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Como os romanos possuíam um elaborado sistema de abastecimento de água, o hábito da lavagem de mãos, que seria certamente refrescante na Judeia, era visto como um desperdício exótico por muito dos povos sujeitos aos romanos. O lavar das mãos de Pilatos, que isentava as suas mãos do sangue de Jesus, passou para a posterioridade com um significado pouco higiénico.

Chegarmos ao Séc. XXI com instruções de saúde que se resumem a um "lavar de mãos", parece remeter-nos aos tempos primitivos em que a peste assolava cidades, e a instrução de salvaguarda era manter as populações isoladas, praticando um afastamento higiénico.

Convém perguntar qual será a diferença entre as orientações das "entidades de saúde" e os conselhos das avós, quando éramos crianças. Rapidamente poderemos concluir que as nossas avós eram bastante menos mentirosas, atabalhoadas ou bobas. Só faltará às autoridades sugerirem colocar pimenta nos dedos, para não os levar à boca.

Se há uns meses alguém fizesse uma aposta de que conseguiria passear-se em Paris, Milão, Madrid, Roma, como se tratassem de cidades fantasma, certamente pensaria ganhar sem qualquer problema. 
E se alguém apostou o contrário, teria outra ideia na cabeça... 
Quando foi feito o filme Vanilla Sky, apenas com autorizações especiais conseguiram filmar em Nova Iorque com uma Times Square esvaziada, que é praticamente o cenário actual:

Imagens de Times Square vazia, com o recolher obrigatório (esq.). Imagens de Vanilla Sky (dir.).

O realizador poderia ter escolhido outro cenário, mas pensou que acordar numa Times Square deserta, sem vivalma, seria algo tão bizarro que o personagem teria que forçosamente perguntar-se se estava a vivenciar um sonho ou uma realidade.

O número de mortes anual em Portugal, na Itália (e em boa parte dos países) é de 1% da população por ano. Ou seja, no ano de 2019 morreram aproximadamente 100 mil pessoas em Portugal (à volta de 500 mil em Itália), pelas mais diferentes razões. 
Num mês, isto significa um número de mortes que ronda as 10 mil (50 mil em Itália).
A maioria dessas mortes será de pessoas acima dos 80 anos, por razões que podem ser apontadas, mas que antigamente, em tempos menos politicamente correctos, seria dito "morreu de velho", porque a partir dos 80/90 anos as células entram numa fragilidade persistente, e se não morre de uma doença, aparece outra, etc.

Nos EUA a percentagem de mortes anual é semelhante, e desse número 7% podem ser atribuídas a gripes e pneumonia, presumindo-se que algo semelhante ocorra em Portugal e Itália. 
Ou seja, está praticamente instituído que, por mês, e especialmente nos meses de inverno, os números podem chegar aos mil mortos em Portugal, e 5 mil em Itália. 
Ou seja, o número de 5 mil mortes em Itália, passado um mês, não será assim fora do comum, face aos problemas de gripes e pneumonias que normalmente ocorrem. Aliás, dado o envelhecimento da população, 99% dos mortos associados ao corona-vírus em Itália tinham outras doenças graves.

Todos os anos aparecem novas estirpes de vírus, e daí ter-se propagado o hábito de proceder a uma vacinação aos grupos etários mais velhos, mas isso não impede a sequência natural das coisas...
Parece ainda claro que foi lançado um novo corona-vírus, e que este bicho é mais perigoso que os anteriores, não tanto pela mortalidade, mas sim pela sua fácil capacidade de transmissão. 

Inicialmente julgou-se que seria possível passar esta fase da forma habitual... deixar a coisa transmitir-se e no final, contar os mortos. Provavelmente as contas não seriam muito diferentes, só que o procedimento habitual, que seria deixar o pessoal morrer naturalmente pelas complicações das pneumonias... foi dificultado pela monotorização do vírus, que tinha um nome, era identificável, e estava sob escrutínio da comunidade. Ainda há uma semana Inglaterra e Estados Unidos estavam convictos de deixar o vírus à vontade, mas foram forçados a ceder, pois seria evidente a saturação dos sistemas de saúde.

Entramos na fase da lavagem de Pilatos, em que os governos vão ser condenados a recuperar a economia, ao passo que os mercados financeiros vão lavar as mãos, para depois cobrarem a preço de ouro a encenação em curso de que a fabricação de euros e dólares tem suporte financeiro.

Entretanto, os cidadãos vão ficando numa prisão domiciliária ridícula, onde o simples passear é crime, e onde até parece que os carros são também transmissores de vírus... 
A vantagem do assunto é que a situação foi de tal forma exagerada que nem se dá espaço aos outros vírus para seguirem o seu caminho. Este distanciamento não bloqueia apenas o corona-vírus, vai bloquear toda a contaminação, e no final de contas, o que podemos ter a mais de mortes por um vírus, irá compensar o que temos a menos pelos outros... 

Com as habituais continhas de jerico, que prevêem um pico do vírus para 14 de Abril, ou seja aproximadamente 45 dias depois do início, podemos prever o seguinte:
Ou seja, que amanhã, 23 de Março haverá ~ 2010 casos, depois 2500, 3080, 3750, etc... chegando a aproximadamente 8 500 casos no final deste mês. Se o sistema aguentar, é natural que o governo não pense passar dos 25 mil casos, com umas 300 mortes associadas. 
Ao contrário do caso italiano, a curva portuguesa progride de forma bonitinha, previsível durante toda esta semana, podendo pensar-se até em manipulação de dados.

O que parece claro é que quando nos livrarmos do vírus, teremos que lidar com os outros agentes parasitas do sistema, e daqui até lá, convém que ponham açaimes nos hitlerzinhos de serviço, porque senão ainda haverá chatices menos higiénicas do que o simples lavar de mãos.

Ao cuidado da direcção da saúde, ficam recomendações de 1819 (Annaes das sciencias, das artes e das letras, Volumes 3-4, pág.134):
Provas da efficacia das fumigações acidas.
Pringle já em 1750 tinha conhecido a propriedade anti-contagiosa dos acidos mineraes, e em 1758 o Dr. Johnstone se serviu com grande vantagem dos vapores do acido muriatico, corrigindo o contagio de uma febre summamente maligna, que dois annos antes tinha reinado em Kidderminster. M. Guyton-Morveau, em 1773 , purificou em Dijon, por meio das fumigações de acido muriatico, a igreja de St. Estevão infectada por miasmas procedidos dos carneiros da igreja, e na qual se tinham em vão tentado as fumigações de vinagre, a detonação do nitro, os perfumes, etc. A mesma experiencia foi pouco depois repetida com a mesma felicidade nas prisões da mesma cidade: em 1780 a Academia das Sciencias de Paris, depois de ouvida huma commissão dos seus membros, deu uma plena approvação às fumigações de acido muriatico, porém apesar desta decisão, e de instrucções e admoestações inseridas em diversas obras e espalhadas com profusão, ficou tão util practica em esquecimento por espaço de doze annos, até que em 1792 se manifestou um contagio com grande violencia nos hospitaes militares do interior da França, custando a vida a muitos enfermeiros e medicos : as fumigações de acido muriatico puseram logo um termo á doença nos hospitais de St. Cyr, de Franciade e do Gros Caillou em Paris, e posteriormente nos dos departamentos de Saône e Loire e da Costa de Ouro. No lazareto de Marselha em 1804 se impediu a introducção da febre amarella, que então reinava em Cadiz, Malaga, e Liorne, apezar dos navios que destes portos chegavam diariamente. Mr. Desgenettes, primeiro medico dos exercitos, declarou em uma carta dirigida ao secretario da classe das sciencias physicas do Instituto de França, que depois que nas enfermarias do hospital militar de Parts se faziam as fumigações com o gaz acido muriatico oxygenado, tinham cessado de se pegar as febres contagiosas que os doentes alli traziam de fora, aos que já estavam no hospital e aos enfermeiros, como dantes acontecia. O mesmo experimentaram o D. Masuyer, professor de medecina na Faculdade de Strasburgo, e antigo medico dos exercitos, os Doctores Schall e Hessert, que no seu Tratado da Febre Miliar declarão a efficacia superior e incontestavel desta fumigação, e o D. Neurohr, medico de Bergzabern.
Bom, e é claro que estas recomendações são apenas dirigidas aos responsáveis pela DGS, actuais e anteriores, já que se espera, como habitual, uma maior inteligência da população em geral.

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publicado às 02:46


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