Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Pedro Reinel assinou uma carta denominada "Carta do Atlântico Norte", que se encontra na Bayerische Staatsbibliothek (Munique), e que foi datada de 1504. A identificação do autor é feita usando a expressão 
"Pedro Reinel a fez",
mas não encontramos nenhuma data. Traduz assim uma mensagem que poderá ser entendida como uma reprodução de uma carta já feita anteriormente. É nossa convicção que poderia ser uma reprodução da Carta presente na negociação do Tratado de Tordesilhas (1494) - todo o enfoque é dado ao Meridiano de Tordesilhas, que aparece representado duas vezes (a segunda representação é mais pequena e está inclinada). Já abordámos a representação do Brasil, rodando o mapa 180º, entendido na parte de território verde... comparado com o mapa de Cantino de 1502, seria incompreensível a não representação em 1504.
Carta do Atlântico Norte, Pedro Reinel (1494-1504?).
O facto mais surpreendente desta Carta não é tanto a presença de terras americanas a oeste, marcadas a verde (à esquerda). O mais surpreendente é a identificação de uma ilha na posição da Dinamarca.
Pedro Reinel, considerado o maior cartógrafo do seu tempo, nunca desenharia a península dinamarquesa como ilha, a menos que houvesse um propósito diferente.
É esse propósito diferente que aqui é debatido... começando por comparar com a carta feita pelo mesmo autor, em 1485, que assinou de forma diferente: "Pedro Reinel me fez", não invocando um tempo passado. Essa carta de 1485 parece ser qualitativamente superior a esta (de 1504?), não havendo aparente razão para a perda de qualidade... nem razão para ser apenas uma carta restrita ao Atlântico Norte, a menos que tal como no outro mapa, uma rotação deste mapa revele algo diferente.

Com efeito, se rodarmos este mapa, e olhando com cuidado, podemos rever os contornos escondidos que estavam no mapa de 1485... embutidos no próprio desenho da Europa, levando a distorções artificiais que colocavam a Dinamarca como ilha. Isso seria justificado num intuito de esconder um mapa da América Central no próprio desenho da Europa, ou como diria Camões nos Lusíadas: "Pado o sabe, Lampetusa o sente". Mostramos uma interpretação alternativa do mapa, projectando a comparação americana, após a rotação. A costa mexicana é comparada com os pontos assinalados a azul claro:

ANÁLISE ESQUEMÁTICA COMPARATIVA:
Costa Mediterrânica de Espanha/França/Itália/Sicília >> Costa do México/Texas/Florida
Costa Atlântica de Espanha/França/Holanda/Dinamarca >> Costa oeste do México e península da Califórnia
Córsega/Sardenha/Baleares <|reflexão|simetria|> Cuba/Hispaniola/Antilhas(Jamaica) 

Esta é apenas uma hipótese interpretativa (discutida há 6 meses com KT - ver aqui), com o devido grau especulativo próprio de qualquer leitura não literal. Aliás de forma surpreendente, podemos mesmo ver semelhanças mais latas, enquadrando o mapa numa dimensão maior, que incluiria por reflexão ainda uma parte ocidental da América do Sul:
ANÁLISE ESQUEMÁTICA COMPARATIVA - extensão por reflexão
- a parte africana é reflectida como uma parte ocidental da América do Sul - zona do Perú.

Esta não se pode considerar uma prova objectiva literal, pois está sujeita a interpretação. No entanto, é claro que se no mapa de 1485 estava implícita informação, ficaria a pergunta se haveria também informação escondida neste mapa posterior. Para além da evidente informação sobre os novos territórios apresentados - normalmente ligados à zona do Canadá/Labrador, esta interpretação permite justificar onde pode estar essa informação neste novo mapa. Adiciona-se a esta observação, a persistência desta representação num mapa posterior de Lopo Homem, de 1550.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:30


2 comentários

De José Manuel a 14.04.2019 às 02:13

livro que sai a 16 de maio, publicado pela Esfera dos Livros, fala de Diogo Cão, D. Luís I, Gil Eanes e muitos outros. Nesta pré-publicação, mostramos os portugueses que deixaram o país, literalmente, no mapa. As famílias Reinel, Homem e Teixeira Albernaz, em colaboração ou à vez, mostraram que os cartógrafos portugueses estavam ao nível dos melhores do mundo https://observador.pt/especiais/reinel-homem-e-teixeira-albernaz-as-familias-que-fizeram-dos-portugueses-os-melhores-cartografos-do-mundo/#
http://www.esferadoslivros.pt/livros/sem-categoria/homens-do-mar/

cumprimentos
José Manuel

De da Maia a 15.04.2019 às 17:52

Obrigado pela informação, José Manuel.

Comentar post



Alojamento principal

alvor-silves.blogspot.com

calendário

Novembro 2010

D S T Q Q S S
123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930



Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D