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A progressão de Alexandre Magno em direcção ao Oriente tem um episódio que foi retratado num romance iniciado no Séc. III, com variações no primeiro período medieval, denominado o "Romance de Alexandre". As variações incluem uma exploração subaquática do próprio Alexandre... 
Romance de Alexandre (edição russa, Séc. XVII)

... o que pelo menos mostrará que a ideia de explorar os fundos marinhos não foi certamente ideia recente, e esteve presente, pelo menos no imaginário humano, desde a Antiguidade.

Porém o episódio que talvez tenha ficado como mais simbólico é a estória de Alexandre definir uma muralha contra Gog e Magog, personagens bíblicos, episódio que até se encontrará mencionado no Corão (na identificação de Alexandre a Dhul Qarnayn).
A ideia terá sido construir uma muralha (ou portas de ferro...) para impedir uma invasão dos povos do norte, descritos como Gog e Magog, enquanto gigantes lendários. Esta invocação tem sido atribuída a uma tentativa de controlar invasões do Norte, e diverge desde se considerar o perigo das Amazonas, o perigo dos Godos, ou até a ameaça Mongol. Neste último sentido é atribuída uma confusão entre a muralha de Alexandre e a própria muralha da China... feita com o mesmo propósito!
No sentido de associar os Godos a Gog fala-se na semelhança do nome (Goth e Gog), e finalmente o próprio romance estabelece uma relação com Taléstris, uma rainha amazona. 
A conexão com as rainhas amazonas tinha já outro protagonista anterior. 
Com efeito, a rainha amazona Tomiris (ou Thamiris), como vingança da morte de seu filho, teria ordenado que a cabeça de Ciro fosse mergulhada em sangue:
Rubens: a cabeça de Ciro é entregue a Tomiris 
A história oficial não confirma este funesto destino para Ciro, o Grande, que assim terminaria a sua imensa saga de conquistas numa vingança Amazona. Há alguma consonância em reportar a sua morte em batalha com os Citas... designação geral onde se poderiam enquadrar as Amazonas, ou pelo menos uma rainha Tomiris.

No mesmo sentido, Alexandre Magno parece ter reportado uma proposta de casamento com uma princesa ou rainha dos Citas, que poderia ser Taléstris, entendida enquanto amazona.
Parece haver uma certa relutância em aceitar um reino com um poder no feminino, neste caso o reino das Amazonas, sendo que há diversas evidências de sociedades matriarcais. Por outro lado, constata-se ainda que todos os grandes impérios da Antiguidade tiveram como limite de progressão as paragens mais setentrionais... os romanos debatiam-se dificilmente com os godos, e parece nunca terem conseguido um controlo sobre a parte norte do Mar Negro.

Conforme temos aqui insistido, é bastante natural que a configuração geográfica fosse especialmente diferente, e estava a alterar-se na altura de Alexandre (ou mesmo já de Ciro), com a diminuição do nível do mar. As terras contíguas aos montes Urais deixavam de estar isoladas enquanto ilhas num Oceano setentrional, e ao fechar-se progressivamente num Mar Negro, por um lado, e num Mar Cáspio, pelo outro... tornava mais real a ameaça de invasão por povos desse mítico Norte de citas, tártaros, ou amazonas...
Um desses pontos de ligação seria exactamente o istmo (ou península) caucasiana.
A construção de uma defesa que permitisse evitar a invasão terrestre, que entretanto se tornava possível, aproveitando a cadeia montanhosa do Cáucaso, é algo que parece fazer sentido estratégico.

Portas Cáspias de Derbent
Essa linha de defesa foi aliás efectuada em Derbent.
As Portas Cáspias de Derbent parecem datar pelo menos do período sassânida persa, mas podem bem assentar numa linha de defesa já anterior. Uma parte é mesmo conhecida como Muralha de Alexandre, e ainda que não seja reportada a Alexandre, pode bem resultar de uma construção Seleucida, imediatamente posterior.

 

Portas Cáspias de Gorgan
De forma semelhante, na parte sudeste do Mar Cáspio, estão as Muralhas de Gorgan, já datadas pelo menos até ao império Parto-Persa, império sucessor dos Seleucidas macedónicos, em 247 a. C. Estas muralhas estendem-se por uma vasta linha, que as torna segundas em comprimento, com 195 Km. Sendo claramente superadas em extensão pela imensa Muralha da China, o propósito seria possivelmente o mesmo, evitando uma invasão tártara pelas margens do Cáspio.
  

Como Gorgan estaria na rota de progressão de Alexandre, pode ser considerado mais natural associar-lhe estoutra muralha. Porém, parece mais natural que no curto e intenso reinado de Alexandre apenas se possa ter planeado tal empreendimento. Qualquer concretização ligada a Alexandre deverá ser relegada para a dinastia do seu sucessor, o general Seleuco.

Gog e Magog
O Mar Cáspio que agora tende a desaparecer, seria a zona de defesa perante as ameaças de Citas, Tártaros ou Mongóis. A identificação dos gigantes bíblicos Gog e Magog (neto de Noé) aos Citas é feita por Flávio Josefo, com uma conotação de povos bárbaros, e que são até ligados ao Apocalipse!
Independentemente disso, os gigantes Gog e Magog são até considerados como patronos da City de Londres e estão ligados a mitos de gigantes nas ilhas britânicas:
Caricatura que mostra como os gigantes Gog e Magog 
sustentam o Paddy inglês.

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publicado às 23:55

Carpo

15.07.11
Como complemento dual ao texto Tarso, ficaria incompleto não falar do Carpo, mesmo que pareça ser algo que surge do pé para a mão...
Os primeiros RX de Roentgen, em 1896.

Há sempre alguma dúvida em fazer associações, porque é muito fácil associar coisas completamente distintas, sem que haja necessariamente uma relação. Esse é o caminho restritivo, que conhecemos bem, que nos guia na precaução, mas que não deve conduzir à inibição.
Neste caso do "carpo" a linha condutora não tem a mesma sustentação do "tarso"... tem a sua própria razão.

Cárpatos
Os Cárpatos são montanhas que se estendem da Eslováquia, pela Polónia, Ucrânia, e Roménia até à fronteira Sérvia. O nome das montanhas foi apontado por Ptolomeu e associado a um povo denominado Carpos
Ora, indo recuperar um mapa anterior (sobre a viagem de Jasão), reparamos que as montanhas dos Cárpatos estão praticamente coladas às montanhas dos Balcãs: 

relembrando que já havíamos referido a particularidade da região húngara aparecer como uma planície  ao nível do mar, que assim aparece neste mapa colocada como lago.
O notável é que estas duas grandes cadeias montanhosas separam-se nas chamadas Portas de Ferro, sulcadas pelo curso do Danúbio, numa extensão de 134 Km.
Danúbio nas Portas de Ferro

O Danúbio esculpiu uma paisagem de gargantas, entre as duas cadeias montanhosas, no seu percurso para nascente, que termina no Mar Negro. 
Não foi só o Danúbio que foi escultor nas Portas de Ferro...

Quem fizer o cruzeiro pelo Danúbio, ficará certamente surpreendido por uma enorme escultura na montanha invocando Decebalus, que foi feita entre 1994 e 2004, por um promotor romeno, Constantin Dragan... fecit. Para além das dificuldades inerentes à obra, não devemos esquecer que este período de dez anos inclui uma turbulência na zona, não tanto na parte romena, mas mais na parte sérvia.
Uma estátua desta dimensões num pilar natural do rio, não deixa de despertar a invocação de Tolkien, no filme "Senhor dos Anéis", relativa aos "pilares dos reis" da "terra média". Constantin Dragan, sendo historiador pode apenas ter querido homenagear o mítico rei Decebalus, mas a obra também não deixa de sugerir que naquelas Portas podem ter estado esculturas que o "tempo" apagou...
Filme "Senhor dos Anéis" - pilares dos reis

Não longe, encontra-se a célebre Ponte de Trajano, de que já aqui falámos, a propósito "de uma ponte de Lisboa há muitos mil anos".

Esboço da Ponte de Trajano sobre o Danúbio (comprimento ~ 1 200 metros);
Vestígios da ponte (princípio do Séc. XX); Placa de Trajano (Tabula Traiana)
... o que resta depois da construção da barragem Dardap I em 1972, que submergiu o conjunto.

Na sua expedição contra os Dácios, Trajano terá derrotado Decebalus, que se suicida para evitar o cativeiro, cortando a própria garganta, conforme ilustrado no relevo romano:
Relevo invocando a morte de Decebalus, derrotado por Trajano

O anel dos Cárpatos completa-se juntando a Iliria, as montanhas balcânicas, fechando como uma bacia Ilíaca sobre a planície húngara. A divisão entre os Cárpatos e os Balcãs surge singularmente como uma brecha nos Portões de Ferro (que não devemos confundir com a Cortina de Ferro, ainda que a sua divisão com uma Jugoslávia neutral tivesse passado por esse ponto do Danúbio). 
Esta brecha chega a reduzir-se a 150 metros de largo, mas com 53 metros de profundidade... um trabalho de erosão notável para o Danúbio, podendo mesmo dizer-se quase de precisão cirúrgica! 
Essa erosão é tanto mais um prodígio "natural" se atendermos a que o rio desde a zona de Budapeste vai serpenteando calmamente a Hungria a um nível próximo de 100 m até chegar a Belgrado, com aproximadamente 80 m de altitude... são muitos milhares de quilómetros de extensão, com uma inclinação reduzidíssima, até desaguar no Mar Negro.


Carpetani
Carpetanos era ainda o nome de um dos povos ibéricos assinalados por Estrabo. Ao falar no Tejo diz:
The river contains much fish, and is full of oysters. It takes its rise amongst the Keltiberians, and flows through the [country of the] Vettones, Carpetani, and Lusitani, towards the west;
Portanto os Carpetanos viveriam provavelmente na zona montanhosa da Extremadura espanhola, sendo "vizinhos" dos Lusitanos. É claro que aqui convém não ignorar que etimologicamente temos a palavra "escarpa", que era ainda latina, e que se liga a uma possível origem dos "carpos", tendo o significado de rocha na língua albanesa, na Ilíria. 
Estrabo diz ainda que devido à estóica resistência Galaica, muitos dos Lusitanos tinham passado a designar-se como Galegos.
Já aqui mencionámos que a Galicia era uma região da Ucrânia (e Polónia), convém agora dizer que esta região se situa exactamente na zona dos Cárpatos, nesses países.
A Roménia tem ainda o episódio singular de manter uma língua latina, com a desculpa de ter resultado de uma política romana de colonização agressiva, que basicamente teria substituído os Dácios de Decebalus por colonos romanos. 
Porém, estoutra eventual ligação deixa outra pista para essa ligação linguística... poderia acontecer que esses povos - em partes tão distintas - estivessem ligados por uma língua e cultura semelhante.
Essa conexão seria marítima, não através do Mediterrâneo, mas sim através da costa oceânica europeia, que se estenderia com ligação até ao Mar Negro... até que essa ligação desapareceu, com o fecho final do Tanais. 


Lethes
O que aqui falamos é de uma possível conexão entre povos em extremidades diferentes, e de um esquecimento, tal como o simbolizado pelo Rio Lethes - Lima. Estrabo menciona um outro detalhe relativo à lenda do esquecimento no Rio Lima. Se já tínhamos mencionado a ligação entre os nomes a norte (como Astorga) e os nomes a sul (como Conistorga), e as desavenças internas que podem até ser reflectidas no nome "Endovélico", Estrabo conta que o episódio que teria dado fama ao Lima resultava de uma desavença, da morte de um líder, e da dispersão dos que habitavam as margens do Guadiana para norte do Lima:
Around it dwell the Keltici, a kindred race to those who are situated along the Guadiana. They say that these latter, together with the Turduli, having undertaken an expedition thither, quarrelled after they had crossed the river Lima, and, besides the sedition, their leader having also died, they remained scattered there, and from this circumstance the river was called the Lethe.

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publicado às 07:25

Carpo

15.07.11
Como complemento dual ao texto Tarso, ficaria incompleto não falar do Carpo, mesmo que pareça ser algo que surge do pé para a mão...
Os primeiros RX de Roentgen, em 1896.

Há sempre alguma dúvida em fazer associações, porque é muito fácil associar coisas completamente distintas, sem que haja necessariamente uma relação. Esse é o caminho restritivo, que conhecemos bem, que nos guia na precaução, mas que não deve conduzir à inibição.
Neste caso do "carpo" a linha condutora não tem a mesma sustentação do "tarso"... tem a sua própria razão.

Cárpatos
Os Cárpatos são montanhas que se estendem da Eslováquia, pela Polónia, Ucrânia, e Roménia até à fronteira Sérvia. O nome das montanhas foi apontado por Ptolomeu e associado a um povo denominado Carpos
Ora, indo recuperar um mapa anterior (sobre a viagem de Jasão), reparamos que as montanhas dos Cárpatos estão praticamente coladas às montanhas dos Balcãs: 
relembrando que já havíamos referido a particularidade da região húngara aparecer como uma planície  ao nível do mar, que assim aparece neste mapa colocada como lago.
O notável é que estas duas grandes cadeias montanhosas separam-se nas chamadas Portas de Ferro, sulcadas pelo curso do Danúbio, numa extensão de 134 Km.
Danúbio nas Portas de Ferro

O Danúbio esculpiu uma paisagem de gargantas, entre as duas cadeias montanhosas, no seu percurso para nascente, que termina no Mar Negro. 
Não foi só o Danúbio que foi escultor nas Portas de Ferro...

Quem fizer o cruzeiro pelo Danúbio, ficará certamente surpreendido por uma enorme escultura na montanha invocando Decebalus, que foi feita entre 1994 e 2004, por um promotor romeno, Constantin Dragan... fecit. Para além das dificuldades inerentes à obra, não devemos esquecer que este período de dez anos inclui uma turbulência na zona, não tanto na parte romena, mas mais na parte sérvia.
Uma estátua desta dimensões num pilar natural do rio, não deixa de despertar a invocação de Tolkien, no filme "Senhor dos Anéis", relativa aos "pilares dos reis" da "terra média". Constantin Dragan, sendo historiador pode apenas ter querido homenagear o mítico rei Decebalus, mas a obra também não deixa de sugerir que naquelas Portas podem ter estado esculturas que o "tempo" apagou...
Filme "Senhor dos Anéis" - pilares dos reis

Não longe, encontra-se a célebre Ponte de Trajano, de que já aqui falámos, a propósito "de uma ponte de Lisboa há muitos mil anos".
 
Esboço da Ponte de Trajano sobre o Danúbio (comprimento ~ 1 200 metros);
Vestígios da ponte (princípio do Séc. XX);
Placa de Trajano (Tabula Traiana)... o que resta depois
da construção da barragem Dardap I em 1972, que submergiu o conjunto.

Na sua expedição contra os Dácios, Trajano terá derrotado Decebalus, que se suicida para evitar o cativeiro, cortando a própria garganta, conforme ilustrado no relevo romano:
Relevo invocando a morte de Decebalus, derrotado por Trajano

O anel dos Cárpatos completa-se juntando a Iliria, as montanhas balcânicas, fechando como uma bacia Ilíaca sobre a planície húngara. A divisão entre os Cárpatos e os Balcãs surge singularmente como uma brecha nos Portões de Ferro (que não devemos confundir com a Cortina de Ferro, ainda que a sua divisão com uma Jugoslávia neutral tivesse passado por esse ponto do Danúbio). 
Esta brecha chega a reduzir-se a 150 metros de largo, mas com 53 metros de profundidade... um trabalho de erosão notável para o Danúbio, podendo mesmo dizer-se quase de precisão cirúrgica! 
Essa erosão é tanto mais um prodígio "natural" se atendermos a que o rio desde a zona de Budapeste vai serpenteando calmamente a Hungria a um nível próximo de 100 m até chegar a Belgrado, com aproximadamente 80 m de altitude... são muitos milhares de quilómetros de extensão, com uma inclinação reduzidíssima, até desaguar no Mar Negro.


Carpetani
Carpetanos era ainda o nome de um dos povos ibéricos assinalados por Estrabo. Ao falar no Tejo diz:
The river contains much fish, and is full of oysters. It takes its rise amongst the Keltiberians, and flows through the [country of the] Vettones, Carpetani, and Lusitani, towards the west;
Portanto os Carpetanos viveriam provavelmente na zona montanhosa da Extremadura espanhola, sendo "vizinhos" dos Lusitanos. É claro que aqui convém não ignorar que etimologicamente temos a palavra "escarpa", que era ainda latina, e que se liga a uma possível origem dos "carpos", tendo o significado de rocha na língua albanesa, na Ilíria. 
Estrabo diz ainda que devido à estóica resistência Galaica, muitos dos Lusitanos tinham passado a designar-se como Galegos.
Já aqui mencionámos que a Galicia era uma região da Ucrânia (e Polónia), convém agora dizer que esta região se situa exactamente na zona dos Cárpatos, nesses países.
A Roménia tem ainda o episódio singular de manter uma língua latina, com a desculpa de ter resultado de uma política romana de colonização agressiva, que basicamente teria substituído os Dácios de Decebalus por colonos romanos. 
Porém, estoutra eventual ligação deixa outra pista para essa ligação linguística... poderia acontecer que esses povos - em partes tão distintas - estivessem ligados por uma língua e cultura semelhante.
Essa conexão seria marítima, não através do Mediterrâneo, mas sim através da costa oceânica europeia, que se estenderia com ligação até ao Mar Negro... até que essa ligação desapareceu, com o fecho final do Tanais. 


Lethes
O que aqui falamos é de uma possível conexão entre povos em extremidades diferentes, e de um esquecimento, tal como o simbolizado pelo Rio Lethes - Lima. Estrabo menciona um outro detalhe relativo à lenda do esquecimento no Rio Lima. Se já tínhamos mencionado a ligação entre os nomes a norte (como Astorga) e os nomes a sul (como Conistorga), e as desavenças internas que podem até ser reflectidas no nome "Endovélico", Estrabo conta que o episódio que teria dado fama ao Lima resultava de uma desavença, da morte de um líder, e da dispersão dos que habitavam as margens do Guadiana para norte do Lima:
Around it dwell the Keltici, a kindred race to those who are situated along the Guadiana. They say that these latter, together with the Turduli, having undertaken an expedition thither, quarrelled after they had crossed the river Lima, and, besides the sedition, their leader having also died, they remained scattered there, and from this circumstance the river was called the Lethe.

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publicado às 07:25


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