Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



No panorama internacional, as produções intelectuais que tivessem origem ibérica foram quase sempre olimpicamente ignoradas.

Trazemos como exemplo o compositor Carlos Seixas (1704-1742), que tem este excelente concerto para cravo em lá maior, que normalmente será reconhecido pelo nosso ouvido, mas não como composição de origem nacional.

Carlos Seixas - concerto para cravo, cordas e baixo contínuo em Lá Maior

Compositor barroco, contemporâneo de Vivaldi e Bach, morreu cedo, aos 38 anos de idade, culminando uma sequência de prolífico período musical no Séc. XVII, que terá incluído a família real (D. João IV e o filho D. Teodósio). 

D. João V, para tutor musical da princesa Bárbara (futura rainha de Espanha) terá trazido de Nápoles o famoso compositor italiano Domenico Scarlatti. Estando Seixas em Lisboa desde os 16 anos, foi sugerido pelo irmão do rei que também ele tivesse aulas com Scarlatti. Consta que o mestre italiano surpreendido pela virtuosidade do jovem terá respondido que poderia receber lições dele.

Que os estrangeiros não lhe dêem espaço mais significativo é mais ou menos compreensível, já que o problema principal é que o nome de Carlos Seixas está praticamente ausente das referências da cultura nacional, exceptuando pelos poucos que tiveram formação musical.

Como toda a cultura gaiteira portuguesa é basicamente uma repetição do refrão internacional empacotado pela judiaria e pandilha maçónica, com foco inglês, francês, italiano ou alemão, e não estando o nome de Seixas inscrito nesse receituário, passa por ausente dos manuais escolares, e entra no profundo silêncio, mesmo que algumas das suas músicas nos sejam já conhecidas.

Acresce à novela a habitual desculpa do Terramoto de 1755, que terá comido muitas das partituras nacionais, inclusive as de Seixas. Se as melodias foram depois recuperadas ou não, isso será outra questão...
Como é dito do espanhol Vicente Martin y Soler, quando a ópera "Una Cosa Rara" estreou em Viena em 1786, eclipsou em popularidade a ópera "Figaro" de Mozart, estreada ao mesmo tempo.
Mozart terá logo depois usado uma melodia da ópera espanhola em "Don Giovanni", diz-se que para "prestar homenagem a Soler".
A fanfarra gaiteira maçónica, rapidamente promoveu o mano Mozart aos píncaros, e o nome do espanhol desapareceu rapidamente, como praticamente quase todos os outros...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:52


6 comentários

De Bic Laranja a 21.12.2019 às 18:23

Bom verbete.
No âmago da mediocridade vigente.

Feliz Natal !

Comentar post



Alojamento principal

alvor-silves.blogspot.com

calendário

Dezembro 2019

D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031



Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D