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No blog Portugalliae, há mais de um ano, foi evidenciada a complexidade da cerâmica encontrada na Civilização de Santarém (no Brasil) e Alter-do-Chão (também no Brasil...). José Manuel indicou ainda um artigo do Science Daily que revela as surpresas dessa Terra Preta do Índio.

Regressemos a Santarém, mas em Portugal...
Em vários blogs escabilitanos encontramos a chamada "Lenda de Abidis" (por exemplo, aqui ou aqui), em que se fala do Rei Gorgoris (que teria o cognome Melícola, por ter recebido dos deuses o segredo do mel), da sua filha Calipso e do filho que esta teve com Ulisses de Ítaca. Esse filho era Abidis, recolhido por uma loba (ou cerva), num local onde aí  fundou a cidade Esca-Abidis (manjar de Abidis), de onde viria o nome romano Scabili-castrum (castelo de Abidis). A variação e contracção faz-se de abidis para habilis. É ainda interessante a semelhança do mito de Abidis com a história de Rómulo e Remo, também alimentados por uma loba. Já aqui falámos dessa tradição mítica nacional associada a Noé e a Tubal, que fazia parte de qualquer história nacional, até ao século XVIII, e depois de Alexandre Herculano nem tão pouco sobreviveu como mito.

No entanto, esta Esca-Abidis acabou por permanecer Santarém.
Não longe de Santarém, há antigos registos romanos que situam Matusarum ou Matusalum
Não se chamava Matusalém, mas sim Matusarum... Duarte Nunes de Lião (séc. XVI) na sua Orthographia explica esta subtileza... os portugueses consideravam mais másculo o som do "R" em vez do "L", e por isso ao contrário de várias línguas, fizemos variações em que desapareceu o L: - em vez de "doblar" passou a "dobrar", "plaga" passou a "praga", etc... (pag.26 da Orthographia).
Fica aqui notada essa existência romana de Matusarum, próximo de Ponte de Sôr, num local que será agora Foros do Arrão, perto da barragem de Montargil. Prosseguindo na mesma direcção encontramos Alter do Chão, a portuguesa... a chamada terra do cavalo lusitano.

Matusalém seria, de acordo com o Genesis, o homem com maior longevidade, filho de Enoque e avô de Noé, o ano da sua morte teria coincidido com o Dilúvio.

Mais uma vez vamos encontrar o registo mítico bíblico associado à Hispânia, neste caso próximo de Santarém. Cidade que contava com uma especial atenção real, na época dos descobrimentos, nomeadamente por D. João II, e que é bem conhecida pelas suas Portas do Sol, viradas a nascente.
Santarém - Portas do Sol
É claro que as muralhas existentes no parque das Portas do Sol são bem mais recentes que outras Portas do Sol, como a de Tiahuanaco, ou tantas outras notáveis civilizações americanas pré-colombianas...
Tiahuanaco - Porta do Sol
No entanto, não deixa de ser interessante ter-se mantido este conjunto de mitos, e associações, numa cidade situada numa colina sobre um Rio Tejo navegável.

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publicado às 11:24


2 comentários

De Anónimo a 31.10.2010 às 20:16

Caro Alvor

Digamos que o polimento de Herculano, se encarregou de "limar", as poucas pontas que os Romanos, a Inquisição e a Maçonaria, ainda tinham deixado à vista.

Nunca tantos se empenharam em destruír tão completamente o seu próprio Povo, e a sua própria História.

Com resultados brilhantes, como se vê.
Bandos amorfos de lesmas, rastejam sem rumo por aí.

Seria isso que todos pretendiam?
Ou algures no Tempo, alguém cometeu um erro fatal?!

Cumprimentos

Maria da Fonte

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