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O cosmographo Manoel Godinho de Eredia. Por ordem do Vise Rey Ayres de Saldanha descobrio a Ilha Nuca Antara ou Java menor, o Anno de 1601. E na tal ilha dise aver muytas minas de ouro e muita espesearia como cravo e masa e nós e sandalo branco e outras riquezas. É comforme ao cithio em que os Olandeses achárão a terra Endracht, esta therra maes ao Norte quase de 14 até 15 graos da parte Sul da linha equinoçial ficando distantes uma de outra pouco maes de 100 legoas segundo os terminos que os dous descobridores achárão cada hú na terra q vio podendo tambem ser, seré Conti Continuas ou estaré menos distantes.
No seguimento da utilização do Rodízio como um qualquer tipo de arma, que até ao momento desconheço, segue mais um documento Português com um Rodízio no meio de uma guarnição de artilharia por detrás de muralhas.
A ficha do mapa é a seguinte:
Material: Mapa; Título: Malaca [Cartográfico]; Ano: 1568
Assuntos: Guerras - Malaca (Malásia) - Obras anteriores a 1800
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart531967/cart531967.html
Para identificar o rodízio, temos de olhar a pequena guarnição no centro da imagem (...) Parece-me ter uma bandeira, e 3 rodízios, seria uma peça “especial” de artilharia?
Notas deste mapa:
1. Não conheço outro mapa, que tenha sobrevivido, com uma dedicatória a D. Sebastião, que tenha sido feito durante o seu reinado.
2. A dedicatória refere que o Vice-Rei da India era à época Dom Antão de Noronha
3. É também referido o capitão “heroico” que defendeu o cerco, D. Leonis Pereira, o mesmo a quem foi dedicado o seguinte poema por “Camoens”.
Soneto do mesmo Autor ao senhor Dom Lionis,acerca da victoria que houve contra el Rey do Achem em Malaca
Vós Ninfas da Gangética espessura,
cantai suavemente em voz sonora,
um grande capitão, que a roxa Aurora
dos filhos defendeu da noite escura.
Ajuntou-se a caterva negra e dura
que na Aurea Chersoneso afouta mora,
para lançar do caro ninho fora
aqueles que mais podem que a ventura.
Mas um forte Leão com pouca gente,
a multidão tão fera como néscia
destruindo castiga, e torna fraca.
Pois ó Ninfas cantai que claramente
mais do que fez Leónidas em Grécia,
o nobre Lionis fez em Malaca.
(1) Reinando, el Rey dom Sebastião, primeiro deste nome, e governando o Estado da Índia o vice-rei Dom Antão de Noronha, Sultão Alla Haradim Rey do d'Achem e doutros reinos, veio cercar esta cidade de Malaca. Sendo capitão dela Dom Lionis Pereira, o qual lha defendeu com duzentos portugueses, trazendo o inimigo trezentas velas e quinze mil homens de peleja, em que entravam muitos turcos e arrenegados, e outras gentes de diversas nações e dez mil homens de serviço. E o capitão lhe fez alevantar o cerco, como lhe matar el Rey de Arun, seu filho mais velho, e quatro mil homens, os principais capitães e soldados do seu exército, e lhe tomou algumas peças de artilharia. O ano de 1568.Porém, conforme referido por Djorge, surge nesta imagem uma peça que se assemelha ao rodízio de Afonso V. Essa peça está rodeada a amarelo, e depois aumentada com a resolução possível.
(2) Dom Lionis Pereira mandou meter esta sua nau no fundo com toda a fazenda por se o inimigo não lograr dela.
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Porta de Santiago, em Malaca |
... tanto louvor se dá àquele Pintor, que tirando a El Rey Filipepai de Alexandre per natural, tomou-lhe a postura do rostro demaneira, que lhe encobrisse o defeito que tinha, que era umolho a menos.
"Levantou-se agora uma dificuldade. Vicissitudes do restauro modificaram o primitivo aspecto do retratado e o Afonso de Albuquerque vindo de Goa ficou sem as imponentes barbas brancas com que estava representado na pintura inicial. Várias pessoas, entre elas o nosso Ministro da Educação Nacional [na altura Francisco de Paula Leite Pinto], não pode suportar um Afonso de Albuquerque sem as clássicas barbas brancas. Ora sucede que se supõe ter havido um troca nos retratos restaurados na India e por isso a Agência Geral das Colónias mandou vir a pintura que representa o Governador Soares de Albergaria, decisão que talvez solucione o assunto. O que pensa o meu amigo desta trapalhada? É difícil para si responder sem as muitas radiografias e fotografias que se fizeram dos vários estratos da pintura que na oficina se tratou."
Como durante a intervenção no painel de Afonso de Albuquerque foi descoberto o brasão dos Albergaria numa das camadas subjacentes, o próprio Ministro da Educação Nacional e o Ministro do Ultramar ordenam a vinda do retrato de Lopo Soares de Albergaria numa tentativa de confirmar se efetivamente houvera troca de quadros. O levantamento da repintura nesse painel revela uma outra personagem que se encontrava sob a figura de Lopo Soares de Albergaria, que afinal não era outro Afonso de Albuquerque, mas sim D. Francisco deMascarenhas, agravando-se a complexidade da situação.