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Tarso

30.06.11
Tarso é um conjunto de ossos do pé, em que se inclui o calcanhar (calcâneo), e em particular estaria aí o Calcanhar de Aquiles, cujo nome ficou associado ao tendão.
Raio-X de fractura do calcâneo no Tarso

Paulo de Tarso
Tarso é ainda a cidade da Ásia Menor na Cílicia considerada como local de nascimento de São Paulo, também conhecido como Paulo de Tarso. É bem conhecida a conversão de Saulo em Paulo, e a influência em tornar o cristianismo numa religião de gentios e não apenas de judeus. Os périplos de S. Paulo começam numa viagem na região da Ásia Menor:
onde podemos ver a confusão de estarem aí nomeadas duas Antióquias no percurso.

Há um ano colocámos aqui a questão crucial, no sentido de Crux, sobre como o aparecimento do cristianismo terminou com as revoltas de escravos simbolizadas nas dezenas de milhar de cruzes da revolta de Spartacus na Via Ápia, e como isso foi um erro de Crasso. 
Com a conversão de Saulo a expansão cristã não fica restrita ao núcleo judaico de Pedro (com quem tem algumas dissensões), e Roma continuará como centro, agora religioso, distante dos símbolos cristãos de Jerusalém. Constantino, também dito Magno, torna o cristianismo religião imperial, e muda o centro do Império para  Bizâncio, mas não para a Terra Santa. A Igreja de Pedro e Paulo ficará em Roma, e o tempo será juliano durante uma boa parte da Idade Média... a marcação a.C/d.C só é iniciada com Carlos Magno e completada com D. João I, em Portugal (é ainda nessa altura que os infantes podem então passar a príncipes). 

Lídia, Targum e Tarsis
No mapa vemos nomeada a Galácia, vizinha da Frígia, da Lídia, e da Lícia.
Interessa-nos a Frígia, pois com uma crux ficaria Frísia, tal como a Lidia (ou Licia) ficaria Lisia, e se tal território não existe, existiu a Lysitania, ou Lusitania. Uma crux é dúbia, mas a informação de que os Lídios se denominam "sfards", transportar-nos à designação dos sefarditas, ibéricos. Sobre a Galácia, e a proximidade com Galícia, até dispensaria qualquer crux.

A Lídia ficou mais conhecida pelo seu último rei Creso, tal como a Frísia pelo rei Midas. Estas fortunas eram associadas ao ouro vindo do rio Pactolo, afluente do Hermo, e já aqui citámos Juvenal:
The man for whose desires yesterday not all the gold which Tagus and the ruddy Pactolus rolls along would have sufficed (...)
que associava os rios Pactolo e Tagus, não mencionando o rio Hermo. Vários autores romanos falaram do ouro existente nos rios da Lusitania, e mencionavam que o ouro do Pactolus e Hermo se deveria ter entretanto extinguido. Apesar da abundância de ouro estar inicialmente associado ao Jardim das Hespérides, e à procura que Hércules vai fazer para além das Colunas (na Lusitania), estes mitos posteriores parecem esquecer isso e colocam o mito aurífero na Ásia Menor!

Creso acabará derrotado pelo persa Ciro, o mesmo que irá reencaminhar os hebreus do cativeiro para Israel, e aí surge um pormenor interessante. Há uma diferença entre os judeus que falavam o aramaico e outros que falavam hebreu, ao ponto de surgirem os Targus (decidi colocar assim o plural de Targum, apesar de ser indicado targumim) - traduções para aramaico do original hebreu. Nota-se por isso que são dois povos separados, juntos na mesma região, o que corre no sentido aqui várias vezes mencionado sobre os Ebreus do Ebro.

A ligação a Tarso, surge agora por via de Tarsis... cujo nome bíblico é Tarshish, e que pode ser associada a Tartesso. Conforme diz William Smith (no Concise dictionary of the Bible. pág. 921):
"Tartessus being merely Tarshish in the Aramaic form"
... entre outras razões para associação entre a Tarsis bíblica e Tartessos na Ibéria, ao mesmo tempo que descarta a natural confusão de Tarso na Ásia Menor com Tarsis (todo o texto de William Smith merece ser lido). Uso ainda aqui uma citação breve, via wikipedia:
De fato, o Rei Salomão tinha naves de Tarsis no mar junto com as naves de Hirão. As naves de Tarsis vinham uma vez a cada três anos e traziam ouro, prata, marfim, bugios e pavões. (I Reis 10: 22)
Se há Tarso, em que de Paulo se sustentará o cristianismo, a Tarsis ibérica sustentava um comércio com paragens distantes (provavelmente africanas e americanas, dada a carga...) a cada três anos. E quando William Smith diz que, no Livro das Crónicas, Tarshish teria ligação ao Mar Vermelho, não precisamos de colocar a localização longe da Hispania, pelas razões que já explicámos nos sinais vermelhos.


Calcanhar de Aquiles
Uma boa parte da nomenclatura anatómica pode ser encontrada em Galeno, médico de Marco Aurélio, que vemos aqui representado com um barrete frígio:
Galeno (129-217 d.C)

Se a associação a Tarso foi casual, feita pela sustentação de Paulo, pela fragilidade na localização de Tarsis, ou por outra razão, pois é tão dúbio quanto uma crux, e podemos seguir várias direcções.
Ao mergulhar Aquiles no rio Estige do Hades, Tétis deixou vulnerável a sustentação do aqueu, o seu calcanhar, o Tarso... talvez uma fragilidade de sustentação dos aqueus acerca do poderio de uma antiga Tarsis, que prolongou a guerra de Tróia. Quem quebrará essas muralhas será um ardil de Ulisses, através do cavalo de Tróia... Ulisses que seguirá depois um caminho atlântico, qual Tarsis.

Para dar um exemplo da utilidade das designações anatómicas, lembramos o cúbito, afinal um osso do antebraço (também chamado ulna), que nos daria uma ideia da antiga unidade de comprimento egípcia, também representada por um antebraço - mas que implicaria antebraços de meio metro... bastante maiores que os actuais, digamos quase de gigantes!

Ficamos por aqui... já que não vamos falar do rádio, outro osso do antebraço, pois a conjunção "Rádio" com "Galeno" parece fortuita. Não encontramos já um motivo não linguístico para o associar ao Rádio de Galena, ainda que essa forma primitiva de Rádio AM seja baseada no Galeno (sulfeto de chumbo), material que foi usado como cosmético entre os egípcios.
Afinal, aprendemos que o desenvolvimento eléctrico, que vai de Alessandro Volta (nomeado conde por Napoleão), até aos rádios de Marconi (ou anteriores), dura menos de 100 anos, e por isso aceitamos ser absolutamente ridículo pensar que os egípcios pudessem ter ideias eléctricas, apesar dos vários milhares de anos de civilização. Digamos que devemos ter ficado mais espertos...

Radius, significa ainda raio, e pode ser explicado pela possibilidade de movimento circular no antebraço, pelo que seria tão gratuito como fazer outras associações linguísticas, seja ao elemento rádio, ou até ao facto de termos começado o texto sobre ossos com uma radiografia! Isso seriam estórias completamente diferentes destas...
Aliás, do tarso não seguimos para o metatarso, pelos cuneiformes, sob pena de invocar ainda as falanges!

[este post estava previsto aparecer em 29 de Junho... porém às vezes as dificuldades no blogger surgem, e compreendemos!]

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:03


O site espanhol Proel.org tem uma excelente página linguística onde se estabelece uma árvore genealógica dos alfabetos antigos:
Origem do gráfico: Proel.org

É um exercício interessante estabelecer ligações desta forma, que não se prendam exactamente com o lugar atribuído e as convenções habituais... 
Por exemplo, sinalizamos que o indiano Brahmi é ligado ao Fenício como desvio do Aramaico, com uma particularidade que os autores desse blog dizem no início:
El brahmi es un sistema de escritura silábico con un lapso de uso que va desde el siglo V a. C. hasta el V d. C. El sentido de la escritura era al principio de derecha a izquierda, pero en el siglo III a. C. cambia en sentido contrario.
O que se passa para uma escrita subitamente mudar, deixando de se escrever segundo a sua influência fenícia original - de nascente para poente, passando a escrever-se de poente para nascente, copiando a influência grega? 
Estando reportado ao Séc. III a.C. ocorre já depois da incursão de Alexandre Magno, e por isso está localizada uma forte possibilidade de influência!
Já aqui apontámos essa diferença da direcção de escrita, num texto anterior.

Espanca - Ourique
A propósito dos Tartéssios (a que se costuma ligar Tarsis, e os Cónios) e da sua língua, nesse site são referenciadas diversas estelas em Espanca, Ourique, Bensafrim. A escrita tartéssia é considerada irmã da hebraica, da púnica, da aramaica, ou do grego antigo, no sentido em que derivam directamente do fenício original. Já aqui tínhamos mencionada a estela da Abóbada
com uma eventual ligação às siglas poveiras, mas fica agora claro que há todo um registo que liga a uma cultura tartéssia do sudoeste ibérico. Citamos os referidos autores, de novo, a este propósito:
Por ello y por su riqueza minera, Tartessos alcanzó inmenso poderío. El país de los tartesios es citado con mucha frecuencia en la Biblia y siempre en términos de un pueblo rico y rebosante de esplendor (1 Reyes 10:22; 2 Crónicas 20:36-37; Ezequiel 27:12; 38:13).
Esta língua, tal como a fenícia, usava a direcção nascente-poente... e como já aqui demos a entender, terá terminado os seus dias com aqueles que seguiram a direcção poente-nascente, e tal como os púnicos de Cartago, a civilização foi aniquilada pelos Romanos. O pormenor da escrita Brahmi inverter o seu sentido, após a presença de Alexandre, é revelador de que só havia uma direcção a seguir. Os próprios gregos tinham invertido esse sentido, já que o grego antigo até ao Séc. VIII a.C. usava a direcção fenícia, tal como o Etrusco... outra civilização que irá tombar. Os gregos mudam a sua direcção e influenciam a direcção romana, que tomará conta da Pax. Seguindo a linha do aramaico, apenas os judeus e os árabes vão manter a direcção oposta.

A influência da escrita fenícia, através do aramaico, é colocada pelos autores para além do Brahmi indiano, e chega à Sibério, ao Mongol e Manchú... mas com direcções já diferentes. Os autores ilustram as direcções de influência num esquema interessante.

Distinguiria dois períodos, que me parecem confundir-se quanto à Fenícia. Um primeiro período que não colocaria necessariamente no Líbano, já que a sua influência se confunde com a própria civilização oceânica europeia, em interacção com os Celtas. Um outro período, colocado na habitual zona do Líbano/Síria, onde se teria cimentado o aramaico como desvio do fenício original.

Disco de Phaitos
Uma outra linha interessante, e que tem sido associada ao mito da Atlântida, está relacionada com a escrita encontrada em Creta. É sobejamente conhecido o chamado Disco de Phaitos:
Estas escritas minóicas foram depois genericamente classificadas como Linear A ou B, seguindo o sentido greco-romano. Não é o caso do Disco de Phaitos, que apesar de não estar decifrado, assume-se correr no sentido fenício... se é que a distinção faz muito sentido num alinhamento espiral.

Quanto a tratar-se de algum legado da civilização Atlântida, parece-me ser inconsistente com os relatos de grande avanço civilizacional. A escrita longe de estar simplificada, está alinhada de forma rudimentar, de forma semelhante a muitos outros registos de civilizações da Idade do Bronze. A Atlântida poderá ter existido enquanto civilização avançada anterior ou na Idade do Bronze, mas conforme já referi há algumas extrapolações exarcebadas relativamente ao seu desenvolvimento. Parece bastante mais natural que uma Atlântida, situada na costa Atlântica, provavelmente africana (é aí que encontramos persistentemente referenciados os Atlantes), tenha sido vítima de uma mudança climática. De uma época fria, em que os gelos concentravam a água nos pólos, poderá ter havido uma mudança súbita, que originou uma inundação da sua capital. O clima temperado dará origem a uma mudança na relação de forças, admitindo que anteriormente os Atlantes subjugavam os povos mediterrânicos, de acordo com o relato de Platão. A civilização marítima fenícia ou a minóica poderão ter sido suas herdeiras, directamente ou pelo resultado do contacto com essa civilização perdida, mas não terão sido necessariamente casos únicos...

Pedra de Kafkania
Relativamente à língua minóica, não deixa de ser interessante os autores colocarem uma origem anterior, vários milénios antes de Cristo, na zona da Transilvânia... a que vão chamar língua Tartária. Ainda revelador é o mapa da civilizações "paleo-balcânicas" que apresentam:

É revelador, porque os autores datam estas civilizações entre 6000 a.C. e 3000 a.C., e como podemos observar os focos (a verde) estariam longe de qualquer zona costeira actual, mas já não seria bem assim se admitirmos o nível do mar mais elevado, conforme temos apresentado.

Nesta sequência, que leva aos minóicos, e para além do Disco de Phaitos, há uma pequena pedra que tem inscrições similares, e que foi descoberta recentemente, próximo de Kafkania-Olimpo:

Levantam-se algumas dúvidas sobre a autenticidade do achado de 1995, por razões bizarras que podem ser lidas na wikipedia. É interessante ter sido encontrada fora de Creta, em Kafkania.

Através deste pequeno artefacto, fomos chegados neste processo a Kafkania, vila próxima do Olimpo.
Mas tal como em O Processo, este nosso processo também parece ainda não ter fim à vista! 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:15


O site espanhol Proel.org tem uma excelente página linguística onde se estabelece uma árvore genealógica dos alfabetos antigos:
Origem do gráfico: Proel.org

É um exercício interessante estabelecer ligações desta forma, que não se prendam exactamente com o lugar atribuído e as convenções habituais... 
Por exemplo, sinalizamos que o indiano Brahmi é ligado ao Fenício como desvio do Aramaico, com uma particularidade que os autores desse blog dizem no início:
El brahmi es un sistema de escritura silábico con un lapso de uso que va desde el siglo V a. C. hasta el V d. C. El sentido de la escritura era al principio de derecha a izquierda, pero en el siglo III a. C. cambia en sentido contrario.
O que se passa para uma escrita subitamente mudar, deixando de se escrever segundo a sua influência fenícia original - de nascente para poente, passando a escrever-se de poente para nascente, copiando a influência grega? 
Estando reportado ao Séc. III a.C. ocorre já depois da incursão de Alexandre Magno, e por isso está localizada uma forte possibilidade de influência!
Já aqui apontámos essa diferença da direcção de escrita, num texto anterior.

Espanca - Ourique
A propósito dos Tartéssios (a que se costuma ligar Tarsis, e os Cónios) e da sua língua, nesse site são referenciadas diversas estelas em Espanca, Ourique, Bensafrim. A escrita tartéssia é considerada irmã da hebraica, da púnica, da aramaica, ou do grego antigo, no sentido em que derivam directamente do fenício original. Já aqui tínhamos mencionada a estela da Abóbada
com uma eventual ligação às siglas poveiras, mas fica agora claro que há todo um registo que liga a uma cultura tartéssia do sudoeste ibérico. Citamos os referidos autores, de novo, a este propósito:
Por ello y por su riqueza minera, Tartessos alcanzó inmenso poderío. El país de los tartesios es citado con mucha frecuencia en la Biblia y siempre en términos de un pueblo rico y rebosante de esplendor (1 Reyes 10:22; 2 Crónicas 20:36-37; Ezequiel 27:12; 38:13).
Esta língua, tal como a fenícia, usava a direcção nascente-poente... e como já aqui demos a entender, terá terminado os seus dias com aqueles que seguiram a direcção poente-nascente, e tal como os púnicos de Cartago, a civilização foi aniquilada pelos Romanos. O pormenor da escrita Brahmi inverter o seu sentido, após a presença de Alexandre, é revelador de que só havia uma direcção a seguir. Os próprios gregos tinham invertido esse sentido, já que o grego antigo até ao Séc. VIII a.C. usava a direcção fenícia, tal como o Etrusco... outra civilização que irá tombar. Os gregos mudam a sua direcção e influenciam a direcção romana, que tomará conta da Pax. Seguindo a linha do aramaico, apenas os judeus e os árabes vão manter a direcção oposta.

A influência da escrita fenícia, através do aramaico, é colocada pelos autores para além do Brahmi indiano, e chega à Sibério, ao Mongol e Manchú... mas com direcções já diferentes. Os autores ilustram as direcções de influência num esquema interessante.

Distinguiria dois períodos, que me parecem confundir-se quanto à Fenícia. Um primeiro período que não colocaria necessariamente no Líbano, já que a sua influência se confunde com a própria civilização oceânica europeia, em interacção com os Celtas. Um outro período, colocado na habitual zona do Líbano/Síria, onde se teria cimentado o aramaico como desvio do fenício original.

Disco de Phaitos
Uma outra linha interessante, e que tem sido associada ao mito da Atlântida, está relacionada com a escrita encontrada em Creta. É sobejamente conhecido o chamado Disco de Phaitos:
Estas escritas minóicas foram depois genericamente classificadas como Linear A ou B, seguindo o sentido greco-romano. Não é o caso do Disco de Phaitos, que apesar de não estar decifrado, assume-se correr no sentido fenício... se é que a distinção faz muito sentido num alinhamento espiral.

Quanto a tratar-se de algum legado da civilização Atlântida, parece-me ser inconsistente com os relatos de grande avanço civilizacional. A escrita longe de estar simplificada, está alinhada de forma rudimentar, de forma semelhante a muitos outros registos de civilizações da Idade do Bronze. A Atlântida poderá ter existido enquanto civilização avançada anterior ou na Idade do Bronze, mas conforme já referi há algumas extrapolações exarcebadas relativamente ao seu desenvolvimento. Parece bastante mais natural que uma Atlântida, situada na costa Atlântica, provavelmente africana (é aí que encontramos persistentemente referenciados os Atlantes), tenha sido vítima de uma mudança climática. De uma época fria, em que os gelos concentravam a água nos pólos, poderá ter havido uma mudança súbita, que originou uma inundação da sua capital. O clima temperado dará origem a uma mudança na relação de forças, admitindo que anteriormente os Atlantes subjugavam os povos mediterrânicos, de acordo com o relato de Platão. A civilização marítima fenícia ou a minóica poderão ter sido suas herdeiras, directamente ou pelo resultado do contacto com essa civilização perdida, mas não terão sido necessariamente casos únicos...

Pedra de Kafkania
Relativamente à língua minóica, não deixa de ser interessante os autores colocarem uma origem anterior, vários milénios antes de Cristo, na zona da Transilvânia... a que vão chamar língua Tartária. Ainda revelador é o mapa da civilizações "paleo-balcânicas" que apresentam:

É revelador, porque os autores datam estas civilizações entre 6000 a.C. e 3000 a.C., e como podemos observar os focos (a verde) estariam longe de qualquer zona costeira actual, mas já não seria bem assim se admitirmos o nível do mar mais elevado, conforme temos apresentado.

Nesta sequência, que leva aos minóicos, e para além do Disco de Phaitos, há uma pequena pedra que tem inscrições similares, e que foi descoberta recentemente, próximo de Kafkania-Olimpo:

Levantam-se algumas dúvidas sobre a autenticidade do achado de 1995, por razões bizarras que podem ser lidas na wikipedia. É interessante ter sido encontrada fora de Creta, em Kafkania.

Através deste pequeno artefacto, fomos chegados neste processo a Kafkania, vila próxima do Olimpo.
Mas tal como em O Processo, este nosso processo também parece ainda não ter fim à vista! 

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O site espanhol Proel.org tem uma excelente página linguística onde se estabelece uma árvore genealógica dos alfabetos antigos:
Origem do gráfico: Proel.org

É um exercício interessante estabelecer ligações desta forma, que não se prendam exactamente com o lugar atribuído e as convenções habituais... 
Por exemplo, sinalizamos que o indiano Brahmi é ligado ao Fenício como desvio do Aramaico, com uma particularidade que os autores desse blog dizem no início:
El brahmi es un sistema de escritura silábico con un lapso de uso que va desde el siglo V a. C. hasta el V d. C. El sentido de la escritura era al principio de derecha a izquierda, pero en el siglo III a. C. cambia en sentido contrario.
O que se passa para uma escrita subitamente mudar, deixando de se escrever segundo a sua influência fenícia original - de nascente para poente, passando a escrever-se de poente para nascente, copiando a influência grega? 
Estando reportado ao Séc. III a.C. ocorre já depois da incursão de Alexandre Magno, e por isso está localizada uma forte possibilidade de influência!
Já aqui apontámos essa diferença da direcção de escrita, num texto anterior.

Espanca - Ourique
A propósito dos Tartéssios (a que se costuma ligar Tarsis, e os Cónios) e da sua língua, nesse site são referenciadas diversas estelas em Espanca, Ourique, Bensafrim. A escrita tartéssia é considerada irmã da hebraica, da púnica, da aramaica, ou do grego antigo, no sentido em que derivam directamente do fenício original. Já aqui tínhamos mencionada a estela da Abóbada
com uma eventual ligação às siglas poveiras, mas fica agora claro que há todo um registo que liga a uma cultura tartéssia do sudoeste ibérico. Citamos os referidos autores, de novo, a este propósito:
Por ello y por su riqueza minera, Tartessos alcanzó inmenso poderío. El país de los tartesios es citado con mucha frecuencia en la Biblia y siempre en términos de un pueblo rico y rebosante de esplendor (1 Reyes 10:22; 2 Crónicas 20:36-37; Ezequiel 27:12; 38:13).
Esta língua, tal como a fenícia, usava a direcção nascente-poente... e como já aqui demos a entender, terá terminado os seus dias com aqueles que seguiram a direcção poente-nascente, e tal como os púnicos de Cartago, a civilização foi aniquilada pelos Romanos. O pormenor da escrita Brahmi inverter o seu sentido, após a presença de Alexandre, é revelador de que só havia uma direcção a seguir. Os próprios gregos tinham invertido esse sentido, já que o grego antigo até ao Séc. VIII a.C. usava a direcção fenícia, tal como o Etrusco... outra civilização que irá tombar. Os gregos mudam a sua direcção e influenciam a direcção romana, que tomará conta da Pax. Seguindo a linha do aramaico, apenas os judeus e os árabes vão manter a direcção oposta.

A influência da escrita fenícia, através do aramaico, é colocada pelos autores para além do Brahmi indiano, e chega à Sibério, ao Mongol e Manchú... mas com direcções já diferentes. Os autores ilustram as direcções de influência num esquema interessante.

Distinguiria dois períodos, que me parecem confundir-se quanto à Fenícia. Um primeiro período que não colocaria necessariamente no Líbano, já que a sua influência se confunde com a própria civilização oceânica europeia, em interacção com os Celtas. Um outro período, colocado na habitual zona do Líbano/Síria, onde se teria cimentado o aramaico como desvio do fenício original.

Disco de Phaitos
Uma outra linha interessante, e que tem sido associada ao mito da Atlântida, está relacionada com a escrita encontrada em Creta. É sobejamente conhecido o chamado Disco de Phaitos:
Estas escritas minóicas foram depois genericamente classificadas como Linear A ou B, seguindo o sentido greco-romano. Não é o caso do Disco de Phaitos, que apesar de não estar decifrado, assume-se correr no sentido fenício... se é que a distinção faz muito sentido num alinhamento espiral.

Quanto a tratar-se de algum legado da civilização Atlântida, parece-me ser inconsistente com os relatos de grande avanço civilizacional. A escrita longe de estar simplificada, está alinhada de forma rudimentar, de forma semelhante a muitos outros registos de civilizações da Idade do Bronze. A Atlântida poderá ter existido enquanto civilização avançada anterior ou na Idade do Bronze, mas conforme já referi há algumas extrapolações exarcebadas relativamente ao seu desenvolvimento. Parece bastante mais natural que uma Atlântida, situada na costa Atlântica, provavelmente africana (é aí que encontramos persistentemente referenciados os Atlantes), tenha sido vítima de uma mudança climática. De uma época fria, em que os gelos concentravam a água nos pólos, poderá ter havido uma mudança súbita, que originou uma inundação da sua capital. O clima temperado dará origem a uma mudança na relação de forças, admitindo que anteriormente os Atlantes subjugavam os povos mediterrânicos, de acordo com o relato de Platão. A civilização marítima fenícia ou a minóica poderão ter sido suas herdeiras, directamente ou pelo resultado do contacto com essa civilização perdida, mas não terão sido necessariamente casos únicos...

Pedra de Kafkania
Relativamente à língua minóica, não deixa de ser interessante os autores colocarem uma origem anterior, vários milénios antes de Cristo, na zona da Transilvânia... a que vão chamar língua Tartária. Ainda revelador é o mapa da civilizações "paleo-balcânicas" que apresentam:

É revelador, porque os autores datam estas civilizações entre 6000 a.C. e 3000 a.C., e como podemos observar os focos (a verde) estariam longe de qualquer zona costeira actual, mas já não seria bem assim se admitirmos o nível do mar mais elevado, conforme temos apresentado.

Nesta sequência, que leva aos minóicos, e para além do Disco de Phaitos, há uma pequena pedra que tem inscrições similares, e que foi descoberta recentemente, próximo de Kafkania-Olimpo:

Levantam-se algumas dúvidas sobre a autenticidade do achado de 1995, por razões bizarras que podem ser lidas na wikipedia. É interessante ter sido encontrada fora de Creta, em Kafkania.

Através deste pequeno artefacto, fomos chegados neste processo a Kafkania, vila próxima do Olimpo.
Mas tal como em O Processo, este nosso processo também parece ainda não ter fim à vista! 

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publicado às 22:15

  
Os balões do São João no Porto e Zhuge Liang...  [imgimg]

A cultura ocidental tem muito poucas referências orientais, sendo normalmente mais conhecidas as ligadas à mitologia e religiosidade. Aqueles que são seduzidos pelo misticismo oriental fazem um processo curioso, que teria um recíproco engraçado... analogamente poderíamos ter gurus da religião greco-romana juntando grupos esotéricos de empresários ou artistas chineses ou indianos. As religiões, ou mesmo as filosofias, têm um enquadramento histórico, e a história chinesa ou indiana está longe de ser familiar à maioria dos ocidentais que são adoptados e depois adeptos dessas tendências ocidentais supostamente baseadas no misticismo oriental.

Lanternas de Kongming
A tradição do São João junta o salto à fogueira, o fogo de artifício e uns curiosos balões de ar quente, chamados balões de São João... estando atrasado uns dias, noto que o S. Pedro ainda não acabou!
Retirando a parte do salto à fogueira, o fogo de artifício e os balões de ar quente podemos encontrá-los como manifestação quase directa de tradições chinesas em território nacional. 
Afinal é admitido que a pólvora tem a sua origem na China, tal como o papel... 

Durante muito tempo (até há poucas décadas) foi contada a estória que os chineses não teriam desenvolvido os seus conhecimentos pirotécnicos para fins militares, e que estes se resumiriam a distracções cortesãs.
Não vamos aqui redescobrir a pólvora, mas convém notar que esta é reportada à Dinastia Han, uma dinastia florescente do Séc II a. C. ao Séc. II d. C., quatrocentos anos de desenvolvimento.
O fim da Dinastia Han tem um herói Han, denominado "Dragão Adormecido" ou Kongming, de nome Zhuge Liang.

A Zhuge Liang é creditado a invenção dos balões de papel e ar quente, também ditos Lanternas de  Kongming... e que são os balões de São João (alguns chamam balões venezianos)!

Segundo a "lenda", estando cercado, as Lanternas teriam sido usados por si para sinalização ao seu exército.  Há outras invenções surpreendentes que lhe são creditadas.

Batalha dos Penhascos Vermelhos
O seu nome vai ficar mais ligado à Batalha mítica da História chinesa: 
- a Batalha dos Penhascos Vermelhos,
que antecede o fim da Dinastia Han. 

 
Sinal da Batalha dos Penhascos Vermelhos, o seu local é incerto, 
mas é marcado há muitos séculos em Chibi, no Rio Yangtzé. 
Embarcação usada em batalha.

Trata-se de uma batalha com larga componente naval, mas que é colocada no Rio Azul, o Yangtzé, com o Sinal dos "Penhascos Vermelhos"... e que reporta já a divisão dos Três Reinos, período de convulsão na China que marca o final da Dinastia Han (em 220 d.C) até à Dinastia Jin (em 280 d.C).

As invenções chinesas
Os ocidentais reconhecem quatro invenções importantes aos chineses:
- papel, bússola, pólvora... e imprensa (apesar de Guttenberg)
... havendo outras invenções em lista de espera, com a reconhecida oficial paciência chinesa.
Os argumentos para a Lanterna de Kongming são simples... oficialmente os chineses inventaram o papel, e saberiam produzir fogo. Porém, como já percebemos, as evidências contam pouco para a academia ocidental e os mais reputados sinologistas remetem para o magister dixit considerando relatos inconvenientes como apócrifos. Nada de surpreendente, ligado ao ambiente religioso que afinal definiu as universidades no contexto medieval...

Um excelente artigo de Annette Yoshiko (2009), da Univ. Pensilvânia, esclarece como foi difícil aos europeus admitir uma história chinesa registada antes das civilizações clássicas:
Hegel famously proclaimed that the Indians were a people without history, living apart from the evolving spirit of rationality that shaped "the West". To this Leopold Von Ranke soon protested. Nevertheless, von Ranke expressed a similar view of India, which he extended to China as well. These two "oriental" peoples had long chronologies, but their antiquity was, in his view, merely a "fable"; neither had any active role in shaping world history.
Estamos a falar do início do Séc. XX, e a afirmação de Hegel poderá também ser vista como uma irónica crítica à própria estória ocidental que passava por História...
Yoshiko relaciona ainda os antigos relatos gregos não apenas dos indianos (Indoí), mas também dos Sêres, a que se ligava já o registo da Seda. 
Os Sêres desconhecidos seriam por isso os chineses... vai ainda mais longe, considerando o registo cristão dos Actos de Tomás (S. Tomás que foi ver para crer), que falam no Reino de Mazdai (afinal um veículo que de Mazda nos levaria ainda a Zaratrusta...), todo o artigo é aconselhado e tem um registo que não nos deixa sozinhos no meio de uma academia de herança medieval.


Severo, do lado Romano
Ao mesmo tempo que se dava a Batalha dos Penhascos Vermelhos, Sétimo Severo estendia o Império Romano para Oriente, atingindo os Pártos da Pérsia, inserindo definitivamente a província de Osroena e indo mais longe, na recuperação das antigas fronteiras do reino Seleucida de Edessa.
Para continuar um pouco da nossa Estória, vamos recuperar o mapa que colocaria ainda o Cáspio como mar...
A expansão de Severo colidiria com algum reino chinês?
Até que ponto faz sentido uma batalha naval que ocorre no contexto do Rio Yangtzé? Ainda que seja um grande rio, as proporções habituais de forças em batalhas chinesas (aqui fala-se em quase 1 milhão do lado de Cao Cao) colocariam as embarcações a cobrir o rio...
Até que ponto não estariam os Romanos envolvidos numa disputa de influência sobre território chinês, apoiando um dos lados da contenda?
Como Yoshiko salienta no seu artigo, entre a China e os Romanos havia o Reino Parto-Persa, que funcionava como charneira, sendo reconhecidas influências/contactos chineses directos com os partos.

Contemporâneo da queda da Dinastia Han é o envio de uma delegação indiana em 220 d.C. ao imperador Heliógabalo, acto oficial singular, que demonstra talvez a preocupação ou o reconhecimento global com o poder Romano no Oriente... Pelo menos era claro que quer Sétimo Severo ou Caracala tinham tomado o assunto da guerra com o Partos, que também eram vizinhos da India.

Sob um ou diferente nomes, a antiquíssima civilização Persa dos magos manteve-se com uma independência quase constante, só interrompida brevemente por Alexandre Magno, já que a invasão otomana foi dada dentro de um contexto religioso e cultural comum. Noutra ocasião falaremos sobre as Colunas de Alexandre...
Não se passou exactamente o mesmo com a China... pois se a pólvora foi invenção chinesa, é certo que os ocidentais em breve copiaram os mecanismos de destruição ao longo da Idade Média, e quando Nobel "inventa" a dinamite, poucos anos depois uma enorme aliança ocidental esmaga a Revolta dos Boxer na passagem de 1900, arriscando a presença de grandes contigentes na Batalha de Pequim (que terá ainda servido para apagar as memórias de Fusang e da Tartária):

Os balões de São João
As lanternas de Kongming aparecem como tradição festiva em Veneza e no Porto. Não sabemos quando foram introduzidas no Carnaval ou em festas populares. A tradição junina semelhante no Brasil coloca-as longe no tempo... provavelmente bem anteriores às experiências dos irmãos Montgolfier.
Se os chineses já consideravam colocar uma embarcação balão enquanto passarola, capaz de transportar pessoas... pois é uma hipótese que surge logo a partir do momento em que se vê o modelo feito com papel. Talvez por isso a actuação de Sétimo Severo e Caracala se tornasse tão urgente nas paragens orientais em "polvorosa".

Será preciso saltar por cima do fogo que consumiu e apagou todos registos... mas é complicado!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:41

  
Os balões do São João no Porto e Zhuge Liang...  [imgimg]

A cultura ocidental tem muito poucas referências orientais, sendo normalmente mais conhecidas as ligadas à mitologia e religiosidade. Aqueles que são seduzidos pelo misticismo oriental fazem um processo curioso, que teria um recíproco engraçado... analogamente poderíamos ter gurus da religião greco-romana juntando grupos esotéricos de empresários ou artistas chineses ou indianos. As religiões, ou mesmo as filosofias, têm um enquadramento histórico, e a história chinesa ou indiana está longe de ser familiar à maioria dos ocidentais que são adoptados e depois adeptos dessas tendências ocidentais supostamente baseadas no misticismo oriental.

Lanternas de Kongming
A tradição do São João junta o salto à fogueira, o fogo de artifício e uns curiosos balões de ar quente, chamados balões de São João... estando atrasado uns dias, noto que o S. Pedro ainda não acabou!
Retirando a parte do salto à fogueira, o fogo de artifício e os balões de ar quente podemos encontrá-los como manifestação quase directa de tradições chinesas em território nacional. 
Afinal é admitido que a pólvora tem a sua origem na China, tal como o papel... 

Durante muito tempo (até há poucas décadas) foi contada a estória que os chineses não teriam desenvolvido os seus conhecimentos pirotécnicos para fins militares, e que estes se resumiriam a distracções cortesãs.
Não vamos aqui redescobrir a pólvora, mas convém notar que esta é reportada à Dinastia Han, uma dinastia florescente do Séc II a. C. ao Séc. II d. C., quatrocentos anos de desenvolvimento.
O fim da Dinastia Han tem um herói Han, denominado "Dragão Adormecido" ou Kongming, de nome Zhuge Liang.

A Zhuge Liang é creditado a invenção dos balões de papel e ar quente, também ditos Lanternas de  Kongming... e que são os balões de São João (alguns chamam balões venezianos)!

Segundo a "lenda", estando cercado, as Lanternas teriam sido usados por si para sinalização ao seu exército.  Há outras invenções surpreendentes que lhe são creditadas.

Batalha dos Penhascos Vermelhos
O seu nome vai ficar mais ligado à Batalha mítica da História chinesa: 
- a Batalha dos Penhascos Vermelhos,
que antecede o fim da Dinastia Han. 

 
Sinal da Batalha dos Penhascos Vermelhos, o seu local é incerto, 
mas é marcado há muitos séculos em Chibi, no Rio Yangtzé. 
Embarcação usada em batalha.

Trata-se de uma batalha com larga componente naval, mas que é colocada no Rio Azul, o Yangtzé, com o Sinal dos "Penhascos Vermelhos"... e que reporta já a divisão dos Três Reinos, período de convulsão na China que marca o final da Dinastia Han (em 220 d.C) até à Dinastia Jin (em 280 d.C).

As invenções chinesas
Os ocidentais reconhecem quatro invenções importantes aos chineses:
- papel, bússola, pólvora... e imprensa (apesar de Guttenberg)
... havendo outras invenções em lista de espera, com a reconhecida oficial paciência chinesa.
Os argumentos para a Lanterna de Kongming são simples... oficialmente os chineses inventaram o papel, e saberiam produzir fogo. Porém, como já percebemos, as evidências contam pouco para a academia ocidental e os mais reputados sinologistas remetem para o magister dixit considerando relatos inconvenientes como apócrifos. Nada de surpreendente, ligado ao ambiente religioso que afinal definiu as universidades no contexto medieval...

Um excelente artigo de Annette Yoshiko (2009), da Univ. Pensilvânia, esclarece como foi difícil aos europeus admitir uma história chinesa registada antes das civilizações clássicas:
Hegel famously proclaimed that the Indians were a people without history, living apart from the evolving spirit of rationality that shaped "the West". To this Leopold Von Ranke soon protested. Nevertheless, von Ranke expressed a similar view of India, which he extended to China as well. These two "oriental" peoples had long chronologies, but their antiquity was, in his view, merely a "fable"; neither had any active role in shaping world history.
Estamos a falar do início do Séc. XX, e a afirmação de Hegel poderá também ser vista como uma irónica crítica à própria estória ocidental que passava por História...
Yoshiko relaciona ainda os antigos relatos gregos não apenas dos indianos (Indoí), mas também dos Sêres, a que se ligava já o registo da Seda. 
Os Sêres desconhecidos seriam por isso os chineses... vai ainda mais longe, considerando o registo cristão dos Actos de Tomás (S. Tomás que foi ver para crer), que falam no Reino de Mazdai (afinal um veículo que de Mazda nos levaria ainda a Zaratrusta...), todo o artigo é aconselhado e tem um registo que não nos deixa sozinhos no meio de uma academia de herança medieval.


Severo, do lado Romano
Ao mesmo tempo que se dava a Batalha dos Penhascos Vermelhos, Sétimo Severo estendia o Império Romano para Oriente, atingindo os Pártos da Pérsia, inserindo definitivamente a província de Osroena e indo mais longe, na recuperação das antigas fronteiras do reino Seleucida de Edessa.
Para continuar um pouco da nossa Estória, vamos recuperar o mapa que colocaria ainda o Cáspio como mar...
A expansão de Severo colidiria com algum reino chinês?
Até que ponto faz sentido uma batalha naval que ocorre no contexto do Rio Yangtzé? Ainda que seja um grande rio, as proporções habituais de forças em batalhas chinesas (aqui fala-se em quase 1 milhão do lado de Cao Cao) colocariam as embarcações a cobrir o rio...
Até que ponto não estariam os Romanos envolvidos numa disputa de influência sobre território chinês, apoiando um dos lados da contenda?
Como Yoshiko salienta no seu artigo, entre a China e os Romanos havia o Reino Parto-Persa, que funcionava como charneira, sendo reconhecidas influências/contactos chineses directos com os partos.

Contemporâneo da queda da Dinastia Han é o envio de uma delegação indiana em 220 d.C. ao imperador Heliógabalo, acto oficial singular, que demonstra talvez a preocupação ou o reconhecimento global com o poder Romano no Oriente... Pelo menos era claro que quer Sétimo Severo ou Caracala tinham tomado o assunto da guerra com o Partos, que também eram vizinhos da India.

Sob um ou diferente nomes, a antiquíssima civilização Persa dos magos manteve-se com uma independência quase constante, só interrompida brevemente por Alexandre Magno, já que a invasão otomana foi dada dentro de um contexto religioso e cultural comum. Noutra ocasião falaremos sobre as Colunas de Alexandre...
Não se passou exactamente o mesmo com a China... pois se a pólvora foi invenção chinesa, é certo que os ocidentais em breve copiaram os mecanismos de destruição ao longo da Idade Média, e quando Nobel "inventa" a dinamite, poucos anos depois uma enorme aliança ocidental esmaga a Revolta dos Boxer na passagem de 1900, arriscando a presença de grandes contigentes na Batalha de Pequim (que terá ainda servido para apagar as memórias de Fusang e da Tartária):

Os balões de São João
As lanternas de Kongming aparecem como tradição festiva em Veneza e no Porto. Não sabemos quando foram introduzidas no Carnaval ou em festas populares. A tradição junina semelhante no Brasil coloca-as longe no tempo... provavelmente bem anteriores às experiências dos irmãos Montgolfier.
Se os chineses já consideravam colocar uma embarcação balão enquanto passarola, capaz de transportar pessoas... pois é uma hipótese que surge logo a partir do momento em que se vê o modelo feito com papel. Talvez por isso a actuação de Sétimo Severo e Caracala se tornasse tão urgente nas paragens orientais em "polvorosa".

Será preciso saltar por cima do fogo que consumiu e apagou todos registos... mas é complicado!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:41

  
Os balões do São João no Porto e Zhuge Liang...

A cultura ocidental tem muito poucas referências orientais, sendo normalmente mais conhecidas as ligadas à mitologia e religiosidade. Aqueles que são seduzidos pelo misticismo oriental fazem um processo curioso, que teria um recíproco engraçado... analogamente poderíamos ter gurus da religião greco-romana juntando grupos esotéricos de empresários ou artistas chineses ou indianos. As religiões, ou mesmo as filosofias, têm um enquadramento histórico, e a história chinesa ou indiana está longe de ser familiar à maioria dos ocidentais que são adoptados e depois adeptos dessas tendências ocidentais supostamente baseadas no misticismo oriental.

Lanternas de Kongming
A tradição do São João junta o salto à fogueira, o fogo de artifício e uns curiosos balões de ar quente, chamados balões de São João... estando atrasado uns dias, noto que o S. Pedro ainda não acabou!
Retirando a parte do salto à fogueira, o fogo de artifício e os balões de ar quente podemos encontrá-los como manifestação quase directa de tradições chinesas em território nacional. 
Afinal é admitido que a pólvora tem a sua origem na China, tal como o papel... 

Durante muito tempo (até há poucas décadas) foi contada a estória que os chineses não teriam desenvolvido os seus conhecimentos pirotécnicos para fins militares, e que estes se resumiriam a distracções cortesãs.
Não vamos aqui redescobrir a pólvora, mas convém notar que esta é reportada à Dinastia Han, uma dinastia florescente do Séc II a. C. ao Séc. II d. C., quatrocentos anos de desenvolvimento.
O fim da Dinastia Han tem um herói Han, denominado "Dragão Adormecido" ou Kongming, de nome Zhuge Liang.

A Zhuge Liang é creditado a invenção dos balões de papel e ar quente, também ditos Lanternas de  Kongming... e que são os balões de São João (alguns chamam balões venezianos)!

Segundo a "lenda", estando cercado, as Lanternas teriam sido usados por si para sinalização ao seu exército.  Há outras invenções surpreendentes que lhe são creditadas.

Batalha dos Penhascos Vermelhos
O seu nome vai ficar mais ligado à Batalha mítica da História chinesa: 
- a Batalha dos Penhascos Vermelhos,
que antecede o fim da Dinastia Han. 

 
Sinal da Batalha dos Penhascos Vermelhos, o seu local é incerto, 
mas é marcado há muitos séculos em Chibi, no Rio Yangtzé. 
Embarcação usada em batalha.

Trata-se de uma batalha com larga componente naval, mas que é colocada no Rio Azul, o Yangtzé, com o Sinal dos "Penhascos Vermelhos"... e que reporta já a divisão dos Três Reinos, período de convulsão na China que marca o final da Dinastia Han (em 220 d.C) até à Dinastia Jin (em 280 d.C).

As invenções chinesas
Os ocidentais reconhecem quatro invenções importantes aos chineses:
- papel, bússola, pólvora... e imprensa (apesar de Guttenberg)
... havendo outras invenções em lista de espera, com a reconhecida oficial paciência chinesa.
Os argumentos para a Lanterna de Kongming são simples... oficialmente os chineses inventaram o papel, e saberiam produzir fogo. Porém, como já percebemos, as evidências contam pouco para a academia ocidental e os mais reputados sinologistas remetem para o magister dixit considerando relatos inconvenientes como apócrifos. Nada de surpreendente, ligado ao ambiente religioso que afinal definiu as universidades no contexto medieval...

Um excelente artigo de Annette Yoshiko (2009), da Univ. Pensilvânia, esclarece como foi difícil aos europeus admitir uma história chinesa registada antes das civilizações clássicas:
Hegel famously proclaimed that the Indians were a people without history, living apart from the evolving spirit of rationality that shaped "the West". To this Leopold Von Ranke soon protested. Nevertheless, von Ranke expressed a similar view of India, which he extended to China as well. These two "oriental" peoples had long chronologies, but their antiquity was, in his view, merely a "fable"; neither had any active role in shaping world history.
Estamos a falar do início do Séc. XX, e a afirmação de Hegel poderá também ser vista como uma irónica crítica à própria estória ocidental que passava por História...
Yoshiko relaciona ainda os antigos relatos gregos não apenas dos indianos (Indoí), mas também dos Sêres, a que se ligava já o registo da Seda. 
Os Sêres desconhecidos seriam por isso os chineses... vai ainda mais longe, considerando o registo cristão dos Actos de Tomás (S. Tomás que foi ver para crer), que falam no Reino de Mazdai (afinal um veículo que de Mazda nos levaria ainda a Zaratrusta...), todo o artigo é aconselhado e tem um registo que não nos deixa sozinhos no meio de uma academia de herança medieval.


Severo, do lado Romano
Ao mesmo tempo que se dava a Batalha dos Penhascos Vermelhos, Sétimo Severo estendia o Império Romano para Oriente, atingindo os Pártos da Pérsia, inserindo definitivamente a província de Osroena e indo mais longe, na recuperação das antigas fronteiras do reino Seleucida de Edessa.
Para continuar um pouco da nossa Estória, vamos recuperar o mapa que colocaria ainda o Cáspio como mar...
A expansão de Severo colidiria com algum reino chinês?
Até que ponto faz sentido uma batalha naval que ocorre no contexto do Rio Yangtzé? Ainda que seja um grande rio, as proporções habituais de forças em batalhas chinesas (aqui fala-se em quase 1 milhão do lado de Cao Cao) colocariam as embarcações a cobrir o rio...
Até que ponto não estariam os Romanos envolvidos numa disputa de influência sobre território chinês, apoiando um dos lados da contenda?
Como Yoshiko salienta no seu artigo, entre a China e os Romanos havia o Reino Parto-Persa, que funcionava como charneira, sendo reconhecidas influências/contactos chineses directos com os partos.

Contemporâneo da queda da Dinastia Han é o envio de uma delegação indiana em 220 d.C. ao imperador Heliógabalo, acto oficial singular, que demonstra talvez a preocupação ou o reconhecimento global com o poder Romano no Oriente... Pelo menos era claro que quer Sétimo Severo ou Caracala tinham tomado o assunto da guerra com o Partos, que também eram vizinhos da India.

Sob um ou diferente nomes, a antiquíssima civilização Persa dos magos manteve-se com uma independência quase constante, só interrompida brevemente por Alexandre Magno, já que a invasão otomana foi dada dentro de um contexto religioso e cultural comum. Noutra ocasião falaremos sobre as Colunas de Alexandre...
Não se passou exactamente o mesmo com a China... pois se a pólvora foi invenção chinesa, é certo que os ocidentais em breve copiaram os mecanismos de destruição ao longo da Idade Média, e quando Nobel "inventa" a dinamite, poucos anos depois uma enorme aliança ocidental esmaga a Revolta dos Boxer na passagem de 1900, arriscando a presença de grandes contigentes na Batalha de Pequim (que terá ainda servido para apagar as memórias de Fusang e da Tartária):

Os balões de São João
As lanternas de Kongming aparecem como tradição festiva em Veneza e no Porto. Não sabemos quando foram introduzidas no Carnaval ou em festas populares. A tradição junina semelhante no Brasil coloca-as longe no tempo... provavelmente bem anteriores às experiências dos irmãos Montgolfier.
Se os chineses já consideravam colocar uma embarcação balão enquanto passarola, capaz de transportar pessoas... pois é uma hipótese que surge logo a partir do momento em que se vê o modelo feito com papel. Talvez por isso a actuação de Sétimo Severo e Caracala se tornasse tão urgente nas paragens orientais em "polvorosa".

Será preciso saltar por cima do fogo que consumiu e apagou todos registos... mas é complicado!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:41

aqui mencionámos, através do relato de Plínio, que o Rio Lima teria ficado associado ao esquecimento, ao mítico Lethes... mas de que esquecimento se fala?

Na Pousada de Santa Luzia, em Viana do Castelo, está uma tapeçaria de Almada Negreiros sobre o episódio lendário da recusa da passagem do Rio Lima pelas tropas de Décimo Júnio Bruto, dito Calaico ou Galaico...
É preciso especificar o Galaico, pois terá havido cinco Décimo Júnio Bruto, sendo que a expressão
  "também tu Brutus"
ganha um significado diferente ao saber-se que se tratava pelo menos do quinto com o mesmo nome...
Aqui falamos do avô, que se atreveu a não esquecer a passagem do Rio Lima.

A "lenda" está descrita na legenda da tapeçaria, sendo dispensável repeti-la.
Não conhecia a tapeçaria, mas mostra que o episódio não seria desconhecido ao jovem Almada Negreiros. Se em 1916 ainda não havia o célebre Queijo Limiano, a lenda torna claro que ao tempo de Brutus não haveria a célebre Ponte de Lima... e Almada Negreiros vai dispor as pontas das lanças dos soldados sobre o rio, de forma curiosa.

O que o quadro evidencia é que a passagem do exército pressupunha um rio baixo, e a ausência de qualquer ponte. Ponte de Lima irá ter uma ponte romana...
- Mas, afinal não são todas as pontes antigas, romanas?
- Nomeie-se uma ponte antiga não romana e teremos uma verdadeira novidade!
Egípcios, assírios, babilónios, persas, celtas, fenícios, e até os gregos (veja-se a excepção admitida sobre um ribeiro) ou macedónios, não gostavam de fazer pontes. Por isso, ficou praticamente reservado aos romanos a ideia de atravessar rios com pontes. Pelo menos com pontes de pedra, sendo admitido que haveria pontes de madeira... por exemplo, chinesas.

Pontes Romanas
A região portuguesa sendo sulcada por muitos rios, especialmente na zona "mesopotâmica" de entre-os-rios, exibe inúmeras pontes antigas. Muitas destas pontes ficavam fora das nomeadas estradas romanas (outro problema... encontrar calçadas que não sejam romanas), mas não deixaram de merecer esse epíteto, ou alternativamente o nome de ponte medieval.
Na maioria dos casos os autores e datas são dados completamente desconhecidos, mas isso não parece apoquentar ninguém. Apesar de termos arquitecturas completamente diferentes entre as nomeadas pontes romanas, mesmo as atribuídas ao mesmo imperador (por exemplo, a ponte de Trajano em Chaves e a de Alcântara, em Espanha), todos parecem ficar satisfeitos com a classificação simplificada - ou é romana, ou é medieval. De facto, poderíamos dizer que os templos antigos seriam romanos, e as igrejas medievais... e apesar de não andar muito longe disso, há mesmo assim mais cuidado do que no caso das pontes.

Será que poderia haver uma ponte no Rio Lima, e que o esquecimento necessário seria ignorar que aquela ponte já lá estava antes de Brutus chegar?
Por uma questão pragmática, sendo as estruturas úteis que sentido faria mandar todas abaixo para reconstruir de novo?
Deixamos aqui a actual ponte medieval do Lima, com alguns exemplos de diferentes pontes romanas... a maior dificuldade é sempre perceber o critério com que se distinguem ou são identificadas como tal.
  
Ponte de Lima, dita romana mas com reconstrução medieval, e outras 
quatro pontes romanas (Alcantara, Chaves, Vila Formosa, das Taipas).

A Ponte de Trajano de Chaves é a mais curiosa, pois numa das colunas afirma-se que foram os locais que a construíram, às suas expensas, já na outra honra-se Trajano e Vespasiano...

Enfim, o problema de ter uma memória danada... excluída da lembrança, sempre existiu e não parece querer deixar de existir. Conheciam-se os casos de pessoas, o que não é admitido é a danação da memória de povos inteiros. O Rio do Esquecimento, o Lethes do Lima será simbolicamente recuperado numa identificação ao Queijo Limiano e ao "mito popular" de que o queijo provocaria falha de memória. Se a produção começa só em 1959, também é só em 1960 que encontramos (Google Books) um comentário sobre essa associação "popular", num excerto de livro sobre "Frases feitas", em que se procura desvalorizar essa associação nacional com outros exemplos europeus. Depois é claro que a União trouxe um problema no virar de Milénio, que deu origem a uma greve de fome e ao episódio do Orçamento Limiano, em que um deputado minhoto fazia a diferença!

Se antes a região era vista como um Jardim do Éden, proibido, os Romanos ao fazerem correr sobre estas terras o Rio Lethes, do esquecimento, trouxeram um pouco do Hades a estas paragens!

Paulus Orosius
Estrabo descreve os rios até ao Minho, falando da navegabilidade do Douro (até ao cachão de S. João da Pesqueira), e afirmando o Minho como maior rio da Hespanha, sendo navegável na mesma extensão.
É no Rio Minho que Estrabo diz que terminou a expedição de Brutus... ou seja, o apenso Galaico só lhe deve ter sido colocado por omissão!
No entanto, depois encontramos em Paulo Orósio (Séc. V), na Historiae Adversum Paganos, algo completamente diferente...
In the meantime Brutus in Further Spain crushed sixty thousand Gallaeci who had come to the assistance of the Lusitani. He was victorious only after a desperate and difficult battle, despite the fact that he had surrounded them unawares. According to report, fifty thousand of them were slain in that battle, six thousand were captured, and only a small number escaped by flight.
Orósio, tido como natural de Braga, vai comparar a actuação dos Romanos com a actuação dos invasores bárbaros, e não poupará os registos de crueldade romana. Aqui fala da actuação de Brutus, acusando a sua expedição da morte de 50 mil galegos que teriam ido socorrer os lusitanos em batalha.
Terá sido isso que justificou o cognome "Galaico", mas contradiz um pouco o término da sua expedição no Rio Minho, assinalado por Plínio. A província Galaica estava dividida em 3 conventos, e esta incursão terminava na parte Bracarense, faltariam os conventos Lucense (Lugo) e Asturicense (Astorga). É aqui que aqui o sufixo transmontano +Torga aparece ligado ao sudoeste cónio, na junção do noroeste em Astorga com o sudoeste em Conistorga.

O que nos despertou a atenção foi o registo do cerco, em que teriam sido apanhados desprevenidos, e a ausência de registo de baixas lusitanas... ou seja, este número elevado de mortes em batalha, pareceu-nos ajustado à descrição que levaria o nome à Serra de Ossa, conforme já aqui sugerimos. Orósio nomeia vários povos ibéricos, mas não fala de Cónios, por isso não é de excluir que passados vários séculos já estivesse sob influência de uma versão de esquecimento ou confusão (os Cónios poderiam passar por Galaicos, ou serem efectivamente o mesmo povo em localizações diferentes).
Há ainda um registo semelhante, passado um século, em 22 a.C. os povos Galaicos vão sofrer uma brutal derrota no Monte Medulio (serra de Arga), que levará a um suicídio colectivo, pois os habitantes preferiram morrer a ser tomados como escravos... a uma falha da Pax Julia, impunha-se a Pax Augusta.

Galicia
Talvez fosse altura de falar na confusão Galaica, ou Calaica... já que o nome (que parece alteração de Galo, ou Gaulês) se espalhou por várias partes. Por estranho que pareça, para além de outros locais, merece especial atenção o Reino da Galicia na actual zona da Ucrânia (ucranianos que tomaram a decisão acidental de recentemente rumarem até aos confins da Europa e falar português como se sempre tivesse sido a sua língua...)
Como ilustração colocamos o brasão desse Reino da Galicia na Ucrânia (e Polónia), e o brasão do Reino de Leão, de Astorga, das Astúrias:

  
É claro que o leão tornou-se um símbolo comum, mas para além das cores, que têm significado, as semelhanças são ao nível da identificação completa!

Quando Afonso VII decide proclamar-se imperador em 1135, juntando definitivamente o Reino de Leão com o de Castela, um problema complicado surge ao nível do "esquecimento"... provavelmente temeu-se que a conexão ancestral se fosse diluir no tempo com a junção! 
Por isso, a incursão de Afonso Henriques, indo direito ao coração alentejano de Ourique, em 1139, vai directamente aos registos antigos de Conistorga, e ao coração de Leão e Astorga. Não terá adoptado o símbolo, pois havia outras questões pessoais, e quando falámos em "táctica da cunha", não estávamos propriamente a pensar na "cunha" que dava nome aos Cónios... mas também não há propriamente outra razão para essa designação!

E que sentido faz novamente esta ligação ibérica a paragens junto ao Mar Negro? Ainda por cima, territórios interiores? Só faz sentido pela ligação entre o Mar Negro e o Oceano, através de um "rio", o Tanais, que depois foi sendo fechada por assoreamento, deixando povoações costeiras no interior da Europa! Nesta estória que vamos contando, os galaicos da ucranianos são também descendentes de uma civilização oceânica europeia, que foi sepultada no Lethes do esquecimento pelos romanos e pelo tempo.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:58

aqui mencionámos, através do relato de Plínio, que o Rio Lima teria ficado associado ao esquecimento, ao mítico Lethes... mas de que esquecimento se fala?

Na Pousada de Santa Luzia, em Viana do Castelo, está uma tapeçaria de Almada Negreiros sobre o episódio lendário da recusa da passagem do Rio Lima pelas tropas de Décimo Júnio Bruto, dito Calaico ou Galaico...
É preciso especificar o Galaico, pois terá havido cinco Décimo Júnio Bruto, sendo que a expressão
  "também tu Brutus"
ganha um significado diferente ao saber-se que se tratava pelo menos do quinto com o mesmo nome...
Aqui falamos do avô, que se atreveu a não esquecer a passagem do Rio Lima.

A "lenda" está descrita na legenda da tapeçaria, sendo dispensável repeti-la.
Não conhecia a tapeçaria, mas mostra que o episódio não seria desconhecido ao jovem Almada Negreiros. Se em 1916 ainda não havia o célebre Queijo Limiano, a lenda torna claro que ao tempo de Brutus não haveria a célebre Ponte de Lima... e Almada Negreiros vai dispor as pontas das lanças dos soldados sobre o rio, de forma curiosa.

O que o quadro evidencia é que a passagem do exército pressupunha um rio baixo, e a ausência de qualquer ponte. Ponte de Lima irá ter uma ponte romana...
- Mas, afinal não são todas as pontes antigas, romanas?
- Nomeie-se uma ponte antiga não romana e teremos uma verdadeira novidade!
Egípcios, assírios, babilónios, persas, celtas, fenícios, e até os gregos (veja-se a excepção admitida sobre um ribeiro) ou macedónios, não gostavam de fazer pontes. Por isso, ficou praticamente reservado aos romanos a ideia de atravessar rios com pontes. Pelo menos com pontes de pedra, sendo admitido que haveria pontes de madeira... por exemplo, chinesas.

Pontes Romanas
A região portuguesa sendo sulcada por muitos rios, especialmente na zona "mesopotâmica" de entre-os-rios, exibe inúmeras pontes antigas. Muitas destas pontes ficavam fora das nomeadas estradas romanas (outro problema... encontrar calçadas que não sejam romanas), mas não deixaram de merecer esse epíteto, ou alternativamente o nome de ponte medieval.
Na maioria dos casos os autores e datas são dados completamente desconhecidos, mas isso não parece apoquentar ninguém. Apesar de termos arquitecturas completamente diferentes entre as nomeadas pontes romanas, mesmo as atribuídas ao mesmo imperador (por exemplo, a ponte de Trajano em Chaves e a de Alcântara, em Espanha), todos parecem ficar satisfeitos com a classificação simplificada - ou é romana, ou é medieval. De facto, poderíamos dizer que os templos antigos seriam romanos, e as igrejas medievais... e apesar de não andar muito longe disso, há mesmo assim mais cuidado do que no caso das pontes.

Será que poderia haver uma ponte no Rio Lima, e que o esquecimento necessário seria ignorar que aquela ponte já lá estava antes de Brutus chegar?
Por uma questão pragmática, sendo as estruturas úteis que sentido faria mandar todas abaixo para reconstruir de novo?
Deixamos aqui a actual ponte medieval do Lima, com alguns exemplos de diferentes pontes romanas... a maior dificuldade é sempre perceber o critério com que se distinguem ou são identificadas como tal.
  
Ponte de Lima, dita romana mas com reconstrução medieval, e outras 
quatro pontes romanas (Alcantara, Chaves, Vila Formosa, das Taipas).

A Ponte de Trajano de Chaves é a mais curiosa, pois numa das colunas afirma-se que foram os locais que a construíram, às suas expensas, já na outra honra-se Trajano e Vespasiano...

Enfim, o problema de ter uma memória danada... excluída da lembrança, sempre existiu e não parece querer deixar de existir. Conheciam-se os casos de pessoas, o que não é admitido é a danação da memória de povos inteiros. O Rio do Esquecimento, o Lethes do Lima será simbolicamente recuperado numa identificação ao Queijo Limiano e ao "mito popular" de que o queijo provocaria falha de memória. Se a produção começa só em 1959, também é só em 1960 que encontramos (Google Books) um comentário sobre essa associação "popular", num excerto de livro sobre "Frases feitas", em que se procura desvalorizar essa associação nacional com outros exemplos europeus. Depois é claro que a União trouxe um problema no virar de Milénio, que deu origem a uma greve de fome e ao episódio do Orçamento Limiano, em que um deputado minhoto fazia a diferença!

Se antes a região era vista como um Jardim do Éden, proibido, os Romanos ao fazerem correr sobre estas terras o Rio Lethes, do esquecimento, trouxeram um pouco do Hades a estas paragens!

Paulus Orosius
Estrabo descreve os rios até ao Minho, falando da navegabilidade do Douro (até ao cachão de S. João da Pesqueira), e afirmando o Minho como maior rio da Hespanha, sendo navegável na mesma extensão.
É no Rio Minho que Estrabo diz que terminou a expedição de Brutus... ou seja, o apenso Galaico só lhe deve ter sido colocado por omissão!
No entanto, depois encontramos em Paulo Orósio (Séc. V), na Historiae Adversum Paganos, algo completamente diferente...
In the meantime Brutus in Further Spain crushed sixty thousand Gallaeci who had come to the assistance of the Lusitani. He was victorious only after a desperate and difficult battle, despite the fact that he had surrounded them unawares. According to report, fifty thousand of them were slain in that battle, six thousand were captured, and only a small number escaped by flight.
Orósio, tido como natural de Braga, vai comparar a actuação dos Romanos com a actuação dos invasores bárbaros, e não poupará os registos de crueldade romana. Aqui fala da actuação de Brutus, acusando a sua expedição da morte de 50 mil galegos que teriam ido socorrer os lusitanos em batalha.
Terá sido isso que justificou o cognome "Galaico", mas contradiz um pouco o término da sua expedição no Rio Minho, assinalado por Plínio. A província Galaica estava dividida em 3 conventos, e esta incursão terminava na parte Bracarense, faltariam os conventos Lucense (Lugo) e Asturicense (Astorga). É aqui que aqui o sufixo transmontano +Torga aparece ligado ao sudoeste cónio, na junção do noroeste em Astorga com o sudoeste em Conistorga.

O que nos despertou a atenção foi o registo do cerco, em que teriam sido apanhados desprevenidos, e a ausência de registo de baixas lusitanas... ou seja, este número elevado de mortes em batalha, pareceu-nos ajustado à descrição que levaria o nome à Serra de Ossa, conforme já aqui sugerimos. Orósio nomeia vários povos ibéricos, mas não fala de Cónios, por isso não é de excluir que passados vários séculos já estivesse sob influência de uma versão de esquecimento ou confusão (os Cónios poderiam passar por Galaicos, ou serem efectivamente o mesmo povo em localizações diferentes).
Há ainda um registo semelhante, passado um século, em 22 a.C. os povos Galaicos vão sofrer uma brutal derrota no Monte Medulio (serra de Arga), que levará a um suicídio colectivo, pois os habitantes preferiram morrer a ser tomados como escravos... a uma falha da Pax Julia, impunha-se a Pax Augusta.

Galicia
Talvez fosse altura de falar na confusão Galaica, ou Calaica... já que o nome (que parece alteração de Galo, ou Gaulês) se espalhou por várias partes. Por estranho que pareça, para além de outros locais, merece especial atenção o Reino da Galicia na actual zona da Ucrânia (ucranianos que tomaram a decisão acidental de recentemente rumarem até aos confins da Europa e falar português como se sempre tivesse sido a sua língua...)
Como ilustração colocamos o brasão desse Reino da Galicia na Ucrânia (e Polónia), e o brasão do Reino de Leão, de Astorga, das Astúrias:

  
É claro que o leão tornou-se um símbolo comum, mas para além das cores, que têm significado, as semelhanças são ao nível da identificação completa!

Quando Afonso VII decide proclamar-se imperador em 1135, juntando definitivamente o Reino de Leão com o de Castela, um problema complicado surge ao nível do "esquecimento"... provavelmente temeu-se que a conexão ancestral se fosse diluir no tempo com a junção! 
Por isso, a incursão de Afonso Henriques, indo direito ao coração alentejano de Ourique, em 1139, vai directamente aos registos antigos de Conistorga, e ao coração de Leão e Astorga. Não terá adoptado o símbolo, pois havia outras questões pessoais, e quando falámos em "táctica da cunha", não estávamos propriamente a pensar na "cunha" que dava nome aos Cónios... mas também não há propriamente outra razão para essa designação!

E que sentido faz novamente esta ligação ibérica a paragens junto ao Mar Negro? Ainda por cima, territórios interiores? Só faz sentido pela ligação entre o Mar Negro e o Oceano, através de um "rio", o Tanais, que depois foi sendo fechada por assoreamento, deixando povoações costeiras no interior da Europa! Nesta estória que vamos contando, os galaicos da ucranianos são também descendentes de uma civilização oceânica europeia, que foi sepultada no Lethes do esquecimento pelos romanos e pelo tempo.

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publicado às 07:58

aqui mencionámos, através do relato de Plínio, que o Rio Lima teria ficado associado ao esquecimento, ao mítico Lethes... mas de que esquecimento se fala?

Na Pousada de Santa Luzia, em Viana do Castelo, está uma tapeçaria de Almada Negreiros sobre o episódio lendário da recusa da passagem do Rio Lima pelas tropas de Décimo Júnio Bruto, dito Calaico ou Galaico...
É preciso especificar o Galaico, pois terá havido cinco Décimo Júnio Bruto, sendo que a expressão
  "também tu Brutus"
ganha um significado diferente ao saber-se que se tratava pelo menos do quinto com o mesmo nome...
Aqui falamos do avô, que se atreveu a não esquecer a passagem do Rio Lima.

A "lenda" está descrita na legenda da tapeçaria, sendo dispensável repeti-la.
Não conhecia a tapeçaria, mas mostra que o episódio não seria desconhecido ao jovem Almada Negreiros. Se em 1916 ainda não havia o célebre Queijo Limiano, a lenda torna claro que ao tempo de Brutus não haveria a célebre Ponte de Lima... e Almada Negreiros vai dispor as pontas das lanças dos soldados sobre o rio, de forma curiosa.

O que o quadro evidencia é que a passagem do exército pressupunha um rio baixo, e a ausência de qualquer ponte. Ponte de Lima irá ter uma ponte romana...
- Mas, afinal não são todas as pontes antigas, romanas?
- Nomeie-se uma ponte antiga não romana e teremos uma verdadeira novidade!
Egípcios, assírios, babilónios, persas, celtas, fenícios, e até os gregos (veja-se a excepção admitida sobre um ribeiro) ou macedónios, não gostavam de fazer pontes. Por isso, ficou praticamente reservado aos romanos a ideia de atravessar rios com pontes. Pelo menos com pontes de pedra, sendo admitido que haveria pontes de madeira... por exemplo, chinesas.

Pontes Romanas
A região portuguesa sendo sulcada por muitos rios, especialmente na zona "mesopotâmica" de entre-os-rios, exibe inúmeras pontes antigas. Muitas destas pontes ficavam fora das nomeadas estradas romanas (outro problema... encontrar calçadas que não sejam romanas), mas não deixaram de merecer esse epíteto, ou alternativamente o nome de ponte medieval.
Na maioria dos casos os autores e datas são dados completamente desconhecidos, mas isso não parece apoquentar ninguém. Apesar de termos arquitecturas completamente diferentes entre as nomeadas pontes romanas, mesmo as atribuídas ao mesmo imperador (por exemplo, a ponte de Trajano em Chaves e a de Alcântara, em Espanha), todos parecem ficar satisfeitos com a classificação simplificada - ou é romana, ou é medieval. De facto, poderíamos dizer que os templos antigos seriam romanos, e as igrejas medievais... e apesar de não andar muito longe disso, há mesmo assim mais cuidado do que no caso das pontes.

Será que poderia haver uma ponte no Rio Lima, e que o esquecimento necessário seria ignorar que aquela ponte já lá estava antes de Brutus chegar?
Por uma questão pragmática, sendo as estruturas úteis que sentido faria mandar todas abaixo para reconstruir de novo?
Deixamos aqui a actual ponte medieval do Lima, com alguns exemplos de diferentes pontes romanas... a maior dificuldade é sempre perceber o critério com que se distinguem ou são identificadas como tal.
  
Ponte de Lima, dita romana mas com reconstrução medieval, e outras 
quatro pontes romanas (Alcantara, Chaves, Vila Formosa, das Taipas).

A Ponte de Trajano de Chaves é a mais curiosa, pois numa das colunas afirma-se que foram os locais que a construíram, às suas expensas, já na outra honra-se Trajano e Vespasiano...

Enfim, o problema de ter uma memória danada... excluída da lembrança, sempre existiu e não parece querer deixar de existir. Conheciam-se os casos de pessoas, o que não é admitido é a danação da memória de povos inteiros. O Rio do Esquecimento, o Lethes do Lima será simbolicamente recuperado numa identificação ao Queijo Limiano e ao "mito popular" de que o queijo provocaria falha de memória. Se a produção começa só em 1959, também é só em 1960 que encontramos (Google Books) um comentário sobre essa associação "popular", num excerto de livro sobre "Frases feitas", em que se procura desvalorizar essa associação nacional com outros exemplos europeus. Depois é claro que a União trouxe um problema no virar de Milénio, que deu origem a uma greve de fome e ao episódio do Orçamento Limiano, em que um deputado minhoto fazia a diferença!

Se antes a região era vista como um Jardim do Éden, proibido, os Romanos ao fazerem correr sobre estas terras o Rio Lethes, do esquecimento, trouxeram um pouco do Hades a estas paragens!

Paulus Orosius
Estrabo descreve os rios até ao Minho, falando da navegabilidade do Douro (até ao cachão de S. João da Pesqueira), e afirmando o Minho como maior rio da Hespanha, sendo navegável na mesma extensão.
É no Rio Minho que Estrabo diz que terminou a expedição de Brutus... ou seja, o apenso Galaico só lhe deve ter sido colocado por omissão!
No entanto, depois encontramos em Paulo Orósio (Séc. V), na Historiae Adversum Paganos, algo completamente diferente...
In the meantime Brutus in Further Spain crushed sixty thousand Gallaeci who had come to the assistance of the Lusitani. He was victorious only after a desperate and difficult battle, despite the fact that he had surrounded them unawares. According to report, fifty thousand of them were slain in that battle, six thousand were captured, and only a small number escaped by flight.
Orósio, tido como natural de Braga, vai comparar a actuação dos Romanos com a actuação dos invasores bárbaros, e não poupará os registos de crueldade romana. Aqui fala da actuação de Brutus, acusando a sua expedição da morte de 50 mil galegos que teriam ido socorrer os lusitanos em batalha.
Terá sido isso que justificou o cognome "Galaico", mas contradiz um pouco o término da sua expedição no Rio Minho, assinalado por Plínio. A província Galaica estava dividida em 3 conventos, e esta incursão terminava na parte Bracarense, faltariam os conventos Lucense (Lugo) e Asturicense (Astorga). É aqui que aqui o sufixo transmontano +Torga aparece ligado ao sudoeste cónio, na junção do noroeste em Astorga com o sudoeste em Conistorga.

O que nos despertou a atenção foi o registo do cerco, em que teriam sido apanhados desprevenidos, e a ausência de registo de baixas lusitanas... ou seja, este número elevado de mortes em batalha, pareceu-nos ajustado à descrição que levaria o nome à Serra de Ossa, conforme já aqui sugerimos. Orósio nomeia vários povos ibéricos, mas não fala de Cónios, por isso não é de excluir que passados vários séculos já estivesse sob influência de uma versão de esquecimento ou confusão (os Cónios poderiam passar por Galaicos, ou serem efectivamente o mesmo povo em localizações diferentes).
Há ainda um registo semelhante, passado um século, em 22 a.C. os povos Galaicos vão sofrer uma brutal derrota no Monte Medulio (serra de Arga), que levará a um suicídio colectivo, pois os habitantes preferiram morrer a ser tomados como escravos... a uma falha da Pax Julia, impunha-se a Pax Augusta.

Galicia
Talvez fosse altura de falar na confusão Galaica, ou Calaica... já que o nome (que parece alteração de Galo, ou Gaulês) se espalhou por várias partes. Por estranho que pareça, para além de outros locais, merece especial atenção o Reino da Galicia na actual zona da Ucrânia (ucranianos que tomaram a decisão acidental de recentemente rumarem até aos confins da Europa e falar português como se sempre tivesse sido a sua língua...)
Como ilustração colocamos o brasão desse Reino da Galicia na Ucrânia (e Polónia), e o brasão do Reino de Leão, de Astorga, das Astúrias:

  
É claro que o leão tornou-se um símbolo comum, mas para além das cores, que têm significado, as semelhanças são ao nível da identificação completa!

Quando Afonso VII decide proclamar-se imperador em 1135, juntando definitivamente o Reino de Leão com o de Castela, um problema complicado surge ao nível do "esquecimento"... provavelmente temeu-se que a conexão ancestral se fosse diluir no tempo com a junção! 
Por isso, a incursão de Afonso Henriques, indo direito ao coração alentejano de Ourique, em 1139, vai directamente aos registos antigos de Conistorga, e ao coração de Leão e Astorga. Não terá adoptado o símbolo, pois havia outras questões pessoais, e quando falámos em "táctica da cunha", não estávamos propriamente a pensar na "cunha" que dava nome aos Cónios... mas também não há propriamente outra razão para essa designação!

E que sentido faz novamente esta ligação ibérica a paragens junto ao Mar Negro? Ainda por cima, territórios interiores? Só faz sentido pela ligação entre o Mar Negro e o Oceano, através de um "rio", o Tanais, que depois foi sendo fechada por assoreamento, deixando povoações costeiras no interior da Europa! Nesta estória que vamos contando, os galaicos da ucranianos são também descendentes de uma civilização oceânica europeia, que foi sepultada no Lethes do esquecimento pelos romanos e pelo tempo.

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