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Na segunda metade do século XV, destacamos o mapamundi de Fra Mauro. Tem uma legenda que diz que osnavios portugueses atingiram mais de 2000 milhas alémdo estreito de Gibraltar… «por tal forma que, persistindoem seguir nesse caminho, chegaram a pôr a proa ao Sulquarta de Sudeste, ultrapassaram o meridiano de Tunis e alcançaram quase o de Alexandria, encontrando por todaa parte boas praias, com pouco fundo e navegaçãobastante boa, sempre sem tormenta»
No mapa-mundi de Fra Mauro, elaborado em 1457 e 1459, em Veneza, por mandado de D. Afonso V, e que veio para Portugal, apresenta-se uma legenda no sudoeste da representação do continente africano. Diz que os portugueses chegaram a mais de 2 000 milhas além do estreito de Gibraltar. Sabe-se, por este exemplar, que Fra Mauro teve em seu poder novas cartas portuguesas, concluindo Jaime e Armando Cortesão dos seus estudos, que: «Reconhecemos, em abono dos críticos mais exigentes, que a aceitação da legenda, no seu extraordinário teor, oferece dificuldades, que é temerário incorporá-la, sem discussão à história. Mas mais grave se nos afigura eliminá-la sem apelo, quanto mais não seja como conjectura digna de porfiado estudo.»Este «torna-se dia a dia mais claro», que Manuel Fernandes Costa salienta é, claro está, uma afirmação para sorrirmos, passados mais 40 anos de longa escuridão.
Porquê estas palavras? Porque a legenda revela esta coisa espantosa: que antes de 1457 os portugueses teriam dobrado o Cabo da Boa Esperança. Ora o que estranharam os irmãos Cortesão, torna-se dia a dia mais claro, depois da certeza a que se chegou de que se realizaram viagens de portugueses no Índico, antes das de Bartolomeu Dias e Vasco da Gama.
No ano de 1428 diz que foi o Infante dom Pedro a Inglaterra, França, Alemanha, à casa sancta, e a outras daquela banda, tornou por Itália, esteve em Roma, & Veneza, trouxe de lá um Mapamundo que tinha todo o âmbito da terra, & o estreito do Magalhães se chamava Cola do dragam [Cauda do Dragão], o cabo de Boa esperança, fronteira de Africa, e que deste padrão se ajudava o Infante dom Anrique em seu descobrimento. Francisco de sousa tauarez [Francisco de Sousa Tavares] me disse que no ano de 528 [... 1528] o Infante dom Fernando lhe amostrara um Mapa que se achara no cartório Dalcobaça [de Alcobaça] que havia mais de cento & vinte anos que era feito, o qual tinha toda navegação da Índia, com o cabo de Boa esperança, como as de agora, se assim é isto, já em tempo passado era tanto como agora, ou mais descoberto.
E fizeram o mar tão chão que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena ilha, alguns baixos, ou se quer algum penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto.Mas, enfim, Pedro Nunes, Jaime Cortesão, Armando Cortesão, Gago Coutinho, serão figuras "pouco credíveis", quando confrontados com os membros dos partidos, dos sindicatos, da maçonaria, os donos das editoras, os intelectuais de pacotilha, os anónimos burocratas, etc, enfim, todos esses grandes vultos da mediocridade outorgada, que decidem a "verdade chancelada" pelo politicamente correcto... ou como Mao Tsé Tung lhe chamou - Revolução cultural.
Ora manifesto é que estes descobrimentos de coisas, não se fizeram indo acertar, mas partiam os nossos mareantes muito ensinados e providos de instrumentos e regras de astrologia e geometria, que são coisas que os cosmógrafos hão-de andar apercebidos, segundo diz Ptolomeu no primeiro livro da sua Geografia. Levavam cartas mui particularmente rumadas e não já as que os antigos usavam, que não tinham mais figurados que doze ventos e navegam sem agulha.