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Citando ainda o Cardeal Saraiva (Vol.5, pág. 151):
Anno de 1660: A este ano se faz memória de um Português apelidado Melgueiro, que sendo mestre, e piloto de um navio Holandês, saiu do Japão em Março, dirigiu-se aos mares do pólo árctico, subindo até 84º, passou entre a antiga Groenlândia e Spitzberg, e deixando à esquerda a Escócia, viera a Portugal. 
O escritor, que nos subministrou esta noticia, cita Mr. de Buache, no "Paralléle des Fleuves", Historia da Academia das Sciencias de Paris, anno 1753, e Memorias da mesma Academia, pag. 885. E acrescenta por testemunho de Mr. de Buache, que os Batavos tinham, e ocultavam com recato o Diário desta navegação, única até àquele tempo. 
O mesmo escritor nos dá ainda outra noticia, que diz ser sabida: "Notum etiam est  Martinum Chack Lusitanum... etc."; isto é, que um Português, por nome Martim Chack, governando uma nau em conserva de outras duas pelo mar Pacífico, fora correndo os mares, arrojado por huma violenta tempestade, e ventos ocidentais, achando-se por fim à parte meridional da Irlanda, d'onde viera a Lisboa.
Presume-se que Saraiva fale do relato de um diplomata/espião francês, o Seigneur de la Madeleine, sobre a viagem de David Melgueiro (relato publicado quarenta anos mais tarde). Esta viagem de Melgueiro é semi-oficial, tendo sido divulgada algumas vezes (mais raramente, após o 25 de Abril).

Phillipe Buache já foi aqui citado a propósito de Fusang, quando colocou a colónia chinesa em terras americanas. Um outro seu mapa polémico, e que se revelou falso, é este da Antártida (note-se ainda que o mapa coloca apenas a metade holandesa da Austrália, por ser anterior a Cook):
(imagem em diego cuoghi)

Já o nome Martim Chack, identificado como português, tem ocorrência única neste texto de Saraiva. Nem é mesmo claro que a descrição corresponda à Passagem Nordeste ou à Passagem Noroeste... apenas lemos que, por efeito de uma habitual tormenta, se viu do Oceano Pacífico no Atlântico, próximo da Irlanda.

As diversas passagens, Noroeste, Nordeste, Pólo Sul e Norte, podem ser todas atribuídas a Amundsen.
Há uma tentativa de distribuição dos louros, incluindo o sueco Nordenskjöld para a passagem Nordeste, e Robert Peary, para o Pólo Norte, mas o seu registo não terá sido suficientemente meticuloso.

Lembramos é claro da épica disputa entre Amundsen e Scott, que levou ao falecimento de Scott no Pólo Sul.
A coroa de glória britânica a nível de explorações foi completamente destroçada por Amundsen, acabando por ser um reconhecimento final às diversas explorações marítimas dos vikings... afinal, Shakespeare também coloca Hamlet no reino da Dinamarca (e Noruega)... pátria original dos Saxões.

Acerca das Passagens Noroeste e Nordeste, já aqui referimos o mapa Theatrum Mundi de Lavanha, que é razoavelmente indicativo do conhecimento que havia já no Séc. XVI acerca destas passagens.

Por outro lado, não vimos nenhum Cabo das Tormentas, mas encontrámos uma Ilha das Tormentas, assinalada, quer na carta "Pedro Reinel a fez", quer no Tratado de Marinharia:
 
Ilha(!) das Tormentas... situada no Labrador 
mapas de Pedro Reinel (~1500 , à esquerda), e de João de Lisboa (~1514, à direita).

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publicado às 07:40


1 comentário

De Alvor-Silves a 17.01.2011 às 02:33

Caro Calisto,

i) tem razão, o mito ter sido preservado tem valor para além da migração. Aliás, só mostra que os mitos devem ser levados mais a sério. É demasiado fácil ver tudo como estórias sem história, quando o oposto acontece mais vezes.

A resistência desses relatos nos índios americanos pode remontar a tempos onde falta a memória europeia ou asiática. À nossa memória foram adicionados factos sucessivos, uns perderam-se, outros misturaram-se. Tribos isoladas de um maior contacto civilizacional podem ter preservado melhor essa memória antiga.

ii) Muito boa observação a dos cavalos... e do Escoural.
Curiosamente, lembrei-me primeiro do Escorial... há destas coisas!
As pinturas rupestres do Escoural, indicam uma presença de cavalos que não me parece ser notória em Altamira ou Lascaux!
Acho que já falámos do cavalo lusitano a propósito do mito do cavalo de Tróia...
Seria interessante saber a origem da cavalaria grega. Os gregos parecem muito tropas de infantaria, e a sua cavalaria mostra-se mais após a queda de Tróia, tendo o apogeu com os Macedónios e Alexandre.
A Grécia não era um terreno propício à criação de cavalos... a maioria deveria ser importada.
O mesmo não se poderá dizer de Tróia... talvez os sucessivos cavalos roubados/criados tenham permitido, ao fim de 10 anos de "cerco", combater de igual para igual com os troianos. Nesse sentido, a cavalaria troiana, força local, seria usada pelos gregos a seu próprio favor.

Já agora, lembrei-me do Escorial pois para além do nome similar, a mudança de Filipe II fez construir um enorme palácio em nenhures, com referências ao templo de Salomão.
http://es.wikipedia.org/wiki/El_Escorial_y_el_Templo_de_Salom%C3%B3n
Por isso, parece estranho a justificação de que Escorial segue do nome da "escória" de uma pedreira local.
Isto está mais ligado com o último post, já que Salomão parecia fazer muitas referências a bois... que afinal talvez fossem touros.

É como a tradição cretense muito ligada aos bois, quando a ilha dificilmente teria condições para eles. Ou seja, talvez Creta não fosse mais do que um entreposto comercial avançado, que lembraria os touros que deixara noutras paragens!

Bom, é a minha vez de me desculpar pelo alongar na resposta e no desfocar...

Um abraço!

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