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Na Batalha de Alcântara em 1580, D. António não consegue evitar a progressão das forças do Duque de Alba, desembarcadas no Cabo de Cascais, em direcção a Lisboa. A designação à época - Cabo de Cascais é diferente da chamada Roca de Sintra.
Um excelente documento sobre a Batalha de Alcântara está disponível no site areamilitar.
A mais conhecida imagem da época mostra detalhes da paisagem, vista de Alcântara, que são interessantes por si só.

Podemos ver nesta imagem que a Torre de Belém está situada bem no meio do estuário, completamente rodeada por água, longe de terra. Há um braço de praia em frente a Belém, que estende até uma baía formada pela foz da ribeira de Alcântara. Vê-se ainda a antiga ponte de Alcântara. Toda esta paisagem foi mudada, a água desceu e Lisboa ganhou terra ao Tejo e a praia desapareceu, colando a linha de água pela posição da Torre de Belém (na altura também chamada Torre de S. Vicente).

Mais interessante é o pormenor que nos mostra Almada, com Palmela ao fundo, quase à beira-mar, ou melhor, à beira-rio:
A linha de água submergia grande parte da margem sul, na zona do Seixal, e estava quase encostada à zona do Castelo de Palmela, onde se lê "Palmela a 9 léguas de Lisboa".
Isto concorre com a hipótese de um nível da água do mar superior, como já abordámos.

Lavanha aproveita a descrição da viagem de Filipe II para ainda nos dar conta de factos acessórios.
Perto, entre Azeitão e Coina (ou rio Couna) estavam as matas e jardins do novo Duque de Aveiro (que acolheu Filipe II, no final da sua visita a Portugal, conforme diz Lavanha). O anterior Duque de Aveiro tinha morrido ao lado de D. Sebastião, em Alcácer Quibir.

Ao descrever a visita a Sintra, Lavanha revela que a sua ponta mais ocidental seria o Promontório Magno, ou Olisiponense, que era modernamente denominado Roca de Sintra... ou seja o Cabo da Roca. Fala ainda do convento de N. Sra. da Pena, da Ordem de S. Jerónimo, fundado por D. João II, que oficialmente ruiu pelo terramoto, e onde depois Fernando II, consorte de Maria II, edificou o Palácio da Pena sobre as ruínas, perdendo-se o vestígio da construção original. Essa construção teria "a Igreja e Oficinas, necessárias para um inteiro Mosteiro lavradas na mesma rocha".
Finalmente revela que, à época, num promontório da serra, existiriam ainda vestígios e inscrições de um antigo Templo dedicado ao Sol e à Lua.
No regresso de Sintra, Filipe II teria passado pela vila de Cascaes e pela fortaleza de S. Gião (depois S. Julião da Barra). Já mencionámos o Cabo de Cascais, que seria provavelmente a denominação junto ao Guincho-Cascais, onde foram encontrados vestígios arqueológicos de pesca.

É interessante a propósito do nome Cascais referir a menção do historiador árabe Al Masudi (-956 d.C.) sobre as explorações atlânticas de um jovem navegador de Córdoba, cujo nome seria KhashKhash, sendo talvez KhashKhash al Bahri ("o navegador") que morreu em 859 d.C. combatendo os normandos, justamente próximo de Cascais. Foneticamente, parece haver uma clara semelhança entre o nome da vila e o nome do navegador. Informações sobre as viagens árabes podem ser encontradas num interessante artigo de Abbas Hamdani (Handbuch der Orientalistik, S. Kahdra Jayyusi, M. Marin, pag. 275).

(12/04/2011)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:48

Na Batalha de Alcântara em 1580, D. António não consegue evitar a progressão das forças do Duque de Alba, desembarcadas no Cabo de Cascais, em direcção a Lisboa. A designação à época - Cabo de Cascais é diferente da chamada Roca de Sintra.
Um excelente documento sobre a Batalha de Alcântara está disponível no site areamilitar.
A mais conhecida imagem da época mostra detalhes da paisagem, vista de Alcântara, que são interessantes por si só.

Podemos ver nesta imagem que a Torre de Belém está situada bem no meio do estuário, completamente rodeada por água, longe de terra. Há um braço de praia em frente a Belém, que estende até uma baía formada pela foz da ribeira de Alcântara. Vê-se ainda a antiga ponte de Alcântara. Toda esta paisagem foi mudada, a água desceu e Lisboa ganhou terra ao Tejo e a praia desapareceu, colando a linha de água pela posição da Torre de Belém (na altura também chamada Torre de S. Vicente).

Mais interessante é o pormenor que nos mostra Almada, com Palmela ao fundo, quase à beira-mar, ou melhor, à beira-rio:
A linha de água submergia grande parte da margem sul, na zona do Seixal, e estava quase encostada à zona do Castelo de Palmela, onde se lê "Palmela a 9 léguas de Lisboa".
Isto concorre com a hipótese de um nível da água do mar superior, como já abordámos.

Lavanha aproveita a descrição da viagem de Filipe II para ainda nos dar conta de factos acessórios.
Perto, entre Azeitão e Coina (ou rio Couna) estavam as matas e jardins do novo Duque de Aveiro (que acolheu Filipe II, no final da sua visita a Portugal, conforme diz Lavanha). O anterior Duque de Aveiro tinha morrido ao lado de D. Sebastião, em Alcácer Quibir.

Ao descrever a visita a Sintra, Lavanha revela que a sua ponta mais ocidental seria o Promontório Magno, ou Olisiponense, que era modernamente denominado Roca de Sintra... ou seja o Cabo da Roca. Fala ainda do convento de N. Sra. da Pena, da Ordem de S. Jerónimo, fundado por D. João II, que oficialmente ruiu pelo terramoto, e onde depois Fernando II, consorte de Maria II, edificou o Palácio da Pena sobre as ruínas, perdendo-se o vestígio da construção original. Essa construção teria "a Igreja e Oficinas, necessárias para um inteiro Mosteiro lavradas na mesma rocha".
Finalmente revela que, à época, num promontório da serra, existiriam ainda vestígios e inscrições de um antigo Templo dedicado ao Sol e à Lua.
No regresso de Sintra, Filipe II teria passado pela vila de Cascaes e pela fortaleza de S. Gião (depois S. Julião da Barra). Já mencionámos o Cabo de Cascais, que seria provavelmente a denominação junto ao Guincho-Cascais, onde foram encontrados vestígios arqueológicos de pesca.

É interessante a propósito do nome Cascais referir a menção do historiador árabe Al Masudi (-956 d.C.) sobre as explorações atlânticas de um jovem navegador de Córdoba, cujo nome seria KhashKhash, sendo talvez KhashKhash al Bahri ("o navegador") que morreu em 859 d.C. combatendo os normandos, justamente próximo de Cascais. Foneticamente, parece haver uma clara semelhança entre o nome da vila e o nome do navegador. Informações sobre as viagens árabes podem ser encontradas num interessante artigo de Abbas Hamdani (Handbuch der Orientalistik, S. Kahdra Jayyusi, M. Marin, pag. 275).

(12/04/2011)

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