O obelisco encontra-se limpo de inscrições hieroglíficas (restam inscrições de imperadores romanos), mas não estava assim à altura do seu transporte... Quem organizou o transporte, Domenico Fontana, a mando do Papa Sisto V, deixou ainda uma descrição do que estava inscrito no obelisco:
É provável que Josefo se referisse a este obelisco, enquanto o Pilar de Seth, filho de Adão. No entanto, convém dizer que o Obelisco do Vaticano terá também como origem a mesma Heliopolis (egípcia)...
Pode conjecturar-se que Josefo mencionava o Obelisco do Vaticano, ainda que o seu deslocamento para Roma seja contemporâneo a Josefo, e nada de concreto aponte nesse sentido... excepto que seria o mais importante obelisco a deslocar para o centro do Vaticano, a acreditar na sua mítica origem em Seth ou Adão.
O que diz Haedo?Nuestro sapientissimo padre Adan (como Iosepho autor gravissimo dexó escrito) viendo que sus nietos y descendientes (que ya eran multiplicados en gran numero) començavam apartar-se del conocimiento verdadero, y fiel servicio de Dios, que el les enseñara ansi, como de Dios fuera enseñado: y temideo como hombre tan prudente, que siendo los pensamientos, y sentidos de los hõbres tan inclinados al mal, por discurso de algun tiempo, entre ellos se acabasse de perder todo el conocimiento de Dios: acordo de hazer como hizo, para remediar este mal, dos muy grandes, y muy altas colunas: una de ladrillo, y otra de piedra marmol rezio. De manera que el tiempo consumidor de todas cosas, o nunca o tarde las consumirsse: y en ellas de su mano entallo, y escrivio la doctrina de la Fé, y conocimiento de Dios, y la manera de su culto, y veneracion, conque de los hombres avia de ser honrado e venerado: y el mysterio de la venida del Messias: y juntamente muchas otras cosas de philosofia, astrologia, movimiento de los ciclos, curso de los planetas, y durasiõ de los tiempos y meses del año.
Y estas dos colunas ansi escritas, y entalladas (dize) que las puso en alto, para que todos las mirassen, y como eh unos libros pudiessen todos ler en ellas: de manera que fuesse (como el otro dezia de los libros) unos mudos, maestros q sin estruendo de bozes, advirtissen a los hõbres lo que devian de crer, y hazer en todo tiempo, y hedad: de manera que podemos dezir y afirmar con razon, que fueron estos los primeros libros de mundo; porq importa poco fuessen de piedra, y bronze, o de cortezas de Arboles y hojas, o de pergamino y papel, como despues por discurso de tiempo acostumbraron hazer los hombres. (...)
... ou seja, citando Josefo, vai um pouco mais longe e diz que o "livro" escrito sob forma de pilar remontaria directamente a Adão, e preveria directamente a vinda do Messias, para além de conter considerações filosóficas e astronómicas. Juntar-se-ia a prática e conversação dos Santos Patriarcas, que por linha e sucessão directa herdaram de Adão e do terceiro filho Seth, listando depois Noé, Sem, Arphaxat, Chaynã, Sala, Heber, Ragau, Saruch, Nachor, Thare, Abraão, Isaac, Jacob e seus filhos.
(...) porque muchos tiempos, y por muchas edades se conservo el conocimiento de Dios en el mundo y q entre muchas naciones de Oriente, como Assírios, Chaldeos, Arabios, Egypcios, y otrostales quedasen despues perdido, muchas reliquias de buena y santa dotrina: y de todas las artes y ciencias liberales: de las quales naciones, deprendiendo los Griegos todo esto, por el discurso de tiempo (porque muchos deles, como Solon, Licurgo, Archita y Platon passaron en aquellas partes), y ornandolo, y poliendolo con artificiosas palabras, y añadienno algun poco de su casa, lo vienderon al mundo por suyo.
Explicitamente, Haedo denuncia aqui que o conhecimento grego (nomeadamente de Solon e Platão) teria bebido directamente de fontes primevas, e não reportava devidamente essa origem antiga.
Não é muito diferente do que sugerimos num texto anterior (Teogonias-3), porém aí era colocado o centro dos dois pólos na babilónia/caldeia... e de facto, a deslocação do centro de influência para a egípcia Heliópolis faz mais sentido, já que são conhecidas as boas relações greco-egípcias, e nem será surpresa que os gregos tenham sido herdeiros do conhecimento egípcio, já que a mistura que ocorre com a dinastia Ptolomaica trata como gregos uma multiplicidade de legados egípcios, e por exemplo Eratóstenes, Euclides, Ptolomeu, são tidos como gregos, bem como a generalidade do conhecimento vindo da egípcia Alexandria. A razão disto está muito ligada aos textos serem escritos em grego e que, com a mesma ligeireza, assumir-se-ia que todo o conhecimento actual, escrito em inglês, seria de origem americana ou inglesa.Sete, Seti, SethNa Enéade divina de Heliópolis é natural que Seth fosse considerado o
sétimo deus, depois dos cinco primeiros deuses cósmicos, a que se seguia a primeira geração: Isis, Seth e Osiris, e depois Horus.
Reparamos na ligação da apresentação de Isis alada e no
estandarte aqueménida de Ciro:
As asas de Isis voam para o pavilhão aqueménida, com o detalhe suplementar de termos ao invés de Isis, um falcão, o símbolo de Hórus, seu filho. A relação entre Isis e Hórus surge ainda como mais uma manifestação de maternidade apropriada para o
postal sobre o Puto de VénusNa
mitologia ibérica de Tubal faz-se referência a reis Osiris-Júpiter e Hórus-Hércules Líbico.
Estes personagens seriam reis do Egipto que empreendem uma questa imperial contra a tirania, chegando à Ibéria para expulsar o tirano Gerião e os filhos Lomínios. Na versão ibérica Osíris mata Gerião, mas acaba morto pelos Lomínios e é vingado pelo filho Hórus. Na versão egípcia, Osíris é morto pelo irmão Seth, mas há também vingança do filho Hórus que, com ajuda da mãe Isis, acaba por destronar o tio Seth.
Se atendermos a que na Enéade egípcia o papel de Deus criador é desempenhado por Atum-Rá, a luta entre Osiris e Seth, filhos de Geb (deus da Terra, associado à Serpente), toma aspectos da rivalidade entre Abel e Caim, no sentido em que também Abel, o preferido, é morto por Caim.
Curiosamente, o terceiro filho de Adão, toma o nome Seth... e será deste Seth que surge a sucessão hebraica. Assim, o nome Seth aparece ligado ao mito hebraico pelo lado "bom", e ao mito egípcio pelo lado "mau". Não será tanto assim, já que o mesmo Seth é identificado a Tot, enquanto filho ou enquanto sua manifestação. Ora, acaba por ser Tot/Seth que tornará vivo o morto Osíris, e curará as feridas de Hórus, que substitui o Olho esquerdo (lunar) perdido no combate com Seth por uma serpente no chapéu (que seria usada pelos faraós). Como detalhe adicional esse olho de Hórus, estaria ligado a aplicações médicas...
Seguindo uma notável observação na Wikipedia, a ligação do olho de Hórus à Medicina era representada pelo grafismo do R (semelhante a parte do olho),
mas deveria ser cortado... lê-se RX e fala-se só em conexões ao símbolo de Júpiter?
Pergunto - por que não reparar que a conexão directa da abreviatura "RX", para o olho de Hórus, é exactamente a abreviatura de "Raios X" ??
A escolha de um falcão como símbolo de Hórus, ao invés de uma habitual águia, à semelhança do que fará depois o imperador Ciro, é algo que merece alguma reflexão. Há algumas diferenças, no que diz respeito à velocidade, mas parece claro que é a acutilância da visão do falcão que marca a escolha de Hórus.
A "prenda" de Tot (também associado a Hermes) é literalmente uma visão RX. É natural que o significado RX seja uma "graça" do misticismo moderno, mas o ocultismo caminha lado a lado com a ocultação, a ocultação do conhecimento passado...
As colunasAparentemente estavam duas colunas em Heliopolis, e um site interessante, com ligações sobre este assunto encontra-se
neste link... em particular apresenta um modelo do que teria sido Heliopolis:
Obeliscos em Heliopolis - modelo no Brooklyn Museum (NY)
O mesmo site apresenta uma "bizarra" ligação a Saturno... fantasmas pavlovianos, com uma "ligação a Satan". É sempre engraçado ver coisas destas, ao mesmo tempo que deveriam saber que "Saturday", o dia de Saturno, é também Sabbath, o dia de Deus judaico. Mas aqui é ainda mais engraçado, pois a ligação a Saturno é feita pelo Sol... e "Sunday", o dia do Sol, é o dia de Deus cristão. Quando se vê o Sol, ou a luz, como algo mau... só pode corresponder a quem vê nas trevas algo bom para si!A existência de duas colunas em Heliópolis, na "Siriad" egípcia... provavelmente uma cópia da original síria, com importação de monumentos, leva-nos assim às afirmações de Josefo e Haedo, sobre as colunas de Seth, onde se liga a coluna do Vaticano.
Curiosamente, foi-me agora indicado um texto maçon que dá conta das duas colunas, com o conhecimento pré-diluviano, que teriam sido descobertas por Hermes (filósofo) e Pitágoras (matemático):
No antigo manuscrito maçônico Cooke, (cerca de 1.400) da Biblioteca Britânica, lê-se nos parágrafos 281-326 que toda a sabedoria antediluviana foi escrita em duas grandes colunas. Depois do dilúvio de Noé, uma delas foi descoberta por Pitágoras, a outra por Hermes, o Filósofo, que se dedicaram a ensinar os textos ali gravados. Isto se encontra em perfeita concordância com o testemunhado por uma lenda egípcia, da qual já dava conta Manethon, segundo o mesmo Cooke, vinculada também com Hermes.
É óbvio que essas colunas, ou obeliscos, semelhantes aos pilares J. e B., são as que sustentam o templo maçônico e, ao mesmo tempo, permitem o acesso ao mesmo e configuram os dois grandes afluentes sapienciais que nutrirão a Ordem: o hermetismo, que assegurará o amparo do deus através da Filosofia, quer dizer do Conhecimento, e o pitagorismo, que dará os elementos aritméticos e geométricos necessários, que reclama o simbolismo construtivo; deve-se considerar que ambas as correntes são direta ou indiretamente de origem egípcia. Igualmente que essas duas colunas, são as pernas da Mãe loja, pelas quais é parido o Neófito, quer dizer pela sabedoria de Hermes, o grande iniciador, e por Pitágoras, o instrutor gnóstico.
in TRADIÇÃO HERMÉTICA E MAÇONARIA (1) de FEDERICO GONZALEZ
(link cafc)
É claro que se sabe que a tradição maçónica é hermética... algo que contradiz a figura de Hermes, afinal o deus mensageiro. Felizmente este texto de Gonzalez parece seguir na direcção mais mensageira e menos hermética!