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Por Tubal

28.05.10
O título será um pouco provocatório, já que "Por Tubal" se presta a uma semelhança a "Portugal", ainda que não haja qualquer dado objectivo nesse sentido.
A origem do termo Portugal sempre esteve ligada Portus Cale, o porto da cidade Cale, que seria o Porto. Daí a sua evolução de Portucale para Portugal, por evolução do C em G, como é suposto ter acontecido com outras palavras sob o domínio godo, neste caso suevo.

Este texto versa a sequência descrita por Damião Castro acerca dos reis no seu "tempo fabuloso", no prefácio do seu livro (ver post anterior). Apesar de denegrir essa versão que classifica de fábula, dá-nos várias pistas, que constituem um bom resumo dos múltiplos trabalhos anteriores.
Convém notar que em nenhum destes textos antigos aparece referência a nenhum culto a Endovélico, ou a outras entidades cujo nome foi popularizado, na transição do Séc. XIX/Séc. XX, por Leite de Vasconcelos.
Há um busto conhecido, com características de escultura grega, que tem sido associado a uma representação de Endovélico:
Com as precauções que já tomo nestas coisas, parece-me que a troca dos V pelos B, pode levar a:
EndoBélico
ou seja, literalmente a uma guerra interna. Na minha opinião, este nome pentassilábico e composto, parece-me ainda pouco normal para o tratamento comum a um deus.
Por outro lado, a referência tardia encontra-se bem justificada na sequência do fim da mitologia fabulosa, definitivamente encerrada por Herculano. Dos partidários de Tubal deixou de se ouvir falar, e foi rapidamente substituído por uma mitologia mais moderada, associada então a Endovélico.

Tomando o lado que deixou de ter voz, talvez encontremos aqui uma estátua com origem no período de influência grega na Lusitânia... também não é de negligenciar as várias estátuas de guerreiros, para evocações ainda anteriores (ver também blog Portugalliae):


Retomando a ordem cronológica de Damião Castro, enunciamos os vários reis, a partir do Dilúvio de Ogiges - nome associado a um Rei de Tebas, mas também a uma ilha Atlântica. Convirá desde já notar que os antigos historiadores portugueses e espanhóis procuraram associar, para além das referências toponímicas, alguns nomes da mitologia grega e egípcia.
Isto é curioso, pois é começando justamente em Tebas que encontramos o primeiro nome repartido pelo Egipto e pela Grécia - em ambos os casos encontramos uma cidade de Tebas, o que sempre se terá prestado a naturais confusões.
De Tebas segue-se este nome Tubal, cuja construção fonética não é muito diferente.
  • 0. Dilúvio de Ogiges (Tebas)
  • 1. Tubal e Tarsis chegam à península.
  • Fundação da "República de Setúbal"... a primeira República.
  • 2. Hibero, filho de Tubal, de onde viria o nome Ibéria
  • 3. Jubaldo, o astrónomo
  • 4. Brigo, o povoador, que teria fundado Lacobriga~Lagos, Medobriga~Portalegre
  • 5. Tago, de memória imortal
  • 6. Beto, associado a Bétis, no Guadalquivir.
De acordo com Damião Castro, os antigos historiadores apontavam aqui a entrada de um rei impostor, de nome Gerião, que teria morto Beto. Por sua vez Gerião teria sido morto por Júpiter Osíris... um rei herói (externo) disposto a irradicar tiranos.
O nome Júpiter Osíris associa num único rei as duas principais divindades dos Panteões Romano e Egípcio. Isto parece claro exagero, mas pode ser explicado por diversas razões, talvez a mais plausível será haver uma necessidade cristã de invocar uma origem humana para os cultos de Júpiter/Osíris, o que se enquadrava nesta versão de historiadores posteriores.

Independentemente disso, o nome Júpiter Osíris será seguido pelo filho Hórus Hércules Líbico, que vingará a morte do pai às mãos dos Lomínios, filhos de Gerião. Mais uma vez mistura-se a descendência (de facto, Hércules descende de Júpiter, tal como Hórus descende de Osíris), misturando com uma parte diversa humana, que envolve Gerião e os filhos.
  • 7. Gerião, rei impostor
  • 8. Júpiter Osíris, rei herói, que depõe tiranos, matando Gerião na sua vinda à Ibéria
  • 9. Lomínios, filhos de Gerião, matam Júpiter Osíris
  • 10. Hórus Hércules Líbico, filho de Júpiter Osíris, mata os Lomínios
  • - funda em Sagres (Promontório Sacro), um Templo a Tubal
  • - parte para Itália, deixando Hispalo como sucessor
  • 11. Hispalo, funda Hispalis~Sevilha
  • 12. Hispano, de onde viria o nome Espanha
  • 13. Hespero, renomeia Espanha como Hesperia
  • 14. Atlante Italo, irmão de Hórus Hércules
De acordo com Damião Castro, o primeiro historiador romano, Fabio Pictor (Séc. III BCE), apontaria a filha de Atlante Italo, de nome Roma, como fundadora da cidade.
  • 15. Sicoro, sucede a Atlante Italo
  • 16. Sicano, forma uma colónia na Sicília
  • 17. Siceleo
  • 18. Luso, o memorável, de onde se teria originado o nome Lusitânia
  • 19. Siculo, o último rei antes de um breve período de anarquia.
Aproveitando esse período de anarquia, surge Baco, considerado impostor, que conseguirá que o seu filho Lísias seja aceite... fazendo crer que transporta a alma do defunto Luso.
  • 20. Baco, impostor, filho de Semele (e de Jupiter, de acordo com a lenda romana)
  • 21. Lísias, filho de Baco, renomeia a Lusitânia como Lisitânia
  • 22. Licínio Caco, capitão de Baco
  • 23. Trogo Pompeo - Justino
  • 24. Gorgoris, o Rei à Época da Guerra de Tróia
Gorgoris é suposto ser o pai e avô de Abidis, e também o pai de Calipso. Abidis, crescido abandonado numa mata de Santarém, será o último rei da Lusitânia no "tempo fabuloso".
De acordo com Damião Castro, é Gorgoris que irá ceder a sua filha Calipso a Ulisses, rei de Ítaca, após a Guerra de Tróia.
  • 25. Ulisses
  • 26. Diomedes
  • 27. Teucro
  • 28. Mnesteo
  • 29. Coleo de Samos
  • 30. Abidis
Ulisses é o fundador de Lisboa, de acordo com vários historiadores antigos (Platão, Marciano Capela, Solino, Asclepíades, ... ), ainda que Damião Castro insista numa possível confusão entre Olisipo (atlântica) e uma Ulisipo (mediterrânica, mas perto de Málaga). Diz ainda que o próprio Heródoto coloca viagens de Ulisses fora do Estreito de Gibraltar, visitando ilhas de Aea e Ogigia. Por outro lado, diz que é natural que tenha partido num navio fenício saído de Smirna, já que a sua armada teria sido destruída por Telemon, rei de Salamina, pai de Ajax (que perdendo para Ulisses as armas de Aquiles, se suicida na Guerra de Tróia).

Diomedes e Teucro, também elementos da Guerra de Tróia são apontados em expedições ao Minho e à Galiza. Aponta ainda como rei Mnesteo, que é normalmente considerado um troiano, companheiro de Eneias.
Apontando os relatos anteriores como pouco credíveis, acaba ainda assim por ir contra a opinião de Gouguette (historiador francês, comissionado por Luis XIV) que recusava qualquer presença grega na Península Ibética.
Para isso diz não poder ignorar essa presença grega pelo menos em Cadiz pelas viagens de Coleo de Samos, referido por Heródoto, dizendo ainda que nessa altura haveria um comércio com hebreus em Tiro, no tempo do Rei Salomão.
Aceita ainda um contacto com Fenícios e Gregos de Focea e de Rodes, por esta altura.
Com os Fenícios, no tempo do Rei Hirão, refere ainda uma diferença entre Paletiro (a Tiro libanesa) e a ilha de Tiro, que faz corresponder a Medina-Sidonia, ou seja a Cadiz. Nesse tempo haveria um culto de Hércules no Promontório de Sagres. Por outro lado, pela parte dos gregos de Focea, associa Sagunto (Valência) e a ilha de Zacinto, e pela parte dos gregos de Rodes, a fundação de Roda, na Andaluzia.

Após o último rei lusitano, Abidis, neto de Gorgoris, que é associado ao mito de ter sido criado selvagem numa mata de Santarém por uma cerva, apresenta um período de Anarquia, a que se teriam seguido, só então, as invasões celtas, por Ambigato. Teria havido uma divisão entre Turdulos e Turdetanos, exceptuando-se a parte norte, da Galiza aos Pirinéus.
- Um pormenor curioso será associar o nome de Elvas a uma fixação de Celtas Helvéticos, citando André Resende (1500-73).

Não deixa de dizer que ignora, por achar que nem merecem referência, histórias fabulosas (no tempo escuro, antes do Dilúvio) sobre Tritões, as suas viagens a Ocidente e Oriente, e batalhas que fariam tremer a terra, com Gigantes e Deuses, e ainda com um despótico Rei Tártaro, que teria vindo dos infernos...

Observação 1: Por tudo aquilo que afirma no Prefácio que irá omitir no Livro, Damião Castro acaba no entanto por ser uma das referências mais sólidas sobre estas lendas, parecendo querer passar esses registos fabulosos, criticando-os mas com argumentos pouco convincentes.
Observação 2: É ainda interessante ver esta associação romana/egípcia entre deuses e personagens históricos, sabendo-se que em ambas as culturas essa deificação de antepassados era um ponto cultural comum. A duplicação de nomes é ainda interessante, já que se repete por homónimos noutros casos, para além de Tebas, há o exemplo do Monte Ida - em Creta é o local do nascimento de Júpiter; já na Turquia, o outro Monte Ida seria a origem de Páris.
Observação 3: Para além desta referência à presença grega na península ibérica, é ainda de considerar em que consiste a ligação a Tróia, não devendo ser excluída a hipótese de Tróia ser uma cidade ibérica. Para isso, um candidato óbvio e natural será ainda Setúbal e a sua península de Tróia (ainda que nada seja sugerido a esse respeito por Damião Castro).
Observação 4: A presença cartaginesa na península é actualmente quase consensual. Podemos ir um pouco mais longe? Porque não considerar os Fenícios como nome alternativo para os originários da península ibérica... que se estabeleceram em Tiro e Cartago, reparando numa composição do nome, partida de Tago ou Tagus:
Car-Tago, Car-Tagus

Observação 5: Por sugestão de um comentário [Maria da Fonte, no blog Portugalliae], as siglas poveiras (que ainda hoje são usadas pelos pescadores da Póvoa de Varzim), por exemplo:

fazem em muito lembrar inscrições em estelas lusitanas (estela da Abóbada)

Por outro lado, esta forma de escrita não se afasta muito de uma primitiva escrita fenícia, tendo até semelhanças com eventuais inscrições fenícias encontradas no Brasil.
Mais, estas inscrições não são muito diferentes das que constituem símbolos de pedras rúnicas, fazendo uma ligação cultural, por via marítima, que uniria toda a costa Atlântica à América (dir-se-ia quase uma ligação NATO...)
Esta pista, sempre dentro do "tempo fabuloso", levar-nos-ia para eventuais ligações remotas por via Atlântica. Afinal a "ilha que era do tamanho de um continente" conforme Platão descreve a Atlântida, foi por várias vezes identificada à América - até que toda essa convicção se voltou a perder nos Séculos XVIII, XIX e XX.
Todas essas hipóteses foram excluídas e consideradas fantasiosas.
No entanto essa recusa de conhecimento anterior, levanta "enigmas históricos", como é o caso dos Povos do Mar, cujas invasões são referidas por diferentes culturas na bacia mediterrânica, ajustando-se à descrição que Platão tenta fazer de uma tentativa de conquista atlante repelida por Atenas, conforme os sacerdotes egípcios tinham contado a Sólon.
Porém... que credibilidade dar a Platão, e a tantos outros, comparando com os mais sábios historiadores franceses e ingleses da Idade Moderna que formataram a história actual?

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publicado às 04:15


25 comentários

De José Manuel a 31.05.2010 às 04:18

Olá,

Gostei de ler o artigo, mas parece-me que quem relata a história dos Povos do Mar contada e retratada nos hieróglifos egípcios é o geógrafo e historiador Heródoto e não o filósofo Platão… (1) Mas a invasão dos povos do mar não é lenda nem mito os hieróglifos do faraó Ramsés III e o Papiros Harris contam e retratam o acontecimento…

Mas o que eu acho incrível no meio disto tudo é que Portugal não existe para nenhum historiador e os tais "Povos do Mar" para eles passam ao lado Atlântico da Península Ibérica e nem lá param! Como neste exemplo;
http://www.artsales.com/images/Invasion_Routes.jpg
Eu diria que estes Sea Peoples vieram das Shetland para o Mediterrâneo passando pelo actual Portugal, mas a maioria dos historiadores são pessoas muito obtusas e nem devem conhecer as estátuas dos guerreiros "portugueses" do MNA dos Jerónimos.

Cumprimentos,
José Manuel CH-GE

(1) Os Mitos de Thule e Vril
O primeiro elemento das crenças ocultistas nazis era o reino mítico de Hiperbórea-Thule. Assim como Platão citou a lenda egípcia da ilha afundada de Atlântida, Heródoto mencionou a lenda egípcia do continente Hiperbórea no norte distante. Quando o gelo destruiu esta terra antiga, o seu povo emigrou para o sul. Escrevendo em 1679, o autor sueco Olaf Rudbeck identificou o povo da Atlântida com os hiperboreanos e situou este último no pólo norte. De acordo com várias narrativas, a Hiperbórea dividiu-se nas ilhas de Thule e Ultima Thule, que algumas pessoas identificaram com a Islândia e a Gronelândia.
O segundo ingrediente era a ideia de uma terra oca. No fim do século XVII, o astrónomo britânico Sir Edmund Halley sugeriu pela primeira vez que a terra era oca, consistindo em quatro esferas concêntricas. A teoria da terra oca excitou as imaginações de muitas pessoas, especialmente com a publicação, em 1864, da Viagem ao Centro da Terra do novelista francês Júlio Verne.

De Anónimo a 01.06.2010 às 04:53

Caro da Maia

Óptimo texto!
Mesmo a propósito, porque eu tinha acabado de deixar uma mensagem no Portugalliae sobre um dos nossos Guerreiros Lusitainos de Lesenho, a quem cortaram a cabeça, mas se esqueceram de picar as Armas, neste caso, o Escudo.
E o Escudo identifica Michno Boviicoai. Um Boii
Um Celta, da famosa dinastia Baiovarii.

A Historiografia que ignora a Península Hibérica, e que põe Os Povos do Mar, a viajar em Supersónico, só para que Potugal nunca conste dos registos, também localiza os Celtas, na Europa Central.
Só que, a Genética contraria essa fabulosa Hipótese!
Uma lástima...
Mas como não existe Crime Perfeito, aí temos as provas a aparecerem à luz do dia.

A Dinastia Baiovarii, os Boii, não são Celtas anónimos.
São os Reis de Sicambri, de Párthia, os Cymbri, e mais recentemente os Reis Merovíngeos.

Uma chatisse!
Tanto que se apagou e adulterou a História, para nada.

Thule e Ultra Thule, são as duas Américas.
Os dois Genes mais antigos que existem à face da
Terra, só existem nos Lusitainos, que por um acaso do destino, não têm o Gene do Paleolítico Africano.

E para cúmulo, os estudos do Genoma Neanderthal, descobrem que cada um de nós é portador de Cinco Genes Neanderthais.

Cinco Marcas. Cinco Estigmas.

Eu sempre achei que devia ser assim uma espécie de sinal de família.
Daqueles que todos têm, na face ou no braço, e que passam de Pais para Filhos.

O que me leva a perguntar:
Onde se situava Sicambri, e Cymbri, e a Merovíngea?

A Historiografia que viaja de supersónico, para nunca aterrar em Portugal, diz que ficavam na França, claro! E na Inglaterra, claríssimo!

Só que as Estátuas Fúnebres dos tais Boii, ou Baiovari, foram encontradas em Portugal, em Boticas, não foram encontradas em Paris de França, nem em Stonehenge.

Mas entretanto, encontro um Rei Boii de Cymbri, Bérico, ou Vérico, que nasce em Boidurum na Germânia, e vai fixar residência no País de Wales, na Britãnia, claro.
E cerca de 100 a.C. um príncipe Béricus, exilado da Britânia, por Cunobelinus, passa a residir em Avalon, em França.
(E eu que pensava que a Ilha de Avalon era na Britânia).

Este Príncipe Béricus exilado em Avalon, irá ser o pai do famoso Vercingetorix, e de Tentanius Ap Llud cerca de 25 a.C., Rei Atrebates, exilado em Roma.

Será que Britânia tem alguma coisa a vêr com Pedra?
Quero dizer, com Brita?
É que sem querer lembrei-me da Cytânia de Briteiros em Guimarães, um Povoado Celta, de construções circulares em Pedra.

E o Rei Brigo, não foi o que fundou Aveiro?
e Gerião Sargão, não era o filho de Krisaor, o Homem da Falcata de Ouro?

E há Dois Mil Anos, a que terra se referiria o nome Mauritânia?

Precisamos de quem saiba pronunciar as palavras, segundo o dialecto mais antigo de Portugal.
Eu consigo fazê-lo com algumas, mas já não me recordo de todas.

Cumprimentos

Maria da Fonte

De Anónimo a 01.06.2010 às 19:23

Caro Da Maia,

no seu texto "Tagus Aureo" quando refere roma colónia Lusitana a ideia vem de onde?

Parece que na sua cronologia falta um entre Hispano e Hespero...Hércules

Hispalo pode não ter fundado Sevilha (querem alguns com pouco fundamento...)

Morre Hércules, é sepultado no Promontório Sacro, existe em Cadiz o mesmo culto para onde depois ele é transladado.

E parece que havia uma colónia Lusa na Ásia Menor.


Com os melhores cumprimentos,

Calisto

De José Manuel a 02.06.2010 às 03:49

Olá,

Vai haver uma importante conferencia no e em : St Anne’s College Oxford -10 July 2010 e o lançamento de um livro sobre a origem dos Celtas:

Celtic from the West: Alternative Perspectives from Archaeology, Genetics, Language and Literatureedited by Barry Cunliffe and John T. Koch
(University of Wales Centre for Advanced Welsh and Celtic Studies and Institute of Archaeology, University of Oxford) http://hnn.us/roundup/entries/7406.html
(...) It should also be mentioned that according to John Koch [3]Cunliffe, Karl, Wodtko and other highly respected scholars, Celtic culture may well have developed first in far Southern Portugal and Southwestern Spain, approximately 500 years prior to anything recorded in Central Europe.[30]
http://en.wikipedia.org/wiki/Celts#Iberia

DNA Research Links Scots, Irish And Welsh To North-western Spain
Brian Donnelly, The Herald (Glasgow), 10 Sept. 2004
Celtic nations such as Scotland and Ireland have more in common with the Portuguese and Spanish than with the Celts of central Europe, according to a new academic report.
http://hnn.us/roundup/entries/7406.html

Não sei ainda se compre este livro dos Barry Cunliffe and John T. Koch (384p, 83 b/w illus, 39 colour & b/w maps - Oxbow Books and Celtic Studies Publications 2010), e contínuo a pesquisa deste tema, pois tenho voltar a trabalhar:
http://www.oxbowbooks.com/bookinfo.cfm/ID/88298//Location/Oxbow

Os celtas que aliás é uma apelação muito redutora são originários de Portugal, e não da Suíça, e vão ser os britânicos a divulga-lo, como o prova o ADN, mas falta desenterrar uma grande cidade no actual território português, brevemente.

Cumprimentos,
José Manuel CH-GE

De Alvor-Silves a 02.06.2010 às 04:22

Caro José Manuel,

muito obrigado pelos seus informativos comentários.

[1ª mensagem]
- De facto, eu já conhecia há muito a história dos Povos do Mar. Conforme diz, está muito documentada e é aceite oficialmente. Mas nunca vi nenhuma justificação oficial para a sua origem... é como se tivessem aparecido do nada!
Assim, deixei isso suspenso ao lado doutros mitos, como a Atlântida.
- O que eu digo é que Platão no diálogo "Timeu" apenas refere a Atlântida e o relato de Sólon, mas no "Crítias" dá detalhes, referindo-se mesmo a uma invasão atlante (já num período de declínio dessa civilização), que teria sido parado por Atenas. Daí ter ligado a invasão atlante, mítica, a essa invasão de Povos do Mar, que está bem documentada!

- Não sabia que já havia um traço tão elucidativo dessa rota dos Povos do Mar, conforme é mostrado no link que enviou. É de facto estranho, terem passado ao lado da Península... mas até parece que os vikings também nunca deram muita atenção às costas portuguesas! Deve haver algo que afasta a história destas paragens...
Mesmo, se repararmos bem, sabemos muito sobre o período de dominação romana, algo sobre o suevo/visigodo, mas quase nada sobre o período árabe. Poucos conhecem que houve Taifas que funcionaram como reinos independentes exclusivamente em território nacional, como a Taifa de Silves.
O nevoeiro sobre a nossa história sempre foi grande, e se essa parte árabe teve sempre a justificação de conflito entre culturas, as outras foram propositadamente obliteradas...

- Quanto a Thule e Vril, Hiperbórea-Thule, pois apenas conhecia a ilha de Thule, que é bastante referida, e sempre como uma ilha a norte, provavelemente a Islândia, conforme referiu!
Ou seja, não conhecia essa parte mítica de Heródoto. Obrigado pela referência.

- A terra oca... pois isso é mesmo estranho! Ainda que não seja nada impossível... é perfeitamente possível existirem cavernas de grandes dimensões. Círculos concêntricos parece-me bastante improvável por uma questão de gravidade... Halley é anterior a Newton, e talvez não conhecesse os trabalhos de Duarte Pacheco Pereira (que já tinha ideias claras, sobre a lei da gravidade).

[2ª mensagem]
É muito interessante essa novidade da origem lusa dos Celtas!! Sejam lá o que forem os celtas... é interessante ser um inglês a tirar o centro do universo dos focos habituais! Nunca poderia ser um português... isso é claro, por enquanto, pelo menos!
Também concordo que há uma cultura costeira, essa tal cultura marítima que iria até às Shetland, que podemos chamar celta, ou lusitana, ou pré-viking, e que uniria escoceses, irlandeses, ingleses (antigos), antigos bretões (c/normandia), e toda a parte ibérica dos bascos aos portugueses. A única coisa mais estranha é alguma diferença acentuada entre os povos bascos e de gales/irlanda... eu estaria à espera de uma maior conexão.
Vai-se a ver e os Celtas da Helvécia, são mesmo os que saíram de Elvas! Seria engraçado...

Um abraço!

De Anónimo a 02.06.2010 às 04:30

Caro José Manuel

Concordo que o termo seja reductor, afinal falamos de ramos de uma mesma Família.
A Grande Família Konii.
Os Uno, os Onai, os Ainu, os Taino, os Tai.

Malaca, tão longe, lá no Oriente é uma palavra Celta, ou Konii.
MAL-ACA-S, que quer dizer: Digno de Elogio.

E se Koninbriga, fosse na realidade como alguna defendem, uma Cidade Konii, fundada pelos Reis Celtas Brigavantes?

É que aqueles Cavaleiros nunca foram Romanos.
E a Cercadura, já nós conhecemos muito bem de outras paragens.

Maria da Fonte

De Alvor-Silves a 02.06.2010 às 05:14

Cara Maria da Fonte,

é tão generosa com tanta informação, que é sempre difícil conseguir processar tudo!
Escusado será dizer que não conhecia essa Dinastia Baiovarii, ou Boii!
Mas a sua observação deixa uma questão curiosa... será que temos nomes tão diferentes, como "Vaca", "Boi", "Touro", para não deixar cair no esquecimento palavras de outras culturas que por aqui passaram? Da mesma forma que acontece com "Égua" e "Cavalo", ou com "Cabra" e "Bode"?
Será que a língua não foi o nosso único combate à perda dessa memória?
É como a Maria da Fonte diz, haveria muito trabalho para linguistas informados... com essas pronúncias antigas!

Tenho ideia de que já falávamos da questão dessa origem genética singular poder estar relacionada afinal com um cruzamento Neandertal, já que um sítio bem provável seria o limite habitável na Idade do Gelo, ou seja, por estas paragens. É engraçado ter-se vindo a confirmar nestes últimos meses.

Sobre Avalon, Merlim, acho que tenho qualquer coisa que a vai interessar... não é nada de muito significativo, mas é uma fonte surpreendente - ainda não acabei de escrever!

A relação da Britânia com Briteiros, Brita, pedra, lá está... certamente que são pistas a seguir com interesse.

Não encontrei Brigo associado a Aveiro, mas de acordo com Damião Castro, as povoações com a terminação "briga" teriam, por lenda (é claro), sido fundadas por ele!
Ora perto de Aveiro, havia "Talabriga"... já o nome de Aveiro, talvez venha de uma povoação vizinha, de nome "Lavara".

Depois, é engraçado
Londobris serem as Berlengas
por referência a ilhas em face da Lusitânia...
Fui à procura no Google e encontrei esta referência (http://www3.interscience.wiley.com/journal/120699276/abstract?CRETRY=1&SRETRY=0) (mas não tenho acesso), que parece associar o nome de Londres às Berlengas!!!

Enfim... tanta coisa interessante, e a história que passa é aborrecida, e os temas abordados parecem ser sempre os mesmos!

Abraço!

De Alvor-Silves a 02.06.2010 às 05:51

Caro Calisto,

Não lhe posso dizer muito sobre Damião Castro, pois foi graças a si que encontrei essa fonte preciosa! Mais uma vez, obrigado...

- Quando falei de Roma enquanto colónia Lusitana, referia-me à frase de Angelo Poliziano
De feito, ver-vos-eis rei da Lusitânia, isto é (para resumir em uma palavra o que entendo), de um povo de romanos de que outr'ora numerosas colónias, segundo a história refere, se achavam disseminadas n'esta região mais do que em nenhuma outra.
Parece-me que Poliziano aceitava uma noção geral de povo romano, dos quais os lusitanos, que teriam fundado colónias em Itália.
Isso nem é estranho, pois a própria lenda de Eneias, acaba por invocar uma origem externa dos fundadores de Roma... vindos de Tróia.
Na sequência disso, também considero como lógica a localização de Tróia na Lusitânia... e pouco a pouco, pelo que vemos, começa a bater certo com tudo o resto!
O que para mim, é surpreendente...

Quanto a Hércules, coloquei-o como 10º, anterior a Hispalo, pois Damião Castro diz que ele o deixa como sucessor, quando parte para Itália.
Damião de Castro escreve
"Oro Hércules Líbico"
entendi "Oro" como "Horus", julgo que é a única coisa que faz sentido.
A referência Líbico, normalmente designa uma ascendência norte-africana, na zona magrebina, após o Egipto. Isso pode reforçar uma ligação próxima ao sul ibérico, a Sagres e a Cadiz...

Quanto às cidades da Ásia Menor, pois...
Conforme já referi toda essa parte me parece mal contada, e acho que alguns reinos tidos como pertencentes à Ásia Menor - Turquia, podem ter sido confundidos com uma localização ibérica.
Acho que me referi em concreto aos Frígios, mas o comentário que a Maria da Fonte juntou em cima, falando nos celtas da Dinastia Baiovarii como reis Partos... isso pode mostrar que não há muitas certezas na maneira como harmonizar os registos.
Há certamente muito trabalho a ser feito, e esta troca de ideias permite avaliar algumas teses e colocar novas hipóteses.
Conforme diz o José Manuel, falta esse trabalho de campo para escavar e encontrar vestígios... já que parece ter sido nossa característica os vestígios terem ficado reduzidos a pó (basta ver que ao contrário de Espanha, aqui quase nada restou que identificasse qualquer presença árabe)...

Abraço!

De Alvor-Silves a 02.06.2010 às 06:00

Maria da Fonte

Quanto ao seu 2º comentário em cima, eu diria que é interessante ainda a composição do nome Conimbriga, enquanto:
Konii - Briga
... ou seja talvez seja uma das povoações associadas a Brigo, de onde seriam originários os próprios Konii.
Já agora, qual é o historiador mais antigo que faz referência aos Konii?
Obrigado!

De Anónimo a 03.06.2010 às 00:09

Caro Da Maia,
Não agradeça, se houver alguém que tem que agradecer, sou eu, por você partilhar e expor as suas ideias e o seu entusiasmo (é fácil transmitir quando fazemos o que gostamos).

Há outro livro de Damião de Castro, escrito 32 anos antes (Politica Moral, e Civil, Aula da Nobreza Lusitana, Tomo VI de 1754 http://purl.pt/13935/2/).
Resumindo:
Tubal, Hibero (Hibero porque Tubal recebeu junto do Ebro população fugida da Hiberia (Hiberia=Asia, livro primeiro Monarchia Lusitana)e o seu filho que nasceu deu-lhe o nome de (H)ibero por memória da provincia da Hiberia),Jubalda ou Idubeda, Brigo além das que refere mandou fundar várias colónias uma delas povoara a Phrygia, Tago, Beto o 'ditoso' povoou Andaluzia nesta época começou a idolatria que iria "lançar chamas na Lusitania",Gerião não entrou logo assentou na ilha de Eritreia (Cadiz? ou defronte do Promontório Sacro?)esperou a morte de Beto e depois entrou “(...) rico com os seus mesmos despojos, e com a industria de Politico, como se já conhecera o génio da naçaõ, lhe ganhou a vontade com o suave attractivo da brandura, e com o magnetismo da liberalidade (...)” começou o culto na Lusitania de novos ritos, Jupiter Osiris mata Gerião e os três filhos (Lominios) refugiam-se na Eritreya, Jupiter chamou-os recomendou-lhes clemencia e deu-lhes as redeas do governo Osiris volta para o Egipto. Lominios vingam-se e matam (mandam matar- Typhon) Osiris,Hercules Lybico mata Thyphon e os Geriões, governou a Lusitania ausenta-se para _Itália e deixa o filho Hispalo dizem alguns com pouco fundamentyo que funda Sevilha, Hispano filho de Hispalo governa e quando morre sem sucessão volta Hércules e governa quando Hércules morre é sepultado no Promontório Sacro “num tumulo de estranha fábrica” adorado como Deus, o mesmo culto teve o templo de Cadiz para onde depois é transladado (isto acontece mais tarde já com os Fenicios de Tiro). Nomeado para suceder a Hércules o seu capitão Hespero mas o seu amor para os Lusitanos não era muito e esqueceu as cerimónias a Hércules no seu templo isto facilitou a entrada de Athalante Ytalo seu irmão que veio pela força das armas e obrigou Hespero a abandonar e unio este ao seu dominio de Itália. Nasce sua filha Roma e Sicoro, Hespero ganhava em Itália Ytalo levou um grande exército de Lusitanos e Andaluzes e deixou regente Sicoro, Ytalo teve grandes sucessos e pouco depois morre Hespero.

Agora a questão das colónias Lusitanas. Depois de Hespero morrer Ytalo repartio a gente em várias colónias em Itália, “(...) e coube a Lusitana a sua filha Roma, que como natural a amava muito; e com ella povoou o monte Capitolino, donde senhoreava aos Aborigenes. Deu Roma o seu nome á nova povoação, (...) e então lhe lançaraõ os Lusitanos os primeiros fundamentos, que Romulo veyo a ampliar depois com gloria segunda.” A referência a Lusitanos em Itália continua, mas já me estendi demais.

Cordiais cumprimentos,

Calisto

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