Uma tentação natural seria centrar a história em torno do nosso cantinho português ou ibérico.
Evito ao máximo fazer isso, ainda que possa parecer que não...
Simplesmente não posso ignorar o que sei, e tudo apontou para um problema aqui.
A princípio fui certamente levado por algum centralismo patriota, dada a recusa estrangeira em assumir os feitos nacionais. Porém, rapidamente tentei abranger o problema maior, procurando influências noutros lados para o problema global de ocultação.
A coisa porém assumiu outras proporções quando comecei a deparar com as demasiadas coincidências línguisticas. Aí já era difícil pensar que o português era uma língua como outra qualquer... não é! Tem demasiada informação encriptada para se poder achar que é mero acidente de percurso.
É claro que há a ligação ao latim e grego, mas é apenas ligação, não é descendência... e é claro que as penínsulas ibérica, itálica e grega, definiram grande parte da história que temos. Focamos só aqui o lado europeu, que acabou por se impor globalmente... justamente após a expansão portuguesa.
Bom, tínhamos ficado na Guerra de Tróia, e relendo agora a Ilíada ou a Odisseia poderia juntar muitas outras observações, mas não nos vamos perder em detalhes. Se a hipótese for correcta, as coisas vão-se ajustar naturalmente, se não for, será a estória que é.
Ó disse eu, U lesses
Odisseus, na versão latina Ulisses, depois da Guerra de Tróia perdeu-se certamente que não pelo sobejamente conhecido Mediterrâneo, mas pelo Atlântico, dada a tradição que o liga a Lisboa, a Ulissipo, onde teria desposado Calipso (Calipo foi nome do rio Sado). Os gregos descobririam assim um mundo atlântico, além das Colunas, que lhes estava antes vedado. Menelau teria circumnavegado a África, de acordo com a mesma tradição.
Por outro lado, os romanos, com Virgilio, colocaram um Eneias como herdeiro de Troia, deambulando nos braços de Dido, primeira rainha de Cartago, antes de partir para a fundação de Roma.
Eneias e Dido
Vemos facilmente como há cronologias quase inconciliáveis e mitos concorrentes. Roma teria supostamente origem com Remo e Rómulo, apenas c. 750 a.C., ou seja quase um milénio depois da reportada queda de Tróia, e da consequente fuga de Eneias, para e dos, braços de Dido.
Porém, antes de Roma e Cartago disputarem a hegemonia, houve Tarsis, na Tartéssia ibérica.
Schwennhagen dá-lhe o relevo de grande potência marítima controlando a entrada mediterrânica, e sugere que teriam sido os tartéssios a apoiar os fenícios e depois os hebreus. O tártaro era o inferno grego, que foi depois colocado na Cítia.
É indiscutível a presença fenícia, e depois cartaginesa, na Ibéria. Se Schwennhagen deu relevo ao "Car" em Cartago, podemos também salientar o "Tago", nome antigo do Tejo. Podemos ver assim uma Dido de Cartago em paragens semelhantes às de Calipso que reteve Ulisses, tal como Dido reteve Eneias.
Claro que os tempos mudam, e a Cartago deixou de ser a outrora Ulissipo.
Galo e Fenix
Os fenícios definiram uma Ur, uma Tur, dita Tiro, na costa libanesa.
Nessa altura, para além de tartéssios, habitariam a costa portuguesa os Turdulos velhos, e não deixamos de reparar no fonema "Tur". Podemos pensar numa manifestação do domínio fenício, mas seguindo Schwennhagen, será mais natural ver o contrário. Até porque na costa portuguesa havia ainda os Venetos, ou Venécios, que da Gália até à zona Etrusca definiram uma influência naval que se mantinha à época romana... antes de serem finalmente derrotados na Bretanha. Essa seria origem da grande influência naval que passou para Veneza. Os Venécios talvez se tenham confundido com os Turdulos, e depois com os Fenícios... todos os nomes remetem para origem comum, renascida dos galos troianos.
O legado de Tróia, ao contrário do que os romanos pretenderam, dar-se-ia antes com os fenícios. Estes seriam resultado da estabilização dos Povos do Mar em paragens libanesas. Estes povos do mar vinham de mais longe, provavelmente de colónias hispanicas/troianas na América, e quando depararam com o entreposto ibérico destruído, irromperam pelo Mediterrâneo.
O próprio poder egípcio teria mudado quando surge Akenaton... é tempo dos crânios alongados, tradição que se poderá remeter a paragens americanas. Talvez, como sugere Schwennhagen, o culto monoteísta de Car tenha florescido no Brasil. Afinal é Akenaton que irá iniciar esse culto monoteísta egípcio de Rá, que é rapidamente anulado, ao tempo de Tutankamon.
O embate entre a tendência monoteísta e politeísta permanecerá entre os descendentes americanos de Car, dos magos caldeus, e o domínio sacerdotal politeísta dos magos arianos do Cáucaso, ligados aos hindús e medos.
A figura de Car parece desempenhar papel similar à de Zoroastro, e o embate entre as monarquias será favorável aos caldeus, aquando da ascenção de Ciro e a definição de um grande império Aqueménida persa.
Porém, antes disso, perante a derrota do monoteísmo, parece haver uma tentativa de dar sequência à visão monoteísta com Moisés e com os hebreus, escravizados no Egipto, logo depois do fim de Akenaton.
Parecem definir-se assim três grandes poderes... o dominante sacerdotal ariano, com os grandes impérios - medos, egípcios, babilónios, essencialmente politeísta. Outro poder sacerdotal, caldeu, descendente de Car, com influência até à América, e finalmente os antecessores fenícios - venécios e tartéssios, mais pragmáticos nas questões religiosas, herdeiros dos galos e da plebe atlante.
É neste enquadramento que depois se daria a colaboração entre fenícios e hebreus através de Tarsis, conforme refere Schwennhagen. Será mais frutuosa no tempo de Salomão e Hirão, onde as coisas parecem correr bem, e a influência dos magos arianos ter sido reduzida, a ponto do comércio fenício florescer com as paragens americanas, alargando-se pelos hebreus às paragens orientais até à Sião tailandesa.
É o tempo de Sião, que será sempre chorada pelos hebreus...