O
Goticismo foi uma corrente escandinava que procurou recuperar o passado dos povos escandinavos, quase completamente ignorado. No final da Idade Média existiam registos das invasões vikings, mas era especialmente obscuro o passado anterior. Resistiu um relato bizantino de
Jordanes, à época de Justiniano que relacionava os Godos à Escandinávia, nomeadamente reportando um rei mítico
Berig que teria conduzido o seu povo para terras polacas. Seriam esses Godos, coligados com Romanos, que travariam o avanço Huno na
Batalha dos Campos Catalaunicos, já em território Gaulês.
Um dos promotores da ligação entre os Godos e os Escandinavos foi
Nicolaus Ragvaldi (arcebispo de Upsala) que no Concílio de Basileia em 1434 terá levantado uma pequena polémica relativamente aos lugares. Argumentaria que os lugares deveriam respeitar a prevalência dos bispos suecos, como legítimos descendentes dos Godos originais... ao que a delegação espanhola
teria replicado que o valor estava nos Visigodos e Ostrogodos que tinham tido a iniciativa heróica de invadir o Império Romano.
Começa aqui a ligação dos Godos à Escandinávia e só posteriormente à Alemanha...
Ao contrário do que é normalmente considerado, os Romanos devem ter tido um controlo quase completo da Alemanha. É aliás claro que os Romanos não referenciam a península escandinava... e o seu mundo terminaria numa Germania de sentido lato.
Se a fronteira germânica seria de alguma forma bem definida pelos Alpes no lado italiano, já não seria assim na parte gaulesa, onde só as florestas delimitariam alguma fronteira natural entre França e Alemanha... Tal como Adriano decidiu construir um muro para evitar os Pictos escoceses, e dada a suposta ameaça permanente, seria estranho se os Romanos não empreendessem um projecto dessa envergadura.
A revista alemã
Der Spiegel publicou em 2008 o relato de achados romanos num campo de batalha 100 Km ao sul de Hanover. Para além de armamento, encontraram-se ainda moedas romanas.
Também há registos de moedas romanas na Dinamarca. Estes achados de moedas poderiam ser explicados por comércio, mas mais dificilmente se explica a larga penetração romana em território alemão, pelos artefactos de guerra. À luz da história oficial, após a vitória de Armínio (ou Ermínio, ou Hermann) sobre
Varo na Batalha de
Teutoburgo os Romanos nunca teriam conseguido ou até mesmo tentado passar o Reno. Estes artefactos vêm contar outra história...
A ausência de referência à Escandinávia e este avanço Romano, sugerem que a Germania poderia ter sido a Escandinávia. Isto parece estranho, mas também parece estranho o mapa de João de Lisboa que coloca uma Alemanha na posição da Escandinávia.
O nome Alemanha associado à Escandinávia (mapa de João de Lisboa)
Ou seja, quando os bispos suecos referiram no Concílio de Basileia essa ligação de Godos à Escandinávia, seguiam uma linha perdida na sua própria história.
A questão sueca e dinamarquesa será mais complicada do que a norueguesa. Se considerarmos um nível do mar ligeiramente superior, à época romana, uma boa parte norte da actual Alemanha estaria coberta por água, ou seria bastante pantanosa... e isso aconteceria igualmente com grande parte da Suécia, Finlândia e Dinamarca. Apenas a montanhosa Noruega deveria manter uma configuração semelhante. É aliás em Alta, na Noruega que é possível encontrar pinturas rupestres:
Pinturas rupestres em Alta, na Noruega
Parece plausível que os Romanos mantivessem um domínio sobre a maioria dos territórios da actual Alemanha, e o seu combate com os Godos poderia ser na Escandinávia, ou melhor, nos territórios dinamarqueses e alemães, que na altura seriam pantanosos ou formados por multiplas ilhas.
A migração para sul pode ter sido motivada por um decréscimo acentuado de temperatura...
Não nos devemos esquecer que todos os registos antigos apontam essencialmente para vestuários leves, em gregos e romanos, que dificilmente serviriam para suportar um inverno, mesmo mediterrânico.
Houve um arrefecimento progressivo, que terá tornado inóspitas regiões mais a norte.
A migração escandinava acaba por ser bastante efectiva através das incursões vikings... e o apogeu dessa perturbação será a concessão da Normandia. É a partir da Normandia que Guilherme e Eustácio II vão liderar exércitos para conquistar a Inglaterra em Hastings.
Os reis normandos acabam por definir uma sua história em território europeu, com enorme influência nas dinastias inglesa e francesa, bem como em Nápoles e Sicília.