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Seres e DaQin

07.07.11
Tendo mencionado os Seres, designação que os Romanos usariam para os Chineses, é interessante notar que em português o significado de "seres" adequa-se ainda hoje a uma noção abstracta para um povo indefinido.
A grande vantagem da wikipedia é a partilha de conhecimento ainda pelo outro lado... e assim podemos chegar ao contraponto - os Chineses designariam o império Romano por DaQin, e a visão do mundo pelo lado chinês, seria representada num mapa denominado Sihai Huayi Zongtu, em que colocámos algumas legendas, para dar seguimento à ideia de que o Oceano Ocidental para os chineses seria definido pela extensão do Mar Cáspio, conforma mapa já apresentado
Mapa Sihai Huayi Zongtu e o mapa com o Cáspio enquanto mar.

Apesar de estar datado para o Séc. XVI, o mapa chinês ao referir a designação DaQin aponta claramente para tempos de memória do contacto com o outro império, o Qin ocidental, o DaQin.

Pela extensão de água que se prolongaria do Mar Cáspio até à Sibéria, justifica-se que Da Qin, o império Romano, fosse considerado para além do Oceano Ocidental, o prolongamento do Cáspio. Apesar de estar representado um oceano circundante, notamos que sem uma efectiva visita por territórios já dominados por Romanos e Partos-persas, seria delicada a confirmação da ligação terrestre feita apenas na zona persa.

É reportada a especial embaixada de Zhang Qian às zonas ocidentais logo no Séc II a.C., no início da dinastia Han. Na wikipedia é ainda referida a descrição do historiador romano Florus no tempo de Augusto:
Even the rest of the nations of the world which were not subject to the imperial sway were sensible of its grandeur, and looked with reverence to the Roman people, the great conqueror of nations. Thus even Scythians and Sarmatians sent envoys to seek the friendship of Rome. Nay, the Seres came likewise, and the Indians who dwelt beneath the vertical sun, bringing presents of precious stones and pearls and elephants, but thinking all of less moment than the vastness of the journey which they had undertaken, and which they said had occupied four years. In truth it needed but to look at their complexion to see that they were people of another world than ours.
A última frase "... para ver que eram povos de um mundo diferente do nosso" aplica-se não só aos Seres, mas também aos Indianos, Citas, Sarmácios. A jornada de algumas embaixadas teria chegado a durar quatro anos.

Um ponto que já tinha merecido a nossa atenção, e que volta a estar presente neste excerto, é a importância que era dada aos indianos que "habitavam zonas debaixo do Sol vertical". A inexistência de sombra que podia ocorrer nestas paragens era considerada como algo excêntrico. 
Ora, estando a India bem acima da linha equatorial, esta observação só faz sentido como referência à linha definindo o Trópico de Cancer... ou seja, conforme já mencionámos é possível que na época de Augusto este Trópico estivesse bem abaixo do ponto actual, abaixo da conhecida Arabia Felix e acima do sul da India... ou seja, perto dos 10º de latitude.

Catigara vietnamita
Nas referências às paragens orientais, aparece Catigara (ou Kattigara), enquanto o porto mais oriental do Mar Índico, e que já foi identificado com a zona do Delta de Mekong, mais propriamente com Oc Eo
O Vietname tem uma particularidade interessante que é ser praticamente o único país asiático que adoptou o alfabeto latino (ver colocação no mapa dos alfabetos), supostamente por influência dos missionários portugueses no Séc. XVI e XVII. É aliás no Delta de Mekong, na zona de Catigara, que Camões teria salvo a nado os seus Lusíadas!
Aparentemente terão sido recuperados achados romanos nessa zona do Delta do Mekong... o que pode dar um significado bem mais antigo à presença do alfabeto latino nessas paragens! Teria sido depois disfarçado pela presença e influência europeia posterior...

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publicado às 23:54

Há quase um ano atrás, escrevemos a este propósito:
O valor da moeda reside numa fé de que ela será reconhecida como troca em qualquer transacção social. Serve razoavelmente as pretensões materiais, mas tem ainda como ameaça os valores espirituais ou morais, embebidos na sociedade, através da cultura e religião. Não é aí capaz de servir como moeda eficaz, vai contando apenas com a progressiva menorização desses valores, ao edificar uma sociedade materialista.
Estando os aspectos materiais indexados a um valor, a omnipotência material será efectiva através da moeda... Quais são as restrições?
  - a maior restrição prática é que a lógica pragmática de que "tudo tem um preço" não é ainda universal...

Quando os indivíduos duma sociedade aceitarem que todos os seus bens e actos são contabilizáveis economicamente, através do dinheiro, então quem estiver capacitado de cunhar moeda pode agir quase como semideus, omnipotente material. 
Acaba por deter não apenas a possibilidade de adquirir qualquer bem, mas também a possibilidade de seduzir qualquer vontade, pelo preço exigido.
Só que esta lógica de transformação de alguns homens em semideuses sociais conta com um pequeno detalhe - é necessário criar uma desigualdade económica de grandes proporções. Ou seja, é preciso ter cidadãos em situação económica instável... já que doutra forma, socialmente protegida, dificilmente aceitarão reduzir a sua personalidade ou vontade numa troca comercial.

No estado actual do desenvolvimento tecnológico seria possível, de forma concertada, ter basicamente toda a população mundial com um nível de vida próximo da classe média portuguesa... e falamos de forma ecologicamente sustentada, com o trabalho de menos de 10% da população mundial. 
Como é natural, as classes mais abastadas dificilmente estariam dispostas a abdicar do seu nível actual de vida, para se moverem no sentido desse equilíbrio.
Não queremos ser completamente triviais acerca deste assunto... na prática uma situação de equilíbrio pode ser muito instável. Ou seja, as hierarquias, quando não existem, desenvolvem-se naturalmente pelo espírito competitivo, que é inato, e que educacionalmente é incentivado numa economia de mercado. A maioria das pessoas acaba por formar um modelo em que é de alguma forma "o protagonista" e não apenas "um figurante", igual a tantos outros. Como é óbvio, numa sociedade equalitária em que não há protagonistas, quebra-se essa motivação individualista...
Se isto é natural, é igualmente perigoso... no sentido em que, num estado equalitário, novos grupos poderiam surgir organizados para tomar controlo sobre uma sociedade resignada. 
O perigo é mais sério, perante a possibilidade humana de convencer grandes massas, criando ilusões de superioridade que arrastam violência e destruição. Ou seja, é necessário ter sob algum controlo as manifestações de superioridade individual, que são assim mais facilmente detectáveis pelo desejo inato de ascenção social. 
Analogamente, uma das formas da sociedade combater o crime, estando ciente da incapacidade da sua erradicação completa, é controlá-lo, aceitando manifestações que previnam atempadamente o desenvolvimento de outras formas incontroláveis. Os jovens infractores são conduzidos a uma competição com velhos instalados, sendo normalmente anulados por esses "conhecidos" do sistema. A sociedade pode assim esconder uma faceta de actuação ilegal, tendo como objectivo a prevenção descontrolada de manifestações mais graves...  
Há ainda uma outra razão para algum desequilíbrio social e que será simples... a necessidade de incutir um objectivo à generalidade da população, que se irá manifestar pela condução desse objectivo no sentido da posse individual e reconhecimento comunitário. 

Esta dissertação anterior pressupõe um controlo efectivo, justificável por "boas intenções globais", detido por uma certa elite, quase incógnita, que retiraria os frutos da sua prevalência económica como efeito lateral da sua missão. Essa necessidade de prevalência económica começa a ficar completamente injustificada quando as diferenças se vão acentuando, em vez de diminuirem, criando focos de perturbação social... o que mais parece justificar os interesses privados, do que acautelar qualquer "boa intenção global".
A situação torna-se ainda mais implosiva, quando em vez de se colocarem objectivos além da Terra, por exemplo, numa exploração espacial, esses são reduzidos ou quase anulados.

A Libra é nome de moeda antiga, cuja designação permanece nalguns países, sendo mais conhecida a inglesa. A Libra é ainda uma unidade de pesagem material, associada à palavra latina "balança", representado o equilíbrio, e o signo de transição, após o equinócio de outono (seria o sétimo mês pela tradição astrológica, que mantém Peixes como último signo)... Foi também a divisa adoptada pelo Infante D. Pedro:

A moeda, sob qualquer forma, transformou-se num símbolo de fé estável, pelo exacto valor material que esperamos obter com ela. A redução de valores a essa quantificação monetária reflecte o sucesso de harmonização financeira, e da redução da maioria dos valores numa tradução em expectativa material.
No entanto, convém notar que mais do que o número afixado, é a informação que define o seu valor.
Não sendo sempre de ouro, cada novo rei, ou imperador, tinha a necessidade de afirmar uma independência política cunhando a sua moeda... foi por exemplo o caso de D. António, Prior do Crato, que cunhou ainda moeda própria. Tivesse havido harmonia entre os portugueses para aceitar apenas essa moeda, e de pouco teria valido o ouro filipino. A falta de fé na moeda de D. António foi reflexo da submissão voluntária dos portugueses a uma lógica global protagonizada por Filipe II, com todo o exagero de manifestações bajulatórias, conforme as ocorridas em Lisboa, a que se somou a falha dos "amigos de Peniche".
Mais do que instrumento para uma simples troca comercial, na sua manifestação em comunidade a moeda reflecte ainda a adesão ao modelo social instituído, que faz fé nessa aceitação.
Na situação de duas moedas a circular, representando projectos políticos diferentes, caberia aos cidadãos optar pela escolha do modelo em que fariam fé, funcionando para as suas trocas... e já sabemos o que aconteceu com o Prior do Crato!

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publicado às 06:15

Há quase um ano atrás, escrevemos a este propósito:
O valor da moeda reside numa fé de que ela será reconhecida como troca em qualquer transacção social. Serve razoavelmente as pretensões materiais, mas tem ainda como ameaça os valores espirituais ou morais, embebidos na sociedade, através da cultura e religião. Não é aí capaz de servir como moeda eficaz, vai contando apenas com a progressiva menorização desses valores, ao edificar uma sociedade materialista.
Estando os aspectos materiais indexados a um valor, a omnipotência material será efectiva através da moeda... Quais são as restrições?
  - a maior restrição prática é que a lógica pragmática de que "tudo tem um preço" não é ainda universal...

Quando os indivíduos duma sociedade aceitarem que todos os seus bens e actos são contabilizáveis economicamente, através do dinheiro, então quem estiver capacitado de cunhar moeda pode agir quase como semideus, omnipotente material. 
Acaba por deter não apenas a possibilidade de adquirir qualquer bem, mas também a possibilidade de seduzir qualquer vontade, pelo preço exigido.
Só que esta lógica de transformação de alguns homens em semideuses sociais conta com um pequeno detalhe - é necessário criar uma desigualdade económica de grandes proporções. Ou seja, é preciso ter cidadãos em situação económica instável... já que doutra forma, socialmente protegida, dificilmente aceitarão reduzir a sua personalidade ou vontade numa troca comercial.

No estado actual do desenvolvimento tecnológico seria possível, de forma concertada, ter basicamente toda a população mundial com um nível de vida próximo da classe média portuguesa... e falamos de forma ecologicamente sustentada, com o trabalho de menos de 10% da população mundial. 
Como é natural, as classes mais abastadas dificilmente estariam dispostas a abdicar do seu nível actual de vida, para se moverem no sentido desse equilíbrio.
Não queremos ser completamente triviais acerca deste assunto... na prática uma situação de equilíbrio pode ser muito instável. Ou seja, as hierarquias, quando não existem, desenvolvem-se naturalmente pelo espírito competitivo, que é inato, e que educacionalmente é incentivado numa economia de mercado. A maioria das pessoas acaba por formar um modelo em que é de alguma forma "o protagonista" e não apenas "um figurante", igual a tantos outros. Como é óbvio, numa sociedade equalitária em que não há protagonistas, quebra-se essa motivação individualista...
Se isto é natural, é igualmente perigoso... no sentido em que, num estado equalitário, novos grupos poderiam surgir organizados para tomar controlo sobre uma sociedade resignada. 
O perigo é mais sério, perante a possibilidade humana de convencer grandes massas, criando ilusões de superioridade que arrastam violência e destruição. Ou seja, é necessário ter sob algum controlo as manifestações de superioridade individual, que são assim mais facilmente detectáveis pelo desejo inato de ascenção social. 
Analogamente, uma das formas da sociedade combater o crime, estando ciente da incapacidade da sua erradicação completa, é controlá-lo, aceitando manifestações que previnam atempadamente o desenvolvimento de outras formas incontroláveis. Os jovens infractores são conduzidos a uma competição com velhos instalados, sendo normalmente anulados por esses "conhecidos" do sistema. A sociedade pode assim esconder uma faceta de actuação ilegal, tendo como objectivo a prevenção descontrolada de manifestações mais graves...  
Há ainda uma outra razão para algum desequilíbrio social e que será simples... a necessidade de incutir um objectivo à generalidade da população, que se irá manifestar pela condução desse objectivo no sentido da posse individual e reconhecimento comunitário. 

Esta dissertação anterior pressupõe um controlo efectivo, justificável por "boas intenções globais", detido por uma certa elite, quase incógnita, que retiraria os frutos da sua prevalência económica como efeito lateral da sua missão. Essa necessidade de prevalência económica começa a ficar completamente injustificada quando as diferenças se vão acentuando, em vez de diminuirem, criando focos de perturbação social... o que mais parece justificar os interesses privados, do que acautelar qualquer "boa intenção global".
A situação torna-se ainda mais implosiva, quando em vez de se colocarem objectivos além da Terra, por exemplo, numa exploração espacial, esses são reduzidos ou quase anulados.

A Libra é nome de moeda antiga, cuja designação permanece nalguns países, sendo mais conhecida a inglesa. A Libra é ainda uma unidade de pesagem material, associada à palavra latina "balança", representado o equilíbrio, e o signo de transição, após o equinócio de outono (seria o sétimo mês pela tradição astrológica, que mantém Peixes como último signo)... Foi também a divisa adoptada pelo Infante D. Pedro:

A moeda, sob qualquer forma, transformou-se num símbolo de fé estável, pelo exacto valor material que esperamos obter com ela. A redução de valores a essa quantificação monetária reflecte o sucesso de harmonização financeira, e da redução da maioria dos valores numa tradução em expectativa material.
No entanto, convém notar que mais do que o número afixado, é a informação que define o seu valor.
Não sendo sempre de ouro, cada novo rei, ou imperador, tinha a necessidade de afirmar uma independência política cunhando a sua moeda... foi por exemplo o caso de D. António, Prior do Crato, que cunhou ainda moeda própria. Tivesse havido harmonia entre os portugueses para aceitar apenas essa moeda, e de pouco teria valido o ouro filipino. A falta de fé na moeda de D. António foi reflexo da submissão voluntária dos portugueses a uma lógica global protagonizada por Filipe II, com todo o exagero de manifestações bajulatórias, conforme as ocorridas em Lisboa, a que se somou a falha dos "amigos de Peniche".
Mais do que instrumento para uma simples troca comercial, na sua manifestação em comunidade a moeda reflecte ainda a adesão ao modelo social instituído, que faz fé nessa aceitação.
Na situação de duas moedas a circular, representando projectos políticos diferentes, caberia aos cidadãos optar pela escolha do modelo em que fariam fé, funcionando para as suas trocas... e já sabemos o que aconteceu com o Prior do Crato!

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