A palavra grega
αγία deve ler-se como "
a guia", e não como "
águia", nem como "
agia".
No entanto, quer o significado de "
a guia", enquanto ser que guia, ou de "
águia", enquanto ser alado, ajustam-se bem à palavra grega.
Este tema surge por uma razão histórica simples e principal.
A razão da existência humana, além do aspecto animalesco. A razão da alma além do corpo.
Podemos pegar numa matilha de lobos e traçar a sua história por gerações.
Haverá uma linhagem real, de chefia da alcateia, podemos enumerar quem foram os seus lobos alfa e os beta, durante dezenas ou centenas de anos... mas qual seria o propósito disso?
Qual seria o propósito de fazer a árvore genealógica de uma alcateia de lobos?
- Nenhum, a menos de estudo genético.
Se listarmos a sucessão de reis ou chefes de uma nação, também o interesse é reduzido ou nulo, se não entendermos um propósito, alguma linha condutora. Se essa linha condutora se resumir a enaltecer algum maior domínio territorial, ou anos de melhor abundância para a população, então veremos que os objectivos dessa nação se resumem praticamente a uma feliz sobrevivência, tal como a alcateia de lobos.
Como os lobos não se preocupam em demasia com os aspectos políticos, de igual distribuição da riqueza alimentar, e conseguem sem problemas ter uma alcateia funcional, sem lobos mendicantes, não vemos propriamente qual seria o propósito não animalesco numa sociedade humana.
Com efeito, até ao advento dos primeiros aspectos culturais, a sociedade humana teria pouco de útil a transmitir. A sua brutalidade só seria maior, por uma falha natural de colocar um limite à ambição territorial, um limite à vontade de mandar e especialmente um limite à vontade de obedecer.
O advento da sociedade moderna, baseada numa lógica de "feliz sobrevivência", em que o maior objectivo dos seus líderes parece ser não ter qualquer outro objectivo, que não seja esse - o bem estar económico, foi de certa forma iludido com uma sociedade baseada no avanço científico.
O avanço científico foi sempre entendido como útil pelas nações como uma forma de supremacia tecnológica, até ao ponto em que começou a ser globalmente partilhado. Na forma de supremacia técnica, não serviria outro propósito que não fosse a "
sobrevivência dos mais aptos", e de novo voltaríamos ao aspecto animalesco.
A grande diferença na partilha do conhecimento foi estabelecer um outro inimigo - a ignorância.
Nesse aspecto, a ignorância da outra tribo deixaria de ser um bem (na competição animalesca), para passar a ser um mal (numa competição global contra a ignorância). Isto será um visão cândida, e é melhor encarar que a partilha de conhecimento será sempre estimulada por aqueles que não revelam a sua parte. Este ponto mesmo sendo preocupante é indiferente, porque as vantagens de partilha acabaram por ficar de sobremaneira evidenciadas, independentemente da intenção.
AnjosQue o moto principal da existência humana será a compreensão do universo, é um ponto que já abordei (ver
Princípio Antrópico, por exemplo). Outra questão seria saber se isso implicaria uma necessidade de sofrimento, conforme discutido
em texto anterior. Como uma parte do sofrimento passa pela ligação ao corpo, pode-se colocar a questão:
- Necessita a inteligência de suporte físico?