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Não ocorrendo nada de forma acidental, haverá alguma forma de controlo? Ou seja, coloca-se a interrogação sobre a existência de alguma entidade que presida a um eventual controlo.

A questão tem diversos níveis, começando pelo mais simples, à escala humana - ou seja, se existe ou existiu uma elite que foi controlando a deriva humana, de forma mais ou menos acidental ou propositada - até chegar ao ponto da escala sobre-humana, que ora coloca a evolução animal como planeamento extraterrestre conspirativo, ora leva a conceitos teológicos de criação divina.

Em reflexão relativa à imagem do postal anterior, deixo aqui o Homem no outro lado do espelho.
Porquê? Porque, seja sobre impotência ou máxima potência, toda a discussão é feita entre homens, ou ainda, no seu aspecto mais profundo, por cada homem na reflexão em si mesmo.

Limitações ilimitadas
Um argumento típico é o de que não podemos reflectir em aspectos sobre-humanos, porque está para além das nossas capacidades. Parecendo fazer todo o sentido, cai numa contradição prática, pois podemos, por exemplo, trabalhar com números que excedem largamente os átomos, ou partículas, do universo físico. Ou seja, trabalhamos facilmente com noções estão muito acima da escala material admitida pela Física.
Segundo contas recentes, o número de átomos no universo físico observável andará pelos 1082 átomos, estimativa por alto, sendo um número de 82 dígitos, o que não é nada...
Basta notar que o número de dígitos de Pi está com o recorde de cálculo em 31 biliões de dígitos, e há mais de trezentos anos, em 1706, Machin calculou à mão 100 dígitos de Pi. Convém notar que para calcular o perímetro do universo com um erro inferior ao tamanho de um electrão, bastaria usar Pi com "apenas" 40 dígitos (isto indo pelo dogma da velocidade máxima da luz e da suposta idade do universo em menos de 15 milhares de milhões de anos).
Isto apenas para exemplificar que podemos trabalhar com noções muito acima de qualquer correspondente material conhecido. Podemos manipulá-las com certeza matemática.

Por isso, é incorrecto argumentar sobre a incapacidade de reflectir sobre coisas que nos transcendem.
Não é por não tocarmos no Sol que não existe toda uma teoria astrofísica que assume compreender os seus processos físicos. Não podendo entrar na cabeça de outro, não deixamos de procurar antever o pensamento alheio. Qualquer pensamento humano é uma especulação baseada nos sucessos e insucessos da nossa experiência de vida. Se há coisa que o caracteriza é não lhe conhecermos limitações, podendo insistir na falsidade, como se tratasse de uma indiscutível verdade.

Portanto, antes de reflectir sobre a divindade, esclarece-se que nada o impede, excepto parar de ler.

Aspecto teológico.
Qualquer entidade, incluindo a divindade, está confinada ao seu próprio universo.
Claro que se assume que o universo divino transcenderá o universo material, mas não pode deixar de ser uma qualquer estrutura.
Pode uma entidade divina controlar tudo o que se passou ou vai passar no seu universo?
Sim, mas nesse caso terá que se identificar ao seu próprio universo.
Até aqui parece estar tudo na paz eclesiástica, dizendo que Deus se identifica ao universo.
Porém, estando tudo contido em Si, do princípio ao fim, não poderia exercer qualquer acção, porque nada há para ser alterado, impedido, ou efectuado.

Romantizando o assunto, a suprema concretização divina seria definir o que iria acontecer, de entre tudo o que poderia acontecer. Alcançado esse objectivo supremo, não restaria qualquer espaço de acção, e sem possibilidade de acção a divindade morreria. O legado deixado, seria este universo, o único viável, para habitarmos. Seria esse o fim divino? Não, se reencarnasse sem memória, em cada ser inteligente... e daí o legado habitual, em que todos os humanos se vêem como pequenos deuses.
Esta versão romantizada é história, mas corresponderia a um sacrifício muito diferente de perecer humanamente, mantendo a vida divina. Neste caso, corresponderia a perecer propositadamente com a finalidade única de tornar possível a existência universal.
É história, porque é dispensável, e o legado, o universo, formar-se com ou sem protagonista criador é folclore facultativo. Não teria outra viabilidade, porque nem a inexistência era viável.

Noutra tendência, é argumentado que cada homem tem livre-arbítrio para escolher o seu percurso. A divindade sabe o que acontece se a escolha for uma, ou outra, mas não sabe o que o homem escolhe.
Estando viva, não se distinguiria de nós - há coisas que sabemos e outras que não sabemos.
Além disso, sabendo que nós iremos escolher o que escolhemos, qual a necessidade de sequer considerar as outras hipóteses? Não ocorrendo, são apenas ficção ou arte.
Aliás, falar do livre arbítrio humano seria pensar que algo poderia ser acidental... ora, sobre isso já falámos (no postal anterior). 
A hipótese reconfortante é que, estando definido o desenvolvimento do princípio ao fim, ficaremos sempre sob os auspícios da herança de um universo eternamente viável.

Aspecto humano.
É indiferente saber se temos competidores humanóides na inteligência, já que na prática é admitido que essa inteligência seria semelhante, e manifesta-se também entre nós, entre aqueles que são mais capazes que outros.
É ainda indiferente saber se existiu uma civilização alienígena que nos criou em tubo de ensaio, porque as nossas dúvidas de criação passariam a ser as dúvidas sobre a criação dos criadores.

Interessa saber se no meio da noite pré-histórica emergiu alguma tribo capaz de exercer um controlo superior sobre os restantes.
Quando? - Para esse efeito ser notado, o controlo de que estou a falar deixou de ser o controlo das tribos vizinhas, ou melhor, alargou-se, com a sucessiva conquista das tribos vizinhas.
Por isso, estamos a falar de um tempo de escassez, em que a sobrevivência passava por uma luta de territórios. Os territórios mais populosos, mais sujeitos a variações de alimento, e de certa forma confinados por razões geográficas - ou seja, ilhas razoavelmente grandes - teriam sido palco do desenvolvimento hostil de humanos extremamente competitivos.

Nesse aspecto convém notar que a estrutura tribal sempre contou com um chefe, mas fez ainda aparecer sacerdotes ou xamãs, algo que não seria a priori natural de ocorrer em diferentes paragens remotas, e com pouco contacto entre si. Uma hipótese é que estes xamãs seriam um ponto de contacto que formaria uma primitiva sociedade secreta, reguladora da civilização humana.
Sem esse controlo superior, o que aconteceria por medo do exterior, seria uma radicalização das disputas, até ao ponto de apenas sobreviver um povo. Como isso não ocorreu, e foram-se mantendo diversos povos, em estados civilizacionais bastantes diferentes, isso é indicador que pode ter existido desde cedo uma estrutura reguladora do poder. Essencial é que teria que ser secreta, sob pena de se tornar visível para a população, e assim passar a ser um alvo a dizimar, nas lutas de poder, para além dos alvos visíveis, que seriam os chefes tribais.

Uma parte fulcral da sociedade medieval europeia era exercida não apenas pelo poder secular dos reis, mas também por um outro poder centralizador, colocado no papa, detentor do poder temporal. Este terá sido um dos aspectos mais visíveis da presença de uma fonte diferente de poder, que era exercido não pelas armas de ferro, mas sim pelos jogos políticos realizados através da Igreja.
Parece-me bastante crível que sempre tenha estado presente esse poder, sempre de forma algo submersa e secreta, e que mesmo na Idade Média tenha sido suficientemente secreto para poder estar acima do alvo visível que era a Igreja, ocultando-se nos seus meandros... tal como provavelmente hoje se ocultará no meio de meandros financeiros.




(English translation 21.01.2020)

A quest for questions (2)

Nothing happening accidentally, will there be some form of control? That is, there is the question of the existence of an entity that presides over a possible control.

The question has several levels, starting with the most simple, the human scale - that is, whether there existed an elite who was controlling the human development from accidental to deliberate action - or in a superhuman scale, such as being animal evolution a conspiratorial extraterrestrial planning, leading to the theological concepts of divine creation.

As a reflection of the image from the previous post, here I picture Man on the other side of the mirror.
Why? Because, talking about impotence or maximum power, the whole discussion is made between men, or, at its deepest point, for every man in his self reflection.

Unlimited limitations
A typical argument is that we can not think about superhuman aspects, because it is beyond our capabilities. Seeming to make perfect sense, it falls in a practical contradiction. In fact, for example, we can work with numbers that far exceed the atoms or particles of the physical universe. We easily work with notions that are far above the range permitted by material Physics.

According to recent accounts , the number of atoms in the observable universe is around 10 82 atoms, a rough estimate, a number of 82 digits, which is nothing ...
Just note that the number of digits of Pi has a record calculation of 31 trillion digits, and there are over three hundred years, in 1706, Machin calculated by hand 100 digits of Pi. It should be noted that to calculate the perimeter of the universe with an error of less than the size of an electron, it would suffice to use Pi with "only" 40 digits (believing the dogma of the maximum speed of light and the supposed age of the universe in less than 15 thousand millions of years).
This is just to illustrate that we can work with notions that are far above any known material parallel. We can manipulate them with mathematical certainty.

So it is incorrect to argue about the inability to reflect on things that transcend us.
We do not need to touch the sun to accept that there exists a whole astrophysics theory that assumes understanding its physical processes. We are not able to get into the head of other, but we seek to anticipate other people's thinking. Any human thought is a speculation based on the successes and failures from our life experience. If there is anything that characterizes thought is not knowing its limitations, being able to insist on falsehood as if it an indisputable truth was stated.
So before thinking about the deity, we clarify that nothing prevents it, except stop reading.

Theological aspect.
Any person, including the deity, is confined to his own universe.
Of course it is assumed that the divine universe transcend the material universe, but nevertheless some structure must be present.
Can a divine entity control everything that happened or will occur in his universe?
Yes, but then he must be identified with his own universe.
So far everything seems to be in ecclesiastical peace, saying that God identifies with the universe.
However, all being contained in himself, from the beginning until the end, he could not take any action, because there is nothing to be changed, stopped or carried out.

Romanticizing it, the supreme divine achievement would be to define what would happen, from everything that could happen. Reached this ultimate goal, there would be no room for action, and with no possibility of action, the divinity dies. The legacy, it would be this universe, the only feasible to live in. This would be the divine ending? No, if he would become reincarnated, with no memory, in each intelligent creature... and hence the legacy in which all humans see themselves as little gods.
This romanticized version is a story, but it would correspond to a very different sacrifice, and not just humanly perish keeping the divine life. In this case, it would correspond to perish purposely for the sole purpose of making possible a universal existence.
It is a story, because it is unnecessary, since the legacy, the universe, to be formed with or without the need of a creator being is an optional folklore. The universe would have no other viability, because not even the option of inexistence was feasible.

In another trend, it is argued that every man has free will to choose his own path. Divinity knows what happens if the choice is one or the other, but it does not know what man chooses.
Being alive, he would do not be different from us - there are things we know and others we do not know.
Also, knowing that we will choose what we choose, what is the need to even consider the other assumptions? Events that do not take place, are just fiction or art.
Also, speaking about human free will would be to think that something could be accidental ... well, we just talked about that (in the previous post ). 
The comforting hypothesis is that, being set the development from beginning to end, we will always be under the auspices of the inheritance of eternal and reliable universe.

Human aspect.
It is irrelevant to know whether we have humanoid competitors in intelligence, since in practice it is admitted that this intelligence would look like ours, and among us there are also those who are more capable than others.
It is also irrelevant whether there was an alien civilization that created us in a tube, because our creation doubts would become doubts about the creation of the creators.

We are interested to know if in the prehistoric night some tribe become able to exert superior control over the others.
When? - To notice such effect, the control I am talking about is no longer the control of neighboring tribes, it was widened, with the successive conquest of neighboring tribes.
So we are talking about a period of difficulties, shortage, in which survival was a struggle over territories. The most populated areas, more subject to variations of food, and somewhat confined by geographical reasons - that is, to fairly large islands - had been the scene of hostile development of highly competitive human beings.

With respect to this, it should be noted that the tribal structure always had a chief, together with priests or shamans, something that would not be the natural thing to occur in different remote places, with little or no contact among each other. 
One hypothesis is that these shamans would be a contact point that would form a primitive secret society, a regulator of human civilization.
Without this greater control, what would happen for fear of the outside, it would be a radicalization of disputes, to the point of remaining a single people. As this did not occur, and many people in different stages of civilization were kept, this is an indicator that may have existed early a regulatory structure of power. Essential is that it would have to be secret, under penalty of becoming visible to the population, and thus become a target to destroy, in power struggles, beside the visible targets, which were the tribal chiefs.

A key part of the European medieval society was not only the secular power of kings, there was another centralized power, held by the Pope, holder of temporal power. This was one of the most visible aspects of the presence of a source of power that was not held by iron weapons, but by the political games held by the Church.
It seems believable enough that this power has always been present, somewhat submerged and secret, and that even in the Middle Ages it was sufficiently secret to be above a visible target such as the Church, hiding in its intricacies. .. as likely today it hides in the middle of the financial intricacies.

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