O símbolo que identifica a Companhia de Jesus irradia a partir de 3 letras,
I H S:
sendo conveniente notar que já se utilizaria em época medieval as 3 letras na forma minúscula i h s
que normalmente são interpretadas como iniciais de
Iesus Hominem Salvator, ou ainda iniciais de
In Hoc Signo (
vinces), um sinal cristão associado ao imperador Constantino, que também não deixa de aparecer noutros contextos. Por exemplo, IHS aparece na medalha da
Ordem do Serafim, dada pelo Rei da Suécia,
In Hoc Signo Vinces é usado por uma
ordem maçónica dos cavaleiros templários.Num
comentário recente, José Manuel Oliveira reparou no símbolo que se encontra atrás da fonte do leão, em alto relevo, no claustro dos Jerónimos (ver postal anterior):
Pela minha parte fiquei bastante convencido que ali estavam as mesmas letras, surgindo dentro de um sol irradiante, tal como acontece no símbolo jesuíta. O problema aqui é que o Claustro dos Jerónimos foi feito em 1517-30 por João Castilho, e a semelhança com o símbolo jesuíta pré-datava a criação dessa Companhia em 1540.
Mas, José Manuel ainda acrescentou um link para outra foto:
Cúpula da Charola do Convento de Cristo, em Tomar
Ou seja, José Manuel, encontrava um novo símbolo i h s radiando, qual sol jesuíta, o que não deixa de ser notável, porque a simbologia é semelhante à do Jerónimos, e pode ter sido colocada na altura em que D. Manuel procedeu a alterações significativas no Convento. Portanto, mais uma vez antecedendo o radiante IHS da Companhia de Jesus, que aqui era diferente, sendo de novo, tal como nos Jerónimos ihs. Este ihs manuelino parece radiar mais a Rosa-dos-Ventos, das direcções da carta de navegação, que tinha destaque na direcção nascente (de Jerusalém) - será uma questão de confirmar, mas será natural, porque as capelas estavam viradas sempre a leste, ao sol nascente.
Fez ainda menção ao detalhe importante que Hugo Martins refere (por via de Rainer Daenhardt):
Portanto, a mãe de D. Afonso Henriques usava uma simbologia "rosa+cruz" que foi espelhada no tecto do Convento de Cristo. Além disso, o próprio D. Afonso Henriques quando usou o símbolo de Portugal, procurou fazê-lo de forma comparativa com o usado no antigo símbolo grego Chi-Rho:
O Símbolo XP (Ch-R de Cristo) com Alpha e Omega (à esquerda).
A designação de Portugal num selo de D. Afonso Henriques (à direita).
Portanto, surgem aqui outras interpretações de possível existência de um movimento rosa-cruz, anterior ao movimento de
Christian Rosenkreuz. Já agora mencionamos a ligação entre o símbolo XP, Hórus, e o símbolo RX dos Raios X, que fizémos num
postal antigo.
Convém assim constatar que esta simbologia poderia fazer parte do ritual templário que acompanhou o nascimento do reino independente de Portugal. O símbolo IHS teve uma presença inscrita pelos templários, antes do seu uso pelos jesuítas, e podemos aí ver um dos caminhos que a Ordem tomou.
No entanto, convém dizer que esta representação do símbolo IHS não é única, e uma outra...
... dir-se-ia fazer mais parte de uma campa de um Tio Patinhas, do que propriamente de um símbolo cristão. Essa vertente, mais financeira, mais ligada ao tesouro templário, das cifras e cifrões, pode ter seguido um caminho paralelo, por via distinta, embebida na maçonaria.