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Não esperava encontrar um registo tão revelador e consistente, com uma versão alternativa da História, como a publicada pelo historiador Ludwig Schwennhagen, austríaco no Brasil, em 1928 (ano do crash bolsista), prosseguindo a linha de trabalho de Cândido Costa e Bernardo Ramos, que cita abundantemente. 
A tese de Schwennhagen é consistente com muito do que já aqui foi escrito, mas é muito mais pormenorizada.

(i) Tartéssios e Atlantes seriam os sobreviventes do perdido reino da Atlântida (c. 2000 a.C).
(ii) Os atlantes fundariam no sul de Espanha e Marrocos, um império Atlante que se tornou conquistador. Ao lado, após as Colunas de Hércules, na zona de costeira atlântica, fundara-se o reino de Tartessos, capital na foz do rio Guadiana (rio Ton Tarsis), que preservava as navegações atlânticas.
(iii) O império Atlante teria tentado dominar os povos do Mediterrâneo, de onde surge o relato de Platão, contado pelos egípcios, sobre a derrota desses atlantes na Grécia. Maia foi filha do rei Atlas, e teria casado com um rei do Peloponeso.
(iv) O império Atlante teria sido destruído c. 1300 a.C. pela dinastia ibérica dos Geriões, que fundaram um império peninsular, com capital em Carteja (~Gibraltar).
(v) Ao contrário dos atlantes, os tartéssios limitaram-se ao seu império marítimo. Os fenícios teriam procurado uma aliança com os Geriões, aproveitando o fim do império atlante, e concordaram com os tartéssios que poderiam navegar para além do estreito de Gibraltar, fundando uma cidade entreposto em Gades (Cádis), por volta de 1200 a.C.
(vi) Em 1100 a.C. chega a primeira frota de Fenícios ao nordeste do Brasil, e em 1008 a.C. o rei Hirão de Tiro alia-se com o rei David dos judeus, para explorarem conjuntamente a Amazónia brasileira. E aqui, Schwennhagen cita David: "Deus me mostrou Hirão, rei da poderosa Tiro, que ganhou tantas riquezas pela sua aliança com os Tartéssios".
 a lira do rei David
(vii) Ao mesmo tempo Schwennhagen coloca ainda viagens atlânticas de Etruscos/Tirrenos para a ilha de Marajó, associando a cerâmica e as muros de pedra.
ruínas e cerâmica na ilha do Marajó, Brasil.
(viii) Citando Diodoro de Sicília, relata que após a Guerra de Tróia, várias novas cidades foram denominadas Tróia, tendo sido os fenícios que transportaram essas populações derrotadas para novas Tróias, nomeando uma perto de Veneza/Etrúria, uma na costa de Marrocos e outra perto de Vigo (mas não se refere à de Setúbal). Associa ainda Tutóia, no Rio Grande do Norte, a uma outra fundação, pela contracção dos nomes Tur (Tiro) e Tróia.

(ix) Onfroy de Thoron (nome de cruzado do séc. XII...) publica em 1876 um texto, que é citado como prova de que o relato da frota de Salomão só poderia referir-se ao Amazonas. Schwennhagen acrescenta que haveria mesmo um triplíce aliança, juntando o Egipto a judeus e fenícios, mas que depois seria quebrada pelo faraó Chechonk, que prosseguiu sózinho a exploração de ouro na Amazónia.

(x) É reconhecido que Cartago não procurou socorrer Tiro, quando Alexandre Magno conquistou e chacinou os seus habitantes em 332 a.C, vendendo 30 mil mulheres e crianças como escravos. Os cartagineses continuavam as relações comerciais com o Brasil, sem os fenícios, até que acabaram por sucumbir às mãos romanas nas guerras púnicas.

(xi) No entanto, Alexandre procurou que a nova Alexandria substituísse Tiro nesse grande papel marítimo dominante. É então invocado o relato de Cândido Costa sobre a presença de uma tumba ptolomaica perto de Montevideu (em Dores).

(xii) Schwennhagen considera a existência de uma grande batalha entre gregos e cartagineses sobre o controlo brasileiro, e essa presença de um sepulcro com um grande número de armas seria o último registo dos sobreviventes gregos a essa grande batalha. Acresce a isso as inscrições na serra de Anastabia que seriam talvez um registo indígena dessa batalha. 
  • Em 1928 Schwennhagen não pressupõe que estes factos estão a ser deliberadamente ocultados. Não deixa de se insurgir contra a não aceitação na História dos relatos de viagens fenícias e cartaginesas explícitas na História Universal de Diodoro Sículo, salientando que sendo ele de origem grega não teria nenhum interesse em favorecer um relato fantasioso de uma cultura rival.
  • A obra que lemos é uma reedição de Moacir Lopes em 1970, passados 42 anos, com uma esperança clara de que o texto de Schwennhagen não voltasse a cair no esquecimento. E no entanto, passados novos 40 anos, volta a constatar-se que o texto é raríssimo, pouco publicitado, e mesmo com o potencial de divulgação da internet, tudo continua praticamente na mesma! As coincidências repetem-se demasiadas vezes, porque não são coincidências...

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publicado às 07:45


7 comentários

De AlvorSilves a 01.12.2010 às 06:03

Cara Maria da Fonte,

continuei com o relato de Candido Costa, que inclui mais detalhes sobre o destino da estátua. Claramente tratou-se de um legado respeitado até à época de D. Manuel. Aí as coisas complicaram-se e estamos em plena época inquisitória em Espanha.
Procurou-se destruir o nosso legado mouro - ou seja: cónio, lusitano, tartéssio, celta, fenício... quantos nomes diferentes foram dados?
- mas aí lá mostra a genética, que esse legado foi mais forte e restou nos genes! Mas se essa alma estava misturada em morenos e louros, ficou a sua identificação clara no haplogrupo R1b. Isso deixa-me preocupado, pois a história já mostrou que genocídios são actos possíveis em qualquer altura, e não há limites para o ódio transformado em soluções únicas pintadas de objectividade cruel.

A idade do Gelo pode ter sido resultado não natural... ou seja, é bem possível que esta evolução tecnológica que experimentámos em 300 anos já tenha ocorrido antes. O potencial destruidor pode ter sido repetido, a pontos de mudar a face do planeta, ou seja os avisos de inverno nuclear podem ser mais do que previsão, podem ter sido uma constatação antiga - uma constatação de uma Atlântida perdida.
O renascer civilizacional seria assim diferenciado... uma elite que teria mantido conhecimento antigo, e teria sujeito os restantes povos a uma evolução a partir do zero. Essa elite, disfarçada sob a capa de semi-deuses, magos, sacerdotes, conselheiros, consultores... condicionaria a história a seu belo prazer.
Definiu o retrocesso civilizacional na altura da queda do império romano, estagnando todas as civilizações durante o inverno medieval. Chegou a um acordo controlado, definido em Vestfália, e controlou a tensão da guerra fria.
Voltamos ao problema de sempre... o avanço tecnológico começa a colocar em causa a própria civilização. Um pequeno grupo fora de controlo (denominado terrorista), pode colocar em causa todo o equilíbrio planetário. Por isso, as questões são as mesmas - voltar a uma regressão civilizacional, ou tentar controlar de forma total a população. Nenhuma destas duas hipóteses a serem levadas à prática antevêm nada de bom para o milénio...

Abraços!

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