A propósito de Egitânia, é de recordar o texto sobre Centum Cellas num antigo comentário por Calisto, que deveria ter aparecido como post na altura, ilustrado com algumas figuras.
Torre de Centum Cellas
Sobre Centum Cellas vou tentar ser sucinto. Das poucas escavações que por lá se fizeram (presumo que Aurélio Ricardo Belo), é de registar um pote de barro com ossos de criança calcinados.
Sem avançar nas explicações técnicas a existência de rasgos para encaixe de aros nas 3 janelas cimeiras que dizem respeito a um terceiro andar levam a colocar fora de dúvida a adaptação do edifício primitivo, a funções diferentes daquelas para que foi construido.
Origem de enormes furos que atravessam as paredes laterais e a do fundo, que alguns autores tomam como portas pode-se prender com a lenda da existência de um boi de ouro enterrado...logo andaram uns poucos à procura do dito boi.
As ruinas situam-se a 11km em linha recta do cabeço das Fráguas.Inscrições em Cabeço das Fráguas A zona tem possantes jazigos de cassiterite, e o Zêzere descrevia uma curva de maior amplitude do que aquela que agora descreve "(...) recebia a ribeira da Gaia no sítio dos Catraios, em frente a Centum Cellas (...)"
Edifício composto de um nucleo com anexos ligados às paredes laterais. Núcleo tinha 2 pavimentos os anexos 1. A planta do conjunto é rectangular e este era absolutamente simétrico a 1 plano axial.
Fachada principal virada para o nascer do sol nos maiores dias do ano.
Nas ombreiras de todas as portas do R/ch, há rasgos horizontais, junto das vergas, onde se encaixavam os tabuões. As portas giravam sobre 2 espigões fixos. Rasgos semelhantes existem nas ombreiras de vão de portas de certos templos do antigo Egipto.
Ignora-se o significado das 3 janelas rectangulares e desiguais (vê-se na foto que incluiu no artigo) que assentam nas vergas das portas exteriores, em Efeso a pia baptismal tem um grupo de 3 rectângulos que dizem ser símbolo da trindade...
Éfeso: pia baptismal
De acordo com o autor, Vitrúvio não aplicou a secção dourada e não refere na sua obra Arquitectura, se a conheceu, guardou segredo.
Das relações geométricas, vou deixar 2 ou 3 apontamentos para não me tornar muito extenso.- Sala do 2º pavimento (abrangia totalmente o 2º pavimento e cujs aberturas davam para uma varanda que a contornava, provavelmente o motivo principal do edifício). Parede (que se vê) que fica à esquerda na foto, composta de porta pequena, janela, porta grande, janela, porta pequena. Portas menor dimensão: a relação entre as 2 dimensões (altura, largura)é a dimensão da planta do partenon (rectangulo do partenon), a razão entre a diagonal e o segmento que une um dos vértices ao ponto médio do lado maior, oposto, é igual ao número de ouro.
- A parede de topo que aparece na foto de frente (1 porta de maior dimensão ladeada por 2 janelas que parecem quadradas):o arquitecto procurou inscrever 2 secções douradas, justapostas pelos lados menores, num rectangulo de comprimento igual à largura da sala e altura igual à distancia que vai do pavimento às vergas da janela, a mesma em 12 vãos da sala. Porem para manter a medida de 2,18m e conservar a razão entre as 2 dimensões da secção dourada perfeita, o arquitecto foi obrigado a aumentar ligeiramente o lado maior destas. Assim este lado ultrapassa, de perto em 11mm , a metade da largura da sala. Na grande piramide de Gizé existe um corredor com 2,18m de altura. Mero acaso?
Tudo o que escrevi (e muitas mais relações, realmente impressionante) encontra-se no livro que referi, o que achei notável e fascinante foram as relações arquitectónicas/geométricas que o autor encontrou. Desculpe a extensão, mas foi a forma que encontrei para mostrar que as relações realmente existem.
Autor: Calisto (texto em comentário sobre Brito Bluteau, com algumas ilustrações incorporadas)
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