A informação sempre foi uma componente principal de qualquer forma de poder.
A forma como é distribuída e manipulada pode ter um efeito crucial na acção alheia. As ideias são usadas como meio simples de aquisição e imposição de vontades, com propósito díspar do original.
Pertencemos às gerações que sobrevalorizaram o poder da imprensa centralizada, por jornais. rádio e televisão, enquanto forma quase única de informação fidedigna. O sistema foi de certa forma poderoso e teve o seu apogeu no final do Séc. XX.
Porém, com a entrada do Séc. XXI e o aparecimento das "redes sociais", poderá questionar-se a evolução do sistema informativo... em que aplicações como Facebook, Twitter, Youtube, Whatsapp, Instagram, ou mais recentemente o Tik Tok, começaram a definir outros interesses e outras direcções.
Facebook, Instagram, Youtube, TikTok,
Twitter, Google+ (desaparecido), Blogger, Whatsapp,
Televisão, Rádio, Jornais
Há alguma diferença?
Claro que há alguma, mas... para o que interessa, não haverá nenhuma diferença.
Os mais jovens entretêm-se com a moda... o Tik Tok estará agora mais na moda do que o Instagram, e dizem que o Facebook é só para velhos. Enquanto isto, cria-se a ideia nos petizes de que a informação é mais dirigida aos seus interesses... sendo claro que os seus interesses são assim dirigidos.
Aparecem os típicos fantasmas - o Tik Tok tem propriedade chinesa, e haverá quem alerte para o perigo da China querer monitorizar as preferências da juventude ocidental (claro que se forem os EUA não parece haver problema).
Ora, convém notar que todo este mundo informativo tem um aspecto real e um aspecto imaginado.
Real, porque por estes canais passam efectivamente importantes factos ocorridos.
Imaginado, porque a nossa capacidade de distinguir a realidade da ficção será cada vez mais ténue.
Mais importante que isso, tem o aspecto dirigido, de forma mais ou menos subtil com aquilo a que se chamam agora os influencers - ou seja, a malta gira que vai colocando a palhaçada de que o circo necessita para sobreviver.
É assustador ver que a geração mais nova está de tal forma dirigida que parece praticamente incapaz de procurar, por sua iniciativa, o que quer que seja... Tendo praticamente acesso a tudo com um simples clique, os cliques que fazem são os cliques da moda na partilha pelos amigos.
Controlo da informação
Se poderíamos considerar que os meios de comunicação tradicionais - televisão, rádio e jornais, estavam fortemente condicionados na sua liberdade pelo controlo estatal - que restringiu o número de canais ou jornais existentes... a ideia de permitir acesso global em diversas plataformas foi uma pseudo-abertura. Para captar a atenção das pessoas seriam necessários os processos clássicos de publicidade. Mas o principal instrumento de controlo foi o próprio convencimento da população de que poderia escolher apenas o que lhe "interessava".
Como sabem hoje os jovens das notícias?
Por exemplo, o assassinato do general iraniano pelos drones americanos (
ocorrido ontem), terá sido recebido em grande medida através de notícias que chegaram via Tik Tok, Instagram, ou Facebook.
Para os grandes agentes de informação ou desinformação internacional é razoavelmente indiferente se o jovem vê televisão na sala com os pais, ou no telemóvel enquanto conversa com os amigos.
Interessa apenas dar destaque ao assunto.
Não são os grupos de amigos que definem os tópicos de conversa, exceptuando as conversas de café que ocorrem nas redes sociais, e que antes ocorriam mesmo nos cafés.
A actualidade, os focos de interesse, vão continuar a ser dirigidos como foram antes. Ou seja, através das grandes organizações noticiosas que definem o que é ou não é para ser noticiado. Já era assim com os jornais de grande tiragem, com as rádios ou televisões nacionais, e não vai ser diferente com a existência das novas plataformas de comunicação.
A maior crítica virá como já era hábito através da sátira. Se no tempo anterior ao 25 de Abril havia tímidas críticas por via dos espectáculos de revista do Parque Mayer, no tempo posterior são raros os casos de crítica satírica que se consigam manter de forma mais ou menos contínua.
O controlo da informação continuou de boa saúde.
Aquém
A novidade que a sociedade judaico-maçónica nos foi trazendo, e terá sido uma revolução de costumes e procedimentos, foi um controlo de informação que não passava por atacar e hostilizar quem procurava manifestar-se contra o sistema. A dissidência foi aceite e os fogos reais passaram a fogos verbais, sendo a receita consumida pela sociedade sem perdas consideráveis para a classe dominante, e com um incomensurável rendimento de maior produtividade.
Assim, a partir dos séculos XVIII e XIX os jornais foram-se tornando num instrumento crucial de controlo de opinião, permitindo ao mesmo tempo uma explosão de ideias. No Séc. XX o papel dos jornais, das rádios, do cinema e depois das televisões, acabou por ser tão importante que basicamente as acções militares já não poderiam ser desencadeadas sem se pensar na guerra da informação.
No entanto, durante o Séc. XX vemos uma ideia absolutista, uma certa ideia de verdade universal, que conviria ser preservada e transmitida pelos órgãos de informação. A imprensa internacional foi sendo estabelecida e solidificada de forma a aquecer ou arrefecer ânimos da opinião pública, mas sempre com a preocupação do público na verdade.
Além
Aquilo que passámos a ver neste início do Séc. XXI foi a introdução da ideia relativista de verdade, em que a verdade pode interessar ou não... O jovem não sente necessidade de ler jornais ou assistir ao telejornal, porque tudo vai bem no país das maravilhas. Segue apenas os seus interesses mundanos, e eventualmente poderá interessar-se por algum tema da moda - "alterações climáticas", "migração dos refugiados", ou "terrorismo internacional". Há já grupos bem definidos para orientar a opinião nestes assuntos, e se no final de contas restarem 5% dos jovens que tem interesses mais complicados, pois com essa percentagem o sistema aguentaria bem, e aguenta ainda melhor porque nem esses números se verificam.
Assim, ao contrário do que se poderia iludir, se a
internet permite uma certa liberdade de agremiar conjuntos de pessoas com ideias comuns, as redes sociais acabam apenas por ser uma forma de alienação da realidade, sempre controladas a um nível superior, que as torna ineficazes ou incapazes de revelarem qualquer alternativa. Certamente que se poderá usar os exemplos da primavera árabe, ou dos protestos de Hong Kong, para mostrar como as redes sociais podem ser eficazes... mas nesse caso estamos a falar concretamente de movimentos dirigidos pelo exterior, provável ou
certamente por via da CIA ou MI6.
Na prática e até que a temperatura se torne insuportável, a cozedura em lume brando não provoca a mesma reacção de repulsa do que a ebulição.