"Estado da Arte" é uma expressão usada normalmente para dar conta da situação em que se encontra uma certa parte do conhecimento, geralmente designada como "arte".
Iremos procurar dar aqui sentido a uma outra interrogação, que não tem nenhuma resposta conhecida... pelo menos que faça sentido.
O maior problema que aqui ficou por resolver, é ilustrado assim:
Se as restantes pinturas rupestres são notáveis, esta composição evidencia uma sensibilidade e um grau de abstracção surpreendentes. Os chifres não foram desenhados para corresponder a uma realidade observada, as pernas são estreitas e demasiado curtas, e sobretudo é uma cena que só uma alma muito insensível pode associar a "caçadas"...
Diz-se que Picasso, depois de visitar a Caverna de Altamira terá dito:
- Depois de Altamira, tudo é decadência...
A questão é muito simples.
Depois de se atingir os píncaros da pintura, o que fazer nos 20 milhares de anos seguintes?
Tal como Font-de-Gaume, Lascaux, Chauvet, etc... uma grande parte dos mais notáveis registos de pintura rupestre estão na região Occitana, que em tempos romanos foi designada Aquitânia.
Durante a Guerra dos Cem Anos, uma parte chegou a ser designada como Guyenne, ou Guiana, província que chegou a mãos dos Lancastre, e já aqui mencionámos que esse nome poderá ter sido corrompido em português para Guiné, pelos filhos de Filipa de Lencastre.
Parte da região é conhecida como Languedoc, "langue d'Óc", em occitano "lenga d'Óc"... o que de certa forma corresponde a dizer "língua de Ó" - ou abreviadamente "linguadó", como alternativa ao nome Romance (designação das línguas românicas).
Porquê o linguado? - Falamos da parte vocal, e não da parte bocal, do Romance.
Podemos ver esse peixe como uma versão camuflada de uma raia (sendo que já falámos de Cronos e Raia... no contexto, da Raia miúda!)
Linguado usando o mimetismo como camuflagem na superfície.
Esta língua do Ó, ou dos Ós (ou ainda, se quisermos, língua de Oz) seria muito provavelmente a raiz de onde saíram as restantes línguas "latinas"... o que nem é especular coisa nenhuma, já que se assume o desvio das restantes num certo "Romance", a língua provençal.
E sim, estou a entrar moderamente em "
jogos florais", porque foi em Toulouse criada a primeira Academia em 1323... a
Academia dos Jogos Florais, em resposta à brutal repressão contra o movimento cátaro na Occitânia.
Esta técnica do "jogos florais" não é bem como ler ao contrário "amor" em "roma", até porque por via das dúvidas, de "roma" sai também a palavra "romance"... que não é bem amor. Seria mais gerar-se aqui uma discussão entre escrever palavras "occitanas" ou "oxitanas".
A querela poderia parecer minudência.
Por exemplo, procurar rebuscada relação com o osso occipital, na retaguarda do crânio... sabendo que os Neandertal, habitantes das paragens occitanas, tinham esse osso bem mais saliente.
Noutra versão, oxitanas" poderia ler-se como uma manifestação política grega actual, no sentido de "Oxi, o tanas!"... entendendo que o "não-oxi" no referendo grego foi uma farsa! Convém relembrar que Tanas é a divindade primitiva, de onde derivam os nomes como "lusi-tana", "mauri-tana", etc.
Eram assim os jogos florais, alimentados por poetas, onde uns liam uma coisa, e outros, outra. Coisas próprias de tempos em que a chama ardente era mesmo a das fogueiras inquisitórias contra os cátaros occitanos. Mas, as coisas são como são, e não me é difícil ver muitas mais relações florais... porque afinal com dois Ós (oo) faz-se um oito (8), ou "octo" na língua de óc. E por aí adiante, com oc-culto, com oc-cidente, com mais ou menos óculos (que é como quem diz oc-olhos), e tantas outras palavras formadas com o prefixo latino "oc", entendido como "por razão de...". E, é claro, todo este jogo floral pode ser entendido como oco.
Para o que interessa, toda a região do sul de França teve um papel activo nas Cruzadas, sendo o porto de La Rochelle a base naval dos Templários, antes da sua extinção... sendo ainda mais significativa a própria
Cruzada Albigense contra os Cátaros, levada a cabo pelo rei de França, que arrasou a ideia de cisão do Deus do Antigo Testamento, Jeová, do Deus do Novo Testamento, Jesus. Isto seria uma ideia particularmente mal vista pelos judeus, já que os cátaros remetiam o mal para o pai Jeová, e o bem para o filho, Jesus.
Madalenas
Não falamos de Maria Madalena, nem dos bolos a que se chamam
madalenas, cujo formato é uma significativa vieira, de inspiração antiga no culto de Vénus.
A questão principal são os 20 mil anos, que separam os traços dos pintores trogloditas, dos traços dos pintores modernos.
Se em tempos remotos foi lançado o desafio aos pintores futuros... o Estado da Arte pareceu não ter evoluído de sobremaneira.
Alguém foi capaz de desafiar na pintura, os cervos de Font-de-Gaume?
Quando a técnica atingiu o apogeu, o que restou aos pintores modernos?
- Passaram do impressionismo aos movimentos mais abstractos, tornaram o traço mais grosseiro, menos realista. Mas será que alguma dessas tendências seria novidade, com efeito?
O que vemos nas pinturas rupestres não são também muitas vezes temas abstractos?
E os rostos humanos?
Por que razão escapavam de tema os rostos humanos, a quem com segurança desenhava de forma notável os animais que via?
Será que não houve nenhum pintor, durante todos esses milhares de anos, que não pintou sequer um rosto humano, com a mesma perícia com que desenhava bisontes e cervos?
Poderia ser proibido, certo, mas mesmo assim... haveria tal proibição capaz de impedir um rapaz de pintar a cara da sua amada, quanto mais não fosse por saudade, ou para impressioná-la?
Durante milhares de anos, em tantas grutas descobertas, e não se encontra um esboço?
De vestígios humanos pintados, só encontramos mãos impressas?
Pois, uma coisa é encontrar... coisa completamente diferente é conseguir divulgar a descoberta, nos nossos dias de ocultação. Se tal coisa existe, ou foi passada a ácido, ou ainda está bem escondida.
Bom, mas o que aconteceu aos habitantes das cavernas? Desapareceram?
O que é interessante é que nessa mesma região do Sul de França, restam habitações "trogloditas"... ou seja, algumas casas que foram feitas aproveitando as saliências da rocha.
É o caso do "Abrigo da Madalena", que acabou por dar nome a toda a
Cultura Magdaleniana, associada aos Cro-Magnons no período final da Idade do Gelo.
Talvez o caso mais bem conservado será a "Casa Forte de Reignac"
Esta "casa forte", só teve janelas abertas no final da Idade Média, e só recentemente passaram a autorizar a visita a uma sala e a um quarto. Apesar da habitação ser denominada "troglodita", porque se traça permanência humana até aos tempos paleolíticos, esta casa certamente vedaria o acesso a um interior de grutas pré-históricas, só possível de concretizar mediante autorização dos proprietáriso.
Certamente que a população muito mudou, mas não se poderá pensar que alguns dos habitantes da região poderiam traçar as suas origens a épocas perdidas na noite dos tempos?
- Afinal, nem os romanos levaram todos os gauleses como escravos, e sabe-se dessa contínua permanência de habitantes, desde tempos remotos.
É claro que isso se poderia afirmar para todos os povos... mas quando se mantêm casas na rocha, cujo acesso interior leva certamente a cavernas e galerias usadas desde o Paleolítico, estamos com uma continuidade, e preservação do local de habitação, a tempos da Idade do Gelo.
Entre o Estado da Arte, em que ficaram as pinturas rupestres, será que não podemos ser levados a pensar num outro "estado", num estado em que à arte era dada uma importância crucial, e que se poderá ter mantido em continuidade, desde a Cultura Magdaleniana até aos nossos dias... mantida por Magos e Magdas?
Claro que não há nenhuma evidência concreta nesse sentido... tirando uma propositada história de continuada ocultação, permanecendo em quase todas as civilizações de que nos chegou registo.
E nem tão pouco podemos dizer que cenas com fauna animal, como a de Fonte-de-Gaume, tenham desaparecido da pintura. Aliás, encontramos até exemplos disso nos Romanos.
Frescos romanos (1)
... no entanto, estes fragmentos de frescos, são apenas alguns dos múltiplos registos, que podemos encontrar entre os romanos, e cuja qualidade lembram tempos mais recentes da pintura:
Frescos romanos (2)
A maior parte encontram-se hoje em pedaços, mas alguns que restaram, dão-nos ideia de qual foi a força erosiva que esteve em presença, quando se tratou de apagar registos antigos
Frescos romanos (3)
... ou seja, numa boa parte dos casos, a força erosiva em presença, não foi nenhuma ruína natural - foram apenas homens munidos de escopros! E essa mesma força, continua a mandar no Estado da Arte.