É frequente ouvir-se falar na dificuldade em transportar e erguer grandes monumentos megalíticos, normalmente como aperitivo para invocar depois tecnologias alienígenas, ou algo semelhante.
Sendo claro que a tarefa não seria propriamente fácil de executar, foram deixadas pistas claras sobre o processo. Relativamente ao erguer de megalitos, ainda que ninguém se dedique hoje a erguer pedras de grande dimensão manualmente, há a chamada
(perto de Penafiel, em Julho) - (perto de Munique, em Maio)
Por toda a Europa (e não só - no Brasil também ocorre), especialmente em zonas de conhecida tradição celta, temos esta tradição pagã, praticamente igual após muitos milénios. A festa acontece habitualmente em Maio (
"May Day" - ver texto anterior), e não será acidental a cultura ser comum, porque guardará um velho conhecimento de como erguer grandes estruturas verticais, usando apenas a força de um grande número de homens. Claro que estas tradições pagãs foram combatidas de forma repressora... e depois no Séc. XX de forma sedutora, com maior sucesso, por deixarem de estar na "moda".
A ideia de dólmens, mouras ou antas, está espalhada não só na Europa, mas também na Ásia, havendo mesmo
registo de que serviria como pedestal para chefes. Para isso fomos parar à Oceania-Indonésia, confirmando uma tendência persistente de "origem celta" vinda dessas paragens, que deduzimos de uma interpretação descomprometida da informação recente sobre os haplogrupos.
A primeira imagem mostra bem como se transportava manualmente um grande megalito na Indonésia, até há 100 anos atrás, e a segunda imagem evidencia vários menires megalíticos.
Por isso, quando virmos discussões de "como seria possível antigamente levar megalitos, etc, etc..." bastará pegar no link da fotografia, que está na wikipedia, e enviar a quem tem dúvidas.
Mas essas dúvidas são naturais, porque há todo um cozinhado educacional que tem suprimido este tipo de provas que desvanecem automaticamente mistérios. É claro que com megalitos maiores seria mais difícil, ninguém duvida, mas estamos aqui a considerar o caso de uma tribo duma pequena ilha - Nias (na costa ocidental de Sumatra), que usava até ao Séc. XX os métodos mais rudimentares.
Portanto, apesar de se ignorar sistematicamente a ocorrência megalítica em paragens indonésias, ou da Oceania, vislumbra-se aqui de novo a ligação cultural do rendilhado das ilhas da Melanésia, nos confins do Oriente, até às manifestações culturais do Ocidente, em particular nesta técnica megalítica.
Um quadro de propaganda ao Império Holandês do início do Séc. XX, é ilustrativo da jóia da coroa holandesa, centrada em Jacarta (Batavia):
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Poderíamos falar de como os holandeses se dedicaram a substituir-se aos portugueses, depois da anexação filipina. Para isso convém notar que, para além dos segredos que Cornelius Houtman obteve em Lisboa (já falámos aqui do cozinhado nas ilhas australianas de
Houtman Abrolhos), houve contribuição interna para o ascendente marítimo de holandeses e ingleses, assim que o "
démon du midi", Filipe II, anexou o reino de Portugal. O fenómeno também se deu ao contrário - afinal, a bem sucedida invasão holandesa da Inglaterra, protagonizada com Guilherme de Orange, acabou por iniciar o declínio holandês, e talvez mostrar que a Holanda pouco mais serviu do que um trampolim para um império comercial maior - o império britânico.
Aqui interessa-nos referir a Holanda, pela estranha partilha que acabou por ser feita em Timor. De todas as ilhas indonésias, o último reduto português foi aquela ilha, aliás, apenas uma parte dela. A reduzida população portuguesa nunca teria conseguido grande implantação num império tão vasto, mas foram significativas as perdas de Malaca e Maluco. Malaca era importante no controlo do estreito de comunicação com a China e com as especiarias das ilhas Malucas. Se Houtman usou o caminho alternativo para as Malucas pelo estreito de Sunda, os holandeses não descansaram enquanto não atacaram Malaca, bem como todas as importantes possessões portuguesas.
Timor significa em latim "temor", associa-se à divindade grega Phobos, mas a origem do termo é reportada à palavra "Timur" que significa "Leste" em bahasa indonésio. Ainda que hajam muitos mais territórios a leste, é suficientemente a leste para justificar o termo. Malaca era também a designação latina para a cidade de Málaga, também cidade às margens de outro estreito - o de Gibraltar. Quando aumentamos o número de linguagens, torna-se quase forçosa a coincidência de termos simples, e isso não revela nada de especial. Fica apenas a curiosidade dos muitos termos com sonoridade semelhante como Mataram - um dos maiores reinos indonésios. Se encontramos Timor que é Phobos, não encontramos Metus que seria Deimos, e portanto o par de divindades associada a Marte não está presente na nomenclatura.
Interessa aqui que, após os sucessivos abandonos de territórios indonésios pelos portugueses, havia uma grande quantidade de população mestiça (característica típica da actuação portuguesa), que se revia apenas no controlo do rei português e recusava o domínio holandês. Esse foi o caso dos
Topas, ou
Topasses, que podem bem justificar a persistência final dum enclave português rodeado por hostilidade holandesa.
Os Topas reclamavam origem portuguesa
e eram caracterizados pelo uso de chapéu.
Com efeito, a única razão que justifica o enclave timorense de Oecussi-Ambeno, parece ter sido a ferocidade com que os Topas defenderam a sua autonomia - não só contra holandeses, como até contra o vice-rei português, reclamando sempre a sua afiliação directa ao rei português. Essa identidade própria acabou por desvanecer-se sob o domínio português, mas ainda hoje é traçada uma ligação directa às famílias Topas que dominam esse enclave timorense com o estatuto de rajas.
Apesar de ser uma pequena ilha, verifica-se mais uma vez, o fenómeno de multiplicidade linguística, ainda que o tetum possa ser dominante
Não chegando a 800 línguas, como no caso da vizinha ilha da Papua - Nova Guiné, há várias dezenas de línguas, algumas das quais, a oriente, aparentadas com as línguas da Papua. Ora também isto mostra como conviveram, num certo equilíbrio, uma quantidade razoável de tribos muito distintas.
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Jaoa ou
Iaoa, aparece em mapas antigos como nome para a ilha de Java.
O "
homem de Java",
homo erectus, foi considerado durante bastante tempo como um elo na transição dos símios para humanos. Não se trata aqui de referir a teoria
darwiniana, que assenta num caos evolutivo aleatório, mas sim um facto óbvio - a inteligência é precedida de não-inteligência, qualquer observador só ganha sentido com um observável prévio. Isto aplica-se a homens, ETs, deuses, ou qualquer uma outra entidade que se entenda como inteligência primeira - foi sempre antecedida por uma entidade não inteligente. Mas é preciso entender que, se é o olho que permite ver, o que vê é o que lá estava antes. Assim o papel da inteligência consciente é reencontrar em si a inteligência prévia, que só não era inteligência por não ser consciente.
O
homem de Java enquadra-se bem na hipótese natural, esta sim
darwiniana, de terem sido as ilhas os locais a favorecerem a evolução separada de espécies singulares, como foi também o caso que abordámos dos pigmeus
homo floresensis, onde se mencionava também os Topas da Ilha das Flores, entendidos como "portugueses pretos" pelos holandeses. A esse assunto acresce outro comentário de José Manuel, sobre as
stupas no
templo de Borobudur em Java (c. Séc. VIII):
Este templo de Borobodur tem detalhes muito interessantes, nomeadamente ao mito dos elefantes brancos no nascimento de Buda pela
Rainha Maya. Dificilmente será acidental o nome
Maia corresponder no ocidente à mãe de Hermes, com um papel religioso-filosófico igualmente crucial na vertente de Hermes Trimegisto.
Igualmente curioso é o desenho em Borobudur de uma embarcação, muito semelhante a uma caravela
... sendo claro que o budismo não chegou à Indonésia sem travessias com barcos, mesmo que este aspecto nos pareça estar algo deslocado da típica embarcação do Índico e Melanésia.
Um nome de embarcação que nos surge a este propósito é a
Carraca, notando que este termo é muito semelhante ao irlandês
Currach ou ao galês
Coracle... notando que, ao contrário da carraca quinhentista, estas embarcações eram incipientes, parecendo-se até com alcofas, e estavam espalhadas no seu uso popular da Irlanda ao Vietname. O termo alcofa é apropriado ainda pelo nomes que a embarcação tem no Iraque (quffa) e no Tibete (kowa).
Há uma série de relações e factos interessantes que acrescem, e que nos dispensamos agora de acrescentar, nomeadamente os habitáculos em pedra em
Gunung Kawi, em Bali, ou o monte piramidal de
Gunung PadangGunung Kawi
Terminamos com um apontamento sobre Timor que podemos ler na wikipedia:
In 2011 evidence was uncovered in neighbouring East Timor showing that 42,000 years ago these early settlers were catching and consuming large numbers of big deep sea fish such as tuna, and that they had the technology needed to make ocean crossings to reach Australia and other islands.
Portanto, se já tinhamos falado sobre o mito polinésio de Tuna, que era suposto ser afinal uma enguia, temos esta evidência de pesca pré-histórica de atum. Atum, tema de que faláramos há uns dias atrás, serve assim para fechar este apontamento.
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6/10/2014