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Um livro que contém um registo razoavelmente extenso de fortalezas portuguesas na Índia, bem como de algumas outras regiões é:

Livro das plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da India Oriental
António Bocarro (1635)

Interessou-me o caso particular da fortaleza de Diu, porque tem uma disposição muito parecida com a que teria a fortaleza de Nova Iorque em Manhattan, conforme desenhada pelos holandeses em 1660:

Mapa de 1660 de Nova Amsterdão (Nova Iorque, Manhattan) com forte e muralha de Wall Street (à direita).

Mapa de Diu (na Índia) também com forte e uma muralha à direita.

Plano actual de Diu (Google Maps) onde a amarelo está destacada a muralha (ainda existente).

As semelhanças são muito evidentes.
O tipo de fortaleza que encontramos no mapa holandês poderia ser bem uma fortaleza portuguesa, que simplesmente teria sido abandonada ou perdida para os holandeses, durante o período de ocupação espanhola. Há diversos fortes portugueses do mesmo tipo, e a delimitação por uma muralha exterior, separando a ilha em duas partes, parece ser exactamente a mesma solução que os portugueses seguiram em Diu.

O continente norte-americano ficou praticamente por colonizar até à chegada dos ingleses, holandeses, e franceses. Não se conhecem registos de fortalezas portuguesas ou espanholas naquelas paragens, exceptuando alguns fortes espanhóis na Florida. Se não fossem os portugueses, pelo menos os espanhóis teriam tido oportunidade para colonizar aquela região, e não o quiseram fazer além da Florida. Porém, é quase certo que a principal razão seria o resto de uma presença portuguesa naquelas paragens, tendo ficado semi-abandonada de ligação ao reino. O nome latino de Nova Iorque corresponder a Nova Eboraca (York seria Eboraca em latim) seria um sinal interessante para especular numa certa colónia "Nova Évora", mas tal nome nunca parece ter constado dos nossos registos coloniais.   

O aproveitamento que os holandeses fizeram das fortalezas portuguesas por si conquistadas, é extenso e claro. Ainda hoje ocorrem casos em que se fala do "forte holandês", quando se tratou de um "forte português" conquistado pelos holandeses. Ainda que os holandeses depois pudessem naturalmente fazer alguns melhoramentos, o projecto e execução inicial era quase sistematicamente português.

É naturalmente especulativo, e até talvez gratuito (dada a escassez de indícios), pensar que poderia já existir uma estrutura militar portuguesa na ilha de Manhattan, tal como tantas outras que existiam ao longo dos oceanos Atlântico (Brasil e África) ou Índico (África, Índia, Indochina). 
Dada a "facilidade" que os portugueses tiveram em erguer uma enorme quantidade destas fortalezas, graças à experiência adquirida em Marrocos (onde as tinham que erguer sob ameaça inimiga constante), também nada impede, e parece-me até razoavelmente provável que os portugueses tivessem fortificado alguma parte da costa norte-americana, até à Terra Nova.

Deixamos 5 imagens de outras fortalezas portuguesas, das 42 constantes no livro de Bocarro, que evidenciam a variedade de estruturas defensivas usadas:


Fortaleza de São Caetano de Sofala (Moçambique) - ver fortalezas.org

Fortaleza de São Sebastião (ilha de Moçambique) - ver fortalezas.org

Fortaleza de Mombaça (Quénia) - ver fortalezas.org

Fortaleza de Curiate (Omã) - ver fortalezas.org

Fortaleza de Mascate (Omã) - ver fortalezas.org

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 03:40


6 comentários

De da Maia a 27.11.2019 às 18:34

Incrível...
De facto, o
mapa de G. Jollain (https://www.loc.gov/resource/g6694l.ct000034/?r=0.104,0.02,1.166,0.643,0)

é copiado do mapa de Georg Braun:

http://historic-cities.huji.ac.il/portugal/lisbon/maps/braun_hogenberg_V_2_b.jpg

e não se percebe a razão para tal acontecer.

Darei destaque como postal, remetendo um link para este comentário (se não se opuser, colocarei também o seu nome).

Obrigado.

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