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Começamos com Diogo de Couto (Quarta Década da Ásia):
Entre eles [Papuas] há alguns tão alvos e louros com Alemães, e com o Sol são muito cegos: há entre eles muitos surdos, e segundo a informação que há destas ilhas, correm de longo de uma grande terra, que dizem que se fecha no Estreito de Magalhães, porque alguns pilotos castelhanos navegaram de longo dela mais de quinhentas léguas.
Quinhentas léguas são mais de 3000 Km, e por isso a descrição pode naturalmente corresponder à costa da Austrália. Esta citação enquadra-se numa outra feita por Piri Reis(*), em inclusão no seu mapa na parte sul:
"In this country are found white-haired creatures like this, as well as six-horned cattle. The Portuguese had written this on their maps." [tradução de Paul Lunde, Aramco]
Junto estas duas referências a "louros" (ou albinos), já que por razões que ficaram evidentes no texto de Ramusio, as navegações para a parte austral teriam ficado condicionadas/proibidas. 
Ou seja, dois continentes austrais poderiam ser perfeitamente confundidos... Austrália e Antártida, afinal ilhas de forma não muito diferente... excepto no clima! Uma confusão propositada entre as duas levaria a mapas em que a actual Austrália era omitida. Aliás ambos os nomes são próprios de continentes no sul, e nada melhor do que a confusão ser levada a cabo por uma casa da "Áustria", os Habsburgos. 
Por isso consideramos apropriado os ingleses chamarem "Ostrich" às avestruzes... tal como a diferença entre o nosso Perú e o Turkey se observa no dia de "acção de graças" americano.

É nesse sentido de confusão que numa outra legenda de Piri Reis aparece:
"There is no trace of cultivation in this country. Every­thing is desolate, and big snakes are said to be there. For this reason the Portuguese did not land on these shores, which are said to be very hot." 
Esta citação deixa alguma confusão, já que seria estranho referir-se a uma Antártida, mas é agora perfeitamente apropriada para uma Austrália.

Claro que estes mapas portugueses terão desaparecido, e por isso temos que recorrer ao mapa que Piri Reis tenta reeditar (ilustrado com muitas caravelas...), e compilando vários mapas que dispunha, alguns portugueses, outros do tempo de Alexandre:
Parte sul do mapa de Piri Reis

Colocámos uma linha negra, que é a linha do alinhamento de Gizé, já que há uma rosa-dos-ventos (quase sobre a ilha de Sta. Helena), indicando um alinhamento com as ilhas de St. Tomé e a linha dos Camarões. Isso permite dividir a parte correspondente à América do Sul e à parte Antárctica (confundida com a Australiana). Como Piri Reis admite usar mapas do tempo de Alexandre Magno, temos que levar o problema para tempos remotos... onde a linha de costa poderia ser diferente:
Ilustramos, com pontos verdes, uma linha de costa antiga, com o mar abaixo do nível actual. Vemos que nesse caso a linha do continente sul americano seguiria um contorno semelhante ao descrito pelo mapa de Piri Reis. Na falta de nova informação, poderia estar a seguir um mapa antigo, para descrever essa parte austral. Notamos ainda que, tal como no caso do mar das Caraíbas, há uma forte depressão no sentido directo, nesta zona do Estreito de Magalhães, até às Ilhas Sandwich... (seta verde). Poderia perfeitamente reflectir um embate anterior, colocando o equador nesta zona (não necessariamente como referido aqui), em tempos ainda mais remotos... Isso significaria, é claro, tempos de uma Antártida quase tropical.

Essa associação parece ficar ainda mais clara neste excelente mapa de Oronce Fine (Orontius Fineus), perfeitamente datado de 1531:
Mapamundi de Oronce Fine (1531) [cf. theastralworld]

A parte austral (representada no mapa à direita) seguiria um contorno quase antárctico, conforme prolongamento previsto na ponta sul americana, mas está claramente incorrecta, aproximando-se mais da topografia da Austrália, resultado dessa propositada confusão austral-antárctica.
Aqui os geógrafos usavam por um lado a informação difundida por Vespúcio, sobre esse continente austral, que tinha sido rodeado pelos marinheiros portugueses (conforme diz e desenha Ramusio), e por outro lado a informação da grande ilha australiana - que na nossa opinião poderá ter sido designada inicialmente como Taprobana (antes do problema Ostrich e das associadas cabeças na areia).

É claro que os espanhóis, que navegaram todo o Pacífico, podiam bem protestar em 1835 no El Instructor (já aqui mencionado sobre a invenção catalã do barco a vapor), dizendo: 
"en nuestro numero anterior probamos evidentemente que los celebres navegadores modernos no han hecho descubrimiento alguno de importancia en el espacioso Mar Pacifico, desde la America hasta las costas de Asia, que no haya sido previamente descubierto por los Españoles, y que todo el merito á que son credores está reducido á esplorar las costas de aquellas islas, y fijar sus verdaderas longitudes".       [pág. 87]
É óbvio que nada disto seria considerado... quando há quádruplas alianças a actuar posteriormente, na península ibérica. E por isso, nem portugueses, nem espanhóis, devem ter considerado oportuno falar numa prioridade sobre descobrimentos antárcticos. O Tratado da Antártida, de 1959, vai para além da aparente posse territorial, e terá muito a ver com os buracos... de ozono (O3 ou Ω3).

Piri Reis é especialmente interessante pelo que foi transcrito nas legendas. Usando ainda a mesma tradução de Paul Lunde, é dito por Piri Reis que Colombo teria usado o já citado mapa de Alexandre Magno. Revela ainda que esse mapa teria chegado à posse dos "francos", que fugiram do Egipto pela invasão árabe de Amr ibn al-As, em 641 d.C. Esses refugiados, a terem chegado à França devem ter desembarcado certamente na Austrásia... (de Brunildas e Pepinos).

Mais estranhamente, Piri Reis fala de uma prévia invasão dos "francos", que estariam assim em território egípcio antes da invasão árabe! Ora, nessa época apenas é conhecida a presença bizantina, e só pouco antes da invasão árabe, o Egipto esteve sob um breve período de controlo persa - sassânida. No entanto, lembramos que os vândalos chegaram a Cartago, pelo que não há razão para estes ou outros francos/godos não terem atacado e tomado controlo de parte do Egipto.
Esta ligação dos francos ao Egipto e Médio-Oriente justificaria ainda as muitas ordens militares sediadas em França, que partiram depois na reconquista da Terra Santa... já para não falar da visita napoleónica.

Paul Lunde refere que o mapa atribuído a Alexandre deveria ser de Ptolomeu, o geógrafo, que os árabes tenderiam a fazer confusão com Ptolomeu I... mais uma confusão!  
Como já fizemos aqui referência do achado em Montevideu, na vila de Dores, referente a túmulos com referências a Ptolomeu I, é óbvio que ajuda à confusão um outro Ptolomeu ter sido depois a referência principal na geografia e astronomia. 
Para além disso o contexto é claro... Piri Reis diz que Alexandre (dos "Dois Cornos"... assim conhecido no Islão), Alexandre Magno, "navegou por todos estes mares e escreveu tudo o que viu e ouviu".


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publicado às 22:26

Um tema que acabou por fazer algum sucesso, ao longo dos séculos posteriores, foi quadro de Bramante de 1477, conhecido sob o título Heraclito "choroso" e Demócrito "risonho"...
Como é fácil perceber, há algo de errado com o quadro:

Primeiro, mal se percebe que o suposto Heraclito esteja a chorar, pelo contrário parece estar a sorrir... 
Há umas lágrimas acrescentadas a branco, para forçar o sentimento alterado!
Porquê?
Repare-se no globo... não no globo, mas na parede por detrás do globo!
É fácil perceber que houve uma alteração tosca na sequência de tijolos, e que haveria uma esfera maior, que foi substituída por um novo globo.
Além do mais foi disfarçado o dedo de Demócrito que apontaria, ou equilibraria, o anterior globo desenhado. O que vemos é um óptimo globo segundo a representação de Ptolomeu, o que seria natural em 1477, uma vez que a "Boa Esperança" só viria em 1488.
As setas verdes notam a delimitação do anterior globo,
A seta vermelha mostra a posição do dedo que falta.

O que teria representado antes?
Atendendo a que os patronos do Tempietto em Roma, próximo importante trabalho de Bramante, foram os fervorosos reis católicos Fernando e Isabel, presumimos que não seria conveniente estar lá representada uma certa parte, depois chamada América.
Por isso é o lado ocidental, que fica choroso, mais uma vez a esperança, a Hesperia, iria ficar ocultada... pelo menos foram libertadas as rodas das quadrigas.

Fomos encontrar no blog controversia um texto sob o nome "As lágrimas de Heraclito ou o riso de Demócrito" em que revela um texto do Padre António Vieira, na altura vítima da inquisição, sob protecção da rainha Cristina da Suécia. 
Trata-se de um debate sobre este tema, em que outro padre jesuíta, Cattaneo, diz: "Demócrito fez fez o juízo mais sábio, pois se não convenceu os interlocutores, pelo menos não os aborreceu".
Por sua vez, Vieira argumenta em favor de Heraclito: "Quem conhece verdadeiramente o mundo, chora; quem ri ou não chora, não o conhece"

Face a isto, este retrato de Donato Bramante:
tem o perfil certo!

Nota adicional: Almeida Garrett lançou uma publicação com este nome, e dizia (em jeito de epígrafe):
"Heraclito chorava e Demócrito ria, eu farei outro tanto". Acrescentando: "Eu escrevo para homens de bem. Heraclito chorará com eles sobre os males da nossa pátria; Demócrito rirá também com eles das loucuras dos nossos semelhantes". 
E apropriadas as palavras desses e destes tempos: "Não serão muitos os leitores, que não são tempos estes que abundem de tal gente, mas enfim, com os outros nunca se entendeu Heraclito, nem Demócrito, e muito menos se entende.... o Redactor"
...
(continua aqui)

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publicado às 04:57

Um tema que acabou por fazer algum sucesso, ao longo dos séculos posteriores, foi quadro de Bramante de 1477, conhecido sob o título Heraclito "choroso" e Demócrito "risonho"...
Como é fácil perceber, há algo de errado com o quadro:

Primeiro, mal se percebe que o suposto Heraclito esteja a chorar, pelo contrário parece estar a sorrir... 
Há umas lágrimas acrescentadas a branco, para forçar o sentimento alterado!
Porquê?
Repare-se no globo... não no globo, mas na parede por detrás do globo!
É fácil perceber que houve uma alteração tosca na sequência de tijolos, e que haveria uma esfera maior, que foi substituída por um novo globo.
Além do mais foi disfarçado o dedo de Demócrito que apontaria, ou equilibraria, o anterior globo desenhado. O que vemos é um óptimo globo segundo a representação de Ptolomeu, o que seria natural em 1477, uma vez que a "Boa Esperança" só viria em 1488.
As setas verdes notam a delimitação do anterior globo,
A seta vermelha mostra a posição do dedo que falta.

O que teria representado antes?
Atendendo a que os patronos do Tempietto em Roma, próximo importante trabalho de Bramante, foram os fervorosos reis católicos Fernando e Isabel, presumimos que não seria conveniente estar lá representada uma certa parte, depois chamada América.
Por isso é o lado ocidental, que fica choroso, mais uma vez a esperança, a Hesperia, iria ficar ocultada... pelo menos foram libertadas as rodas das quadrigas.

Fomos encontrar no blog controversia um texto sob o nome "As lágrimas de Heraclito ou o riso de Demócrito" em que revela um texto do Padre António Vieira, na altura vítima da inquisição, sob protecção da rainha Cristina da Suécia. 
Trata-se de um debate sobre este tema, em que outro padre jesuíta, Cattaneo, diz: "Demócrito fez fez o juízo mais sábio, pois se não convenceu os interlocutores, pelo menos não os aborreceu".
Por sua vez, Vieira argumenta em favor de Heraclito: "Quem conhece verdadeiramente o mundo, chora; quem ri ou não chora, não o conhece"

Face a isto, este retrato de Donato Bramante:
tem o perfil certo!

Nota adicional: Almeida Garrett lançou uma publicação com este nome, e dizia (em jeito de epígrafe):
"Heraclito chorava e Demócrito ria, eu farei outro tanto". Acrescentando: "Eu escrevo para homens de bem. Heraclito chorará com eles sobre os males da nossa pátria; Demócrito rirá também com eles das loucuras dos nossos semelhantes". 
E apropriadas as palavras desses e destes tempos: "Não serão muitos os leitores, que não são tempos estes que abundem de tal gente, mas enfim, com os outros nunca se entendeu Heraclito, nem Demócrito, e muito menos se entende.... o Redactor"
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