Luis Vaz de Camões (1524-80)
[quadro de José Malhoa]
Lusíadas (Canto IX)
91
Não eram senão prémios que repartePor feitos imortais e soberanosO mundo com os varões, que esforço e arteDivinos os fizeram, sendo humanos.Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte,Eneias e Quirino, e os dois Tebanos,Ceres, Palas e Juno, com Diana,Todos foram de fraca carne humana.
92
Mas a Fama, trombeta de obras tais,
Lhe deu no mundo nomes tão estranhos
De Deuses, Semideuses imortais,
Indígetes, Heróicos e de Magnos.
Por isso, ó vós que as famas estimais,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo de livre faz escravo.- No dia da morte de Camões, que começou por ser feriado em Lisboa, por iniciativa de
Anselmo Braamcamp Freire, e que depois, em 1933, foi estabelecido como feriado nacional, fica aqui um registo apropriado ao tema dos posts anteriores.
No canto IX, nas estrofes 91 e 92, Camões explicita que alguns deuses mitológicos teriam sido humanos que a Fama elevara à condição divina... continua com um apelo heróico, que Dom Sebastião poderá ter levado demasiado a peito.
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