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Referenciando igualmente as justas notas do tradutor de uma das últimas reedições desta mesma obra do príncipe polaco Felix Lichnowsky, Portugal: Recordações do anno de 1842, desta vez editada em Maio de 2005 pela editora Frenesi, Daniel Augusto da Silva (o tradutor) justifica bem esta questão no trecho da página 282 que lhe envio, em foto anexa.O que diz essa nota (nº15) na página 282 é o seguinte:
Reiterando esta ideia, o veiculo hipomóvel mais antigo da coleção do MNCoche é de facto o Coche de Filipe II.
15 É visível que nesta descrição que se faz dos coches da casa real houve uma crisma singularmente anacrónica: o Autor aceitou, decerto sem o mínimo reparo, a informação ignorante de algum empregado ínfimo nas cocheiras do paço. A invenção e uso das carruagens não é de muito antiga data na Europa. A primeira viatura desta espécie, que talvez apareceu em Paris, foi o carro que em 1457 ofereceu à rainha de França o embaixador de Ladislau V, rei de Boémia e Hungria - país que parece ter sido o berço daquela descoberta sumptuária. Até à época da invasão espanhola, os nossos monarcas não usavam coches, mas sim espécies de liteiras, que se denominavam andas. D. Filipe II foi o primeiro que os trouxe a Portugal, e desde então ficou o uso deles estabelecida na nossa corte.Acontece que o assunto está cheio de pequenas armadilhas burocráticas, próprias de quem quer embaralhar a questão, se alguma vez fosse levantada em público.
O Arcebispo D. Rodrigo não afirma tal coisa, antes dá por razão de El Rey D. Afonso Henriques andar de coche, não poder subir a cavalo, pelo mau tratamento da perna.
"Entom se tornou el-rey de Portugal a seu reyno e foy bem sam da perna e nunqua despois quis cavalgar em besta por não aver azo nem rezom de tornar à menagem que avia feyta, mes andou sempre em caro, como soyom andar os reys amtiguamente, e algumas vezes em andas e em colos d.omens."(ix) Ainda João Ribeiro, fez o favor de indicar o programa de J. Hermano Saraiva (A Alma e a Gente III, nº31):
15É visível que nesta descrição que se faz dos coches da casa real houve uma crisma singularmente anacrónica: o Autor aceitou, decerto sem o mínimo reparo, a informação ignorante de algum empregado ínfimo nas cocheiras do paço. A invenção e uso das carruagens não é de muito antiga data na Europa. A primeira viatura desta espécie, que talvez apareceu em Paris, foi o carro que em 1457 ofereceu à rainha de França o embaixador de Ladislau V, rei de Boémia e Hungria - país que parece ter sido o berço daquela descoberta sumptuária.
Até à época da invasão espanhola, os nossos monarcas não usavam coches, mas sim espécies de liteiras, que se denominavam andas. D. Filipe II foi o primeiro que os trouxe a Portugal, e desde então ficou o uso deles estabelecida na nossa corte.
O Arcebispo D. Rodrigo não afirma tal coisa, antes dá por razão de El Rey D. Afonso Henriques andar de coche, não poder subir a cavalo, pelo mau tratamento da perna.Tal e qual um cocheiro ignorante, também o nosso cronista-mor alinhava na ideia absurda de que D. Afonso Henriques andava de coche, não sabendo certamente, como só saberão eruditos como o Sr. Silva, que os coches foram inventados lá pela Hungria no Séc. XV, e que quando António Brandão nasceu nem sequer haveriam coches em Portugal.