre com o mesmo resultado prático - um silêncio mais que suspeito.
O silêncio impera, e a generalidade da população é cúmplice desse silenciamento.
O problema nunca foi meu, e se o assumi como tal foi porque o vi tão desprezado... 
Pela minha parte de responsabilidade, de investigação e divulgação... pouco mais posso fazer! Ou melhor, ainda que o pudesse fazer, nem sei se há alguém que quer verdadeiramente que a situação mude. Parece-me que todos se acomodaram a este status quo da mentira aceite. Portanto, as consequências disso manifestam-se, e manifestar-se-ão, cada vez mais, a diversos níveis.

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01.04.13
Sabemos que um maratonista razoável demora menos de 3 horas a percorrer os 42 Km, e que uma pessoa deslocando-se a passo, faz uma média de 5 Km/h. Ou seja, sem dificuldades especiais, passo a passo, não apressado, uma pessoa vulgar pode fazer 50 Km em 10 horas, por dia, reservando pelo menos 12 horas para descansar.
Ora 50 Km num dia, são 500 Km em 10 dias, 5 000 Km em 100 dias, digamos mesmo 4 meses, se reservarmos 20 dias para dificuldades adicionais no percurso.

Simples contas como esta, levam-nos ao percurso de 15 000 Km num ano, a passo, a pé, com bastante tempo de repouso, e 2 meses de pausa para enfrentar dificuldades especiais.
Será menor o percurso que leva de Portugal a Macau (cerca de 11 000 Km), em extremidades do continente euroasiático.
Semelhante será o percurso que se leva pelas praias do continente africano, de Ceuta ao Cabo da Boa Esperança.

Isto serve para mostrar que sempre foram demasiado enfatizadas as dificuldades de mobilidade humana, sem acompanhar duma razão aparente que o justificasse. Em tempos primitivos, sem grande delimitações territoriais, seria possível a um povo deslocar-se de uma ponta à outra das plataformas continentais, no espaço de um ano. Usando um cavalo, como meio de transporte, podemos passar a ligações que levavam apenas dois ou três meses.

Por isso, quando apresentámos este gráfico da expansão portuguesa, em direcção ao sul de África...
... convém reparar que os aproximadamente 3 000 Km de costa africana, creditados em 26 anos de exploração levada a cabo pelo Infante D. Henrique, de 1434 a 1460, do Cabo Bojador à Serra Leoa, seriam percorridos pelos extensos areais que fazem aquelas praias, por um qualquer grupo expedicionário, mesmo mal preparado, e preguiçoso, num espaço de poucos meses.
Em vez de alguns meses, foram precisos quase 30 anos de "organização científica" na exploração do Infante...

De forma semelhante, os restantes 8 000 Km de costa, que se seguiram, levaram mais 28 anos até passar o Cabo da Boa Esperança. Poderiam ter sido percorridos por um grupo expedicionário num espaço de meio ano, mas nem os sábios de D. Afonso V, nem os de D. João II, o teriam feito.

Não se trata de percursos complicados, pelo meio da selva, tratar-se-ia praticamente de seguir as praias, mandar uns tiros de mosquete para afugentar eventuais problemas com indígenas mais curiosos.
Qual seria o grande obstáculo a este progresso terrestre, que serviria, quanto mais não fosse para propósitos de cartografia? Nenhum, e não há registo de confrontos na parte ocidental de África, que alguma vez tivessem colocado obstáculos complicados à passagem dos portugueses, em direcção ao sul.

Se é natural que uma pessoa vulgar não se interrogue sobre estes assuntos, é inconcebível que estudiosos o ignorem. É natural o desconhecimento, o duvidar por que razão o assunto não é debatido, mas o cidadão alfabetizado tem obrigação intelectual de colocar a questão e não se deixar iludir.

Ao fim destes mais de três anos que aqui fui colocando informação, é habitual que haja dúvidas, as mais diversas, que começam sempre pelo simples facto de mais ninguém falar no assunto. O homem é demasiado social, e acaba por não dar conta que a maioria das questões que coloca a si próprio são um produto social.
Não coloca questões que não sejam induzidas por outrem... e essas já trazem respostas previstas, prontas para se enredar na retórica das verdades ilusórias.

Porém, há coisas tão simples quanto estas contas... que são simples obrigação de interrogação de quem fez a 4ª classe. Não precisa de duvidar ou procurar documentação, deve duvidar da versão que lhe é apresentada oficialmente, porque todos sabem fazer contas elementares.

Ao fim de mais de três anos, contam-se pelos dedos da mão as pessoas que foram capazes de me dizer que sim, que de facto a história oficial não batia certo, e que a versão que conheciam dos bancos de liceu estava muito mal contada... 
Por mais que sejam os argumentos que apresente, do outro lado normalmente espero o silêncio.

Por isso, caros leitores, o cidadão vulgar quando aceita desta forma ser enganado, é cúmplice de todos os enganos, e não é um nem dois... é a esmagadora maioria, quase totalidade absoluta da população que aceita e quer ser enganada, porque deposita sempre confiança noutro alguém que não em si próprio.

Quanto a isso, nada há a fazer... os enganos de que a população é vítima ocorrem justamente por ela ser cúmplice, juntamente com as suas elites, num conveniente silenciamento geral.

Pouco interessa ter aqui registadas mais de 90 mil visitas, essas contas não valem nada, nem sei se representam alguma coisa real. Já coloquei informação em vários espaços, desde facebooks a blogs conhecidos, inclusivé espaços dedicados à história nacional, oficial ou alternativa - sempre com o mesmo resultado prático - um silêncio mais que suspeito.
O silêncio impera, e a generalidade da população é cúmplice desse silenciamento.
O problema nunca foi meu, e se o assumi como tal foi porque o vi tão desprezado... 
Pela minha parte de responsabilidade, de investigação e divulgação... pouco mais posso fazer! Ou melhor, ainda que o pudesse fazer, nem sei se há alguém que quer verdadeiramente que a situação mude. Parece-me que todos se acomodaram a este status quo da mentira aceite. Portanto, as consequências disso manifestam-se, e manifestar-se-ão, cada vez mais, a diversos níveis.

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