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Sião ou não

09.08.13
aqui dissertei sobre a Nova Guiné e Ilhas Salomão. Por outro lado, a Tailândia foi designada Sião.
Houve coisa, quando se ouve Salomão e Sião, em nomes de paragens muito orientais?

... acresce que a cidade de Ayutthaya, no Reino do Sião era chamada "Iudea".
Podemos perguntar o que motiva os nomes Salomão, Sião e Judeia aparecerem no Sudeste Asiático e Oceânia. A culpa, claro está, parece ser portuguesa... ou pelo menos, assim o dá a entender Turpin (General collections of voyages and travels, J. Pinkerton, Pag. 573):
  • The origin of the name Siam is unknown to its own inhabitants (...) in the Pegouan language it means "free". (...) It is suspected it was given by them by the Portuguese (...) 
  • The Siamese call the royal city Sigathia, or simply Crumg, that is to say, the court. The Portuguese, who corrupt all foreign words, by the difficulty they have to pronounce them, have called it Juthya and Odia. (...)
Por que razão vão os portugueses insistir em baptizar o país e a capital com nomes judaicos?
Curiosamente, a Tailândia, ou Sião, será praticamente a única a escapar à colonização europeia.

Não muito longe, na Indonésia, vamo-nos deparar com esta magnífica pirâmide:

Pode parecer que estamos perante uma pirâmide de degraus mexicana, mas não... há também pirâmides destas na Indonésia (Candi Sukuh). Está datada como sendo do Séc. XV... mas se isso será estranho, há ainda a considerar que havia um falo, com quase 2 metros de altura, que foi retirado do local, para ser higienicamente colocado no museu.

Ainda na Indonésia, somos ligeiramente surpreendidos com uma manifestação "megalítica"... aqui poderá ser exagerado o "mega", "multi" seria o prefixo certo. Ou seja, não se tratam de grandes pedras, mas sim de muitas pedras alinhadas, em Gunung Pandang:
Alinhamentos de Pedras em Gunung Pandang, Indonésia.

Estes casos indonésios são normalmente esquecidos na longa lista de sites, quer de pirâmides, quer de monumentos megalíticos. Como se depreende, isto dá um carácter ainda mais global às semelhanças em diversos continentes. 
Para além disso, há quem considere que poderia ter sido ali a mítica Atlântida (artigo do Jakarta Post).

Também não longe, nas Filipinas, vemos os mais de 1700 montes de forma cónica, chamados "montes de chocolate", na ilha de Bohol, sendo supostamente naturais. Apesar de não se tratar de fenómeno comum, é aceite que se tratam de formações naturais... De qualquer forma, o aspecto acentuadamente piramidal assemelha-se bastante aos montes artificiais existentes na Europa Atlântica:
Montes de Chocolate, em Bohol, nas Filipinas (Ilha de Cebu).

Devo dizer que interpretei mal uma péssima tradução, que vi agora reportar a uma página francesa:
http://destinationterre2.wordpress.com/2009/08/12/3eme-partie-les-tokhariens-chapitre-21-les-tokhariens-des-philippines/

Ao contrário, a versão francesa parece-me bastante instrutiva, e avança com uma vastidão de estranhos registos no mundo, ligando a diversos povos, em particular, neste caso, ao povo Tocharian, de origem siberiana, a que se associam a múmias da bacia de Tarim.

Assim, deveria ter falado apenas sobre os petroglifos de Angono, a que se atribui mais de 3000 anos, nalgumas inscrições:

Quando falei em "limpar o Cebu", referia-me a uma má interpretação da tradução da página mencionada. 
Por exemplo, uma grande estátua será afinal uma cabeça de leão... "Lion's head", colocada nos anos 1960's pelo Lions Club! Havia antes uma outra pedra, com aspecto de leão, que motivou a construção do Lion's Club...
 
Lions head, feito pelo Lions Club das Filipinas (Ilha de Cebu) e estátua natural.

O objectivo deste texto seria ilustrar diversos monumentos, pirâmides e megalitos, que surgem nas paragens do Sudeste Asiático e Oceania, para além do habitual Angkor Vat. Não se trata, como é óbvio de mostrar lugares turísticos, ainda que muitos destes monumentos estejam em paragens turísticas, como é o caso do Templo hindú de Besakhi em Bali. Apesar de Bali ser conhecida pelas praias, deveria merecer maior atenção este espectacular templo hindú, associado ao Séc. XIV ou XV:
 
Templo hindú de Besakhi em Bali, Indonésia

Já bastante mais significativo parece ser o Templo hindú de Virupaksha, em Hampi, Índia:

... e em particular esta magnífica escultura no Complexo Monumental de Vijayanagara que evidencia um par de elefantes puxando um carro encimado por um templo:
 
Hampi: Carro de Elefantes puxando um Templo, e megalitos

... havendo também neste local bastantes evidências megalíticas, em redor do templo. Aliás, em Hampi, na região de Karnataka é possível encontrar muitos exemplos de dólmens:

Estes registos indianos parecem misturar monumentos do Séc. XIV a XVI, mas também construções que remontam a 2000 ou 3000 a.C.
Ainda que estes dólmens sejam diferentes dos encontrados na Europa, evidenciam uma proliferação do conceito para outras fronteiras, que normalmente não fazem parte do conhecimento difundido.
Em particular fica a dúvida se a migração do conceito se deu no sentido indiano-europeu ou vice-versa...

(texto corrigido em 9/8/2013)

Aditamento (comentário de JM Oliveira, 3.09.2013):
Em resposta à minha frase:
"Ainda que estes dólmens sejam diferentes dos encontrados na Europa"

O José Manuel teve a gentileza de apontar esta figura que dispensa mais comentários:


Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:27


1 comentário

De Alvor-Silves a 05.09.2013 às 06:33

José Manuel, obrigadíssimo. Uma figura dessas vale por cem palavras...

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