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Oscar Point... coordenadas 74°35′S 164°53′E - trata-se um ponto/cabo na Antártida, no Mar de Ross, estando parcialmente sob o gelo. Apesar da expedição que o identificou ser inglesa, era comandada por um norueguês Borchgrevink, que assim honrava Oscar II, rei da Suécia e Noruega.

Já voltaremos ao assunto complicado... para já referimos que não longe está o cabo Washington e o Monte Melbourne. Aproveitamos a ocasião para colocar umas imagens da Antártida, talvez não exactamente dessa zona, mas que merecem ser conhecidas:



As formações de gelo com esta dimensão deixam-me sem outros comentários, e a estória das ondas instantaneamente geladas fazem pouco sentido, e as explicações "mais científicas" deixam muito a desejar igualmente.

A estória prossegue por outro lado, citando Ramusio (1560):
... [o Rei de Portugal] nè vogliono che si sappian nè queste nè molte altre cose. & sopra tutto è vietato il poter navigar oltra il capo di Buona Speranza à dritta linea verso il polo Antartico, dove é opinione appresso tutti il pilotti Portoghesi chi vi sia un grandissimo continente di terra ferma, la qual corra levante & ponente sotto il polo Antartico. & dicono che altre volte uno eccellente huomo Fiorentino detto Amerigo Vespuccio con certe navi de i detti Re la trovò & scorse per grande spatio, ma che dapoi é stato prohibito che alcun vi possa andare.
Pareceria estranho dar a Américo Vespúcio a honra de um tão grande continente como a América, por opinião cartográfica de Waldseemüller, ou por outra pequena razão.
Aqui vemos algo completamente diferente... como diria Bartolomeu Marchioni, banqueiro florentino ao serviço da Rainha D. Leonor... Américo teria "tido duro trabalho e recolhido escasso benefício"!
Ramusio entende que Américo Vespúcio terá prosseguido a viagem para além do Chile, na direcção do continente Antártico, na frota de Gonçalo Coelho (1451-1512) expedida por Fernão de Noronha.
Consta que terá então dito que tinha estado num novo mundo, ao qual chamaria "Novus Orbis" porque os antigos o desconheciam... e que desejava retornar e chegar ao Oriente pelo Sul, aproveitando-se dos ventos austrais (segundo o historiador Hugh Thomas - cf.wikipedia)
Releio a citação de Camões, a propósito da nau de Coelho:
Agora sobre as nuvens os subiam
As ondas de Netuno furibundo;
Agora a ver parece que desciam
As íntimas entranhas do Profundo.
Noto, Austro, Bóreas, Aquilo queriam
Arruinar a máquina do mundo:
A noite negra e feia se alumia
Com os raios, em que o Pólo todo ardia.
Suficiente para sustentar uma viagem de Coelho e Vespúcio até às "íntimas entranhas do Profundo", a um Pólo que "alumiava a noite negra" mostrando a "máquina do mundo"...

Voltamos agora a Oscar II, que recebe o nome que Napoleão escolheu para seu pai, um nome que lembra Oscar Wilde e a citação: "America had often been discovered before Columbus, but it had always been hushed up". Agora a América de Américo era outra...
As explorações polares suecas e norueguesas, com Oscar II, tiveram como epílogo Amundsen, mas convém não esquecer outro nome explosivo...  Nobel cujo nome se liga à revelação que Ascanio Sobrero (o inventor da nitroglicerina) lhe fez, e que levou ao dinamite - coisa que enriqueceu um, e não o outro.

O prémio Nobel, que dá uma variação Noble ao seu detentor, foi definido pelo mesmo rei Oscar da Suécia e da Noruega.
Faltaria um prémio apropriado para uma indústria que se iria afirmar... a cinematográfica - e é claro que foi o nome do tio/primo da secretária, nem poderia ser outra coisa!
Coisa de gods ou goths, lá da Gothia.
E é claro que numa transmissão em directo, nada melhor que um delay temporal para evitar asneiras!
O mundo fica assim poupado às asneiras em directo... não as vernaculares, mas sim as de alguém que pense que pode revelar novidades nos media!

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publicado às 19:09

A Héron de Alexandria é atribuído o primeiro engenho a vapor

A eólipila de Héron (Séc. I)

(... entre outras invenções), ainda que o mesmo engenho possa ser atribuído um século antes a Vitrúvio, afinal o mesmo homem que muito inspirou Leonardo

O engenho a vapor foi então enterrado ou vaporizado durante 1500 anos, como tantas outras coisas, até que se registou o seu reaparecimento em 1543, em Barcelona, com Blasco de Garay e o primeiro barco a vapor de que há registo.

Conforme consta da publicação "Archivo popular", volume 2, página 411:
No ano de 1543, um oficial da marinha, chamado Blasco de Garay, ofereceu-se a mostrar ao imperador Carlos V uma máquina, por meio da qual se faria andar um navio sem a ajuda de velas ou remos. Não obstante que a proposta se julgasse ridícula, o homem mostrava-se tão certo do que afirmava, que o imperador nomeou uma comissão para examinar, e dar conta do resultado da experiência. Com efeito teve ela lugar em 17 de Junho de 1543, em um navio chamado a Trinidad, do lote de duzentas toneladas, o qual pouco antes havia chegado de Colibre com uma carga de trigo.  
O navio, diz o escriptor, foi visto, no dia aprazado, andar rapidamente, e virar em todos os bordos, segundo se quería, sem ser impelido por velas ou remos, e mesmo sem que se lhe percebesse mecanismo algum, à excepção de uma enorme caldeira com água a ferver, e um certo jogo de rodas e pás. 
A multidão que se achava presente rompeu em gritos de admiração , e o porto de Barcelona ressoou com os seus aplausos. Os comissários do governo participaram do entusiasmo geral, e deram conta favorável ao imperador, excepto um deles, o tesoureiro Ravago. Este homem, por algum motivo que se ignora, declarou-se contra o inventor e a sua máquina: fez toda a diligência por a desacreditar, dizendo entre outras cousas que a invenção não oferecia vantagem alguma, pois que apenas podia fazer andar uma embarcação duas léguas no espaço de quatro horas; que a máquina era dispendiosa, e complicada, e finalmente que apresentava o grande e frequente perigo de arrebentar a caldeira. Acabada a experiência, Garay retírou o seu maquinismo, entregando no arsenal o que aí se fizera, levou o resto para sua casa. 
Apesar das invejosas observações de Ravago, Garay foi aplaudido pelo seu invento. O imperador o protegeu, promoveu-o ao posto imediato, e lhe mandou dar dozentos mil maravis; ordenando mais que o tesoureiro invejoso pagasse todas as despesas da experiência. Mas Carlos V achava-se então muí ocupado com suas expedições militares, e tratando só de devastar a humanidade deixou desaproveitado o novo invento que a podia beneficiar; inventor e invenção ficaram no esquecimento; e a honra que Barcelona poderia ter recebido do aperfeiçoamento desta tão útil descoberta, ficou reservada para uma cidade, que ainda então não havia entrado na carreira da existência.
A invenção do barco a vapor ficaria reservada em nome para Robert Fulton, inventor americano, prezado de Napoleão. O mesmo Archivo Popular faz menção a outros inventores:
-  um italiano Bracas(?), 80 anos depois de Garay, 
- e ao Marquês de Worcester, Edward Somerset, 100 anos depois, com uma utilização engenhosa do vapor... normalmente atribuída a James Watt.

É claro que espanhóis, catalães, mostraram com os registos do Arquivo Geral de Simancas, toda a documentação necessária, e tal foi publicado de forma semelhante no "El Instructor" (1835), mas foi recusado pelos franceses (e Balzac terá feito a sátira Les ressources de Quinola a este propósito).

O que vemos?
Héron de Alexandria propunha logo aplicações para o seu engenho a vapor... mas é claro que ninguém quis "entender", e tudo foi perdidamente ocultado. 
O mesmo se passou com Blasco de Garay, e com todos os sucessores até ao final do Séc. XVIII.
A era industrial só aparece autorizada para o Séc. XIX, e à Hispânia já estava vedada essa competição.

Note-se que Carlos V protegeu a invenção e inventor... mas o verdadeiro poder estaria mais representado por Ravago. Como se percebe da leitura, Carlos V ficou imediatamente ocupado com novas guerras... e a invenção foi "esquecida".

Não basta inventar ou descobrir... é preciso ter autorização para tal, no tempo próprio.
Foi assim com a "reinvenção da roda"...
Que instituição, superior em potência ao imperador Carlos V, decide isto?
É este problema milenar que abordamos... há já algum tempo!

.

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publicado às 05:21

A Héron de Alexandria é atribuído o primeiro engenho a vapor
A eólipila de Héron (Séc. I)

(... entre outras invenções), ainda que o mesmo engenho possa ser atribuído um século antes a Vitrúvio, afinal o mesmo homem que muito inspirou Leonardo

O engenho a vapor foi então enterrado ou vaporizado durante 1500 anos, como tantas outras coisas, até que se registou o seu reaparecimento em 1543, em Barcelona, com Blasco de Garay e o primeiro barco a vapor de que há registo.

Conforme consta da publicação "Archivo popular", volume 2, página 411:
No ano de 1543, um oficial da marinha, chamado Blasco de Garay, ofereceu-se a mostrar ao imperador Carlos V uma máquina, por meio da qual se faria andar um navio sem a ajuda de velas ou remos. Não obstante que a proposta se julgasse ridícula, o homem mostrava-se tão certo do que afirmava, que o imperador nomeou uma comissão para examinar, e dar conta do resultado da experiência. Com efeito teve ela lugar em 17 de Junho de 1543, em um navio chamado a Trinidad, do lote de duzentas toneladas, o qual pouco antes havia chegado de Colibre com uma carga de trigo.  
O navio, diz o escriptor, foi visto, no dia aprazado, andar rapidamente, e virar em todos os bordos, segundo se quería, sem ser impelido por velas ou remos, e mesmo sem que se lhe percebesse mecanismo algum, à excepção de uma enorme caldeira com água a ferver, e um certo jogo de rodas e pás. 
A multidão que se achava presente rompeu em gritos de admiração , e o porto de Barcelona ressoou com os seus aplausos. Os comissários do governo participaram do entusiasmo geral, e deram conta favorável ao imperador, excepto um deles, o tesoureiro Ravago. Este homem, por algum motivo que se ignora, declarou-se contra o inventor e a sua máquina: fez toda a diligência por a desacreditar, dizendo entre outras cousas que a invenção não oferecia vantagem alguma, pois que apenas podia fazer andar uma embarcação duas léguas no espaço de quatro horas; que a máquina era dispendiosa, e complicada, e finalmente que apresentava o grande e frequente perigo de arrebentar a caldeira. Acabada a experiência, Garay retírou o seu maquinismo, entregando no arsenal o que aí se fizera, levou o resto para sua casa. 
Apesar das invejosas observações de Ravago, Garay foi aplaudido pelo seu invento. O imperador o protegeu, promoveu-o ao posto imediato, e lhe mandou dar dozentos mil maravis; ordenando mais que o tesoureiro invejoso pagasse todas as despesas da experiência. Mas Carlos V achava-se então muí ocupado com suas expedições militares, e tratando só de devastar a humanidade deixou desaproveitado o novo invento que a podia beneficiar; inventor e invenção ficaram no esquecimento; e a honra que Barcelona poderia ter recebido do aperfeiçoamento desta tão útil descoberta, ficou reservada para uma cidade, que ainda então não havia entrado na carreira da existência.
A invenção do barco a vapor ficaria reservada em nome para Robert Fulton, inventor americano, prezado de Napoleão. O mesmo Archivo Popular faz menção a outros inventores:
-  um italiano Bracas(?), 80 anos depois de Garay, 
- e ao Marquês de Worcester, Edward Somerset, 100 anos depois, com uma utilização engenhosa do vapor... normalmente atribuída a James Watt.

É claro que espanhóis, catalães, mostraram com os registos do Arquivo Geral de Simancas, toda a documentação necessária, e tal foi publicado de forma semelhante no "El Instructor" (1835), mas foi recusado pelos franceses (e Balzac terá feito a sátira Les ressources de Quinola a este propósito).

O que vemos?
Héron de Alexandria propunha logo aplicações para o seu engenho a vapor... mas é claro que ninguém quis "entender", e tudo foi perdidamente ocultado. 
O mesmo se passou com Blasco de Garay, e com todos os sucessores até ao final do Séc. XVIII.
A era industrial só aparece autorizada para o Séc. XIX, e à Hispânia já estava vedada essa competição.

Note-se que Carlos V protegeu a invenção e inventor... mas o verdadeiro poder estaria mais representado por Ravago. Como se percebe da leitura, Carlos V ficou imediatamente ocupado com novas guerras... e a invenção foi "esquecida".

Não basta inventar ou descobrir... é preciso ter autorização para tal, no tempo próprio.
Foi assim com a "reinvenção da roda"...
Que instituição, superior em potência ao imperador Carlos V, decide isto?
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publicado às 05:21


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