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Ilhéus

17.02.15
Sobre os registos arqueológicos dos Açores e as novas investigações já escrevi aqui bastante. 
Por exemplo:
Recebi alguma nova informação (por via do Prof. Joaquim Fernandes, autor do livro sobre o Cavaleiro do Corvo). Em particular, numa certa compilação destes temas dos Açores, há o trabalho da investigadora Antonieta Costa, sob o título :
Terceira Island as a “megalithic station”. Factual description of some archaeological materials

... investigadora que podemos encontrar nesta entrevista da RTP-Açores (27/10/2014):

Antonieta Costa escreve sobre novos achados arqueológicos na ilha Terceira 
(Vídeo) - Notícias - RTP Açores

... e onde se lê: "O estudo de várias pias, da autoria da investigadora Antonieta Costa, já deu lugar a duas publicações na Alemanha."  Esta observação é tipicamente portuguesa e perfeitamente dispensável. Talvez sem saber, pode até menorizar o seu trabalho, porque a editora alemã onde publicou é conhecida mundialmente por publicar praticamente tudo.

No entanto, esquecendo o mundo das chancelas com respeitável carimbo, também se encontrava na lista de email uma versão que envolve explorações primitivas, supostamente feitas pelos faraós egípcios, segundo teoria de R. M de Jonge:
http://pt.slideshare.net/rmdejonge/nessc-1
http://pt.slideshare.net/rmdejonge/nessa-2
onde podemos ler
The three island groups of the Azores might refer to the Third Dynasty of Egypt (Fig.1). The two islands of Madeira may encode the 2nd king Djoser (c.2753-2723 BC). Together these archipelagos contain 9+2= 11 islands, which indicate the discovery of Australia at Cape York, Queensland, at 11°S, 11 Moiras= 110° east of the River Nile, when measured along the equator (1 Egyptian Moira= 10 moiras= 10° of latitude). - So, king Djoser discovered Australia at the eastern crossing from New Guinea. 
Acresce uma teoria mais abrangente que vai de Stonehenge à Nova Zelândia:
http://www.celticnz.co.nz/US1.html

... sendo sempre tudo possibilidades, convém sempre não perder de vista o essencial - não perder a razão, por querer ter razão ou por deixar que os outros a tenham.

Há assim uma diferença entre posições com sentido, que questionam os factos, porque têm que ser questionados, dadas as evidências que contrariam a História contada, como é o caso de Antonieta Costa. Essa posição é diferente das que a partem de uma teoria para explicar tudo, e tentam encaixar tudo nessa teoria, como parece ser o caso de R. M. de Jonge. Normalmente essas teorias resultam de uma ideia simples - no caso, os egípcios navegaram todo o planeta - e tudo é visto nessa base.

Ora, que os egípcios pudessem navegar todo o planeta, é uma ideia que nem sequer oferece espanto. Nem teria problema em aceitar que Djoser tivesse chegado à Austrália. Não sendo este o argumento de R. M. de Jonge, numa notícia de Outubro de 2014, podemos ler que os Hieróglifos de Gosford "foram considerados autênticos":

http://wakeup-world.com/2014/10/14/hieroglyphics-experts-declare-ancient-egyptian-carvings-in-australia-authentic/
Hiéroglifos de Gosford - Austrália
A eventual prova de autenticidade de Gosford, seria, esse sim, um facto incontornável na presença Egípcia em paragens australianas.

Mas, a questão é muito mais perceber se essa história fica por aí... ou seja, se basta ficar contente com essa razão, ou se é apenas parte duma História que se sabe estar muito mal contada. Que o Egipto teve um papel importante e decisivo na História, não parece haver grandes dúvidas, apenas porque aí se encontram os registos mais antigos que sobreviveram até aos nossos dias. No entanto, também vai parecendo claro que a civilização egípcia esteve longe de ser a primeira a implantar-se.

Também é possível que os egípcios pudessem chegar aos Açores, mas os registos encontrados apontam sim para os fenícios.


A macacada e as ilhas
Ora, candidatos a navegações existem desde o momento em que as primeiras ilhas foram colonizadas.
Não falamos das ilhas que estavam à vista, ou alcançáveis em tempos que o mar desceu.
Os verdadeiros candidatos a serem pioneiros em grandes navegações ocorreram desde que as primeiras ilhas - fora do horizonte - foram alcançadas e colonizadas.

Porque, sejamos claros, dois ou três pescadores que se perdem no mar, não formam uma colónia insular. Só houve colonização quando houve uma travessia capaz de convencer uma ou várias famílias a partir. Isso implicaria conhecimentos de navegação suficientes para o risco tomado. E uma vez alcançado o objectivo, esses conhecimentos de navegação para a ligação ao continente não se perderiam.

O Chipre tem registos neolíticos que datam de há 12 mil anos, ainda em período glaciar (ou pelo menos construções de há 9 mil anos em Khirokitia). Se a Sicília é visível da ponta da bota italiana, uma migração para Chipre só poderia ser feita com um conhecimento avançado de navegação em mar alto.

Porém, o Chipre não foi o primeiro caso. 
A perda do medo do mar deu-se na Oceania, especialmente se atendermos a que colonização das Ilhas Salomão está datada de há 30 mil anos. Essas ilhas não se vêem da Nova Guiné, nem há uma plataforma oceânica baixa, que se supõe ter "quase" ligado a Austrália a todas as outras ilhas até ao continente asiático, em época glacial. 
Este "quase" tem uma razão - há uma profundidade considerável entre os mares das Molucas e de Banda, que inviabilizaria uma passagem "a pé", mesmo em época glaciar. Os grandes primatas - orangotangos - encontram-se no Bornéu e em Sumatra, do "lado de cá"... do outro lado, quer na Nova Guiné, quer na Austrália, não se encontram primatas.

Por que razão a macacada não conseguiu fazer o salto australiano?

Portanto, mesmo a entrada humana na Austrália (apontada para 40 mil anos), não se terá dado sem algum tipo de navegação bastante razoável.
Porém, haverá talvez uma grande diferença entre as migrações insulares na Oceânia e as que viriam a ocorrer nas ilhas mediterrânicas - as ilhas polinésias permitiam uma fácil auto-suficiência!

Quando falamos aqui de migrações insulares, datando de tempos glaciares, temos que entender que o nível baixo do mar permitia uma configuração de ilhas muito diferente da que nos habituámos a ver nos mapas de hoje.
Por exemplo, indo buscar um mapa que já aqui apresentámos:
Situação geográfica com o nível do mar baixo - configuração provável em época glaciar (verde).
Neste contexto, da relevância de ilhas na evolução da civilização humana, vemos que aparecem vários candidatos a um estabelecimento atlântico... e a região açoriana deixa de aparecer como uns simples pontos perdidos no grande oceano - passa a ser um grande triângulo. Mas esse nem teria sido o primeiro ponto alcançado... simplesmente os restantes estão hoje completamente submersos (mas ainda assim, há um significativo arquipélago que pertence à zona marítima portuguesa).

Mesmo esquecendo o mito da Atlântida, os "Povos do Mar" (e os "Pelasgos", a quem os antigos gregos remetiam o primeiro estabelecimento insular na Grécia), tinham uma reconhecida capacidade de influenciar e invadir as civilizações anteriores. Tal como os vikings no período medieval forçaram a concessão de terras, passadas a terras normandas.

Portanto, é mais que natural que os primeiros navegadores tivessem um avanço tecnológico sobre os restantes, permitindo-lhes entrar num território, saquear as suas vantagens, e desaparecer no mar sem rasto.
Quem foram esses primeiros navegadores, e de que forma impuseram a evolução das outras civilizações ao passo da sua... pois essa será uma questão fundamental.

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publicado às 07:02


6 comentários

De Anónimo a 01.03.2015 às 05:35

Algumas considerações:

Uma das pirogas mais antigas do mundo está no Museu de arqueologia dos Jerónimos, estava...
Os oceanos não foram as grandes auto-estradas do passado, mas sim os rios, atravessam continentes... (em pirogas...).
Foi durante a última era glacial que se ia da Ibéria à América em canoa de pele de foca, lá deixaram Antas e sílex de lanças.
Da Escócia e Ibéria foram de canoa até ao Himalaya...
Se no Pacífico polinésios utilizaram pirogas, não foi por incapacidade de construírem navios de grande tonelagem...
De Marselha vinham pelo Ródano a cima até ao lago Lemán fazer comércio, em pirogas... (seria mais fácil descer!).

Portanto penso que de piroga a nau não é ter ou não conhecimento técnico mas a necessidade, par quê um navio de grande tonelagem quando a população mundial era escassa e pouco havia a transportar... e em caso de fuga há mais probabilidades de sobrevivência em pequenos grupos, essa da união faz a força é treta do establishment para criar grandes rebanhos de "carneiros" melhor controláveis que em pirogas...

Houve um antes e depois à era glacial, um antes e depois a vária híper actividades solares, um antes e depois a tantas pandemias, um antes e depois tantas guerras mundiais (védicas), o que dá um sem número de candidatos à primazia do que quer que seja, mais tardiamente para mim meteria os etruscos como os últimos representantes duma civilização global avançada que sobreviveram a um dos cataclismos que citei.

Re: " Quem foram esses primeiros navegadores, e de que forma impuseram a evolução das outras civilizações ao passo da sua... pois essa será uma questão fundamental."

Não penso que a civilização neste planeta ocorreu num determinado local e se espalhou pela via marítima ou por migração de povos, existem ainda hoje na amazónia isolados que são bom exemplo, e que dizer dos aborígenes da Austrália agora apontados para o tipo sapiens original...

Penso estarmos perante humanos inteligentes de origens diferentes, provavelmente mesmo doutros planetas deste sistema solar cujas histórias não resistiram a tanta guerra e catástrofe.

Cpts.
José Manuel CH-GE

De Alvor-Silves a 03.05.2015 às 23:42

A ideia de que as pirogas, canoas, foram o primeiro motor de transporte faz sentido, sem dúvida.
A questão que levantei aqui, e volto a pedir desculpa pelo grande atraso na resposta, é que uma ilha permitiria um esconderijo eficaz, e de certa forma inacessível aos restantes.
Os drakkars vikings acabaram por funcionar da mesma forma, e assolaram a Europa de forma eficaz durante alguns séculos, a ponto da Normandia lhes ser oferecida em apaziguamento de causa. Os piratas também tiveram sucesso até lhes ser movida uma feroz perseguição, já com outros meios e coordenação.

Quanto à questão de haver um ou mais focos de origem humana, pois aqui eu apenas me baseio no traço comum de DNA, conforme é propalado em todos os estudos da comunidade científica. Se fosse diferente, haveria algum traço diferente, claro, começando pelo próprio funcionamento biológico do corpo humano, que é praticamente igual em todas as raças, e que mais que isso, permite a reprodução, sinal predominante de se tratar da mesma espécie, com a mesma origem, e não de espécies diferentes com origens diferentes.

Abraço.

De Anónimo a 17.02.2017 às 14:12

Se são ma mesma espécie, coloca-se algumas dúvidas. Se fossem todos da mesma espécie não haveria o fenómeno com tipo sanguineo O e RH negativos em que a fêmea rejeita um feto RH positivo. Sinal de espécies diferentes?

De José Manuel a 19.02.2017 às 01:55

“Já se tinham encontrado organismos muito antigos ainda vivos mas, neste caso, todas estas criaturas são excepcionais – não são parentes próximas de nada que esteja nos bancos de dados genéticos conhecidos”

https://www.publico.pt/2017/02/18/ciencia/noticia/descobertos-microorganismos-com-mais-de-10-mil-anos-adormecidos-em-cristais-gigantes-1762526

De Alvor-Silves a 19.02.2017 às 04:48

Quando se perde a capacidade reprodutiva entre uns elementos e outros, é normalmente quando se define que as espécies são diferentes. Referia-se a que aspecto concreto?

De Alvor-Silves a 19.02.2017 às 04:48

Muito interessante, José Manuel, já adicionei o link!

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