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Através de email chegou-nos gentilmente o seguinte comentário (de Moura Sherazade):
Encontro no texto - Sobre um conjunto de silos em Beja-, disponível online, o seguinte: 
«Os solos de boa qualidade proporcionaram ao Alentejo a possibilidade de produção de vários tipos de cereal, existindo desde os textos das Inquirições gerais de 1220, 1258 e 1284, nos contratos de aforamento de terras de D. Afonso III, de D. Dinis e das instituições religiosas referências ao trigo, à cevada, ao centeio e ao milho que eram a moeda de troca por excelência.»
Esta referência sobre milho em época medieval vem num artigo
... e o texto continua acrescentando - «O termo Pão era a forma mais corrente de designar aqueles cereais, sendo o trigo o mais utilizado em todos os períodos (Goes, 1998)».

O assunto do "problema do milho" foi abordado pelo José Manuel em 2009:
http://portugalliae.blogspot.pt/2009/12/como-os-portugueses-enganaram-colombo.html
Cultura de milho na Suméria (de um vídeo de Gunnar Thompson)
... onde se apresenta uma série de vídeos de Gunnar Thompson - que argumentava sobre referências ao milho nas civilizações egípcias, sumérias e babilónias, colocando isso como prova de que haveria viagens à América em tempos antigos.

Ora, ainda acerca disso também escrevi algo, com base em traduções inglesas de textos romanos, que usavam a palavra "corn"... e que davam a Turdetania (Andaluzia) como exportadora deste cereal.

Só que o assunto das referências antigas ao "milho" foi convenientemente blindado com uma armadilha institucionalizada. Por exemplo, ainda que hoje em inglês "corn" designe essencialmente milho, é suposto que antes do Séc. XIX tenha servido indistintamente para outros cereais. Por isso, vi-me obrigado depois a fazer uma correcção ao texto... Será o mesmo do que se institucionalizar que antigas menções a «ouro» diziam respeito a qualquer metal brilhante, e a partir do momento em que se institucionalizam significados diferentes para as mesmas palavras, bloqueiam-se leituras modernas de textos antigos.

Pinho Leal no final do Séc. XIX já apanhou essa fase de «revolução cultural» da maçaroca maçónica, e assim diz-nos o seguinte:
MAÇAROCA — (milho de maçaroca) - portuguez antigo - milho grosso ou milhão. Julga-se geralmente que o milho grosso não foi conhecido em Portugal senão depois do descobrimento de Guiné, por Diogo da Azambuja, em 1482. Os portuguezes o trouxeram para o reino, e diz se que foi aqui cultivado pela 1ª vez nos campos de Coimbra, d'onde se propagou por todo o reino. (Vide Milhom.) 
Antes de comentar esta referência, que é significativa, vejamos o que nos diz sobre «milhom»
MILHOM — portuguez antigo - milho miúdo. Em um testamento de S. Simão da Junqueira, feito em 1289, se diz :- It. a Stevão Joannes, de Perafita, ou aos seos heréés (herdeiros) hum quarteiro de milhom.
Em todos os documentos antigos, onde se fala de milhom, deve sempre entender-se milho miúdo; porque não havia outro.
O que hoje chamamos simplesmente milho, milho grosso, milho maiz, milhão, e milho de maçaroca, só foi conhecido em Portugal, no século XVII, trazendo-o da Índia, Paulo de Braga. Consta que ao principio era proibido semeá-lo, e só alguns cultivavam poucos pés, nas suas hortas e jardins.
É tradição que a primeira cultura em grande, deste cereal, foi no campo de Coimbra.
Ainda no principio d'este século, pouco milho grosso se cultivava na Extremadura, Alemtejo e Algarve; hoje constitui a principal cultura de todas as províncias de Portugal e ilhas, e é o pão da maior parte dos nossos lavradores e de muitas famílias, sobre tudo, de Coimbra para o norte. 
Qual o problema?
O problema é que o uso antigo da palavra «milho» era inconveniente, e na realidade existe também uma outra espécie diferente o «sorgo», cujo aspecto poderia servir a confusão:
O sorgo tem semelhanças com o milho Zea mays...
Há um estudo que me parece que tenta clarificar isto - O Zea mays e a expansão portuguesa (de Joaquim Lino da Silva, 1998), referindo «Cadornega, em Angola, usa milho-zaburro como sinónimo de sorgo, e com justificação», ou ainda mencionando João de Barros «[Barros] diz que o comum mantimento daqueles povos é o milho de maçaroca, a que chamamos zaburro, donde se infere que o milho zaburro vem a ser o mesmo que o Milho grande [...]», acrescentando «Nós estávamos, na realidade enganados, o milho zaburro de Guiné, e das ilhas de Cabo Verde e S. Tomé não era um Sorghum; mas ainda mantemos que Jeffreys [não é só este autor] está igualmente errado, quando identifica zaburro com Zea Mays. Há outra variedade de milho, diferente dos dois.»

Portanto, vemos que se trata de terreno muito pantanoso... bem armadilhado com incertezas, e daí ter feito uma certa retirada estratégica no texto "Milho a Milhas", porque não vale a pena discorrer por caminhos pantanosos, quando temos centenas doutros bem seguros.

Pinho Leal dará como possível introdução do «milho normal» em Coimbra no Séc. XVII, e encontrámos uma ordenação feita em Lisboa, em 8 de Setembro de 1606 (Emmanuelis Alvarez Pegas - Commentaria ad ordinationes Regni Portugalliae, pág. 613) que se refere a danos nos diques (marachões), referindo este tipo de culturas em várias ocasiões «hum alqueyre de milho nas eyras, o qual o dito Provedor o fará receber, & arrecadar de cada pessoa, ou pessoas, que a isso estiverem obrigadas (...)», ou ainda «vendendo-se o dito milho, o dinheyro delle se meterá em hum cofre, como abayxo irá declarado (...)».

Trata-se de uma situação semelhante à das laranjas... que se atribui também a chegada apenas em tempo dos descobrimentos, apesar de termos o nome "Portugal" associado a laranjas em diversos países, nomeadamente na Grécia (Πορτοκάλι - Portokáli) e em países muçulmanos.

Há povoações com o nome "Milheiral", etc... mas como vimos é sempre fácil argumentar que se tratava do sorgo, do milho-zaburro, ou outra espécie que não entre em conflito com a chegada à América, e assim ainda que mesmo João de Barros refira o consumo de milho por outros povos, pode remeter-se a maçaroca ao sorgo, e esse caminho estará institucionalmente minado... como Pinho Leal assinalou - até chegou a haver ordem de proibição de cultivo.
O que é mais interessante é Pinho Leal remeter a origem do "milho grande" a Diogo de Azambuja, o homem que ergueu o Castelo da Mina... que na nossa opinião, e antiga fundamentação, não seria o Forte da Mina existente em África, mas sim uma construção paralela feita próximo de Istmina, na Colômbia, para negociar com os Incas, e da qual restou a imagem de castelo português existente no Mapa de João de Lisboa, em território Inca. Portanto, essa referência ao milho poderia remeter aos Incas... mas tratando-se da maçaroca usada na Guiné, também pode remeter a outra interpretação, e por isso não vale a pena alimentar uma discussão desse tipo, tendo os Mapas de João de Lisboa como prova indelével de tudo o que afirmamos.

O que nos parece claro é que depois foi outra a maçaroca, foi outro o milhão... ou seja, foi a maçaroca dos milhões que comandou os contos da história. Ora, como um conto valia um milhão, houve facilmente quem trocasse a História por contos de milhões, mas também aprendemos que o primeiro milho é dos pardais, e convirá que estes não abusem da paciência do milhafre...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:36

Através de email chegou-nos gentilmente o seguinte comentário (de Moura Sherazade):
Encontro no texto - Sobre um conjunto de silos em Beja-, disponível online, o seguinte: 
«Os solos de boa qualidade proporcionaram ao Alentejo a possibilidade de produção de vários tipos de cereal, existindo desde os textos das Inquirições gerais de 1220, 1258 e 1284, nos contratos de aforamento de terras de D. Afonso III, de D. Dinis e das instituições religiosas referências ao trigo, à cevada, ao centeio e ao milho que eram a moeda de troca por excelência.»
Esta referência sobre milho em época medieval vem num artigo
... e o texto continua acrescentando - «O termo Pão era a forma mais corrente de designar aqueles cereais, sendo o trigo o mais utilizado em todos os períodos (Goes, 1998)».

O assunto do "problema do milho" foi abordado pelo José Manuel em 2009:
http://portugalliae.blogspot.pt/2009/12/como-os-portugueses-enganaram-colombo.html
Cultura de milho na Suméria (de um vídeo de Gunnar Thompson)
... onde se apresenta uma série de vídeos de Gunnar Thompson - que argumentava sobre referências ao milho nas civilizações egípcias, sumérias e babilónias, colocando isso como prova de que haveria viagens à América em tempos antigos.

Ora, ainda acerca disso também escrevi algo, com base em traduções inglesas de textos romanos, que usavam a palavra "corn"... e que davam a Turdetania (Andaluzia) como exportadora deste cereal.

Só que o assunto das referências antigas ao "milho" foi convenientemente blindado com uma armadilha institucionalizada. Por exemplo, ainda que hoje em inglês "corn" designe essencialmente milho, é suposto que antes do Séc. XIX tenha servido indistintamente para outros cereais. Por isso, vi-me obrigado depois a fazer uma correcção ao texto... Será o mesmo do que se institucionalizar que antigas menções a «ouro» diziam respeito a qualquer metal brilhante, e a partir do momento em que se institucionalizam significados diferentes para as mesmas palavras, bloqueiam-se leituras modernas de textos antigos.

Pinho Leal no final do Séc. XIX já apanhou essa fase de «revolução cultural» da maçaroca maçónica, e assim diz-nos o seguinte:
MAÇAROCA — (milho de maçaroca) - portuguez antigo - milho grosso ou milhão. Julga-se geralmente que o milho grosso não foi conhecido em Portugal senão depois do descobrimento de Guiné, por Diogo da Azambuja, em 1482. Os portuguezes o trouxeram para o reino, e diz se que foi aqui cultivado pela 1ª vez nos campos de Coimbra, d'onde se propagou por todo o reino. (Vide Milhom.) 
Antes de comentar esta referência, que é significativa, vejamos o que nos diz sobre «milhom»
MILHOM — portuguez antigo - milho miúdo. Em um testamento de S. Simão da Junqueira, feito em 1289, se diz :- It. a Stevão Joannes, de Perafita, ou aos seos heréés (herdeiros) hum quarteiro de milhom.
Em todos os documentos antigos, onde se fala de milhom, deve sempre entender-se milho miúdo; porque não havia outro.
O que hoje chamamos simplesmente milho, milho grosso, milho maiz, milhão, e milho de maçaroca, só foi conhecido em Portugal, no século XVII, trazendo-o da Índia, Paulo de Braga. Consta que ao principio era proibido semeá-lo, e só alguns cultivavam poucos pés, nas suas hortas e jardins.
É tradição que a primeira cultura em grande, deste cereal, foi no campo de Coimbra.
Ainda no principio d'este século, pouco milho grosso se cultivava na Extremadura, Alemtejo e Algarve; hoje constitui a principal cultura de todas as províncias de Portugal e ilhas, e é o pão da maior parte dos nossos lavradores e de muitas famílias, sobre tudo, de Coimbra para o norte. 
Qual o problema?
O problema é que o uso antigo da palavra «milho» era inconveniente, e na realidade existe também uma outra espécie diferente o «sorgo», cujo aspecto poderia servir a confusão:
O sorgo tem semelhanças com o milho Zea mays...
Há um estudo que me parece que tenta clarificar isto - O Zea mays e a expansão portuguesa (de Joaquim Lino da Silva, 1998), referindo «Cadornega, em Angola, usa milho-zaburro como sinónimo de sorgo, e com justificação», ou ainda mencionando João de Barros «[Barros] diz que o comum mantimento daqueles povos é o milho de maçaroca, a que chamamos zaburro, donde se infere que o milho zaburro vem a ser o mesmo que o Milho grande [...]», acrescentando «Nós estávamos, na realidade enganados, o milho zaburro de Guiné, e das ilhas de Cabo Verde e S. Tomé não era um Sorghum; mas ainda mantemos que Jeffreys [não é só este autor] está igualmente errado, quando identifica zaburro com Zea Mays. Há outra variedade de milho, diferente dos dois.»

Portanto, vemos que se trata de terreno muito pantanoso... bem armadilhado com incertezas, e daí ter feito uma certa retirada estratégica no texto "Milho a Milhas", porque não vale a pena discorrer por caminhos pantanosos, quando temos centenas doutros bem seguros.

Pinho Leal dará como possível introdução do «milho normal» em Coimbra no Séc. XVII, e encontrámos uma ordenação feita em Lisboa, em 8 de Setembro de 1606 (Emmanuelis Alvarez Pegas - Commentaria ad ordinationes Regni Portugalliae, pág. 613) que se refere a danos nos diques (marachões), referindo este tipo de culturas em várias ocasiões «hum alqueyre de milho nas eyras, o qual o dito Provedor o fará receber, & arrecadar de cada pessoa, ou pessoas, que a isso estiverem obrigadas (...)», ou ainda «vendendo-se o dito milho, o dinheyro delle se meterá em hum cofre, como abayxo irá declarado (...)».

Trata-se de uma situação semelhante à das laranjas... que se atribui também a chegada apenas em tempo dos descobrimentos, apesar de termos o nome "Portugal" associado a laranjas em diversos países, nomeadamente na Grécia (Πορτοκάλι - Portokáli) e em países muçulmanos.

Há povoações com o nome "Milheiral", etc... mas como vimos é sempre fácil argumentar que se tratava do sorgo, do milho-zaburro, ou outra espécie que não entre em conflito com a chegada à América, e assim ainda que mesmo João de Barros refira o consumo de milho por outros povos, pode remeter-se a maçaroca ao sorgo, e esse caminho estará institucionalmente minado... como Pinho Leal assinalou - até chegou a haver ordem de proibição de cultivo.
O que é mais interessante é Pinho Leal remeter a origem do "milho grande" a Diogo de Azambuja, o homem que ergueu o Castelo da Mina... que na nossa opinião, e antiga fundamentação, não seria o Forte da Mina existente em África, mas sim uma construção paralela feita próximo de Istmina, na Colômbia, para negociar com os Incas, e da qual restou a imagem de castelo português existente no Mapa de João de Lisboa, em território Inca. Portanto, essa referência ao milho poderia remeter aos Incas... mas tratando-se da maçaroca usada na Guiné, também pode remeter a outra interpretação, e por isso não vale a pena alimentar uma discussão desse tipo, tendo os Mapas de João de Lisboa como prova indelével de tudo o que afirmamos.

O que nos parece claro é que depois foi outra a maçaroca, foi outro o milhão... ou seja, foi a maçaroca dos milhões que comandou os contos da história. Ora, como um conto valia um milhão, houve facilmente quem trocasse a História por contos de milhões, mas também aprendemos que o primeiro milho é dos pardais, e convirá que estes não abusem da paciência do milhafre...

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publicado às 07:36

Houve recentemente uma série de comentários a propósito de Viriato e Afonso Henriques, dois símbolos de fundação e refundação de nacionalidade, trocados com João Ribeiro.

Viriato e a Serra da Estrela
Sobre Viriato, tratava-se do mito da Ribeira de Lucefecit e da Serra de Ossa, ligada a uma grande batalha. Entre diversos livros citados, permito-me destacar
que questiona o próprio mito "da serra estar cheia de ossos", mas ao mesmo tempo abrindo espaço para outras questões... como a destruição de um grande dolmen, que estava no interior do convento, e sobretudo a existência de grandes cavernas, que poderiam albergar exércitos. Não tive tempo de ler toda a obra, mas é certamente material que merece devida atenção.

No final, creio que ambos concordámos que se mantém estranho o desaparecimento dos Cónios, logo após a queda de Cartago e a entrada em cena do Viriato mais famoso (há outro mais antigo), e que a sua nomeação como "amigo de Roma", depois de pretensamente ter chacinado o seu exército, foi facto extraordinário na política Romana.

Mas sobre isto apenas quero acrescentar uma imagem da Serra da Estrela, que encontrei então, por acaso, e que me deixou "sem palavras", e que dificilmente conseguiria enquadrar noutro texto:
Foto de José Esteves Pereira - Covilhã - 2º Classificado
(in Boletim Municipal Nº 18 - 2001 - Contra capa - XV Concurso Foto de Manteigas)

http://www.joraga.net/serradaestrela/pags/21pedrasAlbum.htm (o link pode já não estar activo)
O site joraga.net (de José Rabaça Gaspar) coloca o tema como "PEDRAS da SERRA - AS FORMAS DAS ROCHAS ou ROCHAS de FORMAS CAPRICHOSAS - Colossais Esculturas de Granito Fascinantes... Umas mãos que apertam possivelmente barro no acto da criação... ou um braço quebrado de monumental estátua.

E não é dito mais nada... procurei outros registos para perceber o local da Serra da Estrela onde se encontra tal "prodígio natural", mas sem sucesso. Este foi o único ponto de informação e localização da imagem. Hoje em dia, seria natural pensar em Photoshop, mas sendo de 2001 e de um concurso de fotografia regional, será claro que existe mesmo... ou existiu, porque o mesmo joraga.net reportava - «Camelo: No lugar do Poço do Inferno, esta obra da Natureza, foi destruída, nas fúrias pós 25 de Abril de 1974 !!!» 
Portanto, toda a gente conhece a "Cabeça da Velha", mas ali se reportavam 2 cabeças de velha, 2 cabeças de velho, e 1 cabeça de velhos - todos diferentes, entre muitos outros.

Aproveito a ocasião, para dar uma opinião acerca destas formações.
Creio que os Turdulos Velhos, que habitavam entre o Tejo e o Douro, eram os herdeiros naturais da catástrofe atlântica que se abateu à sua frente, com o aumento do nível das águas. Deles é dito, por Estrabão, que tinham escrita há 6 mil anos, ou seja, cerca de 6 mil anos antes de Cristo... o que antecederia largamente (pelo dobro) qualquer outro registo escrito conhecido. 

Desde essa catástrofe, e também por razão de sucessivas guerras, apagamento do registo dos vencidos pelos vencedores, etc... é muito natural que tivessem concluído ser inútil evidenciarem-se (tal como o posto de pistoleiro mais rápido do Oeste, era um posto desgastante que atraía a efemeridade, pela natural cobiça de competidores). 
Assim, numa primitiva atitude budista, parece natural que ao invés de erguerem monumentos, simplesmente dirigiam a sua atenção para locais onde as próprias formações naturais constituíam um monumento, oferecendo dúvida ao visitante se seriam ou não de construção humana.

Bernardo Brito falava numa rocha no ponto mais alto da Serra, cujo topo seria em forma de Estrela, e isso seria a razão do nome dado à Serra da Estrela... foi assim que andei à procura de uma rocha em "forma de estrela", e a única estrelinha foi dar com "aquelas mãos".

Na descendência desses Túrdulos Velhos estavam outros túrdulos, ou Turdetanos - uns no Alentejo e Algarve, também chamados Cónios, e outros na Andaluzia, chamados Tartéssios.
Ou seja, a política dos Túrdulos Velhos terá sido passarem despercebidos, manipulando nos bastidores, tanto quanto possível, os restantes povos vizinhos... e não só.

Damião de Castro fala ainda em "chacinas" feitas pelo romanos de Galba em Campo de Ourique... o que nos leva ao tópico seguinte.

Afonso Henriques (ibn Eriq) e Ourique (Oriq)
A localização da batalha de Ourique deu origem à hipótese de se poder tratar de uma invasão naval, feita subindo o rio Mira, o que daria ainda sentido à lenda do nome de Odemira: «Ode, mira para os inimigos, donde vêm sobre nós».
João Ribeiro fez muito bem em obstar sucessivamente a essa hipótese, dizendo, por exemplo:
"Onde passaria ele o Rio Tejo?" Em qualquer lado onde fosse possível a passagem, Almourol por exemplo."Usaria as barcaças de quem?" As existentes no local. Não me parece um factor impeditivo de nada até porque facilmente se pode construir jangadas para a passagem. "Quanto tempo precisaria para chegar a Ourique, e como não defrontaria ninguém até lá?" O tempo necessário e terá havido confrontações pelo caminho, simplesmente não são mencionadas porque terão sido de pouca monta. Aliás sem essas pequenas conquistas seria impossível a empresa por falta de mantimentos. Tudo isto é muito relativo e subjectivo. Poderá ter sido a grande campanha de D. Afonso Henriques. Uma campanha articulada por terra/mar/rio. Aproveitando as dissidências entre líderes das várias praças mouras e com tratos com outros chegou a Ourique onde se travou apenas mais uma das batalhas da campanha. Não foram 5 Reis que derrotou mas provavelmente 5 governadores ou algum tipo de líderes mouros. Não se sabe o local exacto da batalha porque foram vários.
Acontece que Bernardo Brito dá uma sustentação a essa teoria de penetração terrestre:
Chegado pois o mês de Julho do ano do Senhor de 1139 partiu com suas bandeiras soltas & as esquadras postas em som de guerra, nas quais iam por todos doze mil infantes e mil ginetes, poucos em número, mas invencíveis nos esforços & brio; com esta ordem, passou o Príncipe as águas do formoso rio Teijo, sendo o primeiro que com ânimo de conquistar mouros passou, depois que foi deles ganhada a terra que ele divide da outra que chamamos Beyra. Com grande trabalho de sua gente atravessou o Príncipe as solitárias charnecas que na terra havia & há hoje em dia desprovidas de toda a recordação a quem por elas caminha.
Do ponto de vista logístico, ainda me parece complicado ter uma grande força militar encurralada no meio de território inimigo, mas a menção às "charnecas" dá uma outra pista para as tropas correrem.
Porque "charneca" mantém no Brasil o significado de terreno pantanoso, alagado, e isso poderia corresponder a uma deslocação ao longo de margens do Tejo que antes penetravam no Alentejo... chegando quase até Ourique, pela sua continuação pelos terrenos antes alagados pelo Sado.

O que me parece algo mais difícil de sustentar é que se tratou apenas de uma incursão ocasional, do tipo "fossado", conforme é também considerado:
A tese do fossado também pode explicar o registo meramente informativo da primeira notícia que se conhece sobre a Batalha de Ourique, incluída no Livro de Noa I, ou Chronicon Conimbricense, escrito no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra pouco depois de 1168, ainda durante o reinado de Afonso Henriques. Notícia que se repete literalmente no Chronicon Lamacense, manuscrito da Sé de Lamego copiado já no século XIII mas a partir de um texto do século anterior, contemporâneo do Livro de Noa. Esses dois textos limitam-se a indicar a data e o local da batalha e o nome do rei mouro posto em fuga: Ismário e Examare, variantes de Esmar que, por sua vez, derivará de Ismael, o primogénito de Abraão e “pai” da raça islâmica. O mesmo nome é dado na Crónica dos Godos ao chefe mouro e irá perdurar, com ligeiras variações, nas ulteriores narrativas da Batalha de Ourique, apesar de não ser referido nas crónicas árabes, o que leva a supor tratar-se de um nome simbólico. Apesar da sua concisão informativa, os dois relatos não deixam de referir-se a Ourique como um combate ou mesmo uma grande batalha (prelium e lis magna), iniciando-se assim o engrandecimento deste efabulado confronto entre cristãos e islâmicos que, volvidos poucos anos e ainda em vida do seu protagonista, será exaltado como um grande feito bélico na Crónica dos Godos, escrita em Santa Cruz de Coimbra pouco depois de 1184.
de Vitor Manuel Adrião (2015) Ourique: a batalha impossível

O texto que acabamos de citar remete para a "teoria clássica", e eu apenas deixaria uma nota adicional a este propósito. O cronista Duarte Galvão refere que Egas Moniz morre no decurso desta incursão, quase no seu início, antes de qualquer passagem do Tejo. 
Nesse caso não teria sido apenas uma incursão bélica, de combatentes experimentados.
Nesse caso, isso revelaria sim, uma grande aceitação pela população que vivia sob controlo mouro, que forneceria a D. Afonso Henriques todo o apoio logístico necessário a tal deslocação. Ou seja, o "território inimigo", era já notado como "território amigo". Ou seja, seria mais esse sentimento de aceitação popular que lhe permitiria ser rei por direito próprio, do que por direito outorgado por Roma.
O facto notável de D. Afonso Henriques será esse congregar de uma nacionalidade antiga, que impediu que tentativas mouras posteriores, de recuperar o antigo território dos Túrdulos, tivessem sucesso. Tirando um cerco a Santarém, nunca mais o território acima do Tejo foi incomodado... algo bastante diferente do que acontecia antes - o Conde D. Henrique terá conquistado (1093) e perdido Lisboa, logo de seguida (1095).

Quanto à hipótese de incursão naval, parece-me fazer ainda sentido, como referia João Ribeiro, pelo menos como apoio no caso de assegurar a retirada, caso se vissem cercados em territórios alentejanos, e perante uma derrota em Ourique. Não era a mesma situação do fossado de D. Sancho I a Sevilha, onde havia uma continuidade territorial próxima. No caso de cerco, o regresso a Coimbra seria praticamente impossível.
A isto acresce a história do resgate do corpo de S. Vicente, que é colocado como intenção de D. Afonso Henriques logo que soube do assunto em Ourique, conforme relata Duarte Galvão. E aí se declara que não o tendo logo resgatado, manifestara intenção de o levar para depositar em Lisboa, quando esta fosse conquistada. Esse episódio do transporte foi reconhecidamente efectuado por via marítima, conforme atesta o símbolo do brazão lisboeta. 

Assim, de uma ou de outra forma, no tempo de D. Afonso Henriques é suposto que as naus portuguesas tenham feito pelo menos uma incursão algarvia, para resgatar o culto de S.Vicente, num local que era antes reportado ao culto de Hércules... e talvez, antes disso, a outro vicente.

_________________
Aditamentos
(i) Finalmente, não deixamos de notar que associar o nome do Emir de Badajoz, Ismar ou Esmar, a uma variante de Ismael, sendo possível, não deixa de ser estranha por falta de registo espanhol ou outro, para o mesmo personagem... e ao ler caligrafia antiga, não há grande diferença entre quem "diz mar" e quem "d'ismar" fala.
(ii) A Ermida de S. Pedro das Cabeças, onde se terá realizado a batalha, parece-me fechada ao público. 

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publicado às 06:05

Houve recentemente uma série de comentários a propósito de Viriato e Afonso Henriques, dois símbolos de fundação e refundação de nacionalidade, trocados com João Ribeiro.

Viriato e a Serra da Estrela
Sobre Viriato, tratava-se do mito da Ribeira de Lucefecit e da Serra de Ossa, ligada a uma grande batalha. Entre diversos livros citados, permito-me destacar
que questiona o próprio mito "da serra estar cheia de ossos", mas ao mesmo tempo abrindo espaço para outras questões... como a destruição de um grande dolmen, que estava no interior do convento, e sobretudo a existência de grandes cavernas, que poderiam albergar exércitos. Não tive tempo de ler toda a obra, mas é certamente material que merece devida atenção.

No final, creio que ambos concordámos que se mantém estranho o desaparecimento dos Cónios, logo após a queda de Cartago e a entrada em cena do Viriato mais famoso (há outro mais antigo), e que a sua nomeação como "amigo de Roma", depois de pretensamente ter chacinado o seu exército, foi facto extraordinário na política Romana.

Mas sobre isto apenas quero acrescentar uma imagem da Serra da Estrela, que encontrei então, por acaso, e que me deixou "sem palavras", e que dificilmente conseguiria enquadrar noutro texto:
Foto de José Esteves Pereira - Covilhã - 2º Classificado
(in Boletim Municipal Nº 18 - 2001 - Contra capa - XV Concurso Foto de Manteigas)

http://www.joraga.net/serradaestrela/pags/21pedrasAlbum.htm (o link pode já não estar activo)
O site joraga.net (de José Rabaça Gaspar) coloca o tema como "PEDRAS da SERRA - AS FORMAS DAS ROCHAS ou ROCHAS de FORMAS CAPRICHOSAS - Colossais Esculturas de Granito Fascinantes... Umas mãos que apertam possivelmente barro no acto da criação... ou um braço quebrado de monumental estátua.

E não é dito mais nada... procurei outros registos para perceber o local da Serra da Estrela onde se encontra tal "prodígio natural", mas sem sucesso. Este foi o único ponto de informação e localização da imagem. Hoje em dia, seria natural pensar em Photoshop, mas sendo de 2001 e de um concurso de fotografia regional, será claro que existe mesmo... ou existiu, porque o mesmo joraga.net reportava - «Camelo: No lugar do Poço do Inferno, esta obra da Natureza, foi destruída, nas fúrias pós 25 de Abril de 1974 !!!» 
Portanto, toda a gente conhece a "Cabeça da Velha", mas ali se reportavam 2 cabeças de velha, 2 cabeças de velho, e 1 cabeça de velhos - todos diferentes, entre muitos outros.

Aproveito a ocasião, para dar uma opinião acerca destas formações.
Creio que os Turdulos Velhos, que habitavam entre o Tejo e o Douro, eram os herdeiros naturais da catástrofe atlântica que se abateu à sua frente, com o aumento do nível das águas. Deles é dito, por Estrabão, que tinham escrita há 6 mil anos, ou seja, cerca de 6 mil anos antes de Cristo... o que antecederia largamente (pelo dobro) qualquer outro registo escrito conhecido. 

Desde essa catástrofe, e também por razão de sucessivas guerras, apagamento do registo dos vencidos pelos vencedores, etc... é muito natural que tivessem concluído ser inútil evidenciarem-se (tal como o posto de pistoleiro mais rápido do Oeste, era um posto desgastante que atraía a efemeridade, pela natural cobiça de competidores). 
Assim, numa primitiva atitude budista, parece natural que ao invés de erguerem monumentos, simplesmente dirigiam a sua atenção para locais onde as próprias formações naturais constituíam um monumento, oferecendo dúvida ao visitante se seriam ou não de construção humana.

Bernardo Brito falava numa rocha no ponto mais alto da Serra, cujo topo seria em forma de Estrela, e isso seria a razão do nome dado à Serra da Estrela... foi assim que andei à procura de uma rocha em "forma de estrela", e a única estrelinha foi dar com "aquelas mãos".

Na descendência desses Túrdulos Velhos estavam outros túrdulos, ou Turdetanos - uns no Alentejo e Algarve, também chamados Cónios, e outros na Andaluzia, chamados Tartéssios.
Ou seja, a política dos Túrdulos Velhos terá sido passarem despercebidos, manipulando nos bastidores, tanto quanto possível, os restantes povos vizinhos... e não só.

Damião de Castro fala ainda em "chacinas" feitas pelo romanos de Galba em Campo de Ourique... o que nos leva ao tópico seguinte.

Afonso Henriques (ibn Eriq) e Ourique (Oriq)
A localização da batalha de Ourique deu origem à hipótese de se poder tratar de uma invasão naval, feita subindo o rio Mira, o que daria ainda sentido à lenda do nome de Odemira: «Ode, mira para os inimigos, donde vêm sobre nós».
João Ribeiro fez muito bem em obstar sucessivamente a essa hipótese, dizendo, por exemplo:
"Onde passaria ele o Rio Tejo?" Em qualquer lado onde fosse possível a passagem, Almourol por exemplo."Usaria as barcaças de quem?" As existentes no local. Não me parece um factor impeditivo de nada até porque facilmente se pode construir jangadas para a passagem. "Quanto tempo precisaria para chegar a Ourique, e como não defrontaria ninguém até lá?" O tempo necessário e terá havido confrontações pelo caminho, simplesmente não são mencionadas porque terão sido de pouca monta. Aliás sem essas pequenas conquistas seria impossível a empresa por falta de mantimentos. Tudo isto é muito relativo e subjectivo. Poderá ter sido a grande campanha de D. Afonso Henriques. Uma campanha articulada por terra/mar/rio. Aproveitando as dissidências entre líderes das várias praças mouras e com tratos com outros chegou a Ourique onde se travou apenas mais uma das batalhas da campanha. Não foram 5 Reis que derrotou mas provavelmente 5 governadores ou algum tipo de líderes mouros. Não se sabe o local exacto da batalha porque foram vários.
Acontece que Bernardo Brito dá uma sustentação a essa teoria de penetração terrestre:
Chegado pois o mês de Julho do ano do Senhor de 1139 partiu com suas bandeiras soltas & as esquadras postas em som de guerra, nas quais iam por todos doze mil infantes e mil ginetes, poucos em número, mas invencíveis nos esforços & brio; com esta ordem, passou o Príncipe as águas do formoso rio Teijo, sendo o primeiro que com ânimo de conquistar mouros passou, depois que foi deles ganhada a terra que ele divide da outra que chamamos Beyra. Com grande trabalho de sua gente atravessou o Príncipe as solitárias charnecas que na terra havia & há hoje em dia desprovidas de toda a recordação a quem por elas caminha.
Do ponto de vista logístico, ainda me parece complicado ter uma grande força militar encurralada no meio de território inimigo, mas a menção às "charnecas" dá uma outra pista para as tropas correrem.
Porque "charneca" mantém no Brasil o significado de terreno pantanoso, alagado, e isso poderia corresponder a uma deslocação ao longo de margens do Tejo que antes penetravam no Alentejo... chegando quase até Ourique, pela sua continuação pelos terrenos antes alagados pelo Sado.

O que me parece algo mais difícil de sustentar é que se tratou apenas de uma incursão ocasional, do tipo "fossado", conforme é também considerado:
A tese do fossado também pode explicar o registo meramente informativo da primeira notícia que se conhece sobre a Batalha de Ourique, incluída no Livro de Noa I, ou Chronicon Conimbricense, escrito no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra pouco depois de 1168, ainda durante o reinado de Afonso Henriques. Notícia que se repete literalmente no Chronicon Lamacense, manuscrito da Sé de Lamego copiado já no século XIII mas a partir de um texto do século anterior, contemporâneo do Livro de Noa. Esses dois textos limitam-se a indicar a data e o local da batalha e o nome do rei mouro posto em fuga: Ismário e Examare, variantes de Esmar que, por sua vez, derivará de Ismael, o primogénito de Abraão e “pai” da raça islâmica. O mesmo nome é dado na Crónica dos Godos ao chefe mouro e irá perdurar, com ligeiras variações, nas ulteriores narrativas da Batalha de Ourique, apesar de não ser referido nas crónicas árabes, o que leva a supor tratar-se de um nome simbólico. Apesar da sua concisão informativa, os dois relatos não deixam de referir-se a Ourique como um combate ou mesmo uma grande batalha (prelium e lis magna), iniciando-se assim o engrandecimento deste efabulado confronto entre cristãos e islâmicos que, volvidos poucos anos e ainda em vida do seu protagonista, será exaltado como um grande feito bélico na Crónica dos Godos, escrita em Santa Cruz de Coimbra pouco depois de 1184.
de Vitor Manuel Adrião (2015) Ourique: a batalha impossível

O texto que acabamos de citar remete para a "teoria clássica", e eu apenas deixaria uma nota adicional a este propósito. O cronista Duarte Galvão refere que Egas Moniz morre no decurso desta incursão, quase no seu início, antes de qualquer passagem do Tejo. 
Nesse caso não teria sido apenas uma incursão bélica, de combatentes experimentados.
Nesse caso, isso revelaria sim, uma grande aceitação pela população que vivia sob controlo mouro, que forneceria a D. Afonso Henriques todo o apoio logístico necessário a tal deslocação. Ou seja, o "território inimigo", era já notado como "território amigo". Ou seja, seria mais esse sentimento de aceitação popular que lhe permitiria ser rei por direito próprio, do que por direito outorgado por Roma.
O facto notável de D. Afonso Henriques será esse congregar de uma nacionalidade antiga, que impediu que tentativas mouras posteriores, de recuperar o antigo território dos Túrdulos, tivessem sucesso. Tirando um cerco a Santarém, nunca mais o território acima do Tejo foi incomodado... algo bastante diferente do que acontecia antes - o Conde D. Henrique terá conquistado (1093) e perdido Lisboa, logo de seguida (1095).

Quanto à hipótese de incursão naval, parece-me fazer ainda sentido, como referia João Ribeiro, pelo menos como apoio no caso de assegurar a retirada, caso se vissem cercados em territórios alentejanos, e perante uma derrota em Ourique. Não era a mesma situação do fossado de D. Sancho I a Sevilha, onde havia uma continuidade territorial próxima. No caso de cerco, o regresso a Coimbra seria praticamente impossível.
A isto acresce a história do resgate do corpo de S. Vicente, que é colocado como intenção de D. Afonso Henriques logo que soube do assunto em Ourique, conforme relata Duarte Galvão. E aí se declara que não o tendo logo resgatado, manifestara intenção de o levar para depositar em Lisboa, quando esta fosse conquistada. Esse episódio do transporte foi reconhecidamente efectuado por via marítima, conforme atesta o símbolo do brazão lisboeta. 

Assim, de uma ou de outra forma, no tempo de D. Afonso Henriques é suposto que as naus portuguesas tenham feito pelo menos uma incursão algarvia, para resgatar o culto de S.Vicente, num local que era antes reportado ao culto de Hércules... e talvez, antes disso, a outro vicente.

_________________
Aditamentos
(i) Finalmente, não deixamos de notar que associar o nome do Emir de Badajoz, Ismar ou Esmar, a uma variante de Ismael, sendo possível, não deixa de ser estranha por falta de registo espanhol ou outro, para o mesmo personagem... e ao ler caligrafia antiga, não há grande diferença entre quem "diz mar" e quem "d'ismar" fala.
(ii) A Ermida de S. Pedro das Cabeças, onde se terá realizado a batalha, parece-me fechada ao público. 

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Escreveu José Manuel Oliveira num comentário recente:
Era para escrever este comentário no post Afonso Henriques e Ourique pois sinceramente não compreendo como ainda duvidam da capacidade de navegar em mar alto na antiguidade... os romanos deixaram escrito que os suevos tinham um mar com o seu nome, neste texto integral sobre Tauria ficasse sem dúvidas que Afonso Henriques tinha à disposição meios para ir do norte à zona de Lisboa por mar antes da tomada da cidade, sempre vierem por mar mercadores da Escandinávia ao Porto seguiam para a Tauria e de Lisboa entravam no Mediterrâneo!
Curiosidades e esquecimentos dos Ataídes e do museu do Louvre em Paris:
«Recebeu nessa altura, o seu magnífico pelourinho de estilo Manuelino, que mais tarde foi mutilado por ordem do Marquês de Pombal, por nele conter o brazão de armas dos condes de Atouguia "Os Ataídes"»
«Com grandes forças napoleónicas aquarteladas na praça militar de Peniche, a vizinha Atouguia é bastante mal tratada pelo abuso da soldadesca sem escrúpulo e desvairada, que muitos danos lhe fizeram. Foi assim, que nos roubaram o altar-mór da igreja de Nossa Senhora e também o seu belo sacrário, que hoje se encontram expostos no museu do Louvre em Paris.»
Autoguia da Baleia (Freguesia) www.atouguiadabaleia.net 

Desconhecia a designação de Tauria para Atouguia da Baleia, mas o link que remete à página da freguesia, mostra bem como é possível, com alguma vontade e empenho local, de fazer um bom serviço histórico, e recuperar a memória de um imenso património que veio sendo perdido, por diversas razões, umas piores que outras.
Mais em baixo, falarei sobre a outra Tauria...

Um outro exemplo que devo assinalar é o site ligado a Alfeizerão: alfeizerense.blogspot.pt, dando como exemplo, um estudo exaustivo sobre a configuração da baía de S. Martinho e Salir do Porto:
http://alfeizerense.blogspot.pt/2015/10/uma-perspetiva-cartografica-da-lagoa-de.html

A esse propósito, José Lopes, que mantém esse blog, enviou-me o endereço de um conjunto de descrições da costa portuguesa, constante na Torre do Tombo
(clicar p/aumentar as figuras seguintes)

Alvor
 LagosPortimão 


 C. S. Vicente



 Sagres


 
Ilha do Pessegueiro e Vila Nova de Milfontes - rio Mira

  Setúbal e Sines

 BelémCascais


Lisboa 

 Monte Brazil (Açores)

 Nazaré 

 Ilha S. Helena e Argel

(ilustrações de Luís de Figueiredo - Torre do Tombo)

Estas ilustrações não são todas, há outras que denotam bem o cuidado em assinalar a profundidade das águas junto à costa lisboeta. A inclusão da planta de Argel mostra como o reino de Espanha não tinha desistido de tentar capturar a cidade, em período filipino (tendo falhado com Carlos V). Quanto à ilha de Santa Helena, seria portuguesa, ainda que fosse pouco frequentada, o que levou a uma anexação holandesa, e posteriormente britânica.

Quanto às outras ilustrações, cada uma tem interesse próprio. No caso do Alvor, podemos ver como seria a vila, não muito diferente um século depois da morte de D. João II. No caso de Sagres, podemos ver que se resumia, tal como hoje, a uma fortificação que cortava a península da rocha. Vila Nova de Milfontes mostra que o rio Mira é bastante navegável até ao interior, etc...

Tauria na Crimeia
A curiosidade adicional sobre o nome de Tauria, é que esse nome era usado pelos gregos para denominar a região da Crimeia, que tinham o hábito de sacrificar náufragos gregos... segundo as descrições mais ilustrativas, decapitando-os, atirando o corpo ao mar, e espetando a cabeça num pau que colocavam como "forma de vigilância" para suas casas.

Se os gregos tinham esta opinião bárbara dos russos, e constavam serem mesmos ruivos, estes habitantes da Crimeia, ou da Cítia, não deixaram de dar um desfecho mais feliz ao episódio do sacrifício de Ifigénia.
A conhecida história de Ifigénia, filha de Agamémnon, conforme contada por Homero, é uma total contradição de propósitos! No contexto da Guerra de Tróia, a armada grega vê-se bloqueada na sua partida para resgatar Helena... e assim, Agamémnon para obter ventos favoráveis no sentido de resgatar a cunhada, Helena, decide sacrificar a filha, Ifigénia!  
A lógica de tal acção ultrapassa mesmo a lógica da mitologia, mas também depois Agamémnon será traído e morto pela mulher, Clitmnestra, que por sua vez será morta pelos filhos Orestes e Electra... 

Numa reviravolta ao problema moral do sacrifício de Ifigénia, aparece a versão de que Ifigénia teria sido poupada ao sacrifício por Artemisa, e seria sacerdotisa na Tauria (Crimeia). Afinal um cervo teria sido colocado no seu lugar. Assim é escrita a tragédia de Eurípedes - "Ifigénia em Tauris". Talvez não tivesse sido um cervo, e tivesse sido mais uma serva... para evitar a morte da filha do rei. Afinal o que interessava no sacrifício era mostrar a determinação do pai Agamémnon, em prosseguir a campanha, não olhando a princípios e meios, para chegar ao fim de Tróia.
O sacrifício de Ifigénia (imagem em Pompeia - maicar.com)
A questão é que, também num texto anterior, abordámos aqui a questão dos cervos na Crimeia.
Mais concretamente, no contexto do "fogo de Santelmo", entendemos desta forma uma representação rupestre existente na Crimeia:



Ou seja, entendemos que a pintura representava três momentos, no contexto de uma caçada. Primeiro, os chifres do cervo iluminavam-se («St. Elmo's fire can also appear on leaves, grass, and even at the tips of cattle horns»), associava-se um fenómeno de esfera luminosa («Often accompanying the glow is a distinct hissing or buzzing sound. It is sometimes confused with ball lightning.») que vitimava alguns dos caçadores, e a manifestação sobrenatural levava à veneração do cervo.

Na altura, dissemos que tal manifestação poderia ainda ter levado às comemorações populares do touro embolado, onde são colocados os chifres do touro em chamas. 
Agora, só isso parece ser consistente com o nome Tauria ou Tauris, já que a Crimeia não parece ter sido uma região muito pródiga em touros. Aliás convém notar que todo o conjunto montanhoso que ia do Cáucaso aos Himalaias chegou a ser denominado como montanhas do Tauro.

Bom, não deixa de ser curioso que para além de termos a nossa Tróia, tenhamos também a nossa Tauria, na Atouguia, ambas ligadas à tão distante Guerra de Tróia... acrescendo a isso toda a mitologia repetida sobre a fundação lisboeta por Ulisses, e à sua paixão por Calipso, quando o nome romano do rio Sado era Calippo.


Aditamento (11/02/2016) :
Por razão da observação feita pelo João Ribeiro, relativo ao Touril de Atouguia, parece-me bastante interessante mostrar o brazão da freguesia de Atouguia da Baleia, e comparar com a imagem do touro embolado, que já tinha colocado no texto sobre a Crimeia:


Brazão da freguesia de Atougia da Baleia e imagem de touro embolado em Espanha (wikipedia)

Certamente que haverá alguma justificação para os castelos ou torres nos cornos do touro, mas atendendo ao que vínhamos a descrever, a imagem do touro embolado (à direita, o touro com os cornos em chamas), veio aqui assentar, que nem uma luva! Há "coincidências" que nem de propósito seriam mais ilustrativas...

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Escreveu José Manuel Oliveira num comentário recente:
Era para escrever este comentário no post Afonso Henriques e Ourique pois sinceramente não compreendo como ainda duvidam da capacidade de navegar em mar alto na antiguidade... os romanos deixaram escrito que os suevos tinham um mar com o seu nome, neste texto integral sobre Tauria ficasse sem dúvidas que Afonso Henriques tinha à disposição meios para ir do norte à zona de Lisboa por mar antes da tomada da cidade, sempre vierem por mar mercadores da Escandinávia ao Porto seguiam para a Tauria e de Lisboa entravam no Mediterrâneo!
Curiosidades e esquecimentos dos Ataídes e do museu do Louvre em Paris:
«Recebeu nessa altura, o seu magnífico pelourinho de estilo Manuelino, que mais tarde foi mutilado por ordem do Marquês de Pombal, por nele conter o brazão de armas dos condes de Atouguia "Os Ataídes"»
«Com grandes forças napoleónicas aquarteladas na praça militar de Peniche, a vizinha Atouguia é bastante mal tratada pelo abuso da soldadesca sem escrúpulo e desvairada, que muitos danos lhe fizeram. Foi assim, que nos roubaram o altar-mór da igreja de Nossa Senhora e também o seu belo sacrário, que hoje se encontram expostos no museu do Louvre em Paris.»
Autoguia da Baleia (Freguesia) www.atouguiadabaleia.net 

Desconhecia a designação de Tauria para Atouguia da Baleia, mas o link que remete à página da freguesia, mostra bem como é possível, com alguma vontade e empenho local, de fazer um bom serviço histórico, e recuperar a memória de um imenso património que veio sendo perdido, por diversas razões, umas piores que outras.
Mais em baixo, falarei sobre a outra Tauria...

Um outro exemplo que devo assinalar é o site ligado a Alfeizerão: alfeizerense.blogspot.pt, dando como exemplo, um estudo exaustivo sobre a configuração da baía de S. Martinho e Salir do Porto:
http://alfeizerense.blogspot.pt/2015/10/uma-perspetiva-cartografica-da-lagoa-de.html

A esse propósito, José Lopes, que mantém esse blog, enviou-me o endereço de um conjunto de descrições da costa portuguesa, constante na Torre do Tombo
(clicar p/aumentar as figuras seguintes)

Alvor
 LagosPortimão 


 C. S. Vicente



 Sagres


 
Ilha do Pessegueiro e Vila Nova de Milfontes - rio Mira

  Setúbal e Sines

 BelémCascais


Lisboa 

 Monte Brazil (Açores)

 Nazaré 

 Ilha S. Helena e Argel

(ilustrações de Luís de Figueiredo - Torre do Tombo)

Estas ilustrações não são todas, há outras que denotam bem o cuidado em assinalar a profundidade das águas junto à costa lisboeta. A inclusão da planta de Argel mostra como o reino de Espanha não tinha desistido de tentar capturar a cidade, em período filipino (tendo falhado com Carlos V). Quanto à ilha de Santa Helena, seria portuguesa, ainda que fosse pouco frequentada, o que levou a uma anexação holandesa, e posteriormente britânica.

Quanto às outras ilustrações, cada uma tem interesse próprio. No caso do Alvor, podemos ver como seria a vila, não muito diferente um século depois da morte de D. João II. No caso de Sagres, podemos ver que se resumia, tal como hoje, a uma fortificação que cortava a península da rocha. Vila Nova de Milfontes mostra que o rio Mira é bastante navegável até ao interior, etc...

Tauria na Crimeia
A curiosidade adicional sobre o nome de Tauria, é que esse nome era usado pelos gregos para denominar a região da Crimeia, que tinham o hábito de sacrificar náufragos gregos... segundo as descrições mais ilustrativas, decapitando-os, atirando o corpo ao mar, e espetando a cabeça num pau que colocavam como "forma de vigilância" para suas casas.

Se os gregos tinham esta opinião bárbara dos russos, e constavam serem mesmos ruivos, estes habitantes da Crimeia, ou da Cítia, não deixaram de dar um desfecho mais feliz ao episódio do sacrifício de Ifigénia.
A conhecida história de Ifigénia, filha de Agamémnon, conforme contada por Homero, é uma total contradição de propósitos! No contexto da Guerra de Tróia, a armada grega vê-se bloqueada na sua partida para resgatar Helena... e assim, Agamémnon para obter ventos favoráveis no sentido de resgatar a cunhada, Helena, decide sacrificar a filha, Ifigénia!  
A lógica de tal acção ultrapassa mesmo a lógica da mitologia, mas também depois Agamémnon será traído e morto pela mulher, Clitmnestra, que por sua vez será morta pelos filhos Orestes e Electra... 

Numa reviravolta ao problema moral do sacrifício de Ifigénia, aparece a versão de que Ifigénia teria sido poupada ao sacrifício por Artemisa, e seria sacerdotisa na Tauria (Crimeia). Afinal um cervo teria sido colocado no seu lugar. Assim é escrita a tragédia de Eurípedes - "Ifigénia em Tauris". Talvez não tivesse sido um cervo, e tivesse sido mais uma serva... para evitar a morte da filha do rei. Afinal o que interessava no sacrifício era mostrar a determinação do pai Agamémnon, em prosseguir a campanha, não olhando a princípios e meios, para chegar ao fim de Tróia.
O sacrifício de Ifigénia (imagem em Pompeia - maicar.com)
A questão é que, também num texto anterior, abordámos aqui a questão dos cervos na Crimeia.
Mais concretamente, no contexto do "fogo de Santelmo", entendemos desta forma uma representação rupestre existente na Crimeia:



Ou seja, entendemos que a pintura representava três momentos, no contexto de uma caçada. Primeiro, os chifres do cervo iluminavam-se («St. Elmo's fire can also appear on leaves, grass, and even at the tips of cattle horns»), associava-se um fenómeno de esfera luminosa («Often accompanying the glow is a distinct hissing or buzzing sound. It is sometimes confused with ball lightning.») que vitimava alguns dos caçadores, e a manifestação sobrenatural levava à veneração do cervo.

Na altura, dissemos que tal manifestação poderia ainda ter levado às comemorações populares do touro embolado, onde são colocados os chifres do touro em chamas. 
Agora, só isso parece ser consistente com o nome Tauria ou Tauris, já que a Crimeia não parece ter sido uma região muito pródiga em touros. Aliás convém notar que todo o conjunto montanhoso que ia do Cáucaso aos Himalaias chegou a ser denominado como montanhas do Tauro.

Bom, não deixa de ser curioso que para além de termos a nossa Tróia, tenhamos também a nossa Tauria, na Atouguia, ambas ligadas à tão distante Guerra de Tróia... acrescendo a isso toda a mitologia repetida sobre a fundação lisboeta por Ulisses, e à sua paixão por Calipso, quando o nome romano do rio Sado era Calippo.


Aditamento (11/02/2016) :
Por razão da observação feita pelo João Ribeiro, relativo ao Touril de Atouguia, parece-me bastante interessante mostrar o brazão da freguesia de Atouguia da Baleia, e comparar com a imagem do touro embolado, que já tinha colocado no texto sobre a Crimeia:


Brazão da freguesia de Atougia da Baleia e imagem de touro embolado em Espanha (wikipedia)

Certamente que haverá alguma justificação para os castelos ou torres nos cornos do touro, mas atendendo ao que vínhamos a descrever, a imagem do touro embolado (à direita, o touro com os cornos em chamas), veio aqui assentar, que nem uma luva! Há "coincidências" que nem de propósito seriam mais ilustrativas...

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publicado às 06:00

Trata-se aqui de recuperar uma troca de comentários, já com mais de 5 anos, a propósito do relato da viagem do navio S. S. Jesmond em 1882, feito pelo seu capitão, David Amory Robson.
Houve mesmo uma expedição à ilha, que não pôde chegar ao seu interior, mas encontrou restos de grandes muralhas maciças, e artefactos...
Segue a tradução da notícia que encontrei então:
Em Março de 1882, ao contrário de anteriores alegados avistamentos de ruínas da Atlântida, este foi claramente reportado no diário do navio e também na imprensa. Disse respeito ao encontro de um navio a vapor com uma ilha não registada nos mapas, no meio de linhas de navegação bastante viajadas, e ao pouco habitual material que aí foi encontrado pelo capitão e pela sua tripulação. A embarcação chamava-se S. S. Jesmond, um navio mercante britânico com 1495 toneladas, fretado para Nova Orleães com uma carga de frutos secos do seu último porto de partida, em Messina, na Sicília. O Jesmond era capitaneado por David Robson, detentor do certificado 27911 na Marinha Mercante da Rainha.  
O navio passou o Estreito de Gibraltar em 1 de Março de 1882, e velejou para mar alto. Quando atingiu a posição 31° 25' N, 28° 40' W, cerca de 200 milhas a oeste da Madeira, e aproximadamente a mesma distância a sul dos Açores, foi notado que o oceano se tornara estranhamente lamacento, e que o navio passava por enormes quantidades de peixe morto, como se alguma doença ou explosão subaquática os tivesse morto aos milhões. Ainda antes de encontrar os bancos de peixe, o Capitão notou fumo no horizonte, que presumiu ser de outro navio. 
No dia seguinte, os bancos de peixes eram ainda mais espessos e o fumo no horizonte parecia vir das montanhas de uma ilha no horizonte directamente a oeste, onde, de acordo com as cartas, não haveria terra ao longo de milhares de milhas. Assim que o Jesmond se aproximou da vizinhança da ilha, o Capitão Robson lançou uma âncora a cerca de doze milhas da costa, para saber se esta ilha desconhecida era rodeada por recifes. Apesar das cartas indicarem uma zona com profundidade de vários milhares de braças, a âncora bateu no fundo a apenas sete braças (~ 13 metros). 
Quando Robson foi com um grupo a terra, viu-se numa grande ilha, sem vegetação, sem árvores, sem praias arenosas, desprovida de qualquer vida, como se tivesse acabado de se erguer do oceano. A costa onde tinham desembarcado estava coberta com escombros vulcânicos. Como não havia árvores, o grupo pôde ver um planalto a algumas milhas, e após isso, montanhas fumegantes. O grupo prosseguiu com cuidado para o interior, em direcção às montanhas, mas o seu progresso foi interrompido por uma série de profundas brechas. Chegar ao interior teria demorado dias. Regressaram ao ponto de partida, e examinaram um penhasco quebrado, uma parte do qual parecia ter sido separado em massa de gravilha, como tendo sido sujeito a enorme força.   
Um dos marinheiros encontrou uma invulgar ponta de seta na rocha partida, uma descoberta que levou o capitão a pedir do navio pás e picaretas, para a tripulação escavar a gravilha. De acordo com o que ele disse a um repórter do Times Picayune de Nova Orleães, onde atracou depois, ele e a tripulação descobriram "ruínas de muralhas maciças". Uma variedade de artefactos descobertos ao escavar próximo das muralhas, durante quase dois dias, incluiu "espadas de bronze, anéis, martelos, esculturas de cabeças de aves e animais, e dois vasos com fragmentos de ossos, e um crânio quase inteiro", e "o que parecia ser uma múmia fechada num caixão de pedra... incrustado com depósito vulcânico, de forma que nem se distinguia da própria rocha". No final do dia seguinte, grande parte do qual gasto em trazer o sarcófago de pedra a bordo do Jesmond, Robson agora preocupado com a incerteza do tempo, decidiu abandonar a expedição à ilha, e retomou o seu curso. 
Vários repórteres examinaram os invulgares achados de Robson, e foram por si informados que ele planeava apresentar os artefactos ao British Museum. Infelizmente para a investigação atlante, o diário do Jesmond foi destruído no Blitz de Londres de Setembro de 1940, tal como os escritórios dos proprietários do Jesmond. Não há registo no British Museum da colecção de Robson ter dado entrada. Ainda que seja possível que os artefactos estejam arquivados nos espaçosos sótãos e caves, comuns a todos os museus. Nunca mais se ouviu falar da ilha, existente apenas no testemunho sob juramento do capitão e tripulação do Jesmond. 
Houve ainda assim, alguma corroboração do incidente. O capitão Robson não esteve sozinho ao reportar a ilha misteriosa. O capitão James Newdick, da escuna a vapor Westbourne, saindo de Marselha para Nova Iorque no mesmo período, reportou na sua chegada a Nova Iorque o avistamento de uma ilha em 25º 30' N, 24º W. O relato de Newdick apareceu no New York Post de 1 de Abril de 1882. Se as coordenadas dadas por ambos os capitães estiverem certas, a ilha misteriosa teria medido 20 x 30 milhas de área [?... isto é incorrecto!]. A actividade vulcânica que trouxe uma ilha desta dimensão à superfície teria morto, provalvemente por aquecimento da água oceânica, uma enorme quantidade de peixe, tal como reportado pelo capitão Robson.
As milhas com peixe morto, espalhando-se da área reportada por Robson, foram também comentadas por um número de capitães e apareceram em artigos numa série de jornais, incluindo o  The New York Times. 
http://www.fortunecity.com/roswell/milkyway/190/jesmond.htm 
Localização da ilha avistada pelo S S Jesmond que corresponde à montanha submarina Hyères, ao sul dos Açores
Entretanto, como vem sendo habitual, o link citado também desapareceu, afundado no grande mar da internet, mas para além do registo que transcrevi nessa altura, há outras navegações ainda disponíveis com relato similar- ver, por exemplo: "Jesmond" em The Atlantis Encyclopedia (Frank Joseph, 2005), transcrito na caixa de comentários.

A zona citada corresponde a montes submarinos, só depois identificadas com os nomes que hoje são dados (por exemplo, o monte submarino Meteor corresponde ao nome do navio alemão que o estudou em 1925-27 e que está 270 metros abaixo do nível do mar). 
Muita batimetria da costa portuguesa foi efectuada pelo Príncipe Alberto do Mónaco, em 1895, e depois prosseguida pelo Rei D. Carlos I, a bordo dos iates "Amélia" (cf. A prática oceanográfica e a coleção iconográfica do rei dom Carlos I, M. E. Jardim et al., 2014). Alguns dos nomes saem dessa época, do Séc. XIX, como por exemplo, o banco Gorringe cujo pico está a uns meros 27 metros de profundidade. 
O caso de ilhas que aparecem e desaparecem, devido à actividade vulcânica, ali frequente, tem vários episódios, e já falámos aqui da ilha Sabrina, que em 1811 apareceu ao largo de Ponta Delgada, e foi logo reclamada pelos britânicos... mas que se afundou por completo, pouco tempo depois.

Assim, a localização dada pelo Capitão Robson seria exactamente sobre o monte submarino Hyères, à data ainda não identificado, e poderia resultar de alguma erupção que, tal como a ilha Sabrina, simplesmente não se consolidou.
A localização reportada pelo S.S. Jesmond seria a da montanha submarina Hyères
Curiosamente, ainda hoje, há muito pouca informação disponível sobre montanhas submarinas... num momento em que é suposto recebermos imagens de Marte, parece haver grande dificuldade em enviar imagens das montanhas submarinas no meio do Atlântico. Essa informação continua a estar sob reserva, classificada, apesar dos muitos estudos, e de por lá passarem submarinos, provavelmente diariamente. Após o folclore dado ao comandante Jacques Cousteau, muito poucas imagens de pequenas ou grandes profundezas foram disponibilizadas ao público. Aliás grande parte da ardilosa encenação consistia em fazer um filme de horas em que só se viam preparativos e protagonistas, resultando depois em curtas imagens subaquáticas vulgares, mas regadas dos maiores superlativos, tomadas como grandes conquistas da humanidade.

O que temos, por exemplo, do rendilhado quadricular, também a Oeste da Madeira, e que espantou muita gente no Google, há 6 anos atrás, com a perspectiva de ser a Atlântida, resulta apenas do registo de cuidadosa batimetria, mas que é suficiente para espantar:
Dados de batimetria reais, usados antes no Google Maps, permitiram notar a muita gente,
uma estrutura gigantesca quadricular, situada ao largo da Madeira.
Nas versões seguintes a Google decidiu "apagar":
 o contraste foi reduzido ao mínimo, e já mal se nota... 
Estamos a falar de linhas gigantescas - no quadrado caberia toda a região da ilha da Madeira até Porto Santo. Se me parece difícil supor que se trata de um "fenómeno natural" (que ainda passam por ser "incorrigível" defeito do processo do rasto do navio que faz a batimetria - houve até a particularidade de enfiar letras NOAA, para baixar o nível de credulidade do povo)... como eu dizia, se me parece difícil pensar em fenómeno natural, também parecia praticamente impossível poder ser uma realização humana com tal dimensão - mesmo que estivéssemos a falar de gigantes ou titãs com pelo menos 100 metros de altura.
O Daily Mail ironizou a atitude da Google face à diluição das linhas polémicas:

Pois, mas se apagou umas, deixou outras, e estas também são interessantes:
Duplas linhas direitas, contínuas, no fundo submarino a Oeste e Norte da Madeira.
O interessante neste suposto "erro" da batimetria, é que as linhas param, usam as elevações, e depois prosseguem a direito!
Qual seria essa razão? Que razão levaria erguer montanhas como muros, numa extensão que vai do Sul de Portugal até à Guiné, com ângulos de 45º que viram para o interior?

Podemos ignorar tudo isto, pensar que é tudo engano, erros de batimetria, alinhamentos resultantes das falhas tectónicas, etc... isso é fácil.

Ok, mas e se não for?
Se até aqui não tinha visto nenhuma razão para estas obras "ciclópicas", para poder sequer supor construção humana, surge uma razão muito clara... admitindo que se tratam de elevações artificiais a grande profundidade.

Admitindo ser construção humana, qual seria a razão para levantar muros ciclópicos, que nos fariam rir da Torre de Babel?
- Bom, sem ser fugir, o que fazemos quando o nível de água sobe e queremos evitar a inundação?
- Levantamos diques ou barragens, certo?... Aliás, como fizeram os holandeses.
Quando ainda não se sabia a que ponto subiria a água, poderia pensar-se em levantar muros que estancassem a subida de águas. A subida de águas não teria ocorrido de um dia para o outro... o gelo foi derretendo e água subindo. Por vezes, o aumento poderia ter sido maior, noutras menor. Em contrapartida, os gelos a derreterem nas montanhas mais altas, também não deixariam esses lugares como "seguros".
O processo poderia assim ter-se arrastado durante muitos anos.
Se a ideia fosse acrescentar pedras para aumentar a barragem, a cada ano que passava e a muralha aumentava, mais pareceria ridículo o esforço de levantar uma construção para evitar o inevitável. Como dizia Galvão:
Também os que escaparam do Diluvio ficaram tão assombrados que não ousaram descer aos baixos. Membroth [Nimrod], depois dele cento & trinta anos fez a Torre de Babylonia, com intenção de se salvar nela vindo outra cheia.
A Torre de Babel caiu, e os povos dispersaram-se, mas a questão é que se as águas continuassem a subir - e parece claro que subiram pelo menos mais uns duzentos metros, face à cota actual, então onde se poderia refugiar toda a humanidade? Num pequeno espaço... num topo de uma montanha? Caberiam aí todos? Ou seria necessário condenar alguns ao isolamento, negando-lhes até barcos para se salvarem? Por isso, parece natural que um titã como Atlas tentasse sustentar o mundo sobre pilares, adiando a derrocada final.

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publicado às 05:30

Trata-se aqui de recuperar uma troca de comentários, já com mais de 5 anos, a propósito do relato da viagem do navio S. S. Jesmond em 1882, feito pelo seu capitão, David Amory Robson.
Houve mesmo uma expedição à ilha, que não pôde chegar ao seu interior, mas encontrou restos de grandes muralhas maciças, e artefactos...
Segue a tradução da notícia que encontrei então:
Em Março de 1882, ao contrário de anteriores alegados avistamentos de ruínas da Atlântida, este foi claramente reportado no diário do navio e também na imprensa. Disse respeito ao encontro de um navio a vapor com uma ilha não registada nos mapas, no meio de linhas de navegação bastante viajadas, e ao pouco habitual material que aí foi encontrado pelo capitão e pela sua tripulação. A embarcação chamava-se S. S. Jesmond, um navio mercante britânico com 1495 toneladas, fretado para Nova Orleães com uma carga de frutos secos do seu último porto de partida, em Messina, na Sicília. O Jesmond era capitaneado por David Robson, detentor do certificado 27911 na Marinha Mercante da Rainha.  
O navio passou o Estreito de Gibraltar em 1 de Março de 1882, e velejou para mar alto. Quando atingiu a posição 31° 25' N, 28° 40' W, cerca de 200 milhas a oeste da Madeira, e aproximadamente a mesma distância a sul dos Açores, foi notado que o oceano se tornara estranhamente lamacento, e que o navio passava por enormes quantidades de peixe morto, como se alguma doença ou explosão subaquática os tivesse morto aos milhões. Ainda antes de encontrar os bancos de peixe, o Capitão notou fumo no horizonte, que presumiu ser de outro navio. 
No dia seguinte, os bancos de peixes eram ainda mais espessos e o fumo no horizonte parecia vir das montanhas de uma ilha no horizonte directamente a oeste, onde, de acordo com as cartas, não haveria terra ao longo de milhares de milhas. Assim que o Jesmond se aproximou da vizinhança da ilha, o Capitão Robson lançou uma âncora a cerca de doze milhas da costa, para saber se esta ilha desconhecida era rodeada por recifes. Apesar das cartas indicarem uma zona com profundidade de vários milhares de braças, a âncora bateu no fundo a apenas sete braças (~ 13 metros). 
Quando Robson foi com um grupo a terra, viu-se numa grande ilha, sem vegetação, sem árvores, sem praias arenosas, desprovida de qualquer vida, como se tivesse acabado de se erguer do oceano. A costa onde tinham desembarcado estava coberta com escombros vulcânicos. Como não havia árvores, o grupo pôde ver um planalto a algumas milhas, e após isso, montanhas fumegantes. O grupo prosseguiu com cuidado para o interior, em direcção às montanhas, mas o seu progresso foi interrompido por uma série de profundas brechas. Chegar ao interior teria demorado dias. Regressaram ao ponto de partida, e examinaram um penhasco quebrado, uma parte do qual parecia ter sido separado em massa de gravilha, como tendo sido sujeito a enorme força.   
Um dos marinheiros encontrou uma invulgar ponta de seta na rocha partida, uma descoberta que levou o capitão a pedir do navio pás e picaretas, para a tripulação escavar a gravilha. De acordo com o que ele disse a um repórter do Times Picayune de Nova Orleães, onde atracou depois, ele e a tripulação descobriram "ruínas de muralhas maciças". Uma variedade de artefactos descobertos ao escavar próximo das muralhas, durante quase dois dias, incluiu "espadas de bronze, anéis, martelos, esculturas de cabeças de aves e animais, e dois vasos com fragmentos de ossos, e um crânio quase inteiro", e "o que parecia ser uma múmia fechada num caixão de pedra... incrustado com depósito vulcânico, de forma que nem se distinguia da própria rocha". No final do dia seguinte, grande parte do qual gasto em trazer o sarcófago de pedra a bordo do Jesmond, Robson agora preocupado com a incerteza do tempo, decidiu abandonar a expedição à ilha, e retomou o seu curso. 
Vários repórteres examinaram os invulgares achados de Robson, e foram por si informados que ele planeava apresentar os artefactos ao British Museum. Infelizmente para a investigação atlante, o diário do Jesmond foi destruído no Blitz de Londres de Setembro de 1940, tal como os escritórios dos proprietários do Jesmond. Não há registo no British Museum da colecção de Robson ter dado entrada. Ainda que seja possível que os artefactos estejam arquivados nos espaçosos sótãos e caves, comuns a todos os museus. Nunca mais se ouviu falar da ilha, existente apenas no testemunho sob juramento do capitão e tripulação do Jesmond. 
Houve ainda assim, alguma corroboração do incidente. O capitão Robson não esteve sozinho ao reportar a ilha misteriosa. O capitão James Newdick, da escuna a vapor Westbourne, saindo de Marselha para Nova Iorque no mesmo período, reportou na sua chegada a Nova Iorque o avistamento de uma ilha em 25º 30' N, 24º W. O relato de Newdick apareceu no New York Post de 1 de Abril de 1882. Se as coordenadas dadas por ambos os capitães estiverem certas, a ilha misteriosa teria medido 20 x 30 milhas de área [?... isto é incorrecto!]. A actividade vulcânica que trouxe uma ilha desta dimensão à superfície teria morto, provalvemente por aquecimento da água oceânica, uma enorme quantidade de peixe, tal como reportado pelo capitão Robson.
As milhas com peixe morto, espalhando-se da área reportada por Robson, foram também comentadas por um número de capitães e apareceram em artigos numa série de jornais, incluindo o  The New York Times. 
http://www.fortunecity.com/roswell/milkyway/190/jesmond.htm 
Localização da ilha avistada pelo S S Jesmond que corresponde à montanha submarina Hyères, ao sul dos Açores
Entretanto, como vem sendo habitual, o link citado também desapareceu, afundado no grande mar da internet, mas para além do registo que transcrevi nessa altura, há outras navegações ainda disponíveis com relato similar- ver, por exemplo: "Jesmond" em The Atlantis Encyclopedia (Frank Joseph, 2005), transcrito na caixa de comentários.

A zona citada corresponde a montes submarinos, só depois identificadas com os nomes que hoje são dados (por exemplo, o monte submarino Meteor corresponde ao nome do navio alemão que o estudou em 1925-27 e que está 270 metros abaixo do nível do mar). 
Muita batimetria da costa portuguesa foi efectuada pelo Príncipe Alberto do Mónaco, em 1895, e depois prosseguida pelo Rei D. Carlos I, a bordo dos iates "Amélia" (cf. A prática oceanográfica e a coleção iconográfica do rei dom Carlos I, M. E. Jardim et al., 2014). Alguns dos nomes saem dessa época, do Séc. XIX, como por exemplo, o banco Gorringe cujo pico está a uns meros 27 metros de profundidade. 
O caso de ilhas que aparecem e desaparecem, devido à actividade vulcânica, ali frequente, tem vários episódios, e já falámos aqui da ilha Sabrina, que em 1811 apareceu ao largo de Ponta Delgada, e foi logo reclamada pelos britânicos... mas que se afundou por completo, pouco tempo depois.

Assim, a localização dada pelo Capitão Robson seria exactamente sobre o monte submarino Hyères, à data ainda não identificado, e poderia resultar de alguma erupção que, tal como a ilha Sabrina, simplesmente não se consolidou.
A localização reportada pelo S.S. Jesmond seria a da montanha submarina Hyères
Curiosamente, ainda hoje, há muito pouca informação disponível sobre montanhas submarinas... num momento em que é suposto recebermos imagens de Marte, parece haver grande dificuldade em enviar imagens das montanhas submarinas no meio do Atlântico. Essa informação continua a estar sob reserva, classificada, apesar dos muitos estudos, e de por lá passarem submarinos, provavelmente diariamente. Após o folclore dado ao comandante Jacques Cousteau, muito poucas imagens de pequenas ou grandes profundezas foram disponibilizadas ao público. Aliás grande parte da ardilosa encenação consistia em fazer um filme de horas em que só se viam preparativos e protagonistas, resultando depois em curtas imagens subaquáticas vulgares, mas regadas dos maiores superlativos, tomadas como grandes conquistas da humanidade.

O que temos, por exemplo, do rendilhado quadricular, também a Oeste da Madeira, e que espantou muita gente no Google, há 6 anos atrás, com a perspectiva de ser a Atlântida, resulta apenas do registo de cuidadosa batimetria, mas que é suficiente para espantar:
Dados de batimetria reais, usados antes no Google Maps, permitiram notar a muita gente,
uma estrutura gigantesca quadricular, situada ao largo da Madeira.
Nas versões seguintes a Google decidiu "apagar":
 o contraste foi reduzido ao mínimo, e já mal se nota... 
Estamos a falar de linhas gigantescas - no quadrado caberia toda a região da ilha da Madeira até Porto Santo. Se me parece difícil supor que se trata de um "fenómeno natural" (que ainda passam por ser "incorrigível" defeito do processo do rasto do navio que faz a batimetria - houve até a particularidade de enfiar letras NOAA, para baixar o nível de credulidade do povo)... como eu dizia, se me parece difícil pensar em fenómeno natural, também parecia praticamente impossível poder ser uma realização humana com tal dimensão - mesmo que estivéssemos a falar de gigantes ou titãs com pelo menos 100 metros de altura.
O Daily Mail ironizou a atitude da Google face à diluição das linhas polémicas:

Pois, mas se apagou umas, deixou outras, e estas também são interessantes:
Duplas linhas direitas, contínuas, no fundo submarino a Oeste e Norte da Madeira.
O interessante neste suposto "erro" da batimetria, é que as linhas param, usam as elevações, e depois prosseguem a direito!
Qual seria essa razão? Que razão levaria erguer montanhas como muros, numa extensão que vai do Sul de Portugal até à Guiné, com ângulos de 45º que viram para o interior?

Podemos ignorar tudo isto, pensar que é tudo engano, erros de batimetria, alinhamentos resultantes das falhas tectónicas, etc... isso é fácil.

Ok, mas e se não for?
Se até aqui não tinha visto nenhuma razão para estas obras "ciclópicas", para poder sequer supor construção humana, surge uma razão muito clara... admitindo que se tratam de elevações artificiais a grande profundidade.

Admitindo ser construção humana, qual seria a razão para levantar muros ciclópicos, que nos fariam rir da Torre de Babel?
- Bom, sem ser fugir, o que fazemos quando o nível de água sobe e queremos evitar a inundação?
- Levantamos diques ou barragens, certo?... Aliás, como fizeram os holandeses.
Quando ainda não se sabia a que ponto subiria a água, poderia pensar-se em levantar muros que estancassem a subida de águas. A subida de águas não teria ocorrido de um dia para o outro... o gelo foi derretendo e água subindo. Por vezes, o aumento poderia ter sido maior, noutras menor. Em contrapartida, os gelos a derreterem nas montanhas mais altas, também não deixariam esses lugares como "seguros".
O processo poderia assim ter-se arrastado durante muitos anos.
Se a ideia fosse acrescentar pedras para aumentar a barragem, a cada ano que passava e a muralha aumentava, mais pareceria ridículo o esforço de levantar uma construção para evitar o inevitável. Como dizia Galvão:
Também os que escaparam do Diluvio ficaram tão assombrados que não ousaram descer aos baixos. Membroth [Nimrod], depois dele cento & trinta anos fez a Torre de Babylonia, com intenção de se salvar nela vindo outra cheia.
A Torre de Babel caiu, e os povos dispersaram-se, mas a questão é que se as águas continuassem a subir - e parece claro que subiram pelo menos mais uns duzentos metros, face à cota actual, então onde se poderia refugiar toda a humanidade? Num pequeno espaço... num topo de uma montanha? Caberiam aí todos? Ou seria necessário condenar alguns ao isolamento, negando-lhes até barcos para se salvarem? Por isso, parece natural que um titã como Atlas tentasse sustentar o mundo sobre pilares, adiando a derrocada final.

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publicado às 05:30

Este apontamento segue do comentário de Maria da Fonte, que foca a morte de D. João II: 
Tal como o Mosteiro do Priorado do Sião na Batalha, onde o Rei Dom Duarte encheu de iniciais um Pórtico, para onde nunca ninguém olhou.
TÃ YA SEREI (Serei sempre Fiel) envolto na dupla aliança eterna do Priorado.
Tal como, na Igreja da Consolação em Elvas, tudo o que resta do Antigo Convento das Dominicanas, construído sobre o Templo de Madalena é uma Cúpula Piramidal decorada como O Taj Mahal, de base octogonal, por onde os raios de Sol iluminam o Túmulo do Leão, para onde todos olham sem ver.
A Viagem de Vasco da Gama à Índia, foi o regresso do Rei Dom João II, e o culminar de cinco séculos de Demanda dos Reis de Portugal.
O Rei não chegaria vivo a Portugal, e quando foi sepultado na Capela da Piedade do Mosteiro dos Dominicanos na Batalha, dizem os cronistas que o Corpo estava incorrupto, e que o Povo clamava Milagre e afirmava que o Rei era Santo.
______________

Como já referi na resposta ao comentário, foi faltando colocar aqui um texto.

Trata-se de um texto (que encontrei em 2010), incluído na imensa compilação de Frei Luís de Sousa (pseudónimo de Manuel Sousa Coutinho) intitulada "História de S. Domingos", em cinco volumes. 
Este excerto encontra-se no Volume 2, sobre o Convento da Batalha. 
Diz assim, na página 328, sobre D. João II:
(...) Falecendo na vila de Alvor no Algarve, em idade de 40 anos e alguns meses mais, foi enterrado na Sé Catedral de Silves. Ali começou a correr fama que a terra da sua sepultura era remédio contra doença de febres. Foram muitos os que acudiram a valer-se dela, e o sucesso foi tão provado, que o Bispo do Algarve mandou fazer inquirição pelo seu Vigário Geral com o Cónego Alvaro Fernandes por adjunto, pelo qual parecem justificados seis casos distintos de pessoas conhecidas que sararam com aquela terra, e algumas das testemunhas afirmam de muitas outras sem nome, que alcançaram saúde com o mesmo remédio. 
(...) Verificam-se estes testemunhos com o que escreve Damião de Goes, que sucedeu nas exéquias solenes, que el Rei D. Manuel lhe mandou fazer em sua trasladação quatro anos depois. Afirma este Cronista que andando na voz do povo que obrava Deus por ele alguns milagres, se publicara no sermão das exéquias, que quando fora desenterrado em Silves se achara a madeira do caixão queimada, e quase consumida da força da cal viva, com que o corpo fora coberto para se gastar brevemente, e assim a mortalha, e uma alcatifa; mas o corpo estava inteiro, limpo e são, e a cabeça, e rosto coberto de todo seu cabelo e barba, como quando vivia; e que espantando a vista em corpo mortal e corruptível, por se ver que não fora acompanhado de nenhum género de materiais aromáticos, nem ajudado de outros feitios, que preservam de corrupção; causara mais espanto em todos os presentes um cheiro suave que dele procedia. 
(...)  no ano de 1621, que isto vamos escrevendo, 125 anos que foi enterrado. Está seu corpo tão inteiro como no dia em que faleceu, sem lhe faltar mais que a ponta do nariz.
(...)  Informado el Rei D. Sebastião do que temos dito, quis ver esta maravilha. Mostrou-se-lhe que é fácil de ver como está sem moimento de pedra. Encheu-se o Rei moço de respeito com tal vista, e fez-lhe reverência como a Santo. Passou depois a curiosidades, e como quem tinha brios de valente, e sabia que o fora Santo, quis ver como lhe estava a espada na mão. Mandou-o levantar em pé, e meteu-lhe nela a sua própria, que no Convento [da Batalha] se guardava; e vendo-o nesta postura disse para o Duque de Aveiro D. Jorge, que o acompanhava, que beijasse a mão a seu bisavô; o que ele fez, beijando-a primeiro a quem lho mandava.  Acrescentou el Rei falando com o Duque, e com os olhos no defunto estas palavras: "Duque este foi o melhor oficial que houve de nosso ofício". E todas as vezes que sucedia falar nele noutras ocasiões, chamava-lhe o seu Rei. Ditoso, se o soubera imitar na prudência, como o quis imitar na valentia.
Túmulo de D. João II (Mosteiro da Batalha)
O que não será de excluir, na celebração popular posterior, é que não seja apenas Santo António comemorado como Santo. Por mero acaso, os outros dois santos que fazem parte dos festejos populares são São João e São Pedro: - João como D. João II, e Pedro como o Infante D. Pedro, seu avô. E esta associação só parecerá mais estranha a quem for alheio ao impacto que ambos os monarcas tiveram no povo... e talvez não só.
Digamos, como se uniria o símbolo do pelicano do Príncipe Perfeito, com o símbolo do camaroeiro da Princesa Perfeitíssima?
Símbolo do 18º grau da maçonaria:
Prince, of Knight Rose Croix Degree

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Este apontamento segue do comentário de Maria da Fonte, que foca a morte de D. João II: 
Tal como o Mosteiro do Priorado do Sião na Batalha, onde o Rei Dom Duarte encheu de iniciais um Pórtico, para onde nunca ninguém olhou.
TÃ YA SEREI (Serei sempre Fiel) envolto na dupla aliança eterna do Priorado.
Tal como, na Igreja da Consolação em Elvas, tudo o que resta do Antigo Convento das Dominicanas, construído sobre o Templo de Madalena é uma Cúpula Piramidal decorada como O Taj Mahal, de base octogonal, por onde os raios de Sol iluminam o Túmulo do Leão, para onde todos olham sem ver.
A Viagem de Vasco da Gama à Índia, foi o regresso do Rei Dom João II, e o culminar de cinco séculos de Demanda dos Reis de Portugal.
O Rei não chegaria vivo a Portugal, e quando foi sepultado na Capela da Piedade do Mosteiro dos Dominicanos na Batalha, dizem os cronistas que o Corpo estava incorrupto, e que o Povo clamava Milagre e afirmava que o Rei era Santo.
______________

Como já referi na resposta ao comentário, foi faltando colocar aqui um texto.

Trata-se de um texto (que encontrei em 2010), incluído na imensa compilação de Frei Luís de Sousa (pseudónimo de Manuel Sousa Coutinho) intitulada "História de S. Domingos", em cinco volumes. 
Este excerto encontra-se no Volume 2, sobre o Convento da Batalha. 
Diz assim, na página 328, sobre D. João II:
(...) Falecendo na vila de Alvor no Algarve, em idade de 40 anos e alguns meses mais, foi enterrado na Sé Catedral de Silves. Ali começou a correr fama que a terra da sua sepultura era remédio contra doença de febres. Foram muitos os que acudiram a valer-se dela, e o sucesso foi tão provado, que o Bispo do Algarve mandou fazer inquirição pelo seu Vigário Geral com o Cónego Alvaro Fernandes por adjunto, pelo qual parecem justificados seis casos distintos de pessoas conhecidas que sararam com aquela terra, e algumas das testemunhas afirmam de muitas outras sem nome, que alcançaram saúde com o mesmo remédio. 
(...) Verificam-se estes testemunhos com o que escreve Damião de Goes, que sucedeu nas exéquias solenes, que el Rei D. Manuel lhe mandou fazer em sua trasladação quatro anos depois. Afirma este Cronista que andando na voz do povo que obrava Deus por ele alguns milagres, se publicara no sermão das exéquias, que quando fora desenterrado em Silves se achara a madeira do caixão queimada, e quase consumida da força da cal viva, com que o corpo fora coberto para se gastar brevemente, e assim a mortalha, e uma alcatifa; mas o corpo estava inteiro, limpo e são, e a cabeça, e rosto coberto de todo seu cabelo e barba, como quando vivia; e que espantando a vista em corpo mortal e corruptível, por se ver que não fora acompanhado de nenhum género de materiais aromáticos, nem ajudado de outros feitios, que preservam de corrupção; causara mais espanto em todos os presentes um cheiro suave que dele procedia. 
(...)  no ano de 1621, que isto vamos escrevendo, 125 anos que foi enterrado. Está seu corpo tão inteiro como no dia em que faleceu, sem lhe faltar mais que a ponta do nariz.
(...)  Informado el Rei D. Sebastião do que temos dito, quis ver esta maravilha. Mostrou-se-lhe que é fácil de ver como está sem moimento de pedra. Encheu-se o Rei moço de respeito com tal vista, e fez-lhe reverência como a Santo. Passou depois a curiosidades, e como quem tinha brios de valente, e sabia que o fora Santo, quis ver como lhe estava a espada na mão. Mandou-o levantar em pé, e meteu-lhe nela a sua própria, que no Convento [da Batalha] se guardava; e vendo-o nesta postura disse para o Duque de Aveiro D. Jorge, que o acompanhava, que beijasse a mão a seu bisavô; o que ele fez, beijando-a primeiro a quem lho mandava.  Acrescentou el Rei falando com o Duque, e com os olhos no defunto estas palavras: "Duque este foi o melhor oficial que houve de nosso ofício". E todas as vezes que sucedia falar nele noutras ocasiões, chamava-lhe o seu Rei. Ditoso, se o soubera imitar na prudência, como o quis imitar na valentia.
Túmulo de D. João II (Mosteiro da Batalha)
O que não será de excluir, na celebração popular posterior, é que não seja apenas Santo António comemorado como Santo. Por mero acaso, os outros dois santos que fazem parte dos festejos populares são São João e São Pedro: - João como D. João II, e Pedro como o Infante D. Pedro, seu avô. E esta associação só parecerá mais estranha a quem for alheio ao impacto que ambos os monarcas tiveram no povo... e talvez não só.
Digamos, como se uniria o símbolo do pelicano do Príncipe Perfeito, com o símbolo do camaroeiro da Princesa Perfeitíssima?
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