Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Na sequência de um comentário sobre Zheng He, navegador chinês popularizado por Gavin Menzies no livro 1421 - ou seja, o ano em que a China tinha percorrido os mares até ao Atlântico, falei numa hipótese de "ameaça chinesa" à Europa, por essa altura.
O José Manuel fez o favor de indicar um bom documentário da televisão ARTE sobre Zheng He:

O documentário estabelece uma ligação entre Zheng He e o conhecimento árabe de navegação, o que teria permitido aos chineses uma aventura, registada pelo menos certamente até às costas africanas, em particular a Madagáscar (chamada Ilha de São Lourenço, pelos portugueses).
Depois, subitamente, tal como rapidamente havia surgido, o interesse chinês pelas navegações parece desaparecer.
Os tempos são demasiado coincidentes para não se estabelecer alguma relação. Se a China avançava no início do Séc. XV em direcção à Europa, e o ano 1421 é marcante... também é marcante no mesmo período para as navegações portuguesas, que em 1418 e 1419 registam o Porto Santo e a Madeira.
Portanto, se uns avançavam numa direcção, outros avançavam na outra - terá havido recontros?
É difícil saber porque à época seria possível registar como "mouro" tudo o que fosse inimigo.
No entanto, não é de excluir que a ameaça asiática estivesse na ordem de partida papal em direcção ao Sul.
O tempo que demora a passagem do "Cabo Bojador" é tão fictício que pode corresponder a várias interpretações, enquanto alegoria de outro facto. Se já estabeleci um paralelismo entre as navegações africanas e americanas, podendo isso corresponder a uma tentativa de descoberta de passagem ocidental para as Índias (ao jeito de Colombo), talvez seja mais verosímil pensar numa autorização de passagem, libertada a ameaça chinesa nas costas africanas.

Numa recensão crítica à obra de Menzies (feita por J. M. Azevedo e Silva), podemos ler:
Em boa verdade, os portugueses começaram a descobrir «mares nunca dantes navegados» em 1434, quando Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, precisamente (pura coincidência?) no ano seguinte ao fim das navegações chinesas do almirante Zeng He (1405-1433).
Portanto, aquelas duas palavras com interrogação "(pura coincidência?)" são uma forma abreviada de sugerir algo semelhante... O Bojador teria sido um "cabo de trabalhos" com vista a libertar a parte ocidental de África da presença chinesa.
Segue-se outro problema, que seria libertar mesmo a parte oriental, e assim permitir o avanço para a Índia, esse cabo de trabalhos seria o da Boa Esperança.
Se esses "cabos de trabalhos" foram apenas diplomáticos ou representaram violentas acções de guerra naval... é algo difícil de estabelecer.
Porquê?
Porque nada justifica os mais de 50 anos entre a passagem do Bojador e a chegada ao Cabo da Boa Esperança... conforme já se disse, era mais rápido ir a pé, pela praia... bastariam 1 ou 2 anos, a caminhar sem grandes pressas - é só fazer contas.
Ao contrário, quando Vasco da Gama entra no Índico, deveria deparar-se com uma poderosa ameaça naval, e essa viagem é feita sem problemas demasiado dramáticos.
Portanto, poderia bem ter ocorrido que a ameaça naval tivesse sido debelada ao tempo de D. João II, deixando o Oceano Índico pacificado para a entrada de Vasco da Gama.

Por outro lado, devemos reparar na história dos descobrimentos que é divulgada, começando na figura de Marco Polo, que visita Kublai Khan, numa viagem de 1271 a 1295.

Tal como Marco Polo se consegue entender com Kublai Khan, também o mestre dos Templários, Jacques de Molay, vai solicitar uma ajuda do Império Mongol na Terra Santa, levando uma ofensiva conjunta contra os mamelucos árabes em 1300.
Em 1305 começam os problemas do rei Filipe, o Belo, com os templários, que por ordem papal são extintos e Jacques de Molay será executado em 1314.

No entanto, os templários têm uma passagem melhor conhecida pelo lado português, e menos bem conhecida pelo lado inglês-escocês, mistificada pela Rosslyn Chapel.
No lado português estabelece-se a Ordem de Cristo, e inicia-se o projecto de D. Dinis.
Pelo outro lado, digamos que o rito escocês é menos explícito com o nome "Soberano Grande Inspector Geral", mas quando o rito de York estabelece como máximo grau "Ordem dos Cavaleiros Templários", não há dúvidas que a herança da Maçonaria remete a essa origem.
É claro que houve duas rosas no confronto Lancaster-York, mas depois Tudor ficou bem juntando as duas com Tosão de Ouro.

Este é o panorama pelo lado europeu. Porém, desde a entrada dos Hunos, a ideia de ameaça mongol deveria permanecer, e os impérios de Tamerlão e Gengis Khan seriam ameaça renovada.
O filho Kublai Khan tenta invadir o Japão, mas a armada é desbaratada pelos ventos Kamikaze (que darão depois origem ao nome dos pilotos). Porém, a frota naval terá sido implementada em grande escala, e é natural que menos de 100 anos depois, ainda não se tivesse perdido a ideia de uma China potência naval.
Esse seria o projecto que levaria Zheng He até África, e muito provavelmente até às Américas, já que parecem existir vestígios, e não só na zona do Pacífico, em Fusang.

Cito aqui o blog Portugalliae do José Manuel (2009):
(...) Gunnar Thompson questiona porque atribuem a descoberta da América a Colombo se romanos e os portugueses já conheciam a Florida? Actualmente ele defende que os chineses também lá iam, eu digo TODA a gente lá ia e voltava, a peste e guerras reduziu substancialmente a população na Europa, portanto não havia interesse de se dar a conhecer territórios vastíssimos no Continente Americano, os mapas que se conheciam eram segredos de comércios, malagueta milho peru drogas metais etc. eram trazidas para as cortes europeias, e egípcias, isto está documentado, só não vê quem não quer.
Ora, este propósito de evitar perda de população - ou pior, perda do controlo da população, era algo que sempre pareceu preocupar os poderes, desde o velho Senado de Cartago (conforme refere Aristóteles), até mesmo os chineses, conforme refere João de Barros.
João de Barros, falando da Batachina - que queria dizer terra da China - mas que era normalmente usada para as Celebes (Batachina do Moro, havendo também a Batachia do Muar), diz explicitamente (Década Terceira da Ásia, Livro V, cap. 5):
Depois que estes Chijs começaram continuar a navegação destas ilhas, e gostaram deste seu cravo, da noz, e massa de Banda, à fama deste comércio acudiram também os Jáos e cessaram os Chijs. E segundo parece foi por razão de lei que os Reis de China puseram em todo seu Reino que nenhum natural seu navegasse fora dele: por importar mais a perda da gente e cousas que saíam dele, que quanto lhe vinha de fora: como já atrás escrevemos, falando das cousas da China e conquista que tiveram na Índia por razão das especiarias.
É especialmente notável o papel que as pequenas 5 ilhas Molucas, juntamente com as minúsculas ilhas de Banda, tiveram no desenvolvimento comercial mundial. Não sei se é coisa maluca ou de ficar de cara à banda, mas o cravo e a noz-moscada ganharam estatuto de preciosidades superior a ouro... algo só com paralelo na Tulipomania!
Havia um mecanismo de produção, que fazia os saquinhos em Gilolo, e as panelas de barro em Pulo Cabale (Pulo seria nome para ilha, e Cabale para panela)... portanto temos um mecanismo de exportação que usava os indonésios (Jáos) para distribuir depois, ou pela China, ou pela Europa, pela rota da Seda até Veneza, antes do aparecimento português.

Bom, e onde estavam situadas estas ilhas especializadas em comércio global?
Exactamente na zona da Oceania ao lado de uma Papua - Nova Guiné ou de uma Austrália, em que ao contrário, os seus habitantes viviam praticamente como no Neolítico. Algo que só ali teria mudado, de acordo com João de Barros, devido à presença chinesa nas Molucas, e provavelmente em toda a zona marítima oriental ao tempo de Zheng He.

Quando os portugueses ali chegam começa novo período de restrições nas descobertas.
Esta difícil conquista das Molucas é levada por António Galvão, de que já aqui falámos... e que depois cairá em desgraça, quando regressado à corte lisboeta, sempre pronta a cortes.
De novo coloca-se a questão de Tordesilhas pelo anti-meridiano, e se algo poderia justificar inicialmente um encobrimento, a presença espanhola naquelas ilhas da Melanésia também irá acontecer após a viagem de Magalhães, numa partilha entre o imperador Carlos V e D. João III.

Dado o interesse nas Molucas, que a sul do Mar de Timor têm a Austrália, na zona da cidade de Darwin, parece algo incompreensível o desinteresse. Já sabemos das proibições, nomeadamente da Companhia da Índias Holandesa, dos mapas alterados, de que se queixou Dampier e tantos outros...

Achámos curioso o relato de Manoel Pimentel (Arte de navegar, 1752, pg.440), que diz, acerca da restrição de estar na parte sul de Timor apenas nos três meses de Verão (Fevereiro a Abril):
Este vento Sul é tão impetuoso que colhendo algum navio daquela parte do Sul [de Timor], o faz soçobrar ou dar à costa, mas a natureza acudiu a este perigo com tal providência, que oito, ou nove dias antes da mudança do tempo começam a soar debaixo do mar, da parte donde há de ventar, uns roncos, que os naturais da terra e navegantes têm por certo aviso
Acresce ainda que no seu livro (pág. 439) Pimentel diz que o melhor caminho para Timor seria, é claro, navegando directamente de África após o Cabo da Boa Esperança... indo encontrar rapidamente a Nova Holanda (Austrália), e até mais rapidamente do que indicavam as cartas ("por força das correntes").
Especificamente, indica a latitude de 21 a 22 graus, e que se evitasse o baixio "Trial", indo encontrar a "Terra Nova" a 1350 léguas portuguesas...

Vemos aqui que "Terra Nova" foi designação que se aplicou também à Austrália... como tantas outras já especuladas desde Java-a-Grande, Terra Magalanica, ou mesmo Nova Guiné.
Aconselhamos um livro de G. Collingridge (1895)
Being The Narrative of Portuguese and Spanish Discoveries in the Australasian Regions, between the
Years 1492-1606, with Descriptions of their Old Charts.

que tenta mostrar a presença portuguesa na Austrália. É claro que tentativas destas parecem sofrer o escárnio e maldizer da academia portuguesa, que se preocupa mais em abafar e perder registos históricos.
Assim no final usamos a citação dos Lusíadas de Camões, que refere Sunda (Java, que deu nome ao estreito) e Banda (a sul está a Austrália):

Olha a Sunda tão larga que uma banda
Esconde para o Sul dificultoso

... e foi assim que Collingridge abriu o seu livro - com Camões!


Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:59

Na sequência de um comentário sobre Zheng He, navegador chinês popularizado por Gavin Menzies no livro 1421 - ou seja, o ano em que a China tinha percorrido os mares até ao Atlântico, falei numa hipótese de "ameaça chinesa" à Europa, por essa altura.
O José Manuel fez o favor de indicar um bom documentário da televisão ARTE sobre Zheng He:

O documentário estabelece uma ligação entre Zheng He e o conhecimento árabe de navegação, o que teria permitido aos chineses uma aventura, registada pelo menos certamente até às costas africanas, em particular a Madagáscar (chamada Ilha de São Lourenço, pelos portugueses).
Depois, subitamente, tal como rapidamente havia surgido, o interesse chinês pelas navegações parece desaparecer.
Os tempos são demasiado coincidentes para não se estabelecer alguma relação. Se a China avançava no início do Séc. XV em direcção à Europa, e o ano 1421 é marcante... também é marcante no mesmo período para as navegações portuguesas, que em 1418 e 1419 registam o Porto Santo e a Madeira.
Portanto, se uns avançavam numa direcção, outros avançavam na outra - terá havido recontros?
É difícil saber porque à época seria possível registar como "mouro" tudo o que fosse inimigo.
No entanto, não é de excluir que a ameaça asiática estivesse na ordem de partida papal em direcção ao Sul.
O tempo que demora a passagem do "Cabo Bojador" é tão fictício que pode corresponder a várias interpretações, enquanto alegoria de outro facto. Se já estabeleci um paralelismo entre as navegações africanas e americanas, podendo isso corresponder a uma tentativa de descoberta de passagem ocidental para as Índias (ao jeito de Colombo), talvez seja mais verosímil pensar numa autorização de passagem, libertada a ameaça chinesa nas costas africanas.

Numa recensão crítica à obra de Menzies (feita por J. M. Azevedo e Silva), podemos ler:
Em boa verdade, os portugueses começaram a descobrir «mares nunca dantes navegados» em 1434, quando Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, precisamente (pura coincidência?) no ano seguinte ao fim das navegações chinesas do almirante Zeng He (1405-1433).
Portanto, aquelas duas palavras com interrogação "(pura coincidência?)" são uma forma abreviada de sugerir algo semelhante... O Bojador teria sido um "cabo de trabalhos" com vista a libertar a parte ocidental de África da presença chinesa.
Segue-se outro problema, que seria libertar mesmo a parte oriental, e assim permitir o avanço para a Índia, esse cabo de trabalhos seria o da Boa Esperança.
Se esses "cabos de trabalhos" foram apenas diplomáticos ou representaram violentas acções de guerra naval... é algo difícil de estabelecer.
Porquê?
Porque nada justifica os mais de 50 anos entre a passagem do Bojador e a chegada ao Cabo da Boa Esperança... conforme já se disse, era mais rápido ir a pé, pela praia... bastariam 1 ou 2 anos, a caminhar sem grandes pressas - é só fazer contas.
Ao contrário, quando Vasco da Gama entra no Índico, deveria deparar-se com uma poderosa ameaça naval, e essa viagem é feita sem problemas demasiado dramáticos.
Portanto, poderia bem ter ocorrido que a ameaça naval tivesse sido debelada ao tempo de D. João II, deixando o Oceano Índico pacificado para a entrada de Vasco da Gama.

Por outro lado, devemos reparar na história dos descobrimentos que é divulgada, começando na figura de Marco Polo, que visita Kublai Khan, numa viagem de 1271 a 1295.

Tal como Marco Polo se consegue entender com Kublai Khan, também o mestre dos Templários, Jacques de Molay, vai solicitar uma ajuda do Império Mongol na Terra Santa, levando uma ofensiva conjunta contra os mamelucos árabes em 1300.
Em 1305 começam os problemas do rei Filipe, o Belo, com os templários, que por ordem papal são extintos e Jacques de Molay será executado em 1314.

No entanto, os templários têm uma passagem melhor conhecida pelo lado português, e menos bem conhecida pelo lado inglês-escocês, mistificada pela Rosslyn Chapel.
No lado português estabelece-se a Ordem de Cristo, e inicia-se o projecto de D. Dinis.
Pelo outro lado, digamos que o rito escocês é menos explícito com o nome "Soberano Grande Inspector Geral", mas quando o rito de York estabelece como máximo grau "Ordem dos Cavaleiros Templários", não há dúvidas que a herança da Maçonaria remete a essa origem.
É claro que houve duas rosas no confronto Lancaster-York, mas depois Tudor ficou bem juntando as duas com Tosão de Ouro.

Este é o panorama pelo lado europeu. Porém, desde a entrada dos Hunos, a ideia de ameaça mongol deveria permanecer, e os impérios de Tamerlão e Gengis Khan seriam ameaça renovada.
O filho Kublai Khan tenta invadir o Japão, mas a armada é desbaratada pelos ventos Kamikaze (que darão depois origem ao nome dos pilotos). Porém, a frota naval terá sido implementada em grande escala, e é natural que menos de 100 anos depois, ainda não se tivesse perdido a ideia de uma China potência naval.
Esse seria o projecto que levaria Zheng He até África, e muito provavelmente até às Américas, já que parecem existir vestígios, e não só na zona do Pacífico, em Fusang.

Cito aqui o blog Portugalliae do José Manuel (2009):
(...) Gunnar Thompson questiona porque atribuem a descoberta da América a Colombo se romanos e os portugueses já conheciam a Florida? Actualmente ele defende que os chineses também lá iam, eu digo TODA a gente lá ia e voltava, a peste e guerras reduziu substancialmente a população na Europa, portanto não havia interesse de se dar a conhecer territórios vastíssimos no Continente Americano, os mapas que se conheciam eram segredos de comércios, malagueta milho peru drogas metais etc. eram trazidas para as cortes europeias, e egípcias, isto está documentado, só não vê quem não quer.
Ora, este propósito de evitar perda de população - ou pior, perda do controlo da população, era algo que sempre pareceu preocupar os poderes, desde o velho Senado de Cartago (conforme refere Aristóteles), até mesmo os chineses, conforme refere João de Barros.
João de Barros, falando da Batachina - que queria dizer terra da China - mas que era normalmente usada para as Celebes (Batachina do Moro, havendo também a Batachia do Muar), diz explicitamente (Década Terceira da Ásia, Livro V, cap. 5):
Depois que estes Chijs começaram continuar a navegação destas ilhas, e gostaram deste seu cravo, da noz, e massa de Banda, à fama deste comércio acudiram também os Jáos e cessaram os Chijs. E segundo parece foi por razão de lei que os Reis de China puseram em todo seu Reino que nenhum natural seu navegasse fora dele: por importar mais a perda da gente e cousas que saíam dele, que quanto lhe vinha de fora: como já atrás escrevemos, falando das cousas da China e conquista que tiveram na Índia por razão das especiarias.
É especialmente notável o papel que as pequenas 5 ilhas Molucas, juntamente com as minúsculas ilhas de Banda, tiveram no desenvolvimento comercial mundial. Não sei se é coisa maluca ou de ficar de cara à banda, mas o cravo e a noz-moscada ganharam estatuto de preciosidades superior a ouro... algo só com paralelo na Tulipomania!
Havia um mecanismo de produção, que fazia os saquinhos em Gilolo, e as panelas de barro em Pulo Cabale (Pulo seria nome para ilha, e Cabale para panela)... portanto temos um mecanismo de exportação que usava os indonésios (Jáos) para distribuir depois, ou pela China, ou pela Europa, pela rota da Seda até Veneza, antes do aparecimento português.

Bom, e onde estavam situadas estas ilhas especializadas em comércio global?
Exactamente na zona da Oceania ao lado de uma Papua - Nova Guiné ou de uma Austrália, em que ao contrário, os seus habitantes viviam praticamente como no Neolítico. Algo que só ali teria mudado, de acordo com João de Barros, devido à presença chinesa nas Molucas, e provavelmente em toda a zona marítima oriental ao tempo de Zheng He.

Quando os portugueses ali chegam começa novo período de restrições nas descobertas.
Esta difícil conquista das Molucas é levada por António Galvão, de que já aqui falámos... e que depois cairá em desgraça, quando regressado à corte lisboeta, sempre pronta a cortes.
De novo coloca-se a questão de Tordesilhas pelo anti-meridiano, e se algo poderia justificar inicialmente um encobrimento, a presença espanhola naquelas ilhas da Melanésia também irá acontecer após a viagem de Magalhães, numa partilha entre o imperador Carlos V e D. João III.

Dado o interesse nas Molucas, que a sul do Mar de Timor têm a Austrália, na zona da cidade de Darwin, parece algo incompreensível o desinteresse. Já sabemos das proibições, nomeadamente da Companhia da Índias Holandesa, dos mapas alterados, de que se queixou Dampier e tantos outros...

Achámos curioso o relato de Manoel Pimentel (Arte de navegar, 1752, pg.440), que diz, acerca da restrição de estar na parte sul de Timor apenas nos três meses de Verão (Fevereiro a Abril):
Este vento Sul é tão impetuoso que colhendo algum navio daquela parte do Sul [de Timor], o faz soçobrar ou dar à costa, mas a natureza acudiu a este perigo com tal providência, que oito, ou nove dias antes da mudança do tempo começam a soar debaixo do mar, da parte donde há de ventar, uns roncos, que os naturais da terra e navegantes têm por certo aviso
Acresce ainda que no seu livro (pág. 439) Pimentel diz que o melhor caminho para Timor seria, é claro, navegando directamente de África após o Cabo da Boa Esperança... indo encontrar rapidamente a Nova Holanda (Austrália), e até mais rapidamente do que indicavam as cartas ("por força das correntes").
Especificamente, indica a latitude de 21 a 22 graus, e que se evitasse o baixio "Trial", indo encontrar a "Terra Nova" a 1350 léguas portuguesas...

Vemos aqui que "Terra Nova" foi designação que se aplicou também à Austrália... como tantas outras já especuladas desde Java-a-Grande, Terra Magalanica, ou mesmo Nova Guiné.
Aconselhamos um livro de G. Collingridge (1895)
Being The Narrative of Portuguese and Spanish Discoveries in the Australasian Regions, between the
Years 1492-1606, with Descriptions of their Old Charts.

que tenta mostrar a presença portuguesa na Austrália. É claro que tentativas destas parecem sofrer o escárnio e maldizer da academia portuguesa, que se preocupa mais em abafar e perder registos históricos.
Assim no final usamos a citação dos Lusíadas de Camões, que refere Sunda (Java, que deu nome ao estreito) e Banda (a sul está a Austrália):

Olha a Sunda tão larga que uma banda
Esconde para o Sul dificultoso

... e foi assim que Collingridge abriu o seu livro - com Camões!


Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:59

Já houve tempos de censura... e hoje estamos a ser conduzidos para tempos de auto-censura.
O exemplo do wikileaks não é tanto um caso de censura, é uma indicação para auto-censura. O que é difundido pelos meios de comunicação tem um propósito. Neste caso, os jornalistas são avisados que devem ser contidos na liberdade de expressão... ou arriscam-se às consequências.
Se os agentes secretos devem estar reservados ao sigilo, pelo seu compromisso profissional, os jornalistas que sabem dessa informação não fizeram nenhum voto de sigilo, para estarem comprometidos a uma efectiva limitação da sua liberdade de expressão.

António Galvão, que é uma nossa fonte preferida, dizia algo bastante instrutivo:
 (,,,)  não podia ser a Terra toda sabida, e a gente comunicada, uma com a outra, porque quando assim fosse se perderia pela malícia e sem justiça, dos habitantes dela.

É um efectivo aviso ao mundo onde começava a viver... um mundo global, sem qualquer alternativa, nunca se livraria da malícia e da injustiça dos homens, seus governantes. 
Mais do que um mundo global, avizinhava-se uma prisão global.
Como é claro, a prisão só é percepcionada por aqueles que viram a altura das paredes que os cercam... todos os outros, que não vislumbram restrições, esses consideram-se livres. Afinal, nunca nenhuma ditadura suprimiu a liberdade de expressão para receitas de culinária e casos de futebol. 
Os limites da liberdade de expressão só são perceptíveis por quem tem algo inconveniente para revelar.

Feita esta pequena introdução conjuntural, continuamos com António Galvão, acerca dos descobrimentos chineses:
E porque os maiores descobrimentos e mais compridos foram por mar feitos, principalmente em nossos tempos, desejei saber quais foram os primeiros inventores disto, depois do Dilúvio. 
Uns escrevem que foram os Gregos, outros dizem que os Fenícios, outros querem que os Egípcios... Os Índios não consentem nisso, dizendo que eles foram os primeiros que navegaram, principalmente os Taybencos, a que agora chamamos Chins... e alegam para isso serem já senhores da Índia até ao Cabo de Boa Esperança, e a Ilha de São Lourenço por ser povoada deles ao longo da praia (...)
O nome Taybencos (Taibencos, ou Tabencos) associado aos Chineses encontro-o exclusivamente na obra de Galvão e nas citações que lhe foram feitas. Seria mais associável à Tailândia, mas Galvão é claro, e as traduções seguem-no.
Há ainda que notar que Galvão usa uma expressão geral de Índios... talvez a única adequada à época. Os índios não seriam mais do que todos os povos de feição oriental. Por isso, haveria as Índias Ocidentais e as Orientais... as feições do povo eram consideradas semelhantes, em partes geográficas distintas.
Também não havia notícia de chineses em Madagáscar (Ilha de São Lourenço)... e porém aqui está o registo do seu povoamento ao longo das praias da ilha.

É sempre preciso colocar António Galvão no seu devido lugar, e para isso é preciso recorrer a autores estrangeiros. Quando o Almirante Charles Bethune reedita a obra de Galvão em 1862, traduzida por Hayklut em 1601, diz claramente que: 
But his deeds were not limited to earthly conquest. Galvano, so intrepid at the head of this troops, might also be seen, with a crucifix in this hand, preaching the Gospel publicly, whereby he became known as the "Apostle" of the Mollucas. (...)
Faria e Sousa sums up his high qualities in these words: "His fame will never perish so long as the world endures; for  neither weak kings, nor wicked ministers, nor blind fortune, nor ages of ignorance, can damage a reputation so justly merited
He spent the latter part of his life in compiling an account of all known voyages, and thus he may be styled the father of historical geography.
Para o Almirante Bethune, Galvão é o Pai da Geografia Histórica, para os portugueses será um completo desconhecido, ausente de qualquer referência condicente na História de Portugal. 
O último registo é a reedição de Miguel Lopes Ferreira, em 1731, dedicada ao Conde da Ericeira, D. Luiz Meneses. O tempo de D. João V irá terminar, e com o Marquês de Pombal, todos os registos vão cair na destruição do Terramoto. 
O livro ficará com o epíteto de "raríssimo" até aos dias de hoje... tão somente porque as mesmas forças que condenaram a figura ímpar de Galvão à mendicidade, nunca deixaram de estar presentes e a comandar os nossos destinos.

Galvão prossegue na descrição:
... e os Jaos [Java], Timores, Selebres [Celebes], Macasares [?], Malucos [Molucas], Borneos, Mindanaos, Luções, Léquios, Japões e outras ilhas, que há muitas, e as terras firmes de Cauchenchinas [Conchinchina, Vietname], Laos, Siamis [Sião, Tailândia], Bremas [Birmânia], Pegus [Birmânia], Arracões [?], até Bengala & além disto, a Nova Espanha, Perú, Brasil, Antilhas e outras conjuntas a elas, como se parece nas feições dos homens, mulheres & seus costumes, olhos pequenos, narizes rombos, & outras proporções que lhe vemos. E chamarem ainda agora a muitas destas ilhas & terras Batochinas, Bocochinas, que quer dizer Terras da China.
Ou seja, Galvão aparenta deduzir pela semelhança fisionómica que todos estes povos [basicamente   a maioria das ilhas do Pacífico, Indico, e toda a América] estavam ligados aos chineses, e eram seus descendentes, por colonização... invocando a designação Batochinas com possessões chinesas.

Mas Galvão acrescenta ainda mais razões para serem os Chineses os primeiros navegadores:
Além disto os nossos escritores deixaram escrito que a Arca de Noé, se assentara da parte norte dos montes da Arménia, que está de 40º para cima [o monte Ararat está a 39º42'], e que logo dali fora a Schytia povoada por ser terra alta e a primeira das águas a ser descoberta. E como a província dos Thaibencos seja uma das principais da Tartaria (se assim é como dizem) bem se mostra serem eles dos mais antigos povoadores e navegadores. Pois neles se acaba aquela terra do levante & os mares são tão bons de navegar como os rios destas partes, por jazerem entre os trópicos onde dias e noites não fazem muita diferença, assim nas horas como na quentura, por onde não há ventos tão destemperados que alevantem as águas, nem as façam soberbas. 
E por experiência o vemos nos pequenos barcos em que navegavam, com um ramo por mastro, & vela, & um remo na mão com que governam, correm muito mar e costa. E assim, nuns paus a que chamam Catamarões, em que se escancham ou assentam & vão com o outro remando. E querem ainda que estes Chins fossem senhores da maior parte da Scithia & que navegassem toda a sua costa, que parece estar até 70º da parte norte. 
Cornélio Nepote referido, assim o aprova, onde diz, que Metelo, colega de Afranio, estando por consul em França, el rey da Suévia lhe mandara certos índios, que vieram pela parte do norte, às praias da Alemanha, & segundo isto devia ser da China, por estar de 20º, 30º, 40º para cima, e tem naus fortes e de pregadura que podeiam sofrer mares e terras tão frias e destemperadas como aquela. 
Se o primeiro argumento está envolto naquilo a que nos habituámos a ver como mito do Dilúvio, os outros argumentos já são de mais difícil contra-argumentação. Por um lado encontramos o primeiro registo aos Catamarãs... designados por Catamarões, e de facto a navegação naquelas partes nada tem a ver com as dificuldades atlânticas. 
Por outro lado, o registo romano de Cornélio Nepote (100-30 a.C), mostra um argumento de navegação organizada, exploratória, que contactou a Alemanha - os Suevos, Suevos que depois se iriam instalar em Portugal e Galiza. Ou seja, esse registo pode não ter sido esquecido dos reis Suevos, ao focarem a sua migração ibérica. Esse registo é tanto mais notável quanto mostraria uma eventual travessia da Passagem Nordeste.

Galvão tem o relato vivido da época. Se os portugueses conquistam o Indico e atingem a China em menos de 20 anos, com D. Manuel, isso mostra um enfraquecimento de qualquer poderio naval, seja dos muçulmanos, seja dos chineses. No entanto, Galvão procura ter o distanciamento suficiente para aceitar que os relatos chineses corresponderiam a efectivas navegações... e essa verdade contrariaria toda a História que se estava a preparar para ser contada durante séculos até hoje!

[Este post surge na sequência do contacto com http://www.redescobrindoobrasil.com.br/   que agradecemos]
.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 01:05

Já houve tempos de censura... e hoje estamos a ser conduzidos para tempos de auto-censura.
O exemplo do wikileaks não é tanto um caso de censura, é uma indicação para auto-censura. O que é difundido pelos meios de comunicação tem um propósito. Neste caso, os jornalistas são avisados que devem ser contidos na liberdade de expressão... ou arriscam-se às consequências.
Se os agentes secretos devem estar reservados ao sigilo, pelo seu compromisso profissional, os jornalistas que sabem dessa informação não fizeram nenhum voto de sigilo, para estarem comprometidos a uma efectiva limitação da sua liberdade de expressão.

António Galvão, que é uma nossa fonte preferida, dizia algo bastante instrutivo:
 (,,,)  não podia ser a Terra toda sabida, e a gente comunicada, uma com a outra, porque quando assim fosse se perderia pela malícia e sem justiça, dos habitantes dela.

É um efectivo aviso ao mundo onde começava a viver... um mundo global, sem qualquer alternativa, nunca se livraria da malícia e da injustiça dos homens, seus governantes. 
Mais do que um mundo global, avizinhava-se uma prisão global.
Como é claro, a prisão só é percepcionada por aqueles que viram a altura das paredes que os cercam... todos os outros, que não vislumbram restrições, esses consideram-se livres. Afinal, nunca nenhuma ditadura suprimiu a liberdade de expressão para receitas de culinária e casos de futebol. 
Os limites da liberdade de expressão só são perceptíveis por quem tem algo inconveniente para revelar.

Feita esta pequena introdução conjuntural, continuamos com António Galvão, acerca dos descobrimentos chineses:
E porque os maiores descobrimentos e mais compridos foram por mar feitos, principalmente em nossos tempos, desejei saber quais foram os primeiros inventores disto, depois do Dilúvio. 
Uns escrevem que foram os Gregos, outros dizem que os Fenícios, outros querem que os Egípcios... Os Índios não consentem nisso, dizendo que eles foram os primeiros que navegaram, principalmente os Taybencos, a que agora chamamos Chins... e alegam para isso serem já senhores da Índia até ao Cabo de Boa Esperança, e a Ilha de São Lourenço por ser povoada deles ao longo da praia (...)
O nome Taybencos (Taibencos, ou Tabencos) associado aos Chineses encontro-o exclusivamente na obra de Galvão e nas citações que lhe foram feitas. Seria mais associável à Tailândia, mas Galvão é claro, e as traduções seguem-no.
Há ainda que notar que Galvão usa uma expressão geral de Índios... talvez a única adequada à época. Os índios não seriam mais do que todos os povos de feição oriental. Por isso, haveria as Índias Ocidentais e as Orientais... as feições do povo eram consideradas semelhantes, em partes geográficas distintas.
Também não havia notícia de chineses em Madagáscar (Ilha de São Lourenço)... e porém aqui está o registo do seu povoamento ao longo das praias da ilha.

É sempre preciso colocar António Galvão no seu devido lugar, e para isso é preciso recorrer a autores estrangeiros. Quando o Almirante Charles Bethune reedita a obra de Galvão em 1862, traduzida por Hayklut em 1601, diz claramente que: 
But his deeds were not limited to earthly conquest. Galvano, so intrepid at the head of this troops, might also be seen, with a crucifix in this hand, preaching the Gospel publicly, whereby he became known as the "Apostle" of the Mollucas. (...)
Faria e Sousa sums up his high qualities in these words: "His fame will never perish so long as the world endures; for  neither weak kings, nor wicked ministers, nor blind fortune, nor ages of ignorance, can damage a reputation so justly merited
He spent the latter part of his life in compiling an account of all known voyages, and thus he may be styled the father of historical geography.
Para o Almirante Bethune, Galvão é o Pai da Geografia Histórica, para os portugueses será um completo desconhecido, ausente de qualquer referência condicente na História de Portugal. 
O último registo é a reedição de Miguel Lopes Ferreira, em 1731, dedicada ao Conde da Ericeira, D. Luiz Meneses. O tempo de D. João V irá terminar, e com o Marquês de Pombal, todos os registos vão cair na destruição do Terramoto. 
O livro ficará com o epíteto de "raríssimo" até aos dias de hoje... tão somente porque as mesmas forças que condenaram a figura ímpar de Galvão à mendicidade, nunca deixaram de estar presentes e a comandar os nossos destinos.

Galvão prossegue na descrição:
... e os Jaos [Java], Timores, Selebres [Celebes], Macasares [?], Malucos [Molucas], Borneos, Mindanaos, Luções, Léquios, Japões e outras ilhas, que há muitas, e as terras firmes de Cauchenchinas [Conchinchina, Vietname], Laos, Siamis [Sião, Tailândia], Bremas [Birmânia], Pegus [Birmânia], Arracões [?], até Bengala & além disto, a Nova Espanha, Perú, Brasil, Antilhas e outras conjuntas a elas, como se parece nas feições dos homens, mulheres & seus costumes, olhos pequenos, narizes rombos, & outras proporções que lhe vemos. E chamarem ainda agora a muitas destas ilhas & terras Batochinas, Bocochinas, que quer dizer Terras da China.
Ou seja, Galvão aparenta deduzir pela semelhança fisionómica que todos estes povos [basicamente   a maioria das ilhas do Pacífico, Indico, e toda a América] estavam ligados aos chineses, e eram seus descendentes, por colonização... invocando a designação Batochinas com possessões chinesas.

Mas Galvão acrescenta ainda mais razões para serem os Chineses os primeiros navegadores:
Além disto os nossos escritores deixaram escrito que a Arca de Noé, se assentara da parte norte dos montes da Arménia, que está de 40º para cima [o monte Ararat está a 39º42'], e que logo dali fora a Schytia povoada por ser terra alta e a primeira das águas a ser descoberta. E como a província dos Thaibencos seja uma das principais da Tartaria (se assim é como dizem) bem se mostra serem eles dos mais antigos povoadores e navegadores. Pois neles se acaba aquela terra do levante & os mares são tão bons de navegar como os rios destas partes, por jazerem entre os trópicos onde dias e noites não fazem muita diferença, assim nas horas como na quentura, por onde não há ventos tão destemperados que alevantem as águas, nem as façam soberbas. 
E por experiência o vemos nos pequenos barcos em que navegavam, com um ramo por mastro, & vela, & um remo na mão com que governam, correm muito mar e costa. E assim, nuns paus a que chamam Catamarões, em que se escancham ou assentam & vão com o outro remando. E querem ainda que estes Chins fossem senhores da maior parte da Scithia & que navegassem toda a sua costa, que parece estar até 70º da parte norte. 
Cornélio Nepote referido, assim o aprova, onde diz, que Metelo, colega de Afranio, estando por consul em França, el rey da Suévia lhe mandara certos índios, que vieram pela parte do norte, às praias da Alemanha, & segundo isto devia ser da China, por estar de 20º, 30º, 40º para cima, e tem naus fortes e de pregadura que podeiam sofrer mares e terras tão frias e destemperadas como aquela. 
Se o primeiro argumento está envolto naquilo a que nos habituámos a ver como mito do Dilúvio, os outros argumentos já são de mais difícil contra-argumentação. Por um lado encontramos o primeiro registo aos Catamarãs... designados por Catamarões, e de facto a navegação naquelas partes nada tem a ver com as dificuldades atlânticas. 
Por outro lado, o registo romano de Cornélio Nepote (100-30 a.C), mostra um argumento de navegação organizada, exploratória, que contactou a Alemanha - os Suevos, Suevos que depois se iriam instalar em Portugal e Galiza. Ou seja, esse registo pode não ter sido esquecido dos reis Suevos, ao focarem a sua migração ibérica. Esse registo é tanto mais notável quanto mostraria uma eventual travessia da Passagem Nordeste.

Galvão tem o relato vivido da época. Se os portugueses conquistam o Indico e atingem a China em menos de 20 anos, com D. Manuel, isso mostra um enfraquecimento de qualquer poderio naval, seja dos muçulmanos, seja dos chineses. No entanto, Galvão procura ter o distanciamento suficiente para aceitar que os relatos chineses corresponderiam a efectivas navegações... e essa verdade contrariaria toda a História que se estava a preparar para ser contada durante séculos até hoje!

[Este post surge na sequência do contacto com http://www.redescobrindoobrasil.com.br/   que agradecemos]
.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 01:05

 (continuation from here)

We proceed with the account of Galvano's text:  Tratado dos descobrimentos antigos e modernos (1563)

Chinese sailing. In the beginning of his text Galvão brings the dispute on the first sailing achievements. In 1560 he has no problem in giving some credit to Indians or Chinese (and Taibencos - a name now lost, it may be associated to Thailand and other Southeast Asian cultures). In fact he states that the weather is so warm and the seas are so calm, that even in a canoe discoveries could be made.

Jason and Alceus. Galvão places the legend of Jason (and Alceus) with the Argonauts, around the same time. The voyage was from Crete (or Greece) to the Pontus through St. George to the Euxinus. Then Alceus continued traveling by land until North Germany, and proceed by the coast of Saxonia, Frisia, Nederlands, France, Spain reaching again the Peloponnesus and Tracia - this he calls the “discovery of most part of Europe”.
Jason's voyage to Colchis with the Argonauts - "ancient" names of Caucasian provinces.
... one should ask - an epopee reporting a short voyage - almost a fishing trip! 

Menelaus. Like Duarte Pacheco Pereira, Galvão quotes Strabo (that cites Aristonico) to credit the voyage of Menelaus around Africa (counterclockwise) , and almost offers no doubt about it. He emphasizes that the Mediterranean Sea was called Adriatic, Aegean, or Herculeo... according to different times. Like Pacheco Pereira, it is now Galvão that diminishes this 15th century Portuguese achievement of Gama, crediting it to Menelao, after Troy.
We now have two accounts of ancient sailing… Menelao embarked on a journey around Africa, Ulysses was lost sailing on unknown seas (… probably the Atlantic) at the time of Troy. 
Previously, when Galvão mentions Troy, he says that it was founded (around 800 years after the Deluge) by the Dardanes “who brought from the Indies to Europe spices, drugs, and so many other things that are scarce now”. He also says that their main port was called Arsinoe (complaining that it was renamed Suez), and the trade continued in caravans of camels to the Eastern Sea, to a town called Cazom, all this before Pharaoh Senusret.

Solomon. Galvão gives credit to King Solomon travels, in the years 1300 after the Deluge. Solomon made an army that embarked on a three year sailing journey to lands called Tarcis and Ophir. As they brought many gold, silver, cypress and pine, he then assumes that the only possibility is that they had sailed to Luzon (Philippines: Luções), Okinawa (Japan: Lequios) or China. Galvão deliberately misses to justify the gold… it may seem he is avoiding to identify Tarsis with Spain or to locate Ophir in America, where these materials were common.  

Spanish Carthaginians. Around 600 BC, Galvão also accounts a voyage of Carthaginians merchants that departing from Spain, going west, discovered islands (attributed to be the Antilles), and found land that Gonzalo de Oviedo considered to be Nova España.
This just means that even Gonzalo de Oviedo (1478-1557), the Spanish historian, was diminishing the pioneer voyage of Columbus, crediting a similar accomplishment by Carthaginians 2000 years before… Why?
At the time of Gonzalo Oviedo it was clear that Columbus voyage only served political purposes. Portuguese, had been there before, and it was somehow important to show that Spanish were there even much earlier, even if at the time they were Carthaginians.

Hanno. This is perhaps the most common name associated to Carthaginian sailing. It is reported that him and his brother Himelion were rulers of Andalucía and each one went on separate sailing trips in 440 BC. 
  • Himelion went upwards until France, Germany, probably Sweden and even Iceland. Galvão associates it to the Iceland island Thule (66º N), so cold that he calls it “St. Patrick’s Purgatory”, and describes the volcanoes, one of which was called Ecla (~Katla?). He goes even further, saying that the fish were so big that a church was made from the bones (this might sound not so surprising today, as we are acquainted with whales dimensions… but it could sound bizarre at the time. Reports sound strange and fabulous if you are not familiar with them, and when you are instructed to reject them).
     
  • Hanno went along the Coast of Africa, finding the Fortunate Islands that Galvão associates to the Canaries, and other archipelagos: Dorcadas, Hesperias and Gorgonas. Concerning these islands he just says that others associate them to the Cape Verde archipelago. Like Duarte Pacheco Pereira, both based on Strabo’s account, state that Hanno made the whole tour of Africa until Guardafuy Cape, previously called Aromatic Cape. Of course he says that others pretend that he never went further than Sierra Leona, and that he was followed by Publio only until the Line (?~Equator Line). However Galvão argues that it took 5 years to Hanno to return to Spain, and this would have been too much time for such a travel... probably meaning (in an implicit fashion) that Hanno’s visit to the Hesperides and other islands was in the American continent.

Persians. Galvão also states that previously to Hanno, in the year 485 BC, the Persian emperor Xerxes sent his nephew Sataspis to make the same contour of Africa.

The most impressive conclusion that one gets while seeing all the list made by Galvão is that Atlantic navigations were quite common in all times, and were reported by different civilizations. 
Nowadays, since the celebrated Kon Tiki and other solitary navigations in small boats, it was made clear to the general audience that the major difficulty in ancient sailing was orientation, which was not a problem for sailors with some knowledge of the stars and sun movements... it could be a problem only to produce exact charts. 
  • Despite the evidences, people are led to believe that a short voyage from Greece to the Black Sea could justify the writing of Jason's epopee... knowing that it is more difficult to sail between greek islands.
  • Or even more ridiculous... we are led to believe that the Greeks would gather in a voyage to Troy that it was in the nearby shore, Troy would be closer to Mycenae/Athens than to other greek cities like Miletus...
  • Le coup de grâce, we are led to believe that Ulysses adventure, 10 years lost in the sea, was held in the Mediterranean... as if it was possible to a Greek sailor to be that lost in the Mediterranean.
As a consequence, if we are led to believe in all this, since we were young, it is easy to control our mind and the way we think.

(to be continued)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:56

 (continuation from here)

We proceed with the account of Galvano's text:  Tratado dos descobrimentos antigos e modernos (1563)

Chinese sailing. In the beginning of his text Galvão brings the dispute on the first sailing achievements. In 1560 he has no problem in giving some credit to Indians or Chinese (and Taibencos - a name now lost, it may be associated to Thailand and other Southeast Asian cultures). In fact he states that the weather is so warm and the seas are so calm, that even in a canoe discoveries could be made.

Jason and Alceus. Galvão places the legend of Jason (and Alceus) with the Argonauts, around the same time. The voyage was from Crete (or Greece) to the Pontus through St. George to the Euxinus. Then Alceus continued traveling by land until North Germany, and proceed by the coast of Saxonia, Frisia, Nederlands, France, Spain reaching again the Peloponnesus and Tracia - this he calls the “discovery of most part of Europe”.
Jason's voyage to Colchis with the Argonauts - "ancient" names of Caucasian provinces.
... one should ask - an epopee reporting a short voyage - almost a fishing trip! 

Menelaus. Like Duarte Pacheco Pereira, Galvão quotes Strabo (that cites Aristonico) to credit the voyage of Menelaus around Africa (counterclockwise) , and almost offers no doubt about it. He emphasizes that the Mediterranean Sea was called Adriatic, Aegean, or Herculeo... according to different times. Like Pacheco Pereira, it is now Galvão that diminishes this 15th century Portuguese achievement of Gama, crediting it to Menelao, after Troy.
We now have two accounts of ancient sailing… Menelao embarked on a journey around Africa, Ulysses was lost sailing on unknown seas (… probably the Atlantic) at the time of Troy. 
Previously, when Galvão mentions Troy, he says that it was founded (around 800 years after the Deluge) by the Dardanes “who brought from the Indies to Europe spices, drugs, and so many other things that are scarce now”. He also says that their main port was called Arsinoe (complaining that it was renamed Suez), and the trade continued in caravans of camels to the Eastern Sea, to a town called Cazom, all this before Pharaoh Senusret.

Solomon. Galvão gives credit to King Solomon travels, in the years 1300 after the Deluge. Solomon made an army that embarked on a three year sailing journey to lands called Tarcis and Ophir. As they brought many gold, silver, cypress and pine, he then assumes that the only possibility is that they had sailed to Luzon (Philippines: Luções), Okinawa (Japan: Lequios) or China. Galvão deliberately misses to justify the gold… it may seem he is avoiding to identify Tarsis with Spain or to locate Ophir in America, where these materials were common.  

Spanish Carthaginians. Around 600 BC, Galvão also accounts a voyage of Carthaginians merchants that departing from Spain, going west, discovered islands (attributed to be the Antilles), and found land that Gonzalo de Oviedo considered to be Nova España.
This just means that even Gonzalo de Oviedo (1478-1557), the Spanish historian, was diminishing the pioneer voyage of Columbus, crediting a similar accomplishment by Carthaginians 2000 years before… Why?
At the time of Gonzalo Oviedo it was clear that Columbus voyage only served political purposes. Portuguese, had been there before, and it was somehow important to show that Spanish were there even much earlier, even if at the time they were Carthaginians.

Hanno. This is perhaps the most common name associated to Carthaginian sailing. It is reported that him and his brother Himelion were rulers of Andalucía and each one went on separate sailing trips in 440 BC. 
  • Himelion went upwards until France, Germany, probably Sweden and even Iceland. Galvão associates it to the Iceland island Thule (66º N), so cold that he calls it “St. Patrick’s Purgatory”, and describes the volcanoes, one of which was called Ecla (~Katla?). He goes even further, saying that the fish were so big that a church was made from the bones (this might sound not so surprising today, as we are acquainted with whales dimensions… but it could sound bizarre at the time. Reports sound strange and fabulous if you are not familiar with them, and when you are instructed to reject them).
     
  • Hanno went along the Coast of Africa, finding the Fortunate Islands that Galvão associates to the Canaries, and other archipelagos: Dorcadas, Hesperias and Gorgonas. Concerning these islands he just says that others associate them to the Cape Verde archipelago. Like Duarte Pacheco Pereira, both based on Strabo’s account, state that Hanno made the whole tour of Africa until Guardafuy Cape, previously called Aromatic Cape. Of course he says that others pretend that he never went further than Sierra Leona, and that he was followed by Publio only until the Line (?~Equator Line). However Galvão argues that it took 5 years to Hanno to return to Spain, and this would have been too much time for such a travel... probably meaning (in an implicit fashion) that Hanno’s visit to the Hesperides and other islands was in the American continent.

Persians. Galvão also states that previously to Hanno, in the year 485 BC, the Persian emperor Xerxes sent his nephew Sataspis to make the same contour of Africa.

The most impressive conclusion that one gets while seeing all the list made by Galvão is that Atlantic navigations were quite common in all times, and were reported by different civilizations. 
Nowadays, since the celebrated Kon Tiki and other solitary navigations in small boats, it was made clear to the general audience that the major difficulty in ancient sailing was orientation, which was not a problem for sailors with some knowledge of the stars and sun movements... it could be a problem only to produce exact charts. 
  • Despite the evidences, people are led to believe that a short voyage from Greece to the Black Sea could justify the writing of Jason's epopee... knowing that it is more difficult to sail between greek islands.
  • Or even more ridiculous... we are led to believe that the Greeks would gather in a voyage to Troy that it was in the nearby shore, Troy would be closer to Mycenae/Athens than to other greek cities like Miletus...
  • Le coup de grâce, we are led to believe that Ulysses adventure, 10 years lost in the sea, was held in the Mediterranean... as if it was possible to a Greek sailor to be that lost in the Mediterranean.
As a consequence, if we are led to believe in all this, since we were young, it is easy to control our mind and the way we think.

(to be continued)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:56

The most astonishing account of the world discoveries that survived to our eyes, is probably the one by Galvão (Antonie Galvano). We cite the 1601 preface to the translation of Discovery of the World, made by Richard Hakluyt, addressed to Robert Cecil, Earl of Salsbury, spymaster at the service of Queen Elizabeth I:
"The work though small in bulk contained so much rare and profitable matter, as I know not where to seek the like, within so narrow and straight a compasse".

Hakluyt seemed truly surprised and marvelled with Galvano's account... in particular he emphasizes the causes of the alterations of courses from East to West, and the ceasing of all traffic by the Goths invasion. This means that this information was kept secret in England, even to Robert Cecil, a spymaster... high rank English officials were starting to discover a completely different story. Some years after this publication, a civil war would be lead against the monarchy, by Cromwell. 

In Galvão you may found a consistent theory with statements of previous contacts between China, Europe and America. Some of these relations are now accepted, but most of them were lost in History books, some are made myths, or simply foolish theories - you pick!

King Tubal. Galvão starts to recall the Hispanic myth of King Tubal that in the year 143 after the Biblical Deluge travelled from the Caucasus to the Iberian Peninsula. This is quite interesting as the Caucasus may be divided in three regions, Colchis, Iberia and Albania. Colchis links to the east part of the Black Sea, Albania to west part of the Caspian Sea, and Iberia was in the middle… Mount Ararat is nearby, in Armenia.
Caucasus Kingdoms: a sketch in the “Atlas of Ancient and Classical Geography” by Samuel Butler

Colchis is associated to the trip of Jason and the Argonauts, searching the Golden Fleece of its King Aeetes (son of the sun-god Helios and of the oceanid Perseis). 
The association of the Caucasian Iberia and the Iberian Peninsula is only kept through this legend? 
It is worth noting also that Albania became a country located west, above Greece. These caucasian lands were later connected to the Alans that invaded the Iberian Peninsula in the 5th century AD. The name Lancaster was written in Portuguese as Alancastro, meaning “Castle of the Alans”… but this is a later story.
Galvão states that navigations already took place by the time of King Tubal. 
The name Tubal was associated to the portuguese city Setubal and nearby Troia (Troy, in portuguese)... until the XIX century. You may think that after the Spanish Inquisition, no such thing exists anymore, or you may wonder if a soft inquisition takes place - secrets are kept with intelligence... and agencies!
A work that is not known is not a menace, you just have to control the damage... if it happens to be known to a larger audience, you descredit them with a respectable academic lobby. You just have to wait, and people will forget about it.

Galvão also talks about the mythical voyage of the amazon queen Semiramis to Ethiopia and the defeat of an Indian King Escorobatis, with a fleet of one thousand ships, near the Hindu river. 

King Hispalo. Galvano continues, stating that by the year 650 after the Deluge, King Hispalo of the Iberian Peninsula sailed up to Cape Verde. He goes even further, saying that Gonzalo de Oviedo (in “Chronicas das Antilhas”) conjectured that Hispalo even went to the Antilles, and this was the reason why Antilles were called Hesperides in ancient times. He then relates in a subtle way the Atlantis account of Plato to the whole America, and goes even further saying that their Kings were at some time the Lords of “our lands”. He goes even further, and the text is worth reading… (for instance, he mentions lost islands of Calex and Frodisias, and that Azores and Madeira Islands were just a part of a whole land. Gibraltar Strait was closed, Sardinia and Corsica were gathered, Sicily and Italy too… ) 

Connecting islands to main lands in ancient times, he also states that Ceylon might have been connected to India, and Sumatra to the Malayan Peninsula, profiting to declare also a connection to a nearby firm land, that he does not name... but it could be seen as a report of Australia (only officially discovered centuries after Galvano’s text). 

Going further on, he reports also a probable connection between Sumatra and Java (named Samatra and Jaoa in the text) and other islands until Borneo. He also mentions a probable ancient connection between China and Hainan (Aynao) island. These explanations were given to justify some difference to Ptolemy maps that he believed that should deserve more credit. 

Pharaoh Senusret. Galvão also reports sailings in Pharaoh Senusret (Sesostres) time, around 900 years after the Deluge, before the War of Troy. He also mentions that Senusret made a channel between the Red Sea and the Nile at the city of Seroum (probably Sharuna). This was made to ease the trade between India with Europe. However he then states that this took no effect “otherwise Africa would be an island”!! Anyhow, from this information, using Google Maps, we noticed a huge valley  going from the Nile into the Red Sea.

(to be continued)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:40

The most astonishing account of the world discoveries that survived to our eyes, is probably the one by Galvão (Antonie Galvano). We cite the 1601 preface to the translation of Discovery of the World, made by Richard Hakluyt, addressed to Robert Cecil, Earl of Salsbury, spymaster at the service of Queen Elizabeth I:
"The work though small in bulk contained so much rare and profitable matter, as I know not where to seek the like, within so narrow and straight a compasse".

Hakluyt seemed truly surprised and marvelled with Galvano's account... in particular he emphasizes the causes of the alterations of courses from East to West, and the ceasing of all traffic by the Goths invasion. This means that this information was kept secret in England, even to Robert Cecil, a spymaster... high rank English officials were starting to discover a completely different story. Some years after this publication, a civil war would be lead against the monarchy, by Cromwell. 

In Galvão you may found a consistent theory with statements of previous contacts between China, Europe and America. Some of these relations are now accepted, but most of them were lost in History books, some are made myths, or simply foolish theories - you pick!

King Tubal. Galvão starts to recall the Hispanic myth of King Tubal that in the year 143 after the Biblical Deluge travelled from the Caucasus to the Iberian Peninsula. This is quite interesting as the Caucasus may be divided in three regions, Colchis, Iberia and Albania. Colchis links to the east part of the Black Sea, Albania to west part of the Caspian Sea, and Iberia was in the middle… Mount Ararat is nearby, in Armenia.
Caucasus Kingdoms: a sketch in the “Atlas of Ancient and Classical Geography” by Samuel Butler

Colchis is associated to the trip of Jason and the Argonauts, searching the Golden Fleece of its King Aeetes (son of the sun-god Helios and of the oceanid Perseis). 
The association of the Caucasian Iberia and the Iberian Peninsula is only kept through this legend? 
It is worth noting also that Albania became a country located west, above Greece. These caucasian lands were later connected to the Alans that invaded the Iberian Peninsula in the 5th century AD. The name Lancaster was written in Portuguese as Alancastro, meaning “Castle of the Alans”… but this is a later story.
Galvão states that navigations already took place by the time of King Tubal. 
The name Tubal was associated to the portuguese city Setubal and nearby Troia (Troy, in portuguese)... until the XIX century. You may think that after the Spanish Inquisition, no such thing exists anymore, or you may wonder if a soft inquisition takes place - secrets are kept with intelligence... and agencies!
A work that is not known is not a menace, you just have to control the damage... if it happens to be known to a larger audience, you descredit them with a respectable academic lobby. You just have to wait, and people will forget about it.

Galvão also talks about the mythical voyage of the amazon queen Semiramis to Ethiopia and the defeat of an Indian King Escorobatis, with a fleet of one thousand ships, near the Hindu river. 

King Hispalo. Galvano continues, stating that by the year 650 after the Deluge, King Hispalo of the Iberian Peninsula sailed up to Cape Verde. He goes even further, saying that Gonzalo de Oviedo (in “Chronicas das Antilhas”) conjectured that Hispalo even went to the Antilles, and this was the reason why Antilles were called Hesperides in ancient times. He then relates in a subtle way the Atlantis account of Plato to the whole America, and goes even further saying that their Kings were at some time the Lords of “our lands”. He goes even further, and the text is worth reading… (for instance, he mentions lost islands of Calex and Frodisias, and that Azores and Madeira Islands were just a part of a whole land. Gibraltar Strait was closed, Sardinia and Corsica were gathered, Sicily and Italy too… ) 

Connecting islands to main lands in ancient times, he also states that Ceylon might have been connected to India, and Sumatra to the Malayan Peninsula, profiting to declare also a connection to a nearby firm land, that he does not name... but it could be seen as a report of Australia (only officially discovered centuries after Galvano’s text). 

Going further on, he reports also a probable connection between Sumatra and Java (named Samatra and Jaoa in the text) and other islands until Borneo. He also mentions a probable ancient connection between China and Hainan (Aynao) island. These explanations were given to justify some difference to Ptolemy maps that he believed that should deserve more credit. 

Pharaoh Senusret. Galvão also reports sailings in Pharaoh Senusret (Sesostres) time, around 900 years after the Deluge, before the War of Troy. He also mentions that Senusret made a channel between the Red Sea and the Nile at the city of Seroum (probably Sharuna). This was made to ease the trade between India with Europe. However he then states that this took no effect “otherwise Africa would be an island”!! Anyhow, from this information, using Google Maps, we noticed a huge valley  going from the Nile into the Red Sea.

(to be continued)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:40

Cola do Dragão

21.07.10
Por vezes, convém colocar as coisas nos termos que foram usados, e sobre os quais não restam dúvidas que foram usados, antes das designações actuais.
Já falámos no Estreito de Anian (hoje de Bering), é evidente a designação Monte Prasso (para o Cabo da Boa Esperança), que consta até no mapa de Cantino, e que (conforme reparou KT) é a designação usada na correspondência de D. João II com o Papa.
Falamos hoje da Cola do Dragão, depois Estreito de Magalhães, e para que fique claro, colocamos em mapa estes 3 pontos:

Fazemos a propósito de saudar a edição online da Biblioteca Nacional da obra de António Galvão (1490-1557), trata-se do
Tratado dos descobrimentos antigos e modernos

Ler António Galvão e o prefácio do seu contemporâneo Francisco de Sousa Tavares, é mais um passo para perceber o inexplicável... a razão de tanta omissão, ao longo de tanto tempo. A propósito deste assunto diz António Galvão (pág. 22):
No ano de 1428 diz que foi o Infante D. Pedro a Inglaterra, França, Alemanha, à Casa Santa, e a outras daquela banda, tornou por Itália, esteve em Roma, e Veneza, trouxe de lá um Mapamundo que tinha todo o âmbito da terra, e o Estreito de Magalhães se chamava "Cola do Dragão", o Cabo de Boa Esperança: "Fronteira de África", e que deste padrão se ajudara o Infante D. Henrique em seu descobrimento. Francisco de Sousa Tavares me disse que no ano de 1528 o Infante D. Fernando lhe mostrara um Mapa que se achara no Cartório de Alcobaça que havia mais de cento e vinte anos que era feito, o qual tinha toda a navegação da India, com o Cabo de Boa Esperança, como as de agora, se assim é isto, já em tempo passado era tanto como agora, ou mais, descoberto.
António Galvão diz muito mais... damos um exemplo:
No ano de 1353, em tempo do Imperador Frederico Barba Rossa, diz que foi ter a Lubres, cidade da Alemanha uma nau com certos Indios numa canoa, que são navios de remo, parecem-se aos tones de Cochim, porém esta canoa devia ser da Costa da Florida Bacalhaos, e aquela terra por estar na mesma altura da Alemanha, que os Tudescos ficaram espantados do tal navio e gente, por não saberem de onde eram, nem entenderem sua linguagem, nem terem notícia daquela terra, como agora, porque bem os podia ali levar o vento e água, como vemos que trazem as almadias de Quiloa, Moçambique, Sofala, e Ilha de Santa Elena, que é um ponto de terra que está naquele grão mar daquela Costa, e Cabo de Boa Esperança, tão separada.
Mas não dará todas as respostas...
Fala das origens em Tubal, Ibero, das navegações de gregos, fenícios, cartagineses, egípcios, chineses!
É especialmente notável ele referir viagens chinesas e romanas... completamente esquecidas!

É um herói português de proezas militares ímpares em Maluco que acaba desgraçado num Hospital durante 17 anos... (Maluco - relembramos ser uma zona que incluía as Ilhas Molucas...)
Não é acidental a conotação Maluco, pois isto é um jogo mental que é levado às últimas consequências.

Porquê?
Começamos pelo "Museu dos Coches", ou antes, citamos a Wikipedia sobre o tema Carruagem:
As carruagens surgiram, inicialmente no século XIII a.C, inventado pelos Hititas com uso militar e não civil, posteriormente as carruagens apareceram na Roma Antiga, no séc I a.C.. No entanto não circulavam na sua maioria dentro das cidades, pois o movimento era tanto que iriam gerar muitos problemas. Estas podiam apenas circular durante a noite dentro das cidades para transporte de mercadorias. Após a Queda do Império Romano do Ocidente a técnica de fazer carruagens desapareceu.
Só já no séc.XVI as carruagens começaram a ser utilizadas. As classes mais ricas eram as únicas que se podiam dar ao luxo de possuir um veículo destes. No séc. XVII as suspensões melhoraram e por conseguinte as carruagens também. 
Depois cito o próprio António Galvão:
Depois que os Romanos senhorearam a melhor parte do mundo se fizeram muitos, e notáveis descobrimentos, mas vieram os Godos, Mouros e outros Bárbaros, e destruiram tudo porque no ano 412 AD tomaram a cidade de Roma, (...)  
E no ano de 474 AD se perdeu o Império de Roma e depois disto vieram os Longobardos a Itália no qual tempo andavam os demónios tão soltos pela terra que tomaram a figura de Moisés, e os Judeus enganados foram muitos no mar afogados. E a seita Ariana prevalecia.
E Merlim em Inglaterra foi neste tempo. E no ano 611 AD foi Mahamede e os de sua seita que tomaram por força África e Espanha. 
Assim que segundo parece nestas idades todo o Mundo ardia, por onde dizem que esteve 400 anos tão apagado e escurecido que não ousava nenhum Povo andar de uma parte para outra, por mar, nem terra, tão grande abalo e mudança se fez em tudo que nenhuma cousa ficou em seu ser, e estado, assim Monarquias como Reinos, Senhorios e Religiões, Leis, Artes, Ciências, Navegações, escrituras que disso havia, foi tudo queimado, e consumido segundo consta porque os Godos eram tão cobiçosos da glória mundana, que quiseram começar em si outro Novo Mundo, e que do passado não houvesse nenhuma memória.

Tal como depois D. Sebastião, António Galvão é um herói que procura ir longe de mais... é claro que os portugueses já tinham ido longe de mais no Século XV.

Em nossa opinião, António Galvão tem uma visão parcialmente acertada, mas devemos ir ainda mais atrás para procurar a origem do problema... e não será difícil.
O dragão colou o seu rasto... no post anterior começámos no Império Romano, mas deveríamos ter recuado ainda um pouco mais!

Aquilo que cola o dragão é o seu apego histórico - é por aí que encontramos o registo. 
Tudo foi apagado? 
Qual o registo histórico elevado ao máximo expoente, e nunca beliscado pelos tempos conturbados?
  • Começamos pela Guerra de Tróia?
  • Começamos por Platão, pela "alegoria da caverna", pela Atlântida, ou pelo destino de Sócrates?
  • Começamos pelo discípulo de Aristóteles, Alexandre Magno e pela conquista ocultada da Hispania?
A herança greco-romana, elevada ao máximo expoente por Alexandre Magno, nunca foi beliscada!
Porquê?

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:13

Cola do Dragão

21.07.10
Por vezes, convém colocar as coisas nos termos que foram usados, e sobre os quais não restam dúvidas que foram usados, antes das designações actuais.
Já falámos no Estreito de Anian (hoje de Bering), é evidente a designação Monte Prasso (para o Cabo da Boa Esperança), que consta até no mapa de Cantino, e que (conforme reparou KT) é a designação usada na correspondência de D. João II com o Papa.
Falamos hoje da Cola do Dragão, depois Estreito de Magalhães, e para que fique claro, colocamos em mapa estes 3 pontos:

Fazemos a propósito de saudar a edição online da Biblioteca Nacional da obra de António Galvão (1490-1557), trata-se do
Tratado dos descobrimentos antigos e modernos

Ler António Galvão e o prefácio do seu contemporâneo Francisco de Sousa Tavares, é mais um passo para perceber o inexplicável... a razão de tanta omissão, ao longo de tanto tempo. A propósito deste assunto diz António Galvão (pág. 22):
No ano de 1428 diz que foi o Infante D. Pedro a Inglaterra, França, Alemanha, à Casa Santa, e a outras daquela banda, tornou por Itália, esteve em Roma, e Veneza, trouxe de lá um Mapamundo que tinha todo o âmbito da terra, e o Estreito de Magalhães se chamava "Cola do Dragão", o Cabo de Boa Esperança: "Fronteira de África", e que deste padrão se ajudara o Infante D. Henrique em seu descobrimento. Francisco de Sousa Tavares me disse que no ano de 1528 o Infante D. Fernando lhe mostrara um Mapa que se achara no Cartório de Alcobaça que havia mais de cento e vinte anos que era feito, o qual tinha toda a navegação da India, com o Cabo de Boa Esperança, como as de agora, se assim é isto, já em tempo passado era tanto como agora, ou mais, descoberto.
António Galvão diz muito mais... damos um exemplo:
No ano de 1353, em tempo do Imperador Frederico Barba Rossa, diz que foi ter a Lubres, cidade da Alemanha uma nau com certos Indios numa canoa, que são navios de remo, parecem-se aos tones de Cochim, porém esta canoa devia ser da Costa da Florida Bacalhaos, e aquela terra por estar na mesma altura da Alemanha, que os Tudescos ficaram espantados do tal navio e gente, por não saberem de onde eram, nem entenderem sua linguagem, nem terem notícia daquela terra, como agora, porque bem os podia ali levar o vento e água, como vemos que trazem as almadias de Quiloa, Moçambique, Sofala, e Ilha de Santa Elena, que é um ponto de terra que está naquele grão mar daquela Costa, e Cabo de Boa Esperança, tão separada.
Mas não dará todas as respostas...
Fala das origens em Tubal, Ibero, das navegações de gregos, fenícios, cartagineses, egípcios, chineses!
É especialmente notável ele referir viagens chinesas e romanas... completamente esquecidas!

É um herói português de proezas militares ímpares em Maluco que acaba desgraçado num Hospital durante 17 anos... (Maluco - relembramos ser uma zona que incluía as Ilhas Molucas...)
Não é acidental a conotação Maluco, pois isto é um jogo mental que é levado às últimas consequências.

Porquê?
Começamos pelo "Museu dos Coches", ou antes, citamos a Wikipedia sobre o tema Carruagem:
As carruagens surgiram, inicialmente no século XIII a.C, inventado pelos Hititas com uso militar e não civil, posteriormente as carruagens apareceram na Roma Antiga, no séc I a.C.. No entanto não circulavam na sua maioria dentro das cidades, pois o movimento era tanto que iriam gerar muitos problemas. Estas podiam apenas circular durante a noite dentro das cidades para transporte de mercadorias. Após a Queda do Império Romano do Ocidente a técnica de fazer carruagens desapareceu.
Só já no séc.XVI as carruagens começaram a ser utilizadas. As classes mais ricas eram as únicas que se podiam dar ao luxo de possuir um veículo destes. No séc. XVII as suspensões melhoraram e por conseguinte as carruagens também. 
Depois cito o próprio António Galvão:
Depois que os Romanos senhorearam a melhor parte do mundo se fizeram muitos, e notáveis descobrimentos, mas vieram os Godos, Mouros e outros Bárbaros, e destruiram tudo porque no ano 412 AD tomaram a cidade de Roma, (...)  
E no ano de 474 AD se perdeu o Império de Roma e depois disto vieram os Longobardos a Itália no qual tempo andavam os demónios tão soltos pela terra que tomaram a figura de Moisés, e os Judeus enganados foram muitos no mar afogados. E a seita Ariana prevalecia.
E Merlim em Inglaterra foi neste tempo. E no ano 611 AD foi Mahamede e os de sua seita que tomaram por força África e Espanha. 
Assim que segundo parece nestas idades todo o Mundo ardia, por onde dizem que esteve 400 anos tão apagado e escurecido que não ousava nenhum Povo andar de uma parte para outra, por mar, nem terra, tão grande abalo e mudança se fez em tudo que nenhuma cousa ficou em seu ser, e estado, assim Monarquias como Reinos, Senhorios e Religiões, Leis, Artes, Ciências, Navegações, escrituras que disso havia, foi tudo queimado, e consumido segundo consta porque os Godos eram tão cobiçosos da glória mundana, que quiseram começar em si outro Novo Mundo, e que do passado não houvesse nenhuma memória.

Tal como depois D. Sebastião, António Galvão é um herói que procura ir longe de mais... é claro que os portugueses já tinham ido longe de mais no Século XV.

Em nossa opinião, António Galvão tem uma visão parcialmente acertada, mas devemos ir ainda mais atrás para procurar a origem do problema... e não será difícil.
O dragão colou o seu rasto... no post anterior começámos no Império Romano, mas deveríamos ter recuado ainda um pouco mais!

Aquilo que cola o dragão é o seu apego histórico - é por aí que encontramos o registo. 
Tudo foi apagado? 
Qual o registo histórico elevado ao máximo expoente, e nunca beliscado pelos tempos conturbados?
  • Começamos pela Guerra de Tróia?
  • Começamos por Platão, pela "alegoria da caverna", pela Atlântida, ou pelo destino de Sócrates?
  • Começamos pelo discípulo de Aristóteles, Alexandre Magno e pela conquista ocultada da Hispania?
A herança greco-romana, elevada ao máximo expoente por Alexandre Magno, nunca foi beliscada!
Porquê?

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:13


Alojamento principal

alvor-silves.blogspot.com

calendário

Julho 2020

D S T Q Q S S
1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031



Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D