A propósito da Nova Suévia (NeuSchwabenLand) a província inventada pelos nazis na Antárctida, (de que falei no blog odemaia, no contexto as expedições do Almirante Richard Byrd), convém notar que esse território se encontra praticamente ao sul de África.
Mais precisamente, encontra-se a 69º ou 70º de latitude sul, lembrando que o Cabo da Boa Esperança está a 35º S. Ou seja, a viagem para sul, de São Tomé ao Cabo da Boa Esperança, teria a mesma extensão de latitude, do que uma viagem desse cabo até às paragens antárcticas da Nova Suévia. A questão remanescente é muito simples... ... teriam tido os navegadores portugueses a capacidade de fazer a viagem para sul, atingindo a Antárctida, no mesmo ponto onde os nazis desembarcaram em 1938-39?
Como não há registo, e o consenso será que não, "porque sim", inventando razões com o mar alto, o clima frígido, etc, vamos contextualizar. Falamos de uma viagem de 35º para sul. Os espanhóis tiveram carreiras regulares entre as Filipinas e o México, ao longo do Pacífico, sem escalas, que correspondiam a 130º. Isto para não falar em Fernão de Magalhães, que terá ido do Sul do Chile até às Filipinas, numa distância muito maior, e também sem escalas (reconhecidas). Portanto estamos a falar de extensões 4 a 6 vezes superiores, em mar alto, sem escalas, e onde pelo menos no caso de Magalhães, não podemos dizer que não tivesse experimentado o frio antárctico. Todas as dificuldades de orientação no imenso Pacífico parecem desaparecer para Fernão de Magalhães, como que por magia. E se no Oceano Atlântico ele parece obrigado a seguir a linha da costa argentina até ao Estreito de seu nome, depois a viagem (muitíssimo mais complicada) ao longo do Pacífico, não tem orientação costeira, mas parece ter sido um passeio no parque, que ninguém comenta. Ora o mais natural seria seguir na direcção da Nova Zelândia, que ficaria a 110º de diferença em longitude (com menor distância do que o grau equatorial), ou da Austrália, caso soubesse da sua existência, ou então na direcção da Nova Guiné. Seja como for, durante o Séc. XVI houve uma extensa terra a sul, chamada Terra Magallanica.
Porém, interessa-nos aqui apenas tornar evidente que nada tinha de "dificuldade assombrosa" atingir a costa Antárctica, quando se navegava pela Patagónia, ou pela Terra do Fogo, e depois se faziam grandes extensões no Pacífico, sem linha de costa, nem escalas.
Já sabemos que não é politicamente correcto citar Ramusio (1560) que, conforme já referimos dizia o seguinte (traduzindo):
... [o Rei de Portugal] não quer que saiba nem esta nem muitas outras coisas. E sobretudo, é proibido navegar para além do Cabo da Boa Esperança, em linha direita para o Pólo Antárctico, onde é opinião expressa de todos os pilotos portugueses que se vê um grandíssimo continente de terra firme, o qual corre nascente e poente, sobre o Pólo Antárctico. E dizem que doutra vez um excelente homem florentino, dito Amerigo Vespuccio, com certos barcos do dito Rei a encontrou e correu por um grande espaço, mas que depois foi proibido que algum aí possa andar.
Portanto, só restam dúvidas para quem as quer ter. Conforme dizia Ramusio, os portugueses seguiram a linha da costa da Antárctida, e cartografaram-lhe o contorno. Depois, por causa das insanas proibições, começaram na confusão habitual de misturar o continente austral - Austrália, com o continente mesmo austral - Antárctida. Vespúcio deu com a língua nos dentes, e falou demais, e em vez de ficar com fama ligada à Antárctida (o continente não cartografado pelos Antigos), ficou com fama ligada à América (que supostamente, também não era conhecida dos Antigos... pois!)
Agora, como o continente antárctico aparece à navegação com enormes paredes glaciares, com mais de 10 metros de altura, nalguns casos... a sua exploração interna foi sendo adiada, e os portugueses nem seriam os melhores para paragens geladas. Porém convém notar que até ao Séc. XVI a temperatura era mais alta, e não haveria provavelmente o mesmo contorno da costa, podendo haver até algumas partes "verdes" no continente antárctico.
Qual a razão da proibição? Para os que não acreditam nas proibições, e acham que a história vendida, é uma História séria, teriam aqui mais um problema sério, em explicar «navegações proibidas», mas o assunto terá uma explicação simples... simplesmente a Antárctida (tal como a Austrália), teriam vistas, que não era bom serem vistas. Ou seja, vestígios claros de presença antiga naquelas paragens! Pior, no caso da Antárctida, poderia haver mesmo pessoas congeladas, em excelente estado de preservação, tal como se poderá ainda hoje encontrar algum desgraçado explorador português congelado na Antárctida. Nesse sentido, todo o degelo, "todo o aquecimento global" aparece como muito incomodativo, porque nem sempre é fácil conter todo o pessoal desbocado, que veja alguma coisa que não devia ter visto.
Damos como exemplo, uma notícia que apareceu este ano (26 Julho 2016):
Ou seja, uma suposta equipa do Smithsonian teria descoberto três crânios enlongados na Antárctida.... mas com efeito a notícia apareceu mais vezes, havendo questões sobre a existência do investigador Damian Waters, que é mencionado no vídeo, podendo o vídeo ser uma simples fraude... ou não.
Voltando ao relato de Ramusio de 1560, lembramos que D. Sebastião ainda não tinha começado o seu reinado, e se há menino que poderia ter vontade de completar a exploração cartográfica (que Pedro Nunes tinha classificado como "nem sequer deixar de fora um rochedo, um ilhéu, ou baixio") seria "o desejado". Como vimos sobre a Passarola o projecto de visitar "as regiões mais vizinhas dos Pólos", continuava bem presente no reinado de D. João V, pelo que é natural que D. Sebastião não tivesse conseguido a proeza, ou não conseguisse tê-lo feito saber às gerações posteriores.
Terminamos com uma referência ao décimo canto dos Lusíadas, onde se fala do pólo sul. Camões coloca Tétis a revelar ao Gama o futuro passado, num presente ainda mais passado, dizendo: » Vês a grande terra que, contínua, vai de Calisto ao seu contrário pólo? » Que soberba fará a luzente mina, do metal, que a cor tem do louro Apolo? » Castela vossa amiga, será digna de lançar-lhe o colar ao rude colo » Várias províncias tem de várias gentes, em ritos e costumes diferentes
... que é como quem diz: - Vês a América, que continuamente vai do pólo norte ao pólo sul? - a soberba humana será acesa pela sua Mina, de ouro. Castela irá lançar-lhe uma coleira ao rude pescoço, aos vários povos, rituais e costumes diferentes. » Mas que onde mais se alarga ali tereis parte também com pau vermelho nota » De Santa Cruz o nome lhe poreis, descobri-la-á a primeira vossa frota » Ao longo desta costa que tereis, irá buscando a parte mais remota » O Magalhães, no feito com verdade português, porém não na lealdade
... e Tétis continua: - Ficareis com Santa (ou Vera) Cruz, na parte onde a América mais se alarga, com o seu pau brasil, e ao longo desta vossa costa, vereis o Magalhães buscando a parte mais remota, um feito português, excepto na lealdade. » Desde passar a via mais que meia, que ao Antartico pólo vai da linha » Duma estatura quase Giganteia, homens verá de terra ali vizinha » E mais adiante o estreito, que se arreia, com nome dele agora, o qual caminha »Para outro mar e terra, que fica onde com suas frias asas o Austro a esconde
Passando mais de metade (45º) do caminho que do Equador vai ao Pólo Sul, verá os Patagões, quase gigantes, E mais abaixo, o Estreito de Magalhães, que leva a outro mar (Pacífico) e terra (Austrália? Antárctica?), que com frias asas o Austro (ou Austríaco) a esconde.
______________
Nota(12.12.2016)
- Foi corrigido o texto (parte relativa à equipa ser do Smithsonian não é fiável).
- Uma planta feita pelos alemães, onde se vêem os postos nazis em NeuSchwabenLand (a direcção do pólo sul é para cima).
A planta nazi da "Nova Suévia" (território antárctico entre longitude 5ºW e 25ºE) (ampliar)
- Outros links, fornecidos por Bate-n-avó, com material de interesse
(nomeadamente sobre o livro "Dos Açores à Antárctida" de Rainer Dahenhardt):
A propósito da Nova Suévia (NeuSchwabenLand) a província inventada pelos nazis na Antárctida, (de que falei no blog odemaia, no contexto as expedições do Almirante Richard Byrd), convém notar que esse território se encontra praticamente ao sul de África.
Mais precisamente, encontra-se a 69º ou 70º de latitude sul, lembrando que o Cabo da Boa Esperança está a 35º S. Ou seja, a viagem para sul, de São Tomé ao Cabo da Boa Esperança, teria a mesma extensão de latitude, do que uma viagem desse cabo até às paragens antárcticas da Nova Suévia. A questão remanescente é muito simples... ... teriam tido os navegadores portugueses a capacidade de fazer a viagem para sul, atingindo a Antárctida, no mesmo ponto onde os nazis desembarcaram em 1938-39?
Como não há registo, e o consenso será que não, "porque sim", inventando razões com o mar alto, o clima frígido, etc, vamos contextualizar. Falamos de uma viagem de 35º para sul. Os espanhóis tiveram carreiras regulares entre as Filipinas e o México, ao longo do Pacífico, sem escalas, que correspondiam a 130º. Isto para não falar em Fernão de Magalhães, que terá ido do Sul do Chile até às Filipinas, numa distância muito maior, e também sem escalas (reconhecidas). Portanto estamos a falar de extensões 4 a 6 vezes superiores, em mar alto, sem escalas, e onde pelo menos no caso de Magalhães, não podemos dizer que não tivesse experimentado o frio antárctico. Todas as dificuldades de orientação no imenso Pacífico parecem desaparecer para Fernão de Magalhães, como que por magia. E se no Oceano Atlântico ele parece obrigado a seguir a linha da costa argentina até ao Estreito de seu nome, depois a viagem (muitíssimo mais complicada) ao longo do Pacífico, não tem orientação costeira, mas parece ter sido um passeio no parque, que ninguém comenta. Ora o mais natural seria seguir na direcção da Nova Zelândia, que ficaria a 110º de diferença em longitude (com menor distância do que o grau equatorial), ou da Austrália, caso soubesse da sua existência, ou então na direcção da Nova Guiné. Seja como for, durante o Séc. XVI houve uma extensa terra a sul, chamada Terra Magallanica.
Porém, interessa-nos aqui apenas tornar evidente que nada tinha de "dificuldade assombrosa" atingir a costa Antárctica, quando se navegava pela Patagónia, ou pela Terra do Fogo, e depois se faziam grandes extensões no Pacífico, sem linha de costa, nem escalas.
Já sabemos que não é politicamente correcto citar Ramusio (1560) que, conforme já referimos dizia o seguinte (traduzindo):
... [o Rei de Portugal] não quer que saiba nem esta nem muitas outras coisas. E sobretudo, é proibido navegar para além do Cabo da Boa Esperança, em linha direita para o Pólo Antárctico, onde é opinião expressa de todos os pilotos portugueses que se vê um grandíssimo continente de terra firme, o qual corre nascente e poente, sobre o Pólo Antárctico. E dizem que doutra vez um excelente homem florentino, dito Amerigo Vespuccio, com certos barcos do dito Rei a encontrou e correu por um grande espaço, mas que depois foi proibido que algum aí possa andar.
Portanto, só restam dúvidas para quem as quer ter. Conforme dizia Ramusio, os portugueses seguiram a linha da costa da Antárctida, e cartografaram-lhe o contorno. Depois, por causa das insanas proibições, começaram na confusão habitual de misturar o continente austral - Austrália, com o continente mesmo austral - Antárctida. Vespúcio deu com a língua nos dentes, e falou demais, e em vez de ficar com fama ligada à Antárctida (o continente não cartografado pelos Antigos), ficou com fama ligada à América (que supostamente, também não era conhecida dos Antigos... pois!)
Agora, como o continente antárctico aparece à navegação com enormes paredes glaciares, com mais de 10 metros de altura, nalguns casos... a sua exploração interna foi sendo adiada, e os portugueses nem seriam os melhores para paragens geladas. Porém convém notar que até ao Séc. XVI a temperatura era mais alta, e não haveria provavelmente o mesmo contorno da costa, podendo haver até algumas partes "verdes" no continente antárctico.
Qual a razão da proibição? Para os que não acreditam nas proibições, e acham que a história vendida, é uma História séria, teriam aqui mais um problema sério, em explicar «navegações proibidas», mas o assunto terá uma explicação simples... simplesmente a Antárctida (tal como a Austrália), teriam vistas, que não era bom serem vistas. Ou seja, vestígios claros de presença antiga naquelas paragens! Pior, no caso da Antárctida, poderia haver mesmo pessoas congeladas, em excelente estado de preservação, tal como se poderá ainda hoje encontrar algum desgraçado explorador português congelado na Antárctida. Nesse sentido, todo o degelo, "todo o aquecimento global" aparece como muito incomodativo, porque nem sempre é fácil conter todo o pessoal desbocado, que veja alguma coisa que não devia ter visto.
Damos como exemplo, uma notícia que apareceu este ano (26 Julho 2016):
Ou seja, uma suposta equipa do Smithsonian teria descoberto três crânios enlongados na Antárctida.... mas com efeito a notícia apareceu mais vezes, havendo questões sobre a existência do investigador Damian Waters, que é mencionado no vídeo, podendo o vídeo ser uma simples fraude... ou não.
Voltando ao relato de Ramusio de 1560, lembramos que D. Sebastião ainda não tinha começado o seu reinado, e se há menino que poderia ter vontade de completar a exploração cartográfica (que Pedro Nunes tinha classificado como "nem sequer deixar de fora um rochedo, um ilhéu, ou baixio") seria "o desejado". Como vimos sobre a Passarola o projecto de visitar "as regiões mais vizinhas dos Pólos", continuava bem presente no reinado de D. João V, pelo que é natural que D. Sebastião não tivesse conseguido a proeza, ou não conseguisse tê-lo feito saber às gerações posteriores.
Terminamos com uma referência ao décimo canto dos Lusíadas, onde se fala do pólo sul. Camões coloca Tétis a revelar ao Gama o futuro passado, num presente ainda mais passado, dizendo: » Vês a grande terra que, contínua, vai de Calisto ao seu contrário pólo? » Que soberba fará a luzente mina, do metal, que a cor tem do louro Apolo? » Castela vossa amiga, será digna de lançar-lhe o colar ao rude colo » Várias províncias tem de várias gentes, em ritos e costumes diferentes
... que é como quem diz: - Vês a América, que continuamente vai do pólo norte ao pólo sul? - a soberba humana será acesa pela sua Mina, de ouro. Castela irá lançar-lhe uma coleira ao rude pescoço, aos vários povos, rituais e costumes diferentes. » Mas que onde mais se alarga ali tereis parte também com pau vermelho nota » De Santa Cruz o nome lhe poreis, descobri-la-á a primeira vossa frota » Ao longo desta costa que tereis, irá buscando a parte mais remota » O Magalhães, no feito com verdade português, porém não na lealdade
... e Tétis continua: - Ficareis com Santa (ou Vera) Cruz, na parte onde a América mais se alarga, com o seu pau brasil, e ao longo desta vossa costa, vereis o Magalhães buscando a parte mais remota, um feito português, excepto na lealdade. » Desde passar a via mais que meia, que ao Antartico pólo vai da linha » Duma estatura quase Giganteia, homens verá de terra ali vizinha » E mais adiante o estreito, que se arreia, com nome dele agora, o qual caminha »Para outro mar e terra, que fica onde com suas frias asas o Austro a esconde
Passando mais de metade (45º) do caminho que do Equador vai ao Pólo Sul, verá os Patagões, quase gigantes, E mais abaixo, o Estreito de Magalhães, que leva a outro mar (Pacífico) e terra (Austrália? Antárctica?), que com frias asas o Austro (ou Austríaco) a esconde.
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Nota(12.12.2016)
- Foi corrigido o texto (parte relativa à equipa ser do Smithsonian não é fiável).
- Uma planta feita pelos alemães, onde se vêem os postos nazis em NeuSchwabenLand (a direcção do pólo sul é para cima).
A planta nazi da "Nova Suévia" (território antárctico entre longitude 5ºW e 25ºE) (ampliar)
- Outros links, fornecidos por Bate-n-avó, com material de interesse
(nomeadamente sobre o livro "Dos Açores à Antárctida" de Rainer Dahenhardt):