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O mapa seguinte (obtido aqui) reporta as navegações de Nicolo Zeno e Antonio Zeno, à Islândia e Gronelândia, no final do Séc. XIV, mais concretamente em 1380.
O carta deve ser italiana (mesmo muito posterior à descrição do neto Catarino Zeno, provavelmente do Séc. XVII), mas reporta-se a essas viagens anteriores, conforme se vê na legenda superior do mapa:

É interessante saber que os italianos chamavam Tramontana à parte Ártica. Neste caso o meridiano zero passaria ao largo da Escócia, pela Irlanda e pela costa portuguesa.

Outros nomes relevantes:

  • habituais: Grolandia, Islanda, Norvegia, Svecia, Gocia, Dania, Scocia;
  • menos habituais: Engronelant, Estotiland, Drogeo, Icaria, Frisland;

Candido Costa, em 1896, relata uma versão dos descobrimentos medievais da América, em muito referindo-se à tese do antiquário Carl Christian Rafn (1795-1864):

Em 861 a Islândia terá sido descoberta por um pirata norueguês que a denominou "Sneeland", a que se seguiu um outro, de nome Floko que lhe deu o nome actual. Candido Costa não deixa de anotar que os piratas escandinavos visitariam a Gronelândia desde o Séc. VI.

Em 863 há ainda relato de uma viagem à Islândia de Gardar, normando de origem sueca. Logo de seguida, em 868, alguns aristocratas descontentes com o reinado do rei Harald da Noruega terão decidido formar governo na Islândia, sob regência de Ingolf. Em 928 a colónia florescia, e a partir da Islândia em 982, Eric "o Ruivo" estabelece uma outra colónia na Gronelândia.

Em 985, Bjorn Hieriolfson terá navegado nas costas da América e comunicado isso ao filho de Eric, que ficou conhecido como Leif Ericson. A viagem de Leif é colocada em 1001, estabelecendo colónias em Helleland (Terra Pedregosa), Markland (Terra de Mato) e Vinland (Terra do Vinho), a primeira das quais Candido Costa associa à Terra Nova, e as seguintes a partes do continente americano.

O sucessor de Leif é apontado como Thorfinn Harbefeue, que se casou na Gronelândia e teve um filho, já na América, em 1008, de nome Snorr. Desse Snorr descenderiam os bispos da Islândia: Thorlak, Bjoern e Brand.

Para confirmar esta presença, pelo menos na Gronelândia, C. Rafn apontou uma pedra rúnica descoberta por Pelinut em 1824, a 73ºN de latitude, que diria:

Erling Sigvalson, Bjorn Hordeson e Endride Addon, sábado antes de Gagnday (25 de Abril), levantaram este montam de pedras e limparam este lugar no ano de 1135.

Ou seja, estamos em latitudes acima do Estreito de Davis (1587), na Baía de Baffin (1616), com a diferença de 500 anos. As dificuldades surgidas 500 anos depois podem estar relacionadas com um "arrefecimento global" do planeta, que tornou impraticáveis viagens a latitudes tão elevadas. E este apontamento tem alguma relevância para as concepções actuais de "aquecimento global".

Acrescenta Candido Costa que a igreja de Hamburgo já reconheceria em 834 a Gronelândia, havendo mesmo menção numa Breve de Gregorio IV, papa em 827. Em 1383 chegou notícia de ter falecido 6 anos antes um bispo de terras americanas. Houve notícia em 1121 de um bispo Eric ter sido transportado da Gronelândia para Vinland, para conversão dos compatriotas que ainda seriam pagãos. Mesmo em 1443 o Papa Eugénio IV terá designado um bispo para a Gronelândia, e esse conhecimento é confirmado na Bula Exinjuncto de Nicolao V.

A reportada a viagem à Islândia e Gronelândia, dos irmãos Antonio e Nicolao Zeno, conforme o mapa, em 1380, em serviço de um princípe das Ilhas Faroé, passa assim por novidade apenas nalgumas latitudes.

Em 1418 a Gronelândia sofre uma invasão e destruição completa da colónia. Isso é atribuído a um Princípe Zichmni (que alguns associam a um Conde de Orkney, Henry Sinclair, pretensamente templário... o nome parecerá mais árabe).

Há ainda a lenda do princípe de Gales, Madoc, que teria viajado com a sua corte para a América, no Séc. XII, e uma eventual relação linguistica com índios brancos, que falavam uma língua que estaria entre o Galês e o Português, de acordo com os primeiros colonos...

Mas talvez a parte mais interessante no trabalho de Candido Costa é ele centrar o seu trabalho na data da descoberta do Brasil (22 de Abril, corrigido pelo calendário a 3 de Maio). Apenas como trabalho de rodapé surge toda a restante descrição histórica... diz assim:

"Além do que fica exposto, este livro contém elementos que comprovam o conhecimento que tinham da América antigos povos do Oriente e da Europa, antes que Colombo houvesse aventurado à empresa da qual resultou a sua maior glória. Nesse contexto não se revela a forma elevada dos que se abalançaram com a filosofia da história a tornar sumptuoso e aprimorado o assunto, que descrevo pela rama, sem fitar as altitudes a que os mais competentes possam atingir. (...) Não entro tão pouco nos complicados meandros da lei geral da evolução para formar o conjunto de apreciações filosóficas, até à época do grande acontecimento pelo qual se tornou conhecido definitivamente o continente americano."

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publicado às 19:14


14 comentários

De Anónimo a 21.04.2010 às 19:39

Olá,
Junto aqui uma recolha de dados que era par comentar noutro blogue sobre Colombo e sua viagem à Gronelândia ou Canada possivelmente, quererem esconder a existência desta colónia e não ensinarem nas escolas que Colombo não descobriu a América é no mínimo estranho, como o é não encontrar os resultados do ADN dalguns destes 4.000 colonos!
Como continuam pouco divulgadas estas seis capelas junto a Hvalsey Church, 7 construções de pedra como as portuguesas…
apesar de ser candidata a património mundial da humanidade pela UNESCO!
61°00′N 45°25′E / 61°N 45.417°E / 61; 45.417
Mas no norte da Gronelândia encontraram vestígios de grandes casas comunais de pedra muito mais antigas, anteriores aos esquimós… usavam o urso polar xamânico como o encontrado na "Pedra furada do Brasil", mas isto é outra história (das cavernas….).

Mas a propósito acabei de ver na RTL 9 o filme "Pathfinder, le sang du guerrier" de Marcus Nispel (USA 2006) que lhe recomendo, e que ilustra bem a parte dos Vikings antes de Colombo nas Américas, que nunca se estabeleceram nem criaram colónias em lado nenhum.

Cumprimentos,
José Manuel CH-GE¬

The Eastern Settlement (Old Norse: Eystribygð Icelandic: Eystribyggð) was the largest and first of the three areas of Greenland,
settled in approximately 985 AD by Norse farmers from Iceland (the other settlements being the Western and Middle Settlements).
At its peak it contained approximately 4,000 inhabitants. The last written record from the Eastern Settlement is of a wedding in 1408;
thus it ceased to be occupied after around 1410-1420 AD, about 60-70 years longer than the Western Settlement.
Despite its name, the Eastern Settlement was more south than east of its companion and, like the Western Settlement,
was located on the southwestern tip of Greenland at the head of long fjords: Tunulliarfik or Eiriksfjord, Igaliku or Einarsfjord, Sermilik Fjord, to name a few (see also the map).
Approximately 500 groups of ruins of Norse farms are found in the area, including 16 church ruins (see Brattahlíð, Garðar and Hvalsey).
The economy of the medieval Norse settlements was based on livestock farming - mainly sheep and cattle, with significant supplement from seal hunting.
A climate deterioration in the 14th Century may have increased the demand for winter fodder and at the the same time decreased productivity of hay meadows.
Isotope analysis of bones excated at archaeological investigations in the Norse settlements have found that fishing played an increasing economic role towards the end of the settlement's life.
While the diet of the first settlers consisted of 80% agricultural products and 20% marine food, from the 1300’s the Greenland Norsemen had 50-80% of their diet from the sea
(Arneborg, Jette; Heinemeier, Jan; Lynnerup, Niels; Nielsen, Henrik L.; Rud, Niels; Sveinbjörnsdóttir, Árný E.1999) / "Change of diet of the Greenland vikings determined from stable carbon isotope analysis and 14C dating of their bones". Radiocarbon 41 [...] http://en.wikipedia.org/wiki/Hvalsey_Church

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