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Há duas posturas principais sobre a causalidade.
- A postura científica, que para além de alguma Ciência engloba as chamadas "Teorias da Conspiração".
- A postura crente, que remete ou a uma ausência de explicação ou a uma explicação única.

Começamos pela postura crente.
Basicamente, o crente é aquele que ou acredita que não se passa nada, ou que acredita numa razão insondável. Há muitos tipos de crenças, e normalmente são fenómenos sociais. Ou seja, é uma atitude que resulta da influência de um grupo. O indivíduo sente-se confortável porque não é o único a pensar daquela forma, e o grupo sobrevive alimentando a crença comum.
Curiosamente esta postura crente desenvolveu opostos semelhantes.
Para além da multiplicidade de divindades, e de crentes que competem pela maior validade da sua, instituiu-se a crença oposta, ou seja, que não havendo divindades, é tudo fruto de um acaso.
Os divulgadores de Ciência têm feito imensos esforços para eleger o Acaso, a Fortuna, como grande divindade acéfala, por oposição às restantes divindades. 
Claro, neste ponto são tão crentes quanto os outros. Dizer que foi o Acaso que levou ao aparecimento do Homem, ou dizer que foi Deus, é só uma questão de substituir um nome. 
Quando Miguel Angelo pintou a criação do Homem, o toque não é de Deus, é do Acaso... e se Miguel Angelo decidiu pintá-lo com barbas brancas, foi por obra do Acaso. Como vemos, o Acaso pode inspirar os homens, uns dizem inspiração de Deus... mas é nova heresia, temos que dizer que a inspiração é do Acaso.
A criação do Homem pelo deus Acaso, na religião ciência-de-casino.

O grande arquitecto universal foi então o Acaso, não foi Deus. Muda-se a palavra e fica tudo certo.
Se a Igreja substituir a palavra Deus pela palavra Acaso, passamos a ter ateus católicos.
Quem criou o mundo e o homem? O Acaso. Os milagres, as curas, são obra de quem? Do Acaso.
Um crente é agraciado por Deus, um "ateu" é agraciado por Acaso.
Será que fizeram alguma lobotomia aos ateus do Acaso? A caso pensam no que dizem?

Passamos à postura científica.
Qual é ela?
É simplesmente a postura que procura estabelecer nexos, relações, entre as coisas.
Já dei este exemplo, mas vou repetir. A cada vez que largamos um objecto ele cai. Muito bem.
Esta observação repetida, levou àquilo a que se chamou a "Lei dos Graves".
Porém, como é óbvio, a vida para quem estabelece nexos não é fácil. É muito mais simples dizer que as coisas caíam por Acaso, ou por vontade de Deus.
Chegava o "teórico da conspiração" dos graves, e dizia aos outros que havia uma lei natural que fazia as coisas caírem quando as largava. Um qualquer engraçadinho falava em surdina à audiência que isso não acontecia com os pássaros - quando se largavam, voavam, não caíam. Pronto, e lá voltaria a velha fé de que as coisas caíam por acaso, ou por vontade divina.
As teorias científicas estabelecem o nexo de causa-efeito, nem sempre são infalíveis, evoluem, mas importa procurar esses nexos. As teorias da conspiração procuram um nexo semelhante: efeito-causa, mas com o problema de várias causas produzirem efeitos semelhantes.

Porque razão falo disto no contexto histórico?
Porque cada vez se procura mais atribuir ao Acaso as coincidências. Como se a História fosse uma sucessão de imprevistos, e ninguém andasse a pensar em nada, nem controlasse nada.
Porque, por outro lado, há também quem diga que não foi o Acaso, foram ET's, ou deuses. Mais uma vez, é só uma questão de mudar nomes.

No contexto histórico, quem procurar uma causa comum, um nexo entre as coisas, tem passado por "teórico da conspiração". Porquê? Porque a História tem um problema com o método científico.
Aceita a Ciência, desde que não coloque em causa "certas coisas".
Se há prova maior do temor da História pelo método científico está na designação pejorativa associada às Teorias de Conspiração. Não são refutadas, simplesmente se procura ridicularizá-las em surdina.
Conspirações, como é óbvio, e a História não o pode negar, sempre as houve.
A questão é apenas de saber a extensão da sua ocorrência.
A questão é saber se podemos encandeá-las numa "grande conspiração", numa "conspiração média", ou em "pequenas conspirações" ocasionais e muitos Acasos.
Se fossem apenas pequenas conspirações ocasionais, que não se prolongassem no tempo até aos dias de hoje, ninguém tinha problema com os "teóricos da conspiração". Ou verificava-se o absurdo ou não.
Os únicos que têm interesse em que não sejam investigadas conspirações são os conspiradores.
Portanto, o problema é decidir entre médias e grandes.
Quando falo em "conspiração média" é uma que ocorre durante séculos... ao passo que as grandes correspondem a arrastos milenares.
Havendo comunidades, grupos, com histórias e protagonismos milenares é difícil pensar que a sua acção foi sempre casual, apenas com pequenas conspirações. Isso seria uma ofensa à sua inteligência... porém também parece exagerado pensar que tudo foi pensado. Nunca nada se manifestou de forma tão inteligente, e essa capacidade extrema remeteria então para entidades divinas, ou extraterrestres.

O que acaba por ser visto é que há uma disparidade de desenvolvimento, em que uma boa organização mecânica pode iludir inteligência. Algumas estruturas sociais e processos naturais exibem complexidade que aparentam ser inteligência, mas não o são. A aranha pode tecer uma formidável teia, pode até aparentar que tudo é pensado ao pormenor, desde o material ao desenho. No entanto, as aranhas apenas sabem fazer teias. Não sabem fazer mais nada. É certo, apanham muitos mosquitos e melgas, mas não apanham um pássaro. Há teias que podem mesmo apanhar pássaros? Sim, mas para cada teia mais resistente, há sempre um pássaro maior (e vice-versa).

Portanto, não se devem ignorar os nexos que se evidenciam, nem se deve pensar que tudo tem um nexo ao alcance da inteligência. Há uma parte caótica necessária, que não é Acaso, mas que é impossível de prever por nós. Está acima de qualquer inteligência. Porquê? Porque quem pensa, pensa em algo, mas nunca saberá por que razão pensou nisso. Porque isso envolveria uma potência encadeada de pensamentos de pensamentos. Não aconselhando isto a ninguém, com boa concentração, é possível pensar que estamos a pensar que estamos a pensar no que estamos a pensar... onde isso leva? A uma perigosa insanidade. Mesmo que a sequência infinita fosse possível (há sempre algozes, que almejam transcendências...), há sempre potências de infinito superiores.

Qual o método a seguir?
Remeter sistematicamente para uma causa, ou ausência de causas, é o mesmo - abstinência mental.
Pretender que após milhares de anos sem largar o chão, temos independentemente Roziére e Montgolfier, com dois balões prontos, com técnicas diferentes, prontos para descolar no mesmo dia, não é aceitar o Acaso, é ser muito devoto dele.

Não há fuligem de archotes nas câmaras das pirâmides. 
Muito bem, parece ser evidência de outra iluminação, como enunciado por Bluteau.
Agora dizer que veio de tecnologia ET, dizer que os egípcios usavam pirilampos, espelhos reflectores, ou não responder, é quase o mesmo.

Devemos identificar inconsistências, semelhanças, sem nos preocuparmos demasiado com a teoria... e especialmente não embarcar em teorias que recorram a seres nunca vistos, imaginários ou não.
Mais importante do que inventar ou suportar teorias é evidenciar os factos que as motivaram.
Mais eficaz do que usar novas descobertas não aceites ou confirmadas, é procurar contradições nas que já são aceites. 
Em última análise, não interessa haver teorias alternativas, interessa é que a versão oficial se deixe de palhaçadas informativas e educacionais, em que nem as crianças já acreditam.

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publicado às 06:22


6 comentários

De Anónimo a 12.05.2014 às 10:56

Tal como eu há uns tempos. Não só não me arrependi, como continuo a voltar. Bom blog.

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