Dois comentários recentes, relacionam D. Sebastião e italianos.
O título joga com a homofonia de "...
e tal, e anos", ainda que prefira "...
e tal ia" como referência a Itália.
A questão de Sebastião ser bastião, pois também entronca aqui.
(i) Começamos com a observação no
comentário sobre a Vista de Alcântara, que pode surpreender com a presença de italianos na Batalha de Alcântara de 1580, batalha que decidiu a derrota de D. António, Prior do Crato, e a vitória do Duque de Alba, com a consequente posterior coroação de Filipe II como rei português.
Na figura seguinte vemos o mapa aumentado, sublinhando as referências a Portugueses, Italianos e Tudescos, estando ainda referidos espanhóis:
Ora, conforme referi na resposta a esse comentário, também Italianos e Tudescos estiveram inseridos em terços do exército de D. Sebastião, na Batalha de Alcácer Quibir, dois anos antes, em 1578 (
ver aqui). Isto não deixa de ser curioso, já que se a um tempo estavam dispostos a lutar pelos portugueses, dois anos passados, as mesmas nacionalidades estavam a lutar contra os portugueses... ou pelo menos, visando a submissão portuguesa a rei externo.
(ii) Seguimos para o segundo comentário, de Gualdim,
sobre um projecto de Cenotáfio para D. Sebastião, executado em 1578 por Mario Cartaro, que foi gravador e cartógrafo italiano.
Na inscrição refere-se que o cenotáfio teria como destino a Basílica Farnesiana da Sociedade de Jesus, em Roma. Convirá lembrar que D. Sebastião terá sido um dos primeiros príncipes a receber formação jesuíta.
O cenotáfio, que não é um sepúlcro, é somente um monumento de lembrança a alguém que está sepultado noutro local, é especialmente interessante por conter 3 pelicanos, um símbolo associado a D. João II. O epíteto "farnesiano" refere-se certamente aos Farnese, uma família nobre italiana, que teve
Paulo III eleito como Papa.
Acontece que
Rainúncio, Duque de Parma, pelo lado paterno, era trisneto do papa Paulo III, e pelo lado materno, era neto do Infante Duarte, filho de D. Manuel.
um pretendente à sucessão de D. Sebastião
Rainúncio Farnese, não era apenas um candidato ao trono português, foi considerado o pretendente mais legítimo de acordo com as regras de sucessão, na morte do seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique. Seria visto como mais legítimo do que a sua tia, Catarina de Bragança, já que esta seria irmã mais nova da sua mãe. O problema é que o pai tinha sido súbdito do rei espanhol, o que tornou a sua pretensão muito frágil.
De qualquer forma, podemos assim a estar a ver uma movimentação antecipada de Rainúncio Farnese, para se posicionar numa eventual sucessão, ao encomendar um cenotáfio a D. Sebastião.