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(...) porque além desta cidade ser fundada muito tempo depois que foi Hercules como acima disse, & assim a obra da torre ser moderna, como na sua arquitectura se mostra, eu não creio que em Hespanha, nem em alguma outra parte do mundo haja cousa que com verdade se possa afirmar ser sua, por haver tanto tempo que foi, depois do qual sucederam tantas repúblicas e monarquias, em que afora uns desfazerem as obras dos outros, como os Godos fizeram a muitas dos Romanos & Gregos, ó mesmo tempo as desfizera e consumiria, ó qual se gastou as que estas duas tão ilustres & tão políticas duas nações (que agora nomeei) fabricaram, que menos fizera âs de Hercules sendo mais antigas, & em cujo tempo sabemos ser a arquitectura tão apagada como ainda então era, a qual teve depois entre os ditos Gregos e Romanos posta em toda sua perfeição, se não se ainda cremos nas profecias & torres de Toledo, nos espelhos da Crunha [Corunha], & calçadas de Calez [Cádis], & em tantas fábulas quantas nasciam de cabeças à sua Hydra.
E destas vaidades não à lugar nobre em Hespanha, que não tenha suas relíquias, ou em torres, ou em pontes, ou em quaisquer outros edifícios, como ora nestes de Merida, que a gente ignorante usurpa como por mostra & argumento de sua nobreza e antiguidade. Digo tudo isto porque nos mais dos lugares nobres de Hespanha me aconteceu achar sempre sempre qualquer cousa d'esta qualidade que o povo afirma com muita contumacia ser de Hércules, tão grande fortuna foi deste homem, que com uns poucos trabalhos & os mais deles fabulosos, roubou a fama de tantos alheios.
Assim que não tendo este arco de Mérida, nem escultura de imagens, nem letras, nem magestade na obra, como se pode chamar triunfal, pois nele não há feitos nem nome do que triunfou?
(...) Parece que este trofeu posto que tão bárbaro seja, teve alguma grande fortuna de diversos vencimentos, porque segundo me disseram em Mérida, acham-se algumas medalhas antigas, as quais têm de uma parte umas letras que dizem EMERITA AUGUSTA, & no reverso um arco;
(...) porque além desta cidade ser fundada muito tempo depois que foi Hercules como acima disse, & assim a obra da torre ser moderna, como na sua arquitectura se mostra, eu não creio que em Hespanha, nem em alguma outra parte do mundo haja cousa que com verdade se possa afirmar ser sua, por haver tanto tempo que foi, depois do qual sucederam tantas repúblicas e monarquias, em que afora uns desfazerem as obras dos outros, como os Godos fizeram a muitas dos Romanos & Gregos, ó mesmo tempo as desfizera e consumiria, ó qual se gastou as que estas duas tão ilustres & tão políticas duas nações (que agora nomeei) fabricaram, que menos fizera âs de Hercules sendo mais antigas, & em cujo tempo sabemos ser a arquitectura tão apagada como ainda então era, a qual teve depois entre os ditos Gregos e Romanos posta em toda sua perfeição, se não se ainda cremos nas profecias & torres de Toledo, nos espelhos da Crunha [Corunha], & calçadas de Calez [Cádis], & em tantas fábulas quantas nasciam de cabeças à sua Hydra.
E destas vaidades não à lugar nobre em Hespanha, que não tenha suas relíquias, ou em torres, ou em pontes, ou em quaisquer outros edifícios, como ora nestes de Merida, que a gente ignorante usurpa como por mostra & argumento de sua nobreza e antiguidade. Digo tudo isto porque nos mais dos lugares nobres de Hespanha me aconteceu achar sempre sempre qualquer cousa d'esta qualidade que o povo afirma com muita contumacia ser de Hércules, tão grande fortuna foi deste homem, que com uns poucos trabalhos & os mais deles fabulosos, roubou a fama de tantos alheios.
Assim que não tendo este arco de Mérida, nem escultura de imagens, nem letras, nem magestade na obra, como se pode chamar triunfal, pois nele não há feitos nem nome do que triunfou?
(...) Parece que este trofeu posto que tão bárbaro seja, teve alguma grande fortuna de diversos vencimentos, porque segundo me disseram em Mérida, acham-se algumas medalhas antigas, as quais têm de uma parte umas letras que dizem EMERITA AUGUSTA, & no reverso um arco;