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Há uma diferença de género entre "O Tesouro" e "A Tesoura".

A Gazeta de Lisboa foi uma publicação periódica entre 1715 e 1820, e que de alguma forma tem como sucessor o actual Diário da República. Passou por diversos nomes, podendo ser ligada à Gazeta da Restauração, logo publicada em 1641, como forma de propaganda a D. João IV.
Durante esse longo período, essa publicação periódica de informação aos cidadãos, foi só suspensa pela Mesa Censória do Marquês de Pombal, entre 1762 e 1778... tendo mesmo sido mantida pelos franceses durante a sua ocupação.

O nome Gazeta é sistematicamente remetido a Veneza, onde a moeda "gazzetta" servia para comprar a leitura da informação publicada no periódico, desde 1563.

Refere-se ainda a presença do símbolo de uma pega, pássaro cujo nome italiano é gazza. Afinal os mesmos pássaros que decoram o tecto de uma sala do Palácio de Sintra, com a menção "Por Bem", moto de D. João I... e se as pegas foram pretendidas ser outras, o rei poderia argumentar com o "honi soit qui mal y pense", invocando a ascendência Lancastre, já que foi o primeiro rei estrangeiro a pertencer à Ordem da Jarreteira.
Podemos ler outra origem, algo mais elaborada, que aponta "gaza" como "tesouro" (Rönsch), indo ao latim gazetum, e à origem persa. Este tesouro seria no mesmo sentido de "tesauro" (thesaurus), uma corrupção de tesouro, que passou a designar os dicionários de sinónimos e antónimos. 

Bom, mas não interessa dispersar.
A notícia da Gazeta de Lisboa (nº45) é de 6 de Novembro de 1755 e diz apenas o seguinte:
O dia 1º do corrente ficará memorável a todos os séculos pelos terramotos e incêndios que arruinaram uma grande parte desta cidade; mas tem havido a felicidade de se acharem na ruína os cofres da fazenda real e da maior parte dos particulares. 
A Gazeta era conhecida por ser sucinta... mas tanto? 
Então e o famoso Maremoto?
Esta informação está numa análise pertinente feita por André Belo:

A Gazeta de Lisboa e o terremoto de 1755: a margem do não escrito
Análise Social, n° 151-152, vol. XXXIV, Inverno 2000, pp. 619-637.

As interrogações sucedem-se, e bem. Citamos agora directamente André Belo:
Na semana seguinte, a 13 de Novembro, a Gazeta continuava na mesma linha, escrevendo:
"Entre os horrorosos efeitos do terremoto, que se sentiu nesta cidade no primeiro do corrente, experimentou ruína a grande torre chamada do Tombo, em que se guardava o Arquivo Real do Reino e se anda arrumando; e muitos edifícios tiveram a mesma infelicidade". (GL, n° 46, 1755)
Lacónico sobre os efeitos do terramoto em Lisboa, o periódico foi incluindo neste mesmo número descrições bastante mais pormenorizadas sobre o impacto do sismo em Córdova, Cádiz e Sevilha. Das oito páginas da edição, cerca de seis foram preenchidas com informação sobre o sismo na Andaluzia, enquanto Lisboa merecia apenas as seis linhas citadas.
Não acompanhamos depois a sua tese de que a informação sobre Lisboa não interessava aos leitores lisboetas. Os poucos exemplares que encontramos na internet têm destinatários noutras paragens do país, e mesmo estando em Lisboa, a informação ou ausência dela é até mais relevante.

Ainda que a informação da Gazeta seja escassa, é suficiente para abrir brechas no divulgado.
A Torre do Tombo teria "experimentado ruína", mas "andava-se arrumando" o Arquivo do Reino... e portanto duas semanas depois não se reportam nenhumas perdas devidas a terramoto ou incêndio.

As Gazetas europeias tinham por hábito apanhar as notícias umas das outras... mas não foi certamente com estas linhas sucintas que Voltaire ficou traumatizado com o Abalo do Marquês.
Se dúvidas houvessem sobre a manipulação e distorção informativa no período pombalino, e especialmente sobre a sua preservação nestes 250 anos, pelos acólitos maçons, aqui está mais uma prova. 
O Marquês proíbe a publicação em 1762 porque tem a descer o Tejo o exército espanhol do Conde de Aranda... a sua força de repressão era interna - externamente revelava uma debilidade total, em Portugal e especialmente no abandono das possessões ultramarinas.

Então e o Maremoto, o maior tsunami jamais registado? 
Pois... um maremoto ocorreu provavelmente em 1531, quando foi decidida a construção do Bairro Alto.
Afinal, após um maremoto fazia sentido insistir na construção da "baixa" pombalina?... não seria mais indicado uma "alta" pombalina - por muito baixos que fossem os modos desta gente?

Pois, a certa altura deixei de reportar detalhes aqui... por causa disto.
Basta fazer uma pequena pesquisa e sucedem-se informações, umas atrás das outras...
Como já disse, é indiferente ter 1000 provas, 1001 ou 1 milhão... o número é indiferente quando se embate contra uma parede de obstinação insana.

Qual a razão da obstinação?
A Tesoura faz O Tesouro...

Primeiro, da forma evidente. 
O cargo de Censor era já um cargo romano importante, e pelos cortes, pelas censuras, se definia um poder imenso. A tesoura cortava a pedra no papel das regras do jogo. O secretismo era alma para tal negócio que embrulhava qualquer pedra na papelada da engrenagem.

Segundo, da forma menos evidente, mas superior à anterior.
Pois, mas sobre essa já falei, e é um problema de arquitectura. 
O ouro encanta a vista, mas não é visão... com o tesouro tens ouro, mas t'és ouro? 
E, queiramos ou não, as palavras estão aí para serem associadas na aura do Tesauro.
- És tu ouro?... no restauro, na rés tauro, no signo do Touro... és tu ouro?
- Ah, ris... do signo Aries, dos sacrificados carneiros da paz côa, filtrada, paz cal, pintada de branco. 
- Temes investir no encarnado, e apostas na reencarnação.

A arquitectura na tesoura visava o tesouro. 
Apresentava ouros evidentes, para criar outros diferentes.
Apresentava o temporário para, pela negação, encontrar o eterno. 
É terno? É ter-nos.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 05:33

Há uma diferença de género entre "O Tesouro" e "A Tesoura".

A Gazeta de Lisboa foi uma publicação periódica entre 1715 e 1820, e que de alguma forma tem como sucessor o actual Diário da República. Passou por diversos nomes, podendo ser ligada à Gazeta da Restauração, logo publicada em 1641, como forma de propaganda a D. João IV.
Durante esse longo período, essa publicação periódica de informação aos cidadãos, foi só suspensa pela Mesa Censória do Marquês de Pombal, entre 1762 e 1778... tendo mesmo sido mantida pelos franceses durante a sua ocupação.

O nome Gazeta é sistematicamente remetido a Veneza, onde a moeda "gazzetta" servia para comprar a leitura da informação publicada no periódico, desde 1563.

Refere-se ainda a presença do símbolo de uma pega, pássaro cujo nome italiano é gazza. Afinal os mesmos pássaros que decoram o tecto de uma sala do Palácio de Sintra, com a menção "Por Bem", moto de D. João I... e se as pegas foram pretendidas ser outras, o rei poderia argumentar com o "honi soit qui mal y pense", invocando a ascendência Lancastre, já que foi o primeiro rei estrangeiro a pertencer à Ordem da Jarreteira.
Podemos ler outra origem, algo mais elaborada, que aponta "gaza" como "tesouro" (Rönsch), indo ao latim gazetum, e à origem persa. Este tesouro seria no mesmo sentido de "tesauro" (thesaurus), uma corrupção de tesouro, que passou a designar os dicionários de sinónimos e antónimos. 

Bom, mas não interessa dispersar.
A notícia da Gazeta de Lisboa (nº45) é de 6 de Novembro de 1755 e diz apenas o seguinte:
O dia 1º do corrente ficará memorável a todos os séculos pelos terramotos e incêndios que arruinaram uma grande parte desta cidade; mas tem havido a felicidade de se acharem na ruína os cofres da fazenda real e da maior parte dos particulares. 
A Gazeta era conhecida por ser sucinta... mas tanto? 
Então e o famoso Maremoto?
Esta informação está numa análise pertinente feita por André Belo:

A Gazeta de Lisboa e o terremoto de 1755: a margem do não escrito
Análise Social, n° 151-152, vol. XXXIV, Inverno 2000, pp. 619-637.

As interrogações sucedem-se, e bem. Citamos agora directamente André Belo:
Na semana seguinte, a 13 de Novembro, a Gazeta continuava na mesma linha, escrevendo:
"Entre os horrorosos efeitos do terremoto, que se sentiu nesta cidade no primeiro do corrente, experimentou ruína a grande torre chamada do Tombo, em que se guardava o Arquivo Real do Reino e se anda arrumando; e muitos edifícios tiveram a mesma infelicidade". (GL, n° 46, 1755)
Lacónico sobre os efeitos do terramoto em Lisboa, o periódico foi incluindo neste mesmo número descrições bastante mais pormenorizadas sobre o impacto do sismo em Córdova, Cádiz e Sevilha. Das oito páginas da edição, cerca de seis foram preenchidas com informação sobre o sismo na Andaluzia, enquanto Lisboa merecia apenas as seis linhas citadas.
Não acompanhamos depois a sua tese de que a informação sobre Lisboa não interessava aos leitores lisboetas. Os poucos exemplares que encontramos na internet têm destinatários noutras paragens do país, e mesmo estando em Lisboa, a informação ou ausência dela é até mais relevante.

Ainda que a informação da Gazeta seja escassa, é suficiente para abrir brechas no divulgado.
A Torre do Tombo teria "experimentado ruína", mas "andava-se arrumando" o Arquivo do Reino... e portanto duas semanas depois não se reportam nenhumas perdas devidas a terramoto ou incêndio.

As Gazetas europeias tinham por hábito apanhar as notícias umas das outras... mas não foi certamente com estas linhas sucintas que Voltaire ficou traumatizado com o Abalo do Marquês.
Se dúvidas houvessem sobre a manipulação e distorção informativa no período pombalino, e especialmente sobre a sua preservação nestes 250 anos, pelos acólitos maçons, aqui está mais uma prova. 
O Marquês proíbe a publicação em 1762 porque tem a descer o Tejo o exército espanhol do Conde de Aranda... a sua força de repressão era interna - externamente revelava uma debilidade total, em Portugal e especialmente no abandono das possessões ultramarinas.

Então e o Maremoto, o maior tsunami jamais registado? 
Pois... um maremoto ocorreu provavelmente em 1531, quando foi decidida a construção do Bairro Alto.
Afinal, após um maremoto fazia sentido insistir na construção da "baixa" pombalina?... não seria mais indicado uma "alta" pombalina - por muito baixos que fossem os modos desta gente?

Pois, a certa altura deixei de reportar detalhes aqui... por causa disto.
Basta fazer uma pequena pesquisa e sucedem-se informações, umas atrás das outras...
Como já disse, é indiferente ter 1000 provas, 1001 ou 1 milhão... o número é indiferente quando se embate contra uma parede de obstinação insana.

Qual a razão da obstinação?
A Tesoura faz O Tesouro...

Primeiro, da forma evidente. 
O cargo de Censor era já um cargo romano importante, e pelos cortes, pelas censuras, se definia um poder imenso. A tesoura cortava a pedra no papel das regras do jogo. O secretismo era alma para tal negócio que embrulhava qualquer pedra na papelada da engrenagem.

Segundo, da forma menos evidente, mas superior à anterior.
Pois, mas sobre essa já falei, e é um problema de arquitectura. 
O ouro encanta a vista, mas não é visão... com o tesouro tens ouro, mas t'és ouro? 
E, queiramos ou não, as palavras estão aí para serem associadas na aura do Tesauro.
- És tu ouro?... no restauro, na rés tauro, no signo do Touro... és tu ouro?
- Ah, ris... do signo Aries, dos sacrificados carneiros da paz côa, filtrada, paz cal, pintada de branco. 
- Temes investir no encarnado, e apostas na reencarnação.

A arquitectura na tesoura visava o tesouro. 
Apresentava ouros evidentes, para criar outros diferentes.
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