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Em múltiplos sites aparece este "mapa de descobrimentos", sem que eu tenha encontrado nenhuma referência a quem teria sido o Autor ou a Data em que foi realizado...

Pela exactidão do contorno, somos imediatamente levados a pensar que se trata de uma reprodução realizada pelo menos no Século XX, já que só nessa altura haveria conhecimento para um tal grau de precisão! Especialmente se olharmos para a Costa Norte do Canadá.

No entanto, não deixa de ser curioso que quem terá feito este mapa, insiste nalgumas (im)precisões, típicas da época dos descobrimentos, especialmente nas ilustrações internas.

A reprodução poderá até ter alterações posteriores, mas todo o estilo do mapa, o destaque a ser "Projecção Mercator" (... que outra haveria de ser depois do séc. XVII ?), induz uma resposta curiosa:
... este mapa tem todas as características das cartas do Séc. XVI

Certamente que haverá uma resposta, e um eventual culpado (recente) de tal finura, mas vou colocar a questão de uma forma diferente...
- Quando Pedro Nunes, em 1537, afirma: "E fizeram o mar tão chão que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena ilha, alguns baixos, ou se quer algum penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto",
e num "esboço autorizado", no mesmo Tratado da Sphera, é capaz de fazer mapas destes:
... seria de esperar que, sem outras restrições, apresentasse um mapa semelhante para ser consistente com a sua afirmação!
Notas adicionais sobre o mapa:
O mapa tem uma inscrição no canto inferior esquerdo, que o parece associar ao Museu da Marinha (**).
No entanto, não se enquadra num típico mapa histórico, porque:
(i) Não aparecem as designações dos continentes America ou Australia, nem aparece o Havai.
(ii) Na Australia não há qualquer nome, apenas desenho de paisagem, que nem será o mais ajustado face ao conhecimento após o Séc. XIX.
(iii) Na América as designações referem-se apenas a Canada, Nova Granada, Nova Espanha, Terra Florida, Terra de Corte Real, e Terra dos Bacalhaos.
(iv) As restantes designações e bandeiras são apropriadas para um mapa da época de D. Sebastião.
(v) A referência à Projecção Mercator também seria apropriada para a época de D. Sebastião, depois do Séc. XVII tornou-se de tal forma comum, que seria redundante referi-lo num mapa.
(vi) Há uma bandeira portuguesa e outra espanhola nas Filipinas, o que se ajustaria ainda à época de D. Sebastião, tal como a reclamação da Terra de Corte Real para Portugal.
(vii) Se o mapa pretendesse só invocar historicamente os descobrimentos portugueses seria redundante colocar as bandeiras espanholas (não coloca francesas ou inglesas), e não faria sentido colocar as bandeiras de outras nações à época de D. Sebastião. Aliás D. Sebastião seria talvez o único monarca com a coragem de aceitar a publicação de tal mapa.
(viii) Se a linha costeira não tem quase nenhum erro, o mesmo não podemos dizer do Rio Amazonas e do Rio da Prata, que são ilustrados conforme era habitual no Séc. XVI.
(ix) Independentemente da datação, o autor coloca diferentes tipos de embarcações no mapa. Podemos ver algumas bem primitivas na direcção da Terra dos Bacalhaos. Isso é ainda uma informação adicional sobre a época das viagens.
(x) Na Gronelândia aparecem pinguins... algo estranho de se confundir já no Séc. XIX ou XX.
(xi) São assinaladas algumas trajectórias de viagens históricas:
-- (a) Vemos as rotas das viagens de Dias, Gama, Cabral ou Magalhães (esta terminando nas Filipinas), mas não de Colombo...
-- (b) São apresentadas viagens que saem dos Açores. Uma dirige-se para Gronelândia-leste, e deverá ser uma viagem dos Corte-Real. A outra é mais difícil de identificar, saindo dos Açores, atinge a Flórida, e depois sobe a costa americana até à Nova Escócia.
-- (c) Há ainda uma viagem, também não identificada, que saindo do Perú em direcção ao Pacífico atinge as Ilhas Salomão, e regressa pelo Pacífico explorando a costa Mexicana.
Estes são alguns dos indícios suficientes para supor que este mapa pode até ter sido feito posteriormente, mas reflectiria um eventual mapa à época de D. Sebastião. Com uma outra versão, com maior resolução, talvez se conseguissem ainda retirar muito mais conclusões.

(**) Actualização em 10 de Maio de 2010

Após KTemplar ter disponibilizado ontem algumas fotografias de uma cópia que possui, em
são interessantes as conclusões:
(C1) - A inscrição diz
"Executado pelo pessoal técnico do Museu da Marinha. Maio de 1970"
(C2) - A viagem Açores-Flórida-Nova Escócia é atribuída a Gaspar Corte-Real (1501-02). A viagem Açores-Gronelândia é atribuída a João Fernandes Labrador (1495).
(C3) - A viagem Perú-Ilhão Salomão-México é atribuída a Pedro Fernandes Queirós (navegador já aqui referido por JM-CH). A outra parte da exploração Californiana é atribuída a João Rodrigues Cabrilho (1542).
(C4) - Curiosamente, na cópia de KTemplar, não aparecem os pinguins na Gronelândia!!

Portanto, há mais do que uma versão do mapa... com ou sem pinguins!
As perguntas que ficam são:
- o que leva o "pessoal técnico" do Museu da Marinha a decidir ou não colocar "pinguins na Gronelândia"?
- de onde vem esta inspiração para um mapa comemorativo, próprio para o Séc. XVI, com nomenclatura própria dessa época específica (reinado de D. Sebastião)?
- de onde vem a inspiração para desenhos pouco informados de animais, como tigres ou cangurus?
Para além das outras questões já mencionadas em cima...


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publicado às 16:01


9 comentários

De Anónimo a 20.05.2010 às 21:24

Caro Da Maia

E é muito nítida a comunicação entre o Mediterrâneo e o Mar Negro.
Como essa comunicação data de apx, 5600 anos, essa parte do Mapa deve ter sido copiada de um muito antigo, em que a Grécia, ainda está parcialmente submersa.
Nessa época todas as zonas costeiras do Mar Negro e Mediterrâneo, ficaram submersas.

Mas isto não explica o facto da costa noroeste da França e da costa da Inglaterra estarem também elas parcialmente submersas.

Só o Dilúvio subsequente à ultima Glaciação de há 12500 anos, o poderá explicar.

Alguém andou a colar Mapas Remotos de Épocas distintas, e deu-lhe um toque de actualidade.

´Mas já reparou, que na legenda, colocada sob o Homem que Mede a Altura do Sol, se lê claramente João II?

Maria da Fonte

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