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Ré vista (4)

17.10.14
Como esperado, esta visita à ré, corria o risco de se atrasar irremediavelmente.
Quando há novidades à frente, frequentemente esquecemos a consolidação da retaguarda. Até porque a vista já é diferente, e certos assuntos, então tidos como importantes, passei entretanto a vê-los como menos interessantes.

(011) O tema da espiga e do alecrim, colocado em Maio, continuava na questão sombria da história do período dos descobrimentos, e da questão dinástica causada pela forte perturbação dos duques de Bragança, especialmente contra a casa de Coimbra-Aveiro, de Alfarrobeira até ao terramoto do Massacre dos Távoras. A bastardia da dinastia de Bragança, do neto do Barbadão, terá custado muitas vidas e sofrimento durante esses 300 anos. Já fiz uma síntese da questão bastarda nas dinastias portuguesas
Entre os comentários, da sempre enigmática Maria da Fonte temos:
Leite de Vasconcelos, diz que as Giestas Amarelas se chamam Mayas. Curioso, mas curioso mesmo, é que Giesta e Sarça, são ambas da mesma Classe: Magnoliopsida, e da mesma Família: Fabaceae.Sarça ou Giesta? - Qual arderia sem se consumir, na Mata Atlântica?
... e por isso encontrámos uma informação interessante sobre as Janeiras e Maias, cantigas que tinham sido proibidas em 1402:
Esta festa [das Maias], de reminiscências pagãs, foi proibida várias vezes, como aconteceu em Lisboa no ano de 1402, por Carta Régia de 14 de Agosto, onde se determinava aos Juízes e à Câmara "que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse Mayas ou Janeiras e outras coisas contra a ley de Deus..."
Aproveito para acrescentar agora o decreto anterior de 1386 (ver comentários abaixo):
Outrosim estabelecem que daqui em diante nesta cidade e em seu termo não se cantem janeiras nem maias , nem a outro nenhum mez do anno , nem se lance cal ás portas sob titulo de janeiro, nem se furtem aguas , nem se lancem sortes. . . [in Panorama, Maio 1840
Hoje não é preciso proibir, basta colocar as coisas "fora de moda".  Se ainda envergonhadamente hoje se cantam as Janeiras, das Maias já nem lhe conhecia a existência.


(012) Em bom tempo o Calisto sugeriu a leitura de Damião Castro e isso levou a meu conhecimento a "Mitologia dos Antigos Reis Lusitanos".  Em particular, dos nomes "República de Setúbal" e das "Torres Altas de Tróia"... algo que calhava muito bem com esta imagem lacónica da premonitória implosão do nosso desgoverno:
Implosão de Torres da Torralta em Tróia ... 
(duas torres implodidas, em Setembro, dia 8, em 2005)

__________
É esta a citação de Damião de Castro sobre as "altas Torres de Tróia":
Mas já chama pelas nossas atenções o estrondo da Armada de Ulysses rompendo as correntes do Tejo, e devassando as suas margens no anuo 77 do governo do velho Gorgoris, pai do celebrado Abidis. Poetas famosos, homens de grandes talentos, e até as Aventuras de Telémaco , obra de um espírito sublime, nos instruem, como reduzidas a cinza as altas Torres de Troia. os autores de tanta ruína se botaram a viajar pelo mundo. Ulysses, Rei de Ítaca, reputado perdido, e buscado em muitas partes por seu filho, o dito Telémaco, bem conduzido na pena do ilustre Fenélon; a ele no lo representam embocando o Tejo em uma grossa Armada, que seria formada dos navios de papel em que fala o Profeta lsaías, e saltando em terra com os seus camaradas aventureiros, gostarem tanto dela, que esquecidos da Grécia, determinaram fundar uma povoação, que foi dita Ulysséa, ou Ulyssipo, hoje a famosa Lisboa. Afirma-se, que a eloquência de Ulysses não só moveu a Gorgoris para consentir a fundação; mas a dar-lhe por mulher a sua filha Calypso, que elle tratou como tal em quanto se demorou na Lusitânia. [História Geral de Portugal e suas Conquistas, Damião de Castro, 1786, Pref. pag. XXXI ] 
... aconselhando a leitura deste prefácio notável, que continua, na página seguinte, dizendo que "o amor à verdade está primeiro que a amizade de Platão", a propósito da Odisseia poder reportar viagens a ilhas atlânticas, às ilhas de Aea e Ogygia, referidas por Heródoto. Sendo claro que a propósito do discípulo de Sócrates (o da antiga narrativa) se referia a uma Atlântida. 

(013) O texto Por Tubal surge assim numa sequência natural, e a este propósito já voltámos a abordar o assunto dos míticos reis ibéricos, de Tubal e Ibero, a Gorgoris e Abidis. 
Não tanto através de Damião de Castro, mas mais directamente remetendo a Fr. Bernardo de Brito, através da sua Monarquia Lusitana.  É aqui no campo dos comentários, ainda em 2010, que surgem as primeiras referências à ligação directa do ADN britânico ao hispânico (J. Manuel), e ainda as referências da M. Fonte aos Boii e Konii, ou seja Boios e Cónios... e ainda a Krisaor (Crisaor), o homem da falcata de ouro, que seria pai do mítico Gerião, tirano ibérico, depois derrotado por Hércules.

(014) A Academia dos Humildes e Ignorantes é basicamente uma outra referência para a mesma história mítica dos reis ibéricos, ainda que contenha outro material significativo.

(015) Na mesma linha, o texto Ulyssippo, de António Sousa Macedo, em 1640, remete para o campo mítico, num poema publicado ainda a 31 de Dezembro de 1640, um mês depois da Restauração, num fulgor nacionalista que remetia às míticas origens lisboetas.

(016) Em dia de Camões, Lusíadas Canto IX (91)  é uma curta citação às estrofes que remetem a origem humana dos nomes dos deuses do panteão clássico 

(017) Em dia do santo, Mapa com St. António referia a particularidade de haver mapas sob o signo do colo o menino Jesus, aqui ao colo de St. António, noutros casos ao colo da Virgem Maria. Pareceu-me à época interessante esta dualidade franciscana e mariana.
Houve por esta altura uma certa ideia de publicar a par com as datas comemoradas - formato que viria a abandonar por completo.

(018) Ainda nessa perspectiva de "blog com alguma actualidade" um texto sobre Saramago era algo inevitável, e fazia ainda sentido pela "viagem de Salomão" - uma iniciativa entre o irreal da sua ficção, uma certa referência ao mito hebraico e a uma viagem pelo interior profundo de Portugal.

(019) O caminho desse Salomão de Saramago passou em Centocellas. 
Por Brito e Bluteau seguiram-se então duas referências àquele que é talvez o mais enigmático monumento antigo que restou de pé, em Portugal. O texto destinava-se mais a dar algum crédito à informação histórica da Monarchia Lusitana de Bernardo de Brito, assunto que foi completamente anulado pela intervenção histórica de Alexandre Herculano.

____________________
18-10-2014

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publicado às 03:31


1 comentário

De Mars a 21.10.2014 às 09:01

Infelizmente é verdade

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