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Ao fim de muito tempo, vi ontem, pela primeira vez em televisão, alguém referir-se à descoberta do Brasil em 1498 por Duarte Pacheco Pereira. Quem o fez foi Miguel Sousa Tavares, respondendo à pergunta final num programa da SIC-Notícias, chamado "Conversas Improváveis".

O incidente é isolado e nada tem de especial, para além de ir completamente contra a versão oficial, que atribui o relato de descoberta à viagem de Pedro Álvares Cabral em 1500.
A tese deveria ser largamente conhecida desde a publicação do Esmeraldo de Situ Orbis em 1892, por Raphael Basto, conservador da Torre do Tombo. Mais conhecida ainda quando Jorge Couto em 1995 sustentou a tese dessa descoberta anterior, com documentação adicional. Jorge Couto é uma figura reconhecida, tendo sido presidente do Instituto Camões e director da Biblioteca Nacional (2005-2011).
No entanto, apesar disso, que eu saiba, a tese de 1500 nunca foi beliscada em comunicações públicas, para uma larga plateia, por exemplo em televisão. Assim, a demonstração por Jorge Couto da viagem de Duarte Pacheco Pereira, em 1498, passa ao lado do folclore oficial, e de todo o comentário ou discussão, ao longo dos últimos 20 anos. Nada de estranhar, pois já teria passado ao lado da discussão do grande público durante todo o Séc. XX. Afinal, passam já 120 anos desde a publicação por Raphael Basto, que confrontou dois exemplares do Esmeraldo de Situ Orbis. Os exemplares estavam incompletos, sem nenhum dos 16 mapas (vistos na biblioteca dos Marqueses de Abrantes), e aparentemente em Setembro de 1844, para além da lei sobre funerais que originou depois a Revolta da Maria da Fonte, também houve uma portaria que retirou o livro da Biblioteca de Évora.
O detalhe da descoberta do Brasil em 1498, inscrito no livro, não passou obviamente despercebido, pois é referido pelo próprio inspector em 1891, na primeira página.

A afirmação que Duarte Pacheco Pereira dirige a D. Manuel é esta:
(...) alem do que dito é, a experiência que é madre das coisas nos desengana & de toda duvida nos tira & portanto bem aventurado Principe temos sabido & visto como no terceiro ano de vosso Reinado do ano de nosso senhor de mil quatrocentos noventa & oito donde nos vossa alteza mandou descobrir a parte ocidental passando alem a grandeza do mar oceano onde é achada & navegada uma tão grande terra firme com muitas & grandes ilhas adjacentes a ela que se estende a setenta graus de ladeza da linha equinocial contra o polo artico  & posto que seja assaz fora é grandemente pauorada, & do mesmo circulo equinocial toma outra vez & vai além em vinte & oito graus & meio de ladeza contra o polo antartico (...)

Fica completamente claro que Duarte Pacheco Pereira ao referir-se a uma extensão de terra firme que vai da latitude 70ºN (Gronelândia, Norte do Canadá) a 28ºS (Rio Grande do Sul, Brasil), dá logo no ano de 1506 uma informação demasiado detalhada sobre o que se conhecia da América. Aliás, dá informações precisas sobre a parte da América que estaria destinada dentro do Hemisfério português, de acordo com o Tratado de Tordesilhas. Isto praticamente mostra que o conhecimento do continente americano era completo, antes mesmo do nome América ter sido associado a Alberico Vespúcio. Dizer que 1498 é a data da primeira viagem ao Brasil apenas peca por ser tão escasso quanto tudo o que esconde essa afirmação e que Duarte Pacheco Pereira revela.

Quando falei do Esmeraldo de Situ Orbis, em 17 de Dezembro de 2009, no Knol da Google, escrevi o seguinte:

Duarte Pacheco Pereira não tem problema em atribuir navegações, para o contorno costeiro de África - aos gregos e fenícios... e até se atribuem navegações atlânticas aos fenícios!
Porquê?... porque isso não era nada, comparado com as navegações nacionais!
Duarte Pacheco Pereira, no seu "Esmeraldo de Situ Orbis", é bastante claro a esse respeito... mas também diz que teve o cuidado de preparar essa obra convenientemente, pois D. Manuel quereria "fiar-se" do que iria escrever... e, mesmo assim, a obra esteve perdida até ao Séc. XIX.
Tem um pequeno descuido, onde diz explicitamente que navegou para o Brasil, a mando de D. Manuel em 1498, mas isso é um detalhe sem qualquer importância, face a tudo o resto que nos consegue dizer - para quem o queira ler a sério!

Nessa altura procurei ligar a descrição da Costa de África à descrição da Costa Americana
Paralelismo África-América (Tese de Alvor-Silves, Dezembro 2009)

Vim na altura a saber (pelo José Manuel-CH) que a Duquesa de Medina-Sidonia, Luisa Alvarez de Toledo tinha argumentado no mesmo sentido no livro Africa versus America.

Provavelmente, caso fosse hoje, nem teria escrito nada acerca desse paralelismo... simplesmente porque é difícil sustentar a tese baseando-nos apenas na leitura de textos antigos, já que facilmente se poderá contra-argumentar que se tratam de coincidências interpretativas, sem usar outras provas.
Se usei aqui muitas interpretações, e fui avançando com diversas possibilidades, elas foram sendo sustentadas cada vez mais em citações literais, e factos documentais. Inicialmente não fazia ideia de que existisse tanta matéria "escondida com o rabo de fora", e por isso ainda procurava estabelecer relações fugazes, que pouco a pouco deixaram de ser fugazes... 

Quebrada a confiança com o conhecimento oficial, aquilo que escrevi sofre de toda a incerteza sobre as fontes e sobre a interpretação que fazemos delas. As diversas hipóteses que fui escrevendo resultam de tentativas parciais de encontrar nexo lógico, sem desacreditar tudo o que nos foi transmitido. O formato de blog tem a vantagem de não pretender ser mais do que uma interpretação escrita naquela data, em face da conjugação dos diversos dados acumulados, procurando focar mais no nexo lógico global do que no detalhes contraditórios.
Afinal, o que podemos saber resulta apenas do que nos é dado a saber... nada mais do que isso.
A maioria dos textos a que temos acesso é posterior à Idade Média, e muito tempo terá havido para definir o conhecimento que se divulgaria e o que iria ser ocultado. O povo nasce órfão de informação antiga... mal conhecemos os nomes dos trisavós, e poucas famílias passaram no seu seio histórias anteriores ao Séc. XIX. A partir daí fica só a confiança na cultura comum aprendida na escola formadora de mentes... Mesmo sobre monumentos/livros, devemos contar com reconstruções/ reedições, com a boa-fé dos criadores/autores, etc.
Quebrada a confiança, a grande certeza é a incerteza... e se dela não se livra o povo, órfão de antigos legados familiares, também não estarão muito mais seguros os depositários de conhecimento mais antigo. Afinal, têm que contar que a informação nunca foi alterada, coisa algo difícil de assumir mesmo em casas reais europeias, cujo legado teve múltiplas oscilações, e dificilmente chega ao Séc. X d.C. Indo mais longe, o registo perde-se nos legados religiosos. 
De qualquer forma, esquecendo o encobrimento nas descobertas arqueológicas, não há aparentemente um registo fiável para além das civilizações egípcias ou mesopotâmicas... como se os nossos anteriores antepassados nada nos tivessem querido deixar de importante. 
E, no entanto, em todos os povos parece ter havido a necessidade de transmitir um legado, não tanto uma história factual, mas antes uma tradição cultural religiosa, cujo significado primeiro se perdeu. A excepção parece ser a tradição hebraica, já que o Velho Testamento engloba também uma história do povo.
Vemos assim que o conhecimento que foi passando, não apagado entre gerações, foi uma mensagem religiosa autorizada. As histórias de heróis deveriam ser igualmente populares, mas retirando personagens divinos, poucas ficaram nos mitos, e talvez Hércules seja a excepção humana.
As novas gerações nasciam com conhecimento restrito, com pouco mais do que recebiam dos pais,  quase ignorando os avós. Quando isso acontece a evolução é normalmente pequena, e os jovens arriscam a fazer apenas uma repetição do percurso dos progenitores, sem acumular inovação no conhecimento. Isso seria tanto mais efectivo quanto as imposições religiosas visassem condicionar o progresso do conhecimento. A motivação poderia ser simplesmente manter o maior conhecimento na pequena elite reinante, para facilitar o controlo. No entanto, essa estagnação cultural funciona localmente, permite manter uma elite tribal, pelas condicionantes e proibições, mas não aguenta o embate com outra civilização em que o progresso de conhecimento seja mais valorizado e generalizado. Basta ver que em pouco mais de 200 anos de difusão de conhecimento, passámos de carruagens para aviões e foguetões....
Na tentativa de preservar a ordem, mantendo a habitual distância entre o conhecimento da elite e o conhecimento popular, compromete-se o progresso e a sociedade cairá no vício de estagnação, alimentado por sucessivas imposições e proibições, tal como nas primitivas sociedades tribais condicionadas pela religiosidade e tradição cultural fechada.

No santuário de Delfos haveria a inscrição "conhece-te a ti mesmo"... e sem dúvida que esse é o primeiro passo do homem, mas depois deve ser aplicado aos homens em conjunto, na sua unidade de conhecimento. 
Enquanto não percebermos o que fomos, o que nos condicionou e condiciona, dificilmente podemos definir o que devemos ser, funcionando como uma hidra insana... com múltiplas cabeças não coordenadas, competindo pelo controlo do mesmo corpo.
Temos até um exemplo interno... se os nossos hemisférios cerebrais direito e esquerdo funcionassem isoladamente e competitivamente, desconfiando um do outro, mentindo um ao outro... alguma vez teríamos tido sucesso enquanto organismo?

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publicado às 04:43


14 comentários

De João Ribeiro a 25.06.2020 às 11:10

Bom dia caro Da Maia,

https://www.youtube.com/watch?v=4E4bCrjpMHE

Parte do vídeo aprece retirado do seu post :) Desconhecia por completa esta tese.

Abraço e saúde.

JR

De Alvor-Silves a 25.06.2020 às 14:51

Olá João.
Quando vi este comentário, pensei que uma situação de cópia literal, como aconteceu com o texto do papagaio, que foi todo papagueado pela Vortex Mag, sem mudar vírgula:

https://alvor-silves.blogspot.com/2011/01/relacao-do-portugues-com-o-latim.html#c7558112893525999491

Parece que ganharam alguma vergonha e o link já não está acessível:

https://www.vortexmag.net/historia-insolita-de-portugal-d-joao-ii-exige-o-papagaio-aos-franceses/

Lembra-se disto? Engraçado!
Reparei foi que o comentário não ficou no postal do papagaio:
https://alvor-silves.blogspot.com/2011/01/d-joao-ii-exige-o-papagaio-aos.html

e assim é mais difícil encontrar. Vou colocar um comentário...


Agora, quanto ao vídeo que me envia... é demasiado apalhaçado, para se conseguir ver!
Bom, eu nada tenho contra quem quer ganhar a vida fazendo palhaçadas, e ainda que se possa julgar que se atinge uma maior plateia, acho que não servirá de muito... porque quem consome aquilo, consome a palhaçada e não a matéria de facto.

Conforme está aqui dito neste postal, essa tese é tão antiga quanto o próprio aparecimento do livro no Séc. XIX. Mas foi Jorge Couto, em 1995, que insistiu sobre o assunto e conseguiu reconhecimento em Portugal e no Brasil, acerca dessa tese.

Portanto, eu não tenho nada a ver com o assunto.
Cheguei lá, porque li o Esmeraldo de Situ Orbis. Mas fazendo uma rápida pesquisa cheguei também ao nome do Jorge Couto, que era então Director da Biblioteca Nacional.
O que ele conseguiu na divulgação do assunto?
- Eu diria que conseguiu o mesmo que eu, relativamente à divulgação destes assuntos... ou seja, há um reduzido número de pessoas que sabe; mas continua a ser ensinado que Pedro Álvares Cabral foi quem descobriu, porque é o consenso do status quo. Nalguns manuais mais recentes, acho que já apareceu em rodapé que poderia ser Pacheco Pereira. Mas será coisa de durar uns tempos, até que todos se voltem a esquecer.

Abraço,
da Maia

De João Ribeiro a 26.06.2020 às 08:47

Bom dia caro Da Maia,

Lembro sim!
Confesso que vi o vídeo a muito custo e apenas porque o tema me interessava muito mas já não consegui ver um segundo. É tal como diz de uma euforia excessiva que se torna impossível de assistir. É pena porque até daria para perceber o ponto de vista de certos aspectos da nossas história sobre a perspectiva de alguém do lado de lá do oceano. Porém graças a este indivíduo fiquei a saber que existe uma corrente que atribui a descoberta do Brasil ao navegador espanhol Pinzón: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Y%C3%A1%C3%B1ez_Pinz%C3%B3n

Sabia disto? Estes espanhóis...

Abraço

JR

De Alvor-Silves a 26.06.2020 às 18:26

Boa tarde, caro João.
Sim, a partir de certa altura (Séc.XIX) passou a existir uma vertente para promover um navegador espanhol... o que era natural.
O problema é que Colombo era italiano, o crédito do continente americano passou para outro italiano, Vespúcio, depois havia Gama e Magalhães, e os espanhóis não ficaram com nenhum navegador com "descobertas" a este nível.

Na realidade o crédito costuma ser dado a Vespúcio, que vai levar ao nome América (e não Vespucia, o que é sempre significativo)
https://alvor-silves.blogspot.com/2011/07/alberigo-e-amerigo-americo-e-merica.html

Como Vespúcio só participou na expedição que levou Alonso Ojeda à Venezuela em 1499, isso é tanto mais ridículo, já que nesse caso o nome hoje deveria ser Alonsica ou Ojedica, para a América... Tanto mais ridículo que em 1498 já Colombo tinha chegado à América, ainda que pensasse ser a China.

Pinzon, nesse costume de seguir pela costa, parece ter ido a caminhos onde estava proibido de ir, ou seja, à parte do Brasil, e por isso, do ponto de vista oficial, a viagem dele em Janeiro de 1500 foi ilegal, e os espanhóis deveriam era estar calados.
Mas, enfim...

Na minha opinião, toda a fantasia à volta dessa questão resulta de acordos, em que ficou assente que Pedro Álvares Cabral descobrira o Brasil, assim como Colombo descobrira a América, etc.
Isto foi coisa de burocratas/diplomatas, e a verdade só atrapalha...

Abraço,
da Maia

De Anónimo a 29.06.2020 às 15:40

Tanto é que, e com o intuito de desprezar o império espanhol e até mesmo o português, a obviedade de que tudo o que não era americano já conhecia aquele continente muito antes de qualquer ibero lá pisar os pés, já serve como verdade operacional em sentido político e geoestratégico. Se bem que, e como tem feito notar por aqui, parece estranho um continente inteiro ter passado incógnito ao longo da história. Apesar de não haver grandes registos arqueológicos que apontem nesse sentido. Mas nesse caso, sempre se pode culpar a grande lenda negra (espanhola, por supuesto) que tudo destruiu e saqueou e por isso não grandes registos e desses encontros tão corriqueiros antes da oficial oficialização da data de 1492.
Tenho pesquisado os historiadores, nuestros hermanos, que claro está, contam a sua versão da história (e de uma forma bastante interessante até) e nessa versão, nós somos os traidores e uns perros de Inglaterra (o que não deixa de ser verdade até certo ponto). É o que dá andarmos de costas voltadas…
A. Saavedra

De Alvor-Silves a 29.06.2020 às 16:54

Sim, é habitual não querermos olhar para versão espanholita, porque já sabemos o final do romance, quando ainda não lemos o primeiro capítulo.
E veja bem como eles nos queriam, Amélia, que durante 27 anos (1640-1668) não deixaram de nos querer abraçar no sagrado matrimónio com que Filipe II nos uniu.
Aí a narrativa espanholita é um pouco falha, porque mesmo tendo casado a Catarina, não vieram nenhuns ingleses nos ajudar, e estivemos basicamente por nossa conta.
Também se esquecem do grande estratega que foi Manuel Godoy, o fantástico "príncipe da paz" que lhes trouxe Napoleão com a promessa de que ficariam com Portugal.
Eles que são tão amigos dos franceses, devem-se esquecer que foram os portugueses e ingleses que conseguiram libertar a Espanha do jugo francês, ou será que gostavam mais de serem fuzilados, conforme retratado por Goya?

E a prova de que juntos fomos o pior dos dois, é que a maior decadência ocorreu nos 60 anos em que os tivemos que aturar.

Mas, sim, é verdade que ambos foram carne para canhão dos livros maçons de história.
No entanto, ainda há caramelos que alinham nessa intrusão externa, disfarçada de avental.

Quanto aos inexistentes registos arqueológicos americanos e australianos, convém não esquecer que pior do que a pata negra que os espanhóis colocaram em metade da América, portugueses, ingleses, holandeses e franceses, puseram só um pezinho na costa, e esperaram até ao Séc. XIX para avançar pelo restante do continente americano.
Resultado - a pata negra espanhola ainda nos deixou vestígios incas, maias e aztecas; e quanto às restantes partes? - népias! É como se não tivesse ficado nada. Até as fortificações mais antigas dos próprios desapareceram do continente, mas depois ainda se vêem nas ilhas, Bermudas, algumas outras Caraíbas, e pouco mais.
Precisavam de fortes de pedra nas ilhas, mas no continente eram paliçadas...

Cumprimentos.

De Anónimo a 04.07.2020 às 17:48

"E a prova de que juntos fomos o pior dos dois, é que a maior decadência ocorreu nos 60 anos em que os tivemos que aturar."

Já para não falar da prévia união, a Visigoda, que em 100 anos 585-711 originou um dos maiores desastres da humanidade...

Confesso no entanto que vendo o Estado lastimável do país e a oferta de nacionalidade ao desbarato... se os Portugueses não têm futuro ao menos deixem Espanha ficar com esta terra, que são aqueles que a cobiçam há mais tempo!

Tirando isso,
é dizer sempre não ao Hrosé Espanholito.

Cumprimentos,
IRF

De Alvor-Silves a 04.07.2020 às 23:03

Tenho que discordar, IRF.
Espanha cobiça Portugal por mera gula. Não saberiam o que fazer com a união. Nunca souberam.
O projecto do nome "Espanha" era mesmo a união ibérica, e quando conseguiram isso, não aproveitaram minimamente as diferenças, e quiseram alcatroar a península com a mediocridade do centralizado politburo castelhano. Nesse aspecto tiveram algum sucesso, porque nenhum dos dois estados recuperou dessa mediocridade.
Ainda hoje há um medo atávico de deixarem as autonomias exibirem o seu potencial.

Por exemplo, Portugal tinha muito mais a ganhar se deixasse as cidades crescerem sem dependerem do beija-mão a Lisboa. A competição interna é meio-caminho para a competitividade do próprio país.
Caso contrário, alinha tudo pelo mínimo. Porque em vez de procurarem ver quem faz mais e melhor, procuram ver quem faz menos, recebendo o mesmo.

Cumprimentos.

De Anónimo a 05.07.2020 às 20:27

A descentralização tem muito que se lhe diga.
Uma descentralização que vá copiar a Espanhola é um veneno.
Uma qualquer descentralização sob os preceitos actuais - o verdadeiro veneno - será apenas mais veneno mas com mais tachinhos.

O resto do país sofre dos mesmos tiques e problemas de Lisboa.
Não é à toa que a elite de Lisboa seja como é e não é à toa que as quasi-elites do resto de país fora de Lisboa sejam completa e cegamente submissas às elites de Lisboa.

Ninguém quer fazer diferente.
E a ser assim mais vale oferecer o país a Espanha - que cobiça esta terra há mais tempo - do que a transformar em colónia de povoamento para o que pior há do terceiro mundo o que não significará apenas o fim de Portugal como também um foco de veneno para a própria Espanha e o resto do que sobrar da Europa.

Estamos a ponto de a melhor coisa ser acabar este projecto e entregar o país a Espanha? Não.

Estamos a caminhar para isso e essa irreversibilidade?
Sim, a passos largos.

IRF

De Alvor-Silves a 06.07.2020 às 07:02

Compreendo e sigo, mas qualquer junção com Espanha, depois do que se viu na Catalunha, seria mesmo um completo suicídio nacional.

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