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Na sequência de um comentário de OMC sobre o alelo genético HLA A25-B18-DR15, que será uma particularidade portuguesa, seguiram-se uma série de respostas de Maria da Fonte, José Manuel Oliveira, e João Ribeiro, que levaram a diferentes tópicos, em particular à presença neandertal.

Há o que se Queria, e há o que se Cria. Esse é o processo da Criação.
A Criação está reportada na Bíblia no capítulo do Genesis
Sim, não é no capítulo dos Genes, mas digamos que não queremos também que as coisas estejam escarrapachadas tão literalmente que nem seja preciso fazer um esforçozinho para as ler adequadamente.

Ninguém tem grandes dúvidas que os humanos tomaram nas suas mãos a Criação, pelo menos a Criação de animais domésticos. Fizeram-no de tal forma, que foram apurando as raças à sua melhor conveniência. Os animais silvestres ficaram dóceis e cada vez mais produtivos, tendo em vista o objectivo dos criadores... fosse esse objectivo a força de trabalho, a carne, o leite, o queijo, etc.
Podemos pensar que os humanos apenas fariam isso com animais, mas não haveria verdadeiramente nada que impedisse que o fizessem também com outros humanos.
Para guardar animais é normalmente construída uma Cerca, e ninguém lhe chama Jardim, muito menos lhe dá o nome de Éden, mas ainda que o dono da Cerca forneça toda a alimentação, e uma vida razoavelmente facilitada, onde os animais não têm que se esforçar para a subsistência, nós funcionaríamos como serpentes se avisássemos os animais domésticos que as intenções do dono podem não ser exactamente as melhores. É claro que alguns animais domésticos, tão reconhecidos pela generosidade do seu criador, que lhes fornece tudo o que precisam, a troco de nada, dificilmente acreditariam nessas informações serpentinas... seriam certamente motivadas pela inveja da serpente não ter sido escolhida para domesticação, mas isso é outra história. Os gatos podem ser desconfiados e solitários, mas os canídeos exibem um grau de fidelidade notável, mesmo com criadores perversos.

Claro que a utilização de humanos como "animais domésticos" acabou por se instituir de forma estranhamente natural, sob a designação de "escravos", mesmo em sociedades pretensamente democráticas, como na Grécia. Só raros espíritos livres, como Aristófanes, eram suficientemente audazes para ridicularizarem essa "democracia". 
Não se tratando de nenhuma "engenharia genética", mas sim de uma simples "engenharia sexual", reprodutiva, os animais foram sendo desviados duma "selecção natural", e foram conduzidos para uma Criação orientada, visando certos objectivos. Tal como os vencedores de corridas de cavalos são escolhidos como garanhões, no comércio esclavagista houve venda selectiva de escravos visando aumentar a resistência e a força de trabalho da sua prole.
Ou seja, em "criação" ouve-se também "queria são", se queria um corpo são, como sua criação. Ou ainda lê-se "que ria são", para uma mente sã que o "cria são".

Portanto, não precisamos de nenhuns Anunaki (nascidos de Anu, Anu-nasci), também ditos Anedotos (dotados por Anu), de origem extraterrestre, para pensar em malta que quisesse fazer engenharia sexual, tendo em vista um apuramento racial. Bastava que alguns fizessem com os humanos o mesmo que tinham feito com os animais... seleccioná-los pelas suas características. 
Estas ideias de "criação" ainda não desapareceram. Têm o nome de Eugenia e foram consideradas pelos nazis na tentativa de melhorar a pretensa "raça ariana", e fazem parte ainda de uma certa paranóia judaica, que levou a sério a sua criação domesticada pelo Senhor, com vista a vencerem talvez algum concurso de "povo eleito" entre a carneirada, e assim escaparem ao sacrifício pascal.

No caso humano, após a "engenharia sexual", apostou-se na "engenharia social", como forma de optimizar a produção "animal". Senão vejamos... é dispendioso ao dono dos animais assegurar a sua subsistência. Seria muito melhor se os animais domésticos tomassem isso a seu cargo, e continuassem a trabalhar com o mesmo empenho como bestas de carga. Com os humanos conseguiu-se isso na Idade Média usando o estatuto de "servo". Ao contrário do escravo, o dono do servo não se preocupava com a alimentação deste, e recebia à mesma o fruto do trabalho, pelo imposto. 
Aplicado a um burro, este deixava de ser chicoteado para levar a carga... passava a levar a carga de livre vontade, sabendo que só comeria cenouras se o fizesse... porque o campo das cenouras era do Senhor.
O problema nesse caso é que ficava demasiado evidente que o fruto do trabalho ia parar ainda ao Senhor, e assim não era muito produtivo. Os camponeses trabalhavam poucos dias por ano, e tinham imenso tempo livre. 
Muito melhor foi a passagem para o estatuto de "cidadão", onde o homem poderia gerir o seu tempo para obter riqueza pessoal... ainda que tivesse que trabalhar todos os dias. 
Aplicado ao burro, seria como se o burro à conta de receber elogios do Senhor, e cada vez mais cenouras, trabalhasse cada vez mais afincadamente e com mais entusiasmo, pedindo até mais carga. 
Estranhamente os burros não trabalham mais se os elogiarmos, se aparecerem na televisão, ou se lhes dermos a última albarda da moda... mas resulta muito bem com humanos! Mais estranho ainda, não encontramos burros capazes de inventar chicotes mais eficazes, para aumentar a produção dos burros, a troco de receberem elogios e prestígio na comunidade asinina.

Bom, mas isto é o aspecto da "engenharia social" dos últimos séculos, verdadeiramente eficaz.

Regressando ao aspecto da "engenharia sexual", convém notar que, exceptuando uma imposição pela força, a escolha de parceiro sexual foi definida naturalmente na natureza como sendo uma opção feminina. Portanto, a evolução genética depois de ser definida por critérios irracionais, instintivos, passou a ser uma opção inteligente, definida por mulheres inteligentes.
Podemos considerar que foi tudo aleatório, e sem nenhum propósito particular, mas atendendo a que há registos de primitivas sociedades matriarcais, dando efectivo relevo ao aspecto da procriação, ou melhor... da Criação, não devemos excluir a hipótese de que a evolução humana, do nosso ideal de beleza, tenha resultado de uma escolha consciente e inteligente, nem sempre irracional, feita pelo lado feminino.

Aspectos dessa prevalência matriarcal são as Vénus paleolíticas
Vénus de Dolni-Vestonice (Rep. Checa) e Vénus de Hohle Fels (Suévia alemã)

sendo ainda notado (documentário indicado por J. Ribeiro) que se tratou de uma transição abrupta, que marcou a diferença evolutiva e a posterior extinção,,, do homem de Neandertal.
Além disso (conforme notado pelo José Manuel), a presença de uma estatueta que é chamada "homem-leão", mas que é muito mais provavelmente uma "mulher-leoa", encontra notável consonância numa estatueta de Çatal Huyuk, onde vemos uma matrona dominante sentada num trono e ladeada por dois leões (ou leoas...):
Estatuetas de mulher-leoa (Suévia alemã) e matrona com leoas em Çatal Huyuk (Turquia)

Há uma mitologia suméria coincidente com a passagem de uma sociedade matriarcal para uma sociedade patriarcal, que provavelmente coincide com a passagem do Paleolítico para o Neolítico.
Na mitologia babilônica a morte de Tiamat pelo deus Marduk, que divide seu corpo em dois, é considerada um grande exemplo de como correu a mudança de poder do matriarcado ao patriarcado: "Tiamat, a Deusa Dragão do Caos e das Trevas, é combatida por Marduk, deus da Justiça e da Luz. Isto indica a mudança do matriarcado para o patriarcado". A mitologia grega também apresenta Apolo matando Píton, e dividindo seu corpo em dois, como uma acção necessária para se tornar dono do oráculo de Delfos 
in wikipedia, citando Gateways to Babylon. 
Depois dessa prevalência das sociedades femininas no Paleolítico, a estrutura social estabilizando-se com exércitos bélicos, de guerreiros masculinos, só terá tido o seu contraponto com a mítica presença das Amazonas em paragens da Cítia, que ainda terão feito Ciro perder a cabeça às suas mãos.

Portanto, é de considerar que na confluência entre Homo Sapiens e Neandertais, se tenha efectuado um apuramento de raça, conduzido conscientemente pelo lado feminino, talvez com apoio de xamãs. Assim, ao invés de um deus barbudo criador, poderia ser mais adequado uma deusa matrona feminina criando e seleccionando, como depois se iria fazer na domesticação animal. Na versão masculina que nos chegou da Bíblia, a vontade de criar um homem puro e casto, terá sido contrariada pela vontade feminina de manter na prole uma inteligência não completamente burra, o que poderá ter sido visto como uma tentação viperina... que estragou a colheita. Essa vontade de pureza aparece depois repetida aquando do degelo, que terá levado a sucessivas inundações, vistas como dilúvio, após a Idade do Gelo. Feita a selecção física, o que interessaria seria uma selecção moral, que evitasse um contínuo conflito humano... essa tentativa de selecção genética, condicionada pela moral, é essencialmente o que transparece na história bíblica, desde o Genesis.
Esse seria muito provavelmente o grande desígnio de orientação dos xamãs, que teriam conseguido evitar uma completa chacina e extinção humana em territórios da Oceania, fazendo algo tão simples como confundir as línguas (a Papua - Nova Guiné tem 800 línguas), e mantendo um controlo submerso acima de qualquer controlo visível.


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publicado às 07:57


1 comentário

De Alvor-Silves a 06.09.2016 às 09:36

Caro José Manuel,
é totalmente obscuro qual terá sido o papel da modificação do ADN que terá feito uma diferença que permitiu o "salto para a inteligência", ou melhor, o "salto para a consciência".
Mais do que isso, esse salto não foi nenhuma mudança substantiva, porque é impossível associar uma sequência de ADN a consciência, apesar de os nossos investigadores nunca mencionarem isso - ou porque não sabem, ou porque não querem saber. Uma sequência de ADN sendo vista como uma pré-programação de um ser vivo, uma linha de código, só pode fazer com que um animal realize uma tarefa, por mais complicada que seja, mas nunca que tenha consciência de que realiza essa tarefa, porque isso corresponderia a uma dimensão infinita que não pode ser dada por um número limitado de genes.
Enquanto se continuar a iludir o problema, admitindo que é possível uma inteligência artificial computacional, algo que está demonstrado ser impossível, ficará tudo nebuloso.

O máximo que pode ter acontecido é que a modificação genética tenha aberto uma porta de ligação com um "mundo de ideias", definido pela nossa compreensão da linguagem. Mas isto é apenas uma potencialidade, da capacidade de aprender uma língua abstracta. Até que a linguagem seja assimilada nem sequer há a faculdade de manter a memória de tempos em que não sabemos falar.

Os neandertais é suposto terem existido durante centenas de milhares de anos, sem também terem dado mostras de se diferenciarem muito dos restantes hominídeos. Podem ter feito utensílios, tal como consta que os chimpanzés também são capazes de o fazer.
Mas tudo isso estará dentro de uma pré-programação genética, que também permite às abelhas fazer belas colmeias, sem que tenham propriamente consciência da sua realização.

A diferença marcante terá ocorrido especialmente quando começou a execução de registo artístico notável que vemos nas cavernas, e isso parece que ocorreu na altura de contacto entre sapiens e neandertais. Além disso, eu alinharia mais com Zilhão que diz que a diferença entre uns e outros era mais de raça do que de espécie.

A maior capacidade craniana não é suficiente para concluir superior inteligência, pois devemos lembrar que baleias e elefantes têm até massas cerebrais maiores (1.4 Kg nos homens, 5 Kg nos elefantes, 8 Kg nalgumas baleias).

Portanto a diferença será sobretudo qualitativa, tendo aberto espaço a uma cognição que está para além do mundo físico. Isso terá ocorrido especialmente quando as relações sociais humanas levaram a uma evolução linguística sem paralelo. A nossa inteligência está directamente ligada ao entendimento da nossa linguagem.

Abraços.

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