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A marcha

12.09.13
A percepção histórica é diferente com o passar do tempo. Hoje aceitamos que possa haver pinturas rupestres com sofisticação artística, mas nem sempre assim foi. 
O caso de Altamira é elucidativo. Quem voga contra a corrente raras vezes chega a ver algum reconhecimento das suas descobertas. Nuns casos chegou tarde, e a verdadeira maioria dos casos ainda nem sequer chegou, nem parece haver nenhuma intenção que chegue.

A história de Altamira envolve três personagens principais:
  

"Toros" terá sido a expressão com que a pequena Maria de Sautuola comunicou ao pai, Marcelino de Sautuola, a descoberta do mais notável achado arqueológico que iria mudar a visão pré-histórica. Porém, em 1880, no Congresso de Pré-História, curiosamente realizado em Lisboa, a comunicação da descoberta dos Sautuola foi uma "Tourada". O bandarilheiro de serviço era Emile Cartailhac, eminência parda da matéria pré-histórica, que liderou uma campanha de difamação, que acusava Sautuola de falsificação.

À partida, a posição de Cartailhac é justificável, como são justificáveis todas as posições cépticas, se atendermos a que nada de semelhante alguma vez tinha sido visto. Mas será justificável que Sautuola tenha morrido em descrédito, enquanto a Cartailhac, passados 22 anos, bastou escrever uma carta pública de desculpa, sob o título "Mea culpa d'un sceptique" para manter a sua posição influente na arqueologia?
O sistema é feroz contra a novidade e protector da passividade, ou mesmo agressividade, conservadora.
Portanto, foi só em 1902, depois de já descobertas muitas outras pinturas, que o sistema não tinha mais maneira de resistir à novidade. Só nessa altura há um "mea culpa", póstumo para Sautuola, e por isso pouco consolador para a filha.

Este caso de Cartailhac deveria ser bem conhecido, para se perceber como as acusações de falsificação são simples manobras de recusa, usadas impunemente pela academia bem instalada. Pode-se acusar de falsidade sem necessidade de provar que é falso, porque o sistema só exige a quem descobre mostrar que não falsificou. Este sistema de censura por inversão do ónus de prova não mudou nada, e por isso o caso de Cartailhac é pouco conhecido. Se Galileu foi julgado e condenado em tribunal injusto, a Sautuola nem sequer lhe seria dada essa importância. O sistema de censura passou simplesmente a votar ao silêncio ou descrédito quem se lhe opusesse. A aparente enorme vantagem pessoal para o acusado, que escapava a tribunal, resultava em maior ocultação na sociedade, do eventual processo kafkiano subjacente. 

Cartailhac teria pouca importância hoje, não fosse Altamira... o seu nome seria pouco mais que uma linha nos registos da academia, pelos cargos ocupados, entre eles ser curador da Academia de Jogos Florais:
 
Academia dels Jòcs Florals fundada em 1323 por Clemence Isaure, em reacção à chacina dos Cátaros.

Este texto deveria seguir aqui para o Catarismo... afinal essa Academia de Jogos Florais, com quase 700 anos é a mais velha do mundo, e surgiu como catarse, para remediar a chacina ocorrida no Sul de França, no início do Séc. XIII e que daria origem à Inquisição do Santo Ofício, por via dos resultados mais pacíficos contra os cátaros, obtidos por S. Domingos (Domingo de Guzmán). A censura imposta pela Inquisição foi assim combatida com simples poemas, aparentemente fúteis, cultivados na nobreza occitana, por Clemence Isaure. Os jogos florais seriam uma reacção literária contra o clima de terror vivido no sul de França dominado pelo espírito de cruzadas... 
Ironicamente Cartailhac, o inquisidor de Altamira, é nomeado para curador dessa antiga academia, na região occitana, que teria a maior concentração de pinturas rupestres encontrada.

Já falámos das pinturas da Gruta de Chauvet, de Lascaux, há muitas outras... mas há uma que continua algo submersa. Trata-se da Gruta de La Marche e das suas gravuras.
Repetidamente, como afinal não custa nada, aparecem as acusações de falsificação... e La Marche não foi excepção em 1937. 
O que perturba nas gravuras de La Marche?
A colecção enorme de desenhos de rostos humanos, que apontam para 13 000 a. C. foi copiada para publicação científica de Péricard. Depois as placas foram perdidas/roubadas, restando apenas os desenhos:
Rostos humanos com 15000 anos, em La Marche [imagem de geolines.ru ]

Há outros blogs com mais imagens, mas o que me interessa aqui destacar é a aparente diversidade de rostos. Há algumas caras que apenas aceitaríamos hoje como sendo caricaturas... nomeadamente algumas que fazem lembrar rostos animalescos. Seria uma grosseria do desenhador pré-histórico, do copista moderno, ou havia mesmo rostos bastante diferentes?

Atendendo à coabitação europeia de Sapiens e Neandertais, estaremos com uma amostra populacional que revela essa diferença? Há entre aqueles rostos uma ligação que remete a Neandertais?
A ideia de que os neandertais eram uma espécie diferente tem sido colocada em causa, e cada vez mais se parece entender que seriam apenas uma raça diferente, uma das evoluções do Homem de Heidelberg.

Convém perceber a lógica de conexão na evolução.
Para além do registo fóssil, já falámos das evidências de evolução na gestação, remetendo para elos comuns. Portanto, num tempo primitivo, em que não estava definido o desenvolvimento posterior, os antecessores dos diversos animais seriam os mesmos, e reproduziam-se entre si. Os antecessores dos actuais peixes poderiam cruzar-se com os antecessores de salamandras, de tartarugas, galinhas, coelhos ou macacos. Repare-se que não estava fechada nenhuma caixa de "espécie", porque essas espécies nem sequer estavam definidas. Nessa fase a diversidade revelava-se a outro nível, o que já estaria vedado seria ao nível dos reinos - seria possível o cruzamento entre antecessores de animais, mas não um cruzamento com antecessores de plantas, como é óbvio. Só que esse "óbvio" era fruto de uma evolução, porque antes da separação de reinos, as células eucariotas que deram origem aos vegetais teriam podido cruzar-se com as células eucariotas que deram origem aos animais.

A reprodução teve uma evolução progressiva que fechou caixas. Os descendentes de uns deixaram definitivamente de se poder cruzar com os descendentes dos outros. A diversificação foi feita de forma estanque, e há uma separação grosseira, algo empírica, que permite ver diferentes fases:
- Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género, e finalmente Espécie.
Esta classificação é pouco útil porque há cruzamentos fecundos dentro do mesmo género, e não apenas dentro da mesma espécie. Há até cruzamentos viáveis, mas não completamente fecundos, dentro da mesma família, como é o caso do Ligre, ou do Tigreão, cruzamento entre tigre e leão:
Um ligre (de nome Hércules) o maior felino conhecido.

A classificação de Lineu foi resistindo, e a academia tem a habitual inércia em fazer as necessárias modificações e esclarecer as noções. O conhecimento biológico sofreu de uma ignorância ainda maior, e apenas recentemente algumas matérias fundamentais têm sido esclarecidas, o que deixa alguma dúvida sobre a existência de um registo anterior. Se existiu, parece ter sido perdido no meio de tanta ocultação.
Numa observação que fiz há uns meses num comentário, permite entender que o impedimento de cruzamento fora da mesma espécie é uma restrição posterior. Antes, o impedimento de cruzamento estaria colocado a um nível superior, ao nível da família, e assim sucessivamente.

Por isso todos os elementos do género Homo poderiam reproduzir-se entre si, e se houvesse outras espécies é natural que ainda hoje se pudessem cruzar com viabilidade. Nada impediria pois o cruzamento entre Neandertais e Sapiens, especialmente no passado, como a descoberta do Menino do Lapedo veio sugerir.
Acresce que muitas das pinturas rupestres estão na zona de espaço e tempo que é atribuída aos Neandertais. A mais recente descoberta das pinturas na Gruta de Nerja, com a datação de 42 mil anos, coloca o registo numa data em que não haveria Sapiens na Europa:
As mais antigas pinturas em Nerja, Espanha... são de Neandertais?
A datação de 42 000 anos sugere isso mesmo [artigo do Dailymail]

Portanto, o desaparecimento Neandertal terá sido mais um desaparecimento morfológico, dado que o aspecto físico destes seria menos "sexy" do que o aspecto dos Sapiens que vinham de outras paragens. Não se trataria de outra espécie, mas apenas de outro aspecto (algo que tem sido invocado por J. Zilhão)!
Os rostos que vemos na colecção de La Marche sugerem isso mesmo... uma grande diferença de formas, umas com aspecto algo "grotesco", e dessa grande diversidade houve uma escolha de cariz sexual que nos diferenciou apenas por aspectos físicos. Também não seria de estranhar que a maior capacidade craniana dos Neandertais levasse a que fossem esses os primeiros grandes inventores humanos, pelo que é natural que as pinturas possam ser associadas à sua presença, ou da sua descendência... havendo estudos que indicam a presença até 4% de genes tipicamente neandertais em alguma da população, especialmente europeia. Acresce ainda a presença de 4% a 6% de genes de melanésios, ver artigo da wikipedia:
o que nos remete de novo para uma eventual migração humana que remonta a paragens do Sul Asiático e Oceânia, conforme já sugerimos.

Termino, referindo apenas um aspecto importante. A separação da árvore evolutiva, que impediu o cruzamento para além da família-espécie, teve aspectos decisivos pela definição de um número - o número de cromossomas... esses 46=23+23 cromossomas definiram a espécie humana e fecharam a nossa caixa reprodutiva. Não somos os únicos animais com esse número (Palanca NegraReeves Muntjac) nem esse número será decisivo fora da família (a batata e o gorila têm ambos 48 cromossomas!!... ver lista), mas revela-se importante para o cruzamento sexual dentro da mesma família biológica. Ou seja, houve um último salto evolutivo que determinou esse fecho, após outros fechos anteriores.
O que determinou esses saltos evolutivos... ou seja, quando é que o número de cromossomas passou a ser determinante para possibilitar ou não um cruzamento, pois isso é uma questão mais complicada! Uma coisa é ver os passos da marcha, outra coisa é compreender a marcha, e saber se haverá novos passos.
Aí remetemos às considerações mais filosóficas.
em 12/9/2013.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:47

A marcha

12.09.13
A percepção histórica é diferente com o passar do tempo. Hoje aceitamos que possa haver pinturas rupestres com sofisticação artística, mas nem sempre assim foi. 
O caso de Altamira é elucidativo. Quem voga contra a corrente raras vezes chega a ver algum reconhecimento das suas descobertas. Nuns casos chegou tarde, e a verdadeira maioria dos casos ainda nem sequer chegou, nem parece haver nenhuma intenção que chegue.

A história de Altamira envolve três personagens principais:
  

"Toros" terá sido a expressão com que a pequena Maria de Sautuola comunicou ao pai, Marcelino de Sautuola, a descoberta do mais notável achado arqueológico que iria mudar a visão pré-histórica. Porém, em 1880, no Congresso de Pré-História, curiosamente realizado em Lisboa, a comunicação da descoberta dos Sautuola foi uma "Tourada". O bandarilheiro de serviço era Emile Cartailhac, eminência parda da matéria pré-histórica, que liderou uma campanha de difamação, que acusava Sautuola de falsificação.

À partida, a posição de Cartailhac é justificável, como são justificáveis todas as posições cépticas, se atendermos a que nada de semelhante alguma vez tinha sido visto. Mas será justificável que Sautuola tenha morrido em descrédito, enquanto a Cartailhac, passados 22 anos, bastou escrever uma carta pública de desculpa, sob o título "Mea culpa d'un sceptique" para manter a sua posição influente na arqueologia?
O sistema é feroz contra a novidade e protector da passividade, ou mesmo agressividade, conservadora.
Portanto, foi só em 1902, depois de já descobertas muitas outras pinturas, que o sistema não tinha mais maneira de resistir à novidade. Só nessa altura há um "mea culpa", póstumo para Sautuola, e por isso pouco consolador para a filha.

Este caso de Cartailhac deveria ser bem conhecido, para se perceber como as acusações de falsificação são simples manobras de recusa, usadas impunemente pela academia bem instalada. Pode-se acusar de falsidade sem necessidade de provar que é falso, porque o sistema só exige a quem descobre mostrar que não falsificou. Este sistema de censura por inversão do ónus de prova não mudou nada, e por isso o caso de Cartailhac é pouco conhecido. Se Galileu foi julgado e condenado em tribunal injusto, a Sautuola nem sequer lhe seria dada essa importância. O sistema de censura passou simplesmente a votar ao silêncio ou descrédito quem se lhe opusesse. A aparente enorme vantagem pessoal para o acusado, que escapava a tribunal, resultava em maior ocultação na sociedade, do eventual processo kafkiano subjacente. 

Cartailhac teria pouca importância hoje, não fosse Altamira... o seu nome seria pouco mais que uma linha nos registos da academia, pelos cargos ocupados, entre eles ser curador da Academia de Jogos Florais:
 
Academia dels Jòcs Florals fundada em 1323 por Clemence Isaure, em reacção à chacina dos Cátaros.

Este texto deveria seguir aqui para o Catarismo... afinal essa Academia de Jogos Florais, com quase 700 anos é a mais velha do mundo, e surgiu como catarse, para remediar a chacina ocorrida no Sul de França, no início do Séc. XIII e que daria origem à Inquisição do Santo Ofício, por via dos resultados mais pacíficos contra os cátaros, obtidos por S. Domingos (Domingo de Guzmán). A censura imposta pela Inquisição foi assim combatida com simples poemas, aparentemente fúteis, cultivados na nobreza occitana, por Clemence Isaure. Os jogos florais seriam uma reacção literária contra o clima de terror vivido no sul de França dominado pelo espírito de cruzadas... 
Ironicamente Cartailhac, o inquisidor de Altamira, é nomeado para curador dessa antiga academia, na região occitana, que teria a maior concentração de pinturas rupestres encontrada.

Já falámos das pinturas da Gruta de Chauvet, de Lascaux, há muitas outras... mas há uma que continua algo submersa. Trata-se da Gruta de La Marche e das suas gravuras.
Repetidamente, como afinal não custa nada, aparecem as acusações de falsificação... e La Marche não foi excepção em 1937. 
O que perturba nas gravuras de La Marche?
A colecção enorme de desenhos de rostos humanos, que apontam para 13 000 a. C. foi copiada para publicação científica de Péricard. Depois as placas foram perdidas/roubadas, restando apenas os desenhos:
Rostos humanos com 15000 anos, em La Marche [imagem de geolines.ru ]

Há outros blogs com mais imagens, mas o que me interessa aqui destacar é a aparente diversidade de rostos. Há algumas caras que apenas aceitaríamos hoje como sendo caricaturas... nomeadamente algumas que fazem lembrar rostos animalescos. Seria uma grosseria do desenhador pré-histórico, do copista moderno, ou havia mesmo rostos bastante diferentes?

Atendendo à coabitação europeia de Sapiens e Neandertais, estaremos com uma amostra populacional que revela essa diferença? Há entre aqueles rostos uma ligação que remete a Neandertais?
A ideia de que os neandertais eram uma espécie diferente tem sido colocada em causa, e cada vez mais se parece entender que seriam apenas uma raça diferente, uma das evoluções do Homem de Heidelberg.

Convém perceber a lógica de conexão na evolução.
Para além do registo fóssil, já falámos das evidências de evolução na gestação, remetendo para elos comuns. Portanto, num tempo primitivo, em que não estava definido o desenvolvimento posterior, os antecessores dos diversos animais seriam os mesmos, e reproduziam-se entre si. Os antecessores dos actuais peixes poderiam cruzar-se com os antecessores de salamandras, de tartarugas, galinhas, coelhos ou macacos. Repare-se que não estava fechada nenhuma caixa de "espécie", porque essas espécies nem sequer estavam definidas. Nessa fase a diversidade revelava-se a outro nível, o que já estaria vedado seria ao nível dos reinos - seria possível o cruzamento entre antecessores de animais, mas não um cruzamento com antecessores de plantas, como é óbvio. Só que esse "óbvio" era fruto de uma evolução, porque antes da separação de reinos, as células eucariotas que deram origem aos vegetais teriam podido cruzar-se com as células eucariotas que deram origem aos animais.

A reprodução teve uma evolução progressiva que fechou caixas. Os descendentes de uns deixaram definitivamente de se poder cruzar com os descendentes dos outros. A diversificação foi feita de forma estanque, e há uma separação grosseira, algo empírica, que permite ver diferentes fases:
- Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género, e finalmente Espécie.
Esta classificação é pouco útil porque há cruzamentos fecundos dentro do mesmo género, e não apenas dentro da mesma espécie. Há até cruzamentos viáveis, mas não completamente fecundos, dentro da mesma família, como é o caso do Ligre, ou do Tigreão, cruzamento entre tigre e leão:
Um ligre (de nome Hércules) o maior felino conhecido.

A classificação de Lineu foi resistindo, e a academia tem a habitual inércia em fazer as necessárias modificações e esclarecer as noções. O conhecimento biológico sofreu de uma ignorância ainda maior, e apenas recentemente algumas matérias fundamentais têm sido esclarecidas, o que deixa alguma dúvida sobre a existência de um registo anterior. Se existiu, parece ter sido perdido no meio de tanta ocultação.
Numa observação que fiz há uns meses num comentário, permite entender que o impedimento de cruzamento fora da mesma espécie é uma restrição posterior. Antes, o impedimento de cruzamento estaria colocado a um nível superior, ao nível da família, e assim sucessivamente.

Por isso todos os elementos do género Homo poderiam reproduzir-se entre si, e se houvesse outras espécies é natural que ainda hoje se pudessem cruzar com viabilidade. Nada impediria pois o cruzamento entre Neandertais e Sapiens, especialmente no passado, como a descoberta do Menino do Lapedo veio sugerir.
Acresce que muitas das pinturas rupestres estão na zona de espaço e tempo que é atribuída aos Neandertais. A mais recente descoberta das pinturas na Gruta de Nerja, com a datação de 42 mil anos, coloca o registo numa data em que não haveria Sapiens na Europa:
As mais antigas pinturas em Nerja, Espanha... são de Neandertais?
A datação de 42 000 anos sugere isso mesmo [artigo do Dailymail]

Portanto, o desaparecimento Neandertal terá sido mais um desaparecimento morfológico, dado que o aspecto físico destes seria menos "sexy" do que o aspecto dos Sapiens que vinham de outras paragens. Não se trataria de outra espécie, mas apenas de outro aspecto (algo que tem sido invocado por J. Zilhão)!
Os rostos que vemos na colecção de La Marche sugerem isso mesmo... uma grande diferença de formas, umas com aspecto algo "grotesco", e dessa grande diversidade houve uma escolha de cariz sexual que nos diferenciou apenas por aspectos físicos. Também não seria de estranhar que a maior capacidade craniana dos Neandertais levasse a que fossem esses os primeiros grandes inventores humanos, pelo que é natural que as pinturas possam ser associadas à sua presença, ou da sua descendência... havendo estudos que indicam a presença até 4% de genes tipicamente neandertais em alguma da população, especialmente europeia. Acresce ainda a presença de 4% a 6% de genes de melanésios, ver artigo da wikipedia:
o que nos remete de novo para uma eventual migração humana que remonta a paragens do Sul Asiático e Oceânia, conforme já sugerimos.

Termino, referindo apenas um aspecto importante. A separação da árvore evolutiva, que impediu o cruzamento para além da família-espécie, teve aspectos decisivos pela definição de um número - o número de cromossomas... esses 46=23+23 cromossomas definiram a espécie humana e fecharam a nossa caixa reprodutiva. Não somos os únicos animais com esse número (Palanca NegraReeves Muntjac) nem esse número será decisivo fora da família (a batata e o gorila têm ambos 48 cromossomas!!... ver lista), mas revela-se importante para o cruzamento sexual dentro da mesma família biológica. Ou seja, houve um último salto evolutivo que determinou esse fecho, após outros fechos anteriores.
O que determinou esses saltos evolutivos... ou seja, quando é que o número de cromossomas passou a ser determinante para possibilitar ou não um cruzamento, pois isso é uma questão mais complicada! Uma coisa é ver os passos da marcha, outra coisa é compreender a marcha, e saber se haverá novos passos.
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