A civilização cretense terá sido antiga (
circa há 5000 anos), mas não tão antiga ao ponto de se colocar na altura deste evento diluviano.
Por isso, podemos enquadrar dois tempos - o tempo antigo, do dilúvio, e o tempo mais recente, da civilização cretense.
Que sentido faz associar todos os mito taurinos, em particular o do Minotauro, a uma ilha onde os touros não eram nativos... e de onde eram nativos esses touros? Não seria da região ibérica, onde na gruta de Altamira foram pintados os seus primeiros registos?
Portanto, uma hipótese natural seria considerar que os primeiros mitos ligados ao Minotauro não apareceram em Creta, mas sim na Europa, na região entre a França e a Ibéria, como é o caso da pintura rupestre do
Quinotauro de Chauvet. As quinas, cinco pontas, referiam-se às 3 do tridente de Poseidon e às 2 dos cornos taurinos, e foi remetida a um origem mítica dos Merovíngios.
Ora, o
fim da terra, poderá ter sido o fim da enorme ilha em frente ao Minho, que desapareceu ao tempo desse dilúvio pré-histórico. Esse mito foi passando pelos tempos e pode ter sido confundido em épocas diferentes.
Podem os principais mitos associados a Minos, associar-se ao Minho, nesta particularidade?
a) Minos era filho de Zeus e Europa... Europa que tinha sido raptada por Zeus. Uma Europa raptada pelo deus ligado ao tempo atmosférico, e assim à mudança climática em curso. A Europa tinha ficado definida pela invasão das águas, sendo grande parte do terreno raptado pelo avanço do mar.
b) Minos terá pedido a Poseidon, deus do mar, um belo touro que recusou sacrificar. Como castigo, Poseidon convenceu Afrodite a apaixonar a mulher de Minos pelo touro, resultando dessa paixão animalesca, o famoso Minotauro. Pausanias relacionava Pasiphae (mulher de Minos) a Selene, ou seja, à Lua (com o nome Menes - de onde surge o nome "
mens" - "
meses"). Estão aqui ligadas as 5 pontas, pelo lado de Poseidon as 3 do tridente, e pelo lado dos cornos do touro, as restantes 2.
Acresce que a ligação entre a Lua e os cornos bovinos sempre esteve presente. Era conhecimento antigo, uma ligação entre as marés e a Lua. Uma subida descontrolada do nível do mar poderia ser associado a uma influência pouco natural da Lua.
c) Minos exigia o sacrifício de 7 jovens gregos ao Minotauro, constando que o número 7 correspondia à periodicidade da lua cheia ocorrer em equinócios a cada 8 anos. Isso teria ocorrido até que Ariadne ajudou Teseu a eliminar o Minotauro.
d) Para esse efeito usou o fio de Ariadne, que de forma figurada é entendido como o processo de encontrar uma solução, memorizando e eliminando as tentativas falhadas anteriores.
Ou seja, de forma concreta, sob ameaça de subida das águas, seriam tentadas as mais diversas soluções, eliminando as que não resultavam. Poderiam ter sido tentados sacrifícios humanos, que só foram parados, porque esse processo não acalmava a subida das águas.
e) O
Labirinto foi construído por Minos para aí encerrar o Minotauro. Existem moedas cretenses que o apresentam desta forma:
... enquanto ao largo da Madeira apareceu a misteriosa e gigantesca estrutura submarina, que não deixa de ser curiosamente parecida. Poderia ter-se construído uma gigantesca muralha para enredar as águas do oceano, e assim pensar que se detinha o seu avanço?
f) Dédalo foi o "engenheiro" chamado por Minos para construir o Labirinto, mas também ficou conhecido na sua primeira tentativa de vôo... Afinal, para além da construção de uma arca, que outras possibilidades se levantariam, acaso o nível das águas não parasse de subir?
4. Hércules
De uma ou de outra forma, parece claro que poderia ter existido uma civilização pré-histórica, muito semelhante à civilização minóica, dir-se-ia minhóica, que foi confrontada com o problema do avanço das águas, que terá submergido ilhas significativas ao largo da costa atlântica. Isso poderá ter ficado registado de forma mítica, com maior ou menor deturpação face aos acontecimentos originais.
Hércules também é associado no 7º trabalho à captura do touro, pai do Minotauro. Além disso é considerado que pela sua força extrema teria aberto a passagem no Estreito de Gibraltar, durante milhares de anos entendidos como "Pilares de Hércules". Mais simplesmente do que isso, o avanço das águas tornou efectiva a ligação entre o Atlântico e o Mediterrâneo, e portanto por esse efeito o Estreito foi definido, dividindo a Europa da África.
5. Creta
A subida de água, o dilúvio prolongado, terá feito temer o fim da humanidade, e um refúgio natural seria o local mais alto que protegesse dessa subida. Como bons candidatos, para além dos Alpes, as montanhas do Taurus seriam mais altas e menos agrestes à civilização existente. Uma certa elite poderá ter feito aí, nas redondezas do Monte Ararat, esse refúgio de um grupo escolhido, enquanto o restante da humanidade teria ficado entregue a si mesmo, perante a fatalidade iminente.
Poderá isso ter causado uma cisão social insanável, durante milhares de anos...
Por um lado, uma certa elite, que pode ter feito na Turquia os monumentos em Gobleki Tepe, e que depois os enterrou, de forma propositada. Essa mesma elite teria levado ao definir das primeiras civilizações, no Crescente Fértil, na altura em que o mar recuou, definindo um contorno próximo do actual. Ao contrário da anterior, mais comercial, estas novas sociedades seriam maioritariamente sociedades agrícolas.
Por outro lado, o que restou da sociedade popular, abandonada a si mesmo, foi recuperado na civilização antiga, tendo mesmo levado ao seu reestabelecimento na ilha de Creta.
A memória da civilização antiga, engolida pelo mar, seria lembrado nessas paragens, com os seus monumentos, com a sua lembrança do touro, bem latente em Cnossos. Cnossos já não seria nosso, mas talvez a lembrança do nome tenha ficado naquilo que foi Nosso.
Mais tarde, os povos celtas, outra parte dessa sociedade perdida e recuperada, teriam ainda a lembrança de fazer romaria à ponta de Espanha, ao fim da terra, onde outrora ficara a ilha engolida pelo mar. Ao tempo dos romanos foi o Calix Janos, e no tempo medieval foi o Calix Iago, de peregrinação a Santiago.Ficou esse Caminho do Minho, pelo rio Minho que findava em Caminha.