Começamos pelo princípio do fim, ou seja pelos Tratados de Nanquim e Tianjin (1842, 1860), que marcam o final das guerras do ópio, após o primeiro ataque comercial britânico com ópio (hoje seria chamado "tráfico de droga"), que enebriava a população chinesa:
Tratado de Nanquim, 1842
As potências ocidentais, principalmente Inglaterra, EUA, Rússia, França, iriam definir tratados desiguais que manteriam a China, Coreia e Japão sob controlo aliado. Mudou muita coisa, houve as revoltas dos Boxer passadas algumas décadas, a revolução cultural de Mao, passados cem anos, mas estes países são ainda os detentores do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. A China acabou por trilhar um caminho em que evitou sempre qualquer conflito directo com os restantes, e aparece agora em posição desafiante.
De 1851 a 1880 aparece na História dos EUA uma população de
229 000 imigrantes chineses dispostos a trabalhar, em particular no Transcontinental Railroad, que ligaria o Atlântico e o Pacífico. Não conheço registo dos detalhes que justificariam uma imigração chinesa sem precedentes e tendo como destino único os EUA. Grande parte deste período ocorre em plena Guerra da Secessão (1861-65), e também no momento posterior à anexação da Califórnia ao México (1846-48), a que seguiu uma explosão de registo populacional californiano, de 10 mil antes de 1848, passaria a mais de 100 mil em 2 anos, quando em 1850 passa a ser o 31º estado americano. É ainda neste contexto que surge a imposição americana do comandante Perry e o Tratado de Kanagawa (1854):
Puccini - Mme Butterfly (1904), por M. Callas (1954)
Após a viagem de Cook, em 1770, e a partir do estabelecimento da "colónia penal" australiana de Nova Gales do Sul, em 1788, ou seja à época da Revolução Francesa, o domínio no Pacífico passa a ser britânico.
Como sabemos, a História deita o véu de 250 anos sobre a época 1520-1770, desde a viagem de Magalhães até à viagem de Cook. Os mapas ignoram a Austrália, o Havai, a costa Pacífica da América do Norte, acima da Califórnia. Admite-se hoje, em surdina, as viagens em 1642 de Tasman à Austrália ocidental, mas Cook continua como "descobridor" nomeado, tal como Colombo o foi antes.
Pouco antes, aparece em mapas, a norte da Califórnia, a chamada Ilha Chinesa de
Fusang (ou Fou-sang), por exemplo num mapa de Ph. Buache
Mapas (1753, 1792) onde Fusang - Terra Chinesa - é identificada com parte da costa Pacífica americana.
A ocultação de descobertas, até à viagem de Cook, teria assim uma razão - impérios asiáticos no Pacífico:
- um império marítimo chinês que ocuparia parte da costa ocidental americana,
- um provável império marítimo japonês que controlaria parte da Austrália, Polinésia e Havai (basta seguir o rasto de conquista seguido pelo Japão na 2ª guerra mundial).
A ocultação desses territórios é uma expressão de não reconhecimento da capacidade marítima ou tecnológica dos povos orientais. Não era considerado descoberto, apenas porque não estava sob domínio de potência ocidental...
O aparecimento súbito de 230 mil chineses tem assim uma explicação - não são imigrantes, são muito provavelmente o que restaria de uma população chinesa estabelecida em Fusang.
- É a partir da 2ª metade do séc. XIX que começam os registos de populações que se estabelecem na costa oeste americana, quer pela parte britânica na British Columbia, quer a norte da Califórnia.- Apesar das notícias de Eldorados ou paraísos a norte da Califórnia, desde o séc.XVI, a febre do ouro só tem lugar nessa altura, passados 300 anos. Não há outra justificação plausível para que os mexicanos, ou quaisquer outros, não avançassem para norte.- As lutas de guerrilha com índios em tendas, munidos de arcos e flechas, ganham um outro significado, e mais dramático, quando se supõe a existência de um reino prestes a sucumbir. A fossanguice impele os conquistadores a não deixar rasto do passado.- Grandes batalhas, como as napoleónicas, inúmeras perdas humanas numa parte do globo justificariam perdas em lugares completamente diferentes.- O domínio europeu segue duas vertentes expansionistas, primeiro a russa, que domina o norte da Mongólia, a península Kamchatka, e o Alasca; por outro lado, a americana/britânica que segue em direcção ao Pacífico, as eventuais colónias americanas de origem chinesa ficam encurraladas. A venda do Alasca, a participação russa na batalha de Pequim, a guerra com o Japão, são vários aspectos dos entendimentos a larga escala.- Quando as populações colonizadoras chegam, já seriam raros os vestígios das populações anteriores, e os que existissem estariam em processo de extermínio. Os territórios tomados eram tidos como não-civilizados, virgens, e a completa violentação seria guardada, ou perdida, nos confins da memória.A Guerra da Secessão americana iniciada em 1861 surge nesta perspectiva num contexto completamente diferente. Mais uma vez a questão da ocultação estaria colocada em cima da mesa, e o problema da escravatura não seria apenas a libertação da população afro-americana, seria uma continuação da Guerra do Ópio, em que a opinião pública seria enredada numa alienação dos factos.
(assim, a questão Gaia começa quase pelo fim)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Começamos pelo princípio do fim, ou seja pelos Tratados de Nanquim e Tianjin (1842, 1860), que marcam o final das guerras do ópio, após o primeiro ataque comercial britânico com ópio (hoje seria chamado "tráfico de droga"), que enebriava a população chinesa:
Tratado de Nanquim, 1842
As potências ocidentais, principalmente Inglaterra, EUA, Rússia, França, iriam definir tratados desiguais que manteriam a China, Coreia e Japão sob controlo aliado. Mudou muita coisa, houve as revoltas dos Boxer passadas algumas décadas, a revolução cultural de Mao, passados cem anos, mas estes países são ainda os detentores do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. A China acabou por trilhar um caminho em que evitou sempre qualquer conflito directo com os restantes, e aparece agora em posição desafiante.
De 1851 a 1880 aparece na História dos EUA uma população de
229 000 imigrantes chineses dispostos a trabalhar, em particular no Transcontinental Railroad, que ligaria o Atlântico e o Pacífico. Não conheço registo dos detalhes que justificariam uma imigração chinesa sem precedentes e tendo como destino único os EUA. Grande parte deste período ocorre em plena Guerra da Secessão (1861-65), e também no momento posterior à anexação da Califórnia ao México (1846-48), a que seguiu uma explosão de registo populacional californiano, de 10 mil antes de 1848, passaria a mais de 100 mil em 2 anos, quando em 1850 passa a ser o 31º estado americano. É ainda neste contexto que surge a imposição americana do comandante Perry e o Tratado de Kanagawa (1854):
Puccini - Mme Butterfly (1904), por M. Callas (1954)
Após a viagem de Cook, em 1770, e a partir do estabelecimento da "colónia penal" australiana de Nova Gales do Sul, em 1788, ou seja à época da Revolução Francesa, o domínio no Pacífico passa a ser britânico.
Como sabemos, a História deita o véu de 250 anos sobre a época 1520-1770, desde a viagem de Magalhães até à viagem de Cook. Os mapas ignoram a Austrália, o Havai, a costa Pacífica da América do Norte, acima da Califórnia. Admite-se hoje, em surdina, as viagens em 1642 de Tasman à Austrália ocidental, mas Cook continua como "descobridor" nomeado, tal como Colombo o foi antes.
Pouco antes, aparece em mapas, a norte da Califórnia, a chamada Ilha Chinesa de
Fusang (ou Fou-sang), por exemplo num mapa de Ph. Buache
Mapas (1753, 1792) onde Fusang - Terra Chinesa - é identificada com parte da costa Pacífica americana.
A ocultação de descobertas, até à viagem de Cook, teria assim uma razão - impérios asiáticos no Pacífico:
- um império marítimo chinês que ocuparia parte da costa ocidental americana,
- um provável império marítimo japonês que controlaria parte da Austrália, Polinésia e Havai (basta seguir o rasto de conquista seguido pelo Japão na 2ª guerra mundial).
A ocultação desses territórios é uma expressão de não reconhecimento da capacidade marítima ou tecnológica dos povos orientais. Não era considerado descoberto, apenas porque não estava sob domínio de potência ocidental...
O aparecimento súbito de 230 mil chineses tem assim uma explicação - não são imigrantes, são muito provavelmente o que restaria de uma população chinesa estabelecida em Fusang.
- É a partir da 2ª metade do séc. XIX que começam os registos de populações que se estabelecem na costa oeste americana, quer pela parte britânica na British Columbia, quer a norte da Califórnia.- Apesar das notícias de Eldorados ou paraísos a norte da Califórnia, desde o séc.XVI, a febre do ouro só tem lugar nessa altura, passados 300 anos. Não há outra justificação plausível para que os mexicanos, ou quaisquer outros, não avançassem para norte.- As lutas de guerrilha com índios em tendas, munidos de arcos e flechas, ganham um outro significado, e mais dramático, quando se supõe a existência de um reino prestes a sucumbir. A fossanguice impele os conquistadores a não deixar rasto do passado.- Grandes batalhas, como as napoleónicas, inúmeras perdas humanas numa parte do globo justificariam perdas em lugares completamente diferentes.- O domínio europeu segue duas vertentes expansionistas, primeiro a russa, que domina o norte da Mongólia, a península Kamchatka, e o Alasca; por outro lado, a americana/britânica que segue em direcção ao Pacífico, as eventuais colónias americanas de origem chinesa ficam encurraladas. A venda do Alasca, a participação russa na batalha de Pequim, a guerra com o Japão, são vários aspectos dos entendimentos a larga escala.- Quando as populações colonizadoras chegam, já seriam raros os vestígios das populações anteriores, e os que existissem estariam em processo de extermínio. Os territórios tomados eram tidos como não-civilizados, virgens, e a completa violentação seria guardada, ou perdida, nos confins da memória.A Guerra da Secessão americana iniciada em 1861 surge nesta perspectiva num contexto completamente diferente. Mais uma vez a questão da ocultação estaria colocada em cima da mesa, e o problema da escravatura não seria apenas a libertação da população afro-americana, seria uma continuação da Guerra do Ópio, em que a opinião pública seria enredada numa alienação dos factos.
(assim, a questão Gaia começa quase pelo fim)
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Começamos pelo princípio do fim, ou seja pelos Tratados de Nanquim e Tianjin (1842, 1860), que marcam o final das guerras do ópio, após o primeiro ataque comercial britânico com ópio (hoje seria chamado "tráfico de droga"), que enebriava a população chinesa:
Tratado de Nanquim, 1842
As potências ocidentais, principalmente Inglaterra, EUA, Rússia, França, iriam definir tratados desiguais que manteriam a China, Coreia e Japão sob controlo aliado. Mudou muita coisa, houve as revoltas dos Boxer passadas algumas décadas, a revolução cultural de Mao, passados cem anos, mas estes países são ainda os detentores do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. A China acabou por trilhar um caminho em que evitou sempre qualquer conflito directo com os restantes, e aparece agora em posição desafiante.
De 1851 a 1880 aparece na História dos EUA uma população de
229 000 imigrantes chineses dispostos a trabalhar, em particular no Transcontinental Railroad, que ligaria o Atlântico e o Pacífico. Não conheço registo dos detalhes que justificariam uma imigração chinesa sem precedentes e tendo como destino único os EUA. Grande parte deste período ocorre em plena Guerra da Secessão (1861-65), e também no momento posterior à anexação da Califórnia ao México (1846-48), a que seguiu uma explosão de registo populacional californiano, de 10 mil antes de 1848, passaria a mais de 100 mil em 2 anos, quando em 1850 passa a ser o 31º estado americano. É ainda neste contexto que surge a imposição americana do comandante Perry e o Tratado de Kanagawa (1854):
Puccini - Mme Butterfly (1904), por M. Callas (1954)
Após a viagem de Cook, em 1770, e a partir do estabelecimento da "colónia penal" australiana de Nova Gales do Sul, em 1788, ou seja à época da Revolução Francesa, o domínio no Pacífico passa a ser britânico.
Como sabemos, a História deita o véu de 250 anos sobre a época 1520-1770, desde a viagem de Magalhães até à viagem de Cook. Os mapas ignoram a Austrália, o Havai, a costa Pacífica da América do Norte, acima da Califórnia. Admite-se hoje, em surdina, as viagens em 1642 de Tasman à Austrália ocidental, mas Cook continua como "descobridor" nomeado, tal como Colombo o foi antes.
Pouco antes, aparece em mapas, a norte da Califórnia, a chamada Ilha Chinesa de
Fusang (ou Fou-sang), por exemplo num mapa de Ph. Buache
Mapas (1753, 1792) onde Fusang - Terra Chinesa - é identificada com parte da costa Pacífica americana.
A ocultação de descobertas, até à viagem de Cook, teria assim uma razão - impérios asiáticos no Pacífico:
- um império marítimo chinês que ocuparia parte da costa ocidental americana,
- um provável império marítimo japonês que controlaria parte da Austrália, Polinésia e Havai (basta seguir o rasto de conquista seguido pelo Japão na 2ª guerra mundial).
A ocultação desses territórios é uma expressão de não reconhecimento da capacidade marítima ou tecnológica dos povos orientais. Não era considerado descoberto, apenas porque não estava sob domínio de potência ocidental...
O aparecimento súbito de 230 mil chineses tem assim uma explicação - não são imigrantes, são muito provavelmente o que restaria de uma população chinesa estabelecida em Fusang.
- É a partir da 2ª metade do séc. XIX que começam os registos de populações que se estabelecem na costa oeste americana, quer pela parte britânica na British Columbia, quer a norte da Califórnia.- Apesar das notícias de Eldorados ou paraísos a norte da Califórnia, desde o séc.XVI, a febre do ouro só tem lugar nessa altura, passados 300 anos. Não há outra justificação plausível para que os mexicanos, ou quaisquer outros, não avançassem para norte.- As lutas de guerrilha com índios em tendas, munidos de arcos e flechas, ganham um outro significado, e mais dramático, quando se supõe a existência de um reino prestes a sucumbir. A fossanguice impele os conquistadores a não deixar rasto do passado.- Grandes batalhas, como as napoleónicas, inúmeras perdas humanas numa parte do globo justificariam perdas em lugares completamente diferentes.- O domínio europeu segue duas vertentes expansionistas, primeiro a russa, que domina o norte da Mongólia, a península Kamchatka, e o Alasca; por outro lado, a americana/britânica que segue em direcção ao Pacífico, as eventuais colónias americanas de origem chinesa ficam encurraladas. A venda do Alasca, a participação russa na batalha de Pequim, a guerra com o Japão, são vários aspectos dos entendimentos a larga escala.- Quando as populações colonizadoras chegam, já seriam raros os vestígios das populações anteriores, e os que existissem estariam em processo de extermínio. Os territórios tomados eram tidos como não-civilizados, virgens, e a completa violentação seria guardada, ou perdida, nos confins da memória.A Guerra da Secessão americana iniciada em 1861 surge nesta perspectiva num contexto completamente diferente. Mais uma vez a questão da ocultação estaria colocada em cima da mesa, e o problema da escravatura não seria apenas a libertação da população afro-americana, seria uma continuação da Guerra do Ópio, em que a opinião pública seria enredada numa alienação dos factos.
(assim, a questão Gaia começa quase pelo fim)
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Quando falamos de Gaius Julius Caesar, transformamos o I de Iulius em Julius, não o fazemos com o I de Gaius, se o fizéssemos ficaria Gajus Julius Caesar.
A língua sofreu muitas torturas, até falar mentira... mas amparou-se com uma tradição semi-popular resistente. O Gajus não ficou em César, mas ficou na língua que não se atreve a ser escrita... de forma selvagem, ficaram gajos e gaiatos.
Falamos, é claro do culto a Gaia, à deusa primordial no panteão greco-romano, que empresta o prefixo "geo" a tudo o que se refere à Terra. Falar de GAJA seria rasca, falar de GAIA, não. A simples curva final na letra que transforma o I em J, altera a nossa percepção da semelhança, por vício educacional.
Já não choca escrever MAJA com significado de MAIA, mas tudo se altera quando há conotação pejorativa enraízada... um raciocínio sujeito a troça, é educacionalmente auto-censurado. As semelhanças são exactamente as mesmas - num caso nem notamos, noutro caso recusamos a associação... é tudo um ardil educacional. Os
maiatos são habitantes da Maia, mas os habitantes de Gaia passaram a
gaienses e não a gaiatos. Caminhos diferentes para os filhos da mesma Terra, em fases diferentes. Junte-se-lhe a nossa Raia fronteiriça, para adicionar Reia ao mais primevo panteão feminino greco-romano.
La Maja desnuda y vestida (antes e após 1800), de Goja
No aspecto masculino, Majo terá associado Maio, mas do folclore de transmutações que se escondeu na letra G (que dá para Caius/Gaius ou Caia/Gaia) não me surpreenderia a associação Majo a Mago... (ou então, com o tratamento "ch" que damos ao "j" poderia bem ler-se Macho... já o castelhano cumpriu melhor o disfarce com o som "rr" para o "j").
Um bom exemplo de tortura da nomenclatura está documentado na evolução do nome Senegal.
Duarte Pacheco Pereira identifica-o escrevendo Canágua, algumas décadas depois a tortura fonética tinha levado à seguinte transformação sucessiva: Canágua, Çanágua, Çanaga, Senegal (conforme vai constando de registos e mapas).
Dir-se-à que invocando trocas de letras, as associações não têm fim e tudo é permitido... mas não é bem assim! Há registo causal suspeito nuns casos, enquanto noutras situações, sem o nexo causal, poderá ser considerado acidental. A escrita pode violentar mais facilmente a tradição fonética oral, que é bem menos controlável que a escrita.
Exércitos de eruditos e documentações indubitáveis podem dizer que a ligação Maja/Maia nada tem a ver com a alteração similar Gaja/Gaia... Sim, se fosse apenas essa a coincidência, poderíamos bem seguir sempre a voz do altifalante, mas não abdiquemos do nosso próprio escrutínio.
Quando se alimenta o absurdo por séculos, a credibilidade efectiva é pouco mais que nada... e a troça recai sobre a postura dos anões sobreviventes, guardadores do anel de Saturno, o gaiato, filho de Gaia e Úrano.
Saturno devorando os filhos, de Goya.
GUAA linha das analogias na nomenclatura, que a Duquesa de Medina-Sidónia procurou seguir, na sua conexão
África-América, foi diferente da nossa, mas chegou a paralelismos semelhantes, que obtivemos seguindo a cartografia e a descrição dos cronistas.
Há no entanto um ponto revelador que abunda nas atribuições feitas às línguas indígenas americanas e que tem uma conexão fonética directa com a cultura andaluza... o termo GUA, que pura e simplesmente deveria querer significar Água. Podemos assumir que a origem é o latino Aqua, mas parece mais indicado encarar o inverso, e aceitar a raiz de uma simples indicação directa: "a gua" - a água. A diferença fonética entre "qua" e "gua" pode ser imperceptível.
É óbvio que esta livre suspeita tem dupla raiz nos rios Guadiana e Guadalquivir, que leremos como:
Gua de Ana, e
Gua del Quibir... e ficamos por aqui, apenas salientando que a palavra árabe para água é
almaa (havendo certamente alternativas...).
Na América Central e Antilhas, multiplicam-se os nomes que usam "Gua", pelo que dispensamos a enumeração exaustiva, por exemplo:
Guatemala, Nicará
gua, lago Maná
gua, Guarumal, Guálan, rios Mota
gua, Á
guan, as ilhas Maya
guana ou mesmo
Guadalupe... Guadalcanal, Guam, Guadalajara, Guana, Gualala, Guayteca, Guantanamo, etc... encontramos mais designações em mapas primitivos, antes das convenientes alterações posteriores.
É claro que isto pode nada significar, mas pode também significar a presença de uma cultura com fonética semelhante que influenciaria o Atlântico, desde a zona do Estreito de Gibraltar a toda a América Central (e sul).
A "Questão Gaia" começa aqui, e esta é a sua introdução.
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Quando falamos de Gaius Julius Caesar, transformamos o I de Iulius em Julius, não o fazemos com o I de Gaius, se o fizéssemos ficaria Gajus Julius Caesar.
A língua sofreu muitas torturas, até falar mentira... mas amparou-se com uma tradição semi-popular resistente. O Gajus não ficou em César, mas ficou na língua que não se atreve a ser escrita... de forma selvagem, ficaram gajos e gaiatos.
Falamos, é claro do culto a Gaia, à deusa primordial no panteão greco-romano, que empresta o prefixo "geo" a tudo o que se refere à Terra. Falar de GAJA seria rasca, falar de GAIA, não. A simples curva final na letra que transforma o I em J, altera a nossa percepção da semelhança, por vício educacional.
Já não choca escrever MAJA com significado de MAIA, mas tudo se altera quando há conotação pejorativa enraízada... um raciocínio sujeito a troça, é educacionalmente auto-censurado. As semelhanças são exactamente as mesmas - num caso nem notamos, noutro caso recusamos a associação... é tudo um ardil educacional. Os
maiatos são habitantes da Maia, mas os habitantes de Gaia passaram a
gaienses e não a gaiatos. Caminhos diferentes para os filhos da mesma Terra, em fases diferentes. Junte-se-lhe a nossa Raia fronteiriça, para adicionar Reia ao mais primevo panteão feminino greco-romano.
La Maja desnuda y vestida (antes e após 1800), de Goja
No aspecto masculino, Majo terá associado Maio, mas do folclore de transmutações que se escondeu na letra G (que dá para Caius/Gaius ou Caia/Gaia) não me surpreenderia a associação Majo a Mago... (ou então, com o tratamento "ch" que damos ao "j" poderia bem ler-se Macho... já o castelhano cumpriu melhor o disfarce com o som "rr" para o "j").
Um bom exemplo de tortura da nomenclatura está documentado na evolução do nome Senegal.
Duarte Pacheco Pereira identifica-o escrevendo Canágua, algumas décadas depois a tortura fonética tinha levado à seguinte transformação sucessiva: Canágua, Çanágua, Çanaga, Senegal (conforme vai constando de registos e mapas).
Dir-se-à que invocando trocas de letras, as associações não têm fim e tudo é permitido... mas não é bem assim! Há registo causal suspeito nuns casos, enquanto noutras situações, sem o nexo causal, poderá ser considerado acidental. A escrita pode violentar mais facilmente a tradição fonética oral, que é bem menos controlável que a escrita.
Exércitos de eruditos e documentações indubitáveis podem dizer que a ligação Maja/Maia nada tem a ver com a alteração similar Gaja/Gaia... Sim, se fosse apenas essa a coincidência, poderíamos bem seguir sempre a voz do altifalante, mas não abdiquemos do nosso próprio escrutínio.
Quando se alimenta o absurdo por séculos, a credibilidade efectiva é pouco mais que nada... e a troça recai sobre a postura dos anões sobreviventes, guardadores do anel de Saturno, o gaiato, filho de Gaia e Úrano.
Saturno devorando os filhos, de Goya.
GUAA linha das analogias na nomenclatura, que a Duquesa de Medina-Sidónia procurou seguir, na sua conexão
África-América, foi diferente da nossa, mas chegou a paralelismos semelhantes, que obtivemos seguindo a cartografia e a descrição dos cronistas.
Há no entanto um ponto revelador que abunda nas atribuições feitas às línguas indígenas americanas e que tem uma conexão fonética directa com a cultura andaluza... o termo GUA, que pura e simplesmente deveria querer significar Água. Podemos assumir que a origem é o latino Aqua, mas parece mais indicado encarar o inverso, e aceitar a raiz de uma simples indicação directa: "a gua" - a água. A diferença fonética entre "qua" e "gua" pode ser imperceptível.
É óbvio que esta livre suspeita tem dupla raiz nos rios Guadiana e Guadalquivir, que leremos como:
Gua de Ana, e
Gua del Quibir... e ficamos por aqui, apenas salientando que a palavra árabe para água é
almaa (havendo certamente alternativas...).
Na América Central e Antilhas, multiplicam-se os nomes que usam "Gua", pelo que dispensamos a enumeração exaustiva, por exemplo:
Guatemala, Nicará
gua, lago Maná
gua, Guarumal, Guálan, rios Mota
gua, Á
guan, as ilhas Maya
guana ou mesmo
Guadalupe... Guadalcanal, Guam, Guadalajara, Guana, Gualala, Guayteca, Guantanamo, etc... encontramos mais designações em mapas primitivos, antes das convenientes alterações posteriores.
É claro que isto pode nada significar, mas pode também significar a presença de uma cultura com fonética semelhante que influenciaria o Atlântico, desde a zona do Estreito de Gibraltar a toda a América Central (e sul).
A "Questão Gaia" começa aqui, e esta é a sua introdução.
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