Em
novo comentário de José Manuel Oliveira é referido o Forte Ninigret, a que se juntam na mesma região de Rhode Island, as estruturas Newport Tower ou Dighton Rock.
Como creio que nunca falei aqui destes assuntos, é ocasião de o fazer.
(1) Dighton RockO grande calhau estava no meio do rio Tauton, antes de ser levado para o museu.
É claro que se notam inscrições de origem humana, mas dificilmente se consegue concluir alguma coisa sobre o que lá está escrito, a menos que a pessoa esteja munida de grande fé. Durante algum tempo, as inscrições estiveram mesmo marcadas a tinta, o que pré-condicionava a leitura.
O assunto foi ligado à presença de Miguel e Gaspar Corte Real, por
Edmund Delabarre em 1912.
Há outras interpretações que vão desde inscrições índias, fenícias, nórdicas, ou até chinesas...
Um grande entusiasta da teoria da origem portuguesa das inscrições foi o médico
Manuel Luciano da Silva, que também foi promotor do museu que contém a pedra.
Há quem considere muito relevante este achado, e deu-se grande importância ao assunto.
A principal razão da sua fama é que dali não se vai concluir coisa alguma, o que é excelente para quem quer deixar tudo como está, deixando algum espaço de mistério aos curiosos. Podem se perder anos e anos a discutir sobre o que está, esteve, ou poderia ter estado escrito.
Como se entenderá, nunca mencionei o assunto, porque nada dou por ele...
A chamada Newport Tower é uma peculiar construção antiga, que foi ficando como monumento de Newport. As suas origens eram antigas, descrita em 1741 como um antigo moinho.
Também Edmund Delabarre e depois Luciano da Silva consideraram que este era mais um monumento de origem portuguesa, nomeadamente referindo-se as semelhanças da estrutura à charola do Convento de Tomar.
Torre de Newport. Moinho de Chesterton. Charola do Convento de Tomar.
As semelhanças são de tal forma grandes, que a partir do momento em que vi o moinho inglês, deixei de pensar noutra hipótese.
Poderá argumentar-se que o material usado num caso e noutro são bastante diferentes, podendo aí haver semelhanças com algumas construções portuguesas feitas de xisto, mas nem há construções portuguesas semelhantes à torre de Newport (com possível excepção da charola de Tomar).
Qualquer comparação minimamente objectiva dará uma clara vantagem à teoria do moinho inglês.
Não quer isto dizer que seja uma conclusão definitiva, mas também sobre este assunto passei a dar pouca atenção à hipótese de se ter tratado de uma construção portuguesa.
Ainda em Rhode Island, Charlestown, foram feitas escavações sobre a existência de um forte. A área poderia ter sido habitada pela população indígena, mas depois nota-se uma clara presença europeia.
A hipótese de ter sido presença portuguesa, é abordada no site (indicado por J.M. Oliveira):
In 1812 a large study was conducted by archaeologist H.H. Wilde and he found many artifacts of Dutch origin. The Dutch in the 1500s were based in New York and could have built a trading post here but there is another intriguing possibility.
Archaeologist William Goodwin, excavating at the fort, found a piece of blue pottery with the letter “R” on it. Some experts believe this might have been the logo belonging to two Portuguese brothers, the explorers Gaspar and Miguel Corte-Real.
In 1500, King Manuel of Portugal encouraged Gasper Corte-Real, the younger brother, to search for lands in America for which he would be granted extended rights. Unfortunately, Gasper disappeared in 1501 while on his voyage. A year later Gasper’s older brother, Miguel Corte-Real, set out to search for his missing brother but he also disappeared.
Fort Ninigret’s mystery deepened in 1921 when an ancient cannon and rusted sword were discovered not far from Fort Ninigret. Along with the cannon several skeletons were also discovered, at least one of which was headless. The cannon identifies as a “cão” meaning dog and was only made by the Portuguese and dated from the 1500s. The sword was of Spanish origin and dated to the late 1400s.
De facto, a semelhança entre o canhão encontrado e os canhões portugueses é grande:
Canhão encontrado em Charlestown (esquerda) e canhão no Museu da Marinha (direita).
Acresce que não haveria razão para um canhão antigo (séc. XVI) ser encontrado em escavações do tempo da presença holandesa ou inglesa (séc. XVII). A espada sendo considerada portuguesa, pode ter tido fabrico espanhol.
Assim, o caso do Forte Ninigret e do canhão encontrado na sua proximidade, é substancialmente diferente dos casos da Torre de Newport e da Pedra de Dighton. Neste caso existe uma possibilidade assinalável de ser um registo português na América do Norte.
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Comentário resposta de José Manuel Oliveira (3.12.2019):A Torre de Newport com os seus oito arcos e um nicho interior, sem janelas para o exterior, lembra algo idêntico feito em Portugal, as análises à argamassa das pedras prova ser anterior à ocupação inglesa (1500+- 50 anos), fica por se saber quem a construiu, mas que não serve para moinho isso está provado, e é bem diferente da Chesterton que tem seis arcos e várias janelas.
Esse Chesterton com seis arcos, certamente não foi construído para ser um moinho, ambos têm aspeto de miradouros, para mim foram o início dum templo religioso do género de Tomar, ou dum forte militar que não acabaram,
Dighton Rock esteve centenas de anos dentro de água, as inscrições foram quase apagadas pela subida das águas, o que é que hoje pode lá ver claramente? pouco ou nada, mas na época de Delabarre era clara a gravura de: MIGUEL CORTEREAL v[oluntate] DEI hic DUX IND[iorum] 1511, para mim não será uma prova cabal da presença portuguesa na América do Norte, há outras melhores…