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Boss Bottled

28.01.19
Muitas pessoas sentem que têm queda... mas falta-lhes sítio onde cair.
O relato oposto é o dos que levaram milhares ou milhões consigo, na queda.

Há quatro figuras razoavelmente emblemáticas do processo de rápida ascensão e queda: 
- duas antigas, Alexandre e César, e duas modernas, Napoleão e Hitler.

É uma situação que se tende a repetir indefinidamente, e por isso merece alguma reflexão.
Episódios com fotos e filmes únicos da ascensão de Hitler.

Todos temos uma opinião crítica sobre o que está mal, não deveria acontecer ou poderia ser feito melhor. Na maioria dos indivíduos isto não chega ao ponto de pensar que podem ser eles a iniciar ou a protagonizar um movimento de mudança. Mas quando isso acontece, são ainda menos os que conseguem arranjar um número considerável de seguidores, capazes de os seguir no seu rumo.

As pessoas apenas se dão ao trabalho de seguir movimentos numa perspectiva egocêntrica, ou seja, pensando que esse movimento os levará a uma posição melhor. Como é óbvio, quem está bem não vê grande motivo em mudar, e só se mexe se sentir que a mudança traz algo de bom para si ou para a sua comunidade. Estes movimentos têm génese complicada ou mesmo improvável se a situação social é favorável, e uma génese facilitada em alturas de grandes conturbações sociais.

A ascensão de Hitler é um caso notável.
Poderíamos pensar que foi colocado no poder por interesses industriais alemães, e foi... mas não teria sido ele, um soldado e pintor com pouco sucesso, a escolha natural desses mesmos industriais.
São muitos os casos de empresas alemãs que participaram e beneficiaram dessa projecção hitleriana, passando depois a respeitáveis empresas no mercado internacional.
Alguns casos são mais ou menos conhecidos, como a IG Farben, AEG, VW, Porsche, Mercedes-Benz, BASF, Siemens, Thyssen, Bosch, Bayer AG, etc... os casos são tantos que seria mais fácil excluir as empresas alemãs que não estiveram envolvidas no projecto nazi. Deixo aqui um, que me surpreendeu, porque não tinha a Hugo Boss associada ao fabrico do fardamento das SS:
Hugo Boss: a moda em 1932, e 80 anos depois, em 2012. (img)

Que se refira sempre o assunto da 2ª Guerra Mundial com um grande drama sobre os crimes nazis, é uma coisa... que todas as empresas que sobreviveram ao regime, continuem a ostentar a mesma marca, e por vezes métodos semelhantes, pois isso é outra história, que não é conveniente misturar.

É nesse sentido que este caso, como tantos outros casos, foram engarrafados... ao estilo Boss Bottled é claro - success without integrity means nothing.

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publicado às 04:56


4 comentários

De da Maia a 28.01.2019 às 11:05

Obrigado pela informação.
O caso da Heerema será menos conhecido para quem não está no ramo da construção naval, mas conforme assinala é igualmente bem significativo.
Curiosamente Pieter Heerema começou em Portugal e Venezuela, um país que não deixa de apoquentar novamente os interesses dos predadores locais e externos.

Um ponto crucial, que não tive oportunidade de desenvolver neste texto, é que se processou uma conjugação de interesses concorrentes com um propósito comum.

Ou seja, no quadro do rápido desenvolvimento nacionalista alemão, estas diferentes empresas, que não estavam minimamente coordenadas entre si, passaram a estar, e a definir a sua actividade com múltiplas sinergias.

Ora, quando terminou a 2ª Guerra Mundial, se estas empresas tivessem sido proibidas de se reestruturar e operar, como se nada se tivesse passado, essas sinergias teriam terminado... e o suposto "milagre alemão" teria demorado mais do que vinte anos.
Entende-se que, com a finalidade de não repetir os erros após a 1ª Guerra, se tenha dado a facilidade de ressuscitar o corpo moribundo, injectando imenso capital com o Plano Marshall. Simplesmente, a organização industrial alemã não foi beliscada, e pôde ser reanimada pelos mesmos jovens que encabeçavam a juventude hitleriana, com a facilidade natural de nem sequer terem que mudar de nomes, e por vezes (como é o caso dessa Heerema) nem sequer tiveram que mudar de líderes.

Não é por isso de espantar que as empresas alemãs viessem depois a operar entre si com a mesma facilidade que o fizeram durante o tempo nazi.
As sinergias já existiam, e apenas mudou o propósito. Em vez de procurarem dominar a Europa e o mundo alimentando uma máquina de guerra, simplesmente iam fazer uma pequena revanche procurando dominar a Europa e o mundo, alimentando uma máquina financeira.

Será um erro pensar que os métodos e processos terminaram. A estrutura não morreu, simplesmente reinventou-se. Na base mantém-se a mesma cola nacionalista que uniu a Alemanha desde o tempo de Bismarck, e tem ainda raízes anteriores, na dissolução do Sacro-Império Germânico.

Obrigado pelo comentário.

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