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Grota do Medo

10.06.13
RTP Açores. Programa "Em Foco" (8 de Maio de 2013)

Entrevista ao Prof. Felix Rodrigues, da Universidade dos Açores
a não perder!

Retive esta pergunta da jornalista e a resposta do arqueólogo.
- Haverá arqueólogos a acreditar nesta tese do megalítico e interessados em estudar isto?
- Concerteza. Curiosamente, portugueses são só dois... estrangeiros muitos.

Grota do Medo, Ilha Terceira... sim, Açores!

Já me perguntam por que razão eu escrevo em português... aqui está outra resposta - é um problema interno!
A Direcção Regional de Cultura considera que se tratam de construções agrícolas, e não dá autorização nem para escavações, nem para a conservação do monumento.
Percebe-se?
Claro que sim, poderiam também ser tocas de toupeiras gigantes, mas seria menos verosímil.
Agora, admitir uma ocupação neolítica dos Açores... isso é que já é de malucos!

Por isso, há apenas dois arqueólogos nacionais com vontade de estudar o assunto, os outros já devem ter conhecido as toupeiras, e devem querer continuar a trabalhar sem problemas. Os estrangeiros, claro, nunca viram a cegueira das nossas toupeiras, e não vão acreditar na bicharada que para aqui há!
(Desde já peço desculpa por uma vez ter colocado um comentário num site de arqueologia que a partir desse instante deixou de funcionar durante quase um ano... calculei que fosse mau, mas não tanto!)

As claras explicações de Felix Rodrigues (arqueólogo), Antonieta Costa (antropóloga), Francisco Nogueira (historiador), inclusas no vídeo são mais que suficientes. Acho que só lhes faltou explicar que as construções não tinham sido obra de ET's, pois também tiveram que explicar que não se tratavam de construções da 2ª Guerra Mundial. 
As imagens que retirei do vídeo são mais que suficientes para mostrar Antas, ou Mouras encantadas... seriam assim consideradas em Portugal continental, e devem assim ser consideradas nos Açores. A ocultação e ilusão têm limites... sob pena de aceitarmos toda a palhaçada!... e se há quem não queira ser considerado palhaço, pois não vista o avental de chef dos cozinhados.

Não vale a pena perder mais tempo com o assunto. Os senhores ocultos do culto não merecem a atenção que pretendem... podem julgar que se pretende resolver este mistério da origem da humanidade - são visões estreitas, é muito mais que isso.

Interessa aqui perceber que eram possíveis grandes viagens marítimas à mesma época que se construíam as antas. É claro que havia construções noutras ilhas costeiras, na zona da ilhas Britânicas, mas não a tão grande distância. Percebe-se também que a chegada ao continente americano estava quase a meio do caminho, mesmo na época pré-histórica.

Livros Púnicos do Rei Hiempsal
Vamos citar os chamados livros do Rei Hiempsal (II), conforme Salustio (que foi governador da Numídia), usando a tradução de Isaac Cory.
Hiempsal começa por dizer que os aborígenes africanos eram os Getulianos e os Líbios, considerados rudes, sem moral nem lei. No entanto, quando Hércules morreu na Hispania, segundo a opinião dos Africanos, o seu exército constituído de várias nações acabou por se dispersar, por falta de liderança unificadora.
Nas fileiras estavam Medos, Persas, Arménios, que tinham ido de barco até África, e acabaram por se estabelecer junto ao mar. 
Os persas ficaram junto ao Oceano Atlântico (em África), fazendo habitações com os cascos invertidos dos barcos... porque não conseguiam obter materiais, nem comprá-los, dos hispânicos. Por casamentos acabaram por se misturar com os Getulianos, passando a ser designados Numidianos, e ainda então as suas habitações chamadas "mapalia" eram oblongas, com tectos lembrando as curvas do casco dos navios.
ilustração romana de uma mapalia

O território ocupado por Medos e Arménios era vizinho dos Líbios, mais próximo do "mar africano" (enquanto que os Getulianos estavam próximos da zona tórrida). Fizeram cidades próximo da Hispania, só separados pelo estreito, e assim comerciavam.

Hiempsal diria ainda que o nome dos Medos foi corrompido pela linguagem dos Líbios, que os passaram a chamar Mouros em vez de Medos. Termina com uma pequena referência à chegada posterior dos Fenícios.

Ora, convém aqui notar que em Portugal o nome Mouro tem a conotação habitual de ligar aos povos do norte de África, da Mauritânia (Marrocos), como também ao islamismo que traziam aquando da invasão de 711. Porém, esse não é o único significado.
O nome "moura" aplica-se também como sinónimo de "anta".
As histórias de "mouras encantadas" diriam mais respeito ao encantamento nos monumentos megalíticos do que propriamente a belas donzelas árabes... lendas que podem depois ter sido alteradas, por propósitos ilusórios, coisas de Magos.

Isto interessa no contexto da Gruta do Medo, porque "Medo" pode ter o significado de "Pânico", mas isso também nos remete para uma palavra religiosa que vem do culto de Pã, associado às Antas, às Mouras. 
Ora, como Hiempsal apresenta "Mouros" como designação alternativa dos "Medos", fica a relação feita.
Ou seja, "Grota do Medo" pode simplesmente significar "Gruta do Mouro"... onde este "mouro" era apenas um descendente dos "medos" que tinham acompanhado a expedição de Hércules.

Aditamento [10/06/2013]:
- este texto surge na sequência desta notícia no Expresso (gentilmente comunicada por cafc).
- nessa notícia há uma mistura com a descoberta dos hipogeus, no Monte Brasil (também na Terceira) e no Corvo, que apareceu várias vezes na comunicação social (ver aqui os textos [1][2], e as notícias na imprensa [3], [4], [5], [6], [7], [8], nestes dois últimos anos, agradecendo também a Calisto e José Manuel).
- recordo ainda as placas do Pico que referem o ano 682, usando um típico "V" latino para "U", e um 682 que aparece disfarçado com mais dois símbolos para "I682Z".
- a Grota do Medo era bem conhecida das populações, como aliás refere a antropóloga Antonieta Costa, referindo-se a Gaspar Frutuoso e à proibição da zona, que ele relatava. Complementa isso existir o chamado "Império do Espírito Santo da Grota do Medo".
Por isso, como é óbvio, nada disto é novo... apenas resta saber se ficará por um apontamento perdido na imprensa, ou se desta vez tomará um carácter mais oficial, já que parece difícil continuar a ocultar uma evidência tão descarada... a que custo isso é feito?

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:37

Grota do Medo

10.06.13
RTP Açores. Programa "Em Foco" (8 de Maio de 2013)

Entrevista ao Prof. Felix Rodrigues, da Universidade dos Açores
a não perder!

Retive esta pergunta da jornalista e a resposta do arqueólogo.
- Haverá arqueólogos a acreditar nesta tese do megalítico e interessados em estudar isto?
- Concerteza. Curiosamente, portugueses são só dois... estrangeiros muitos.

Grota do Medo, Ilha Terceira... sim, Açores!

Já me perguntam por que razão eu escrevo em português... aqui está outra resposta - é um problema interno!
A Direcção Regional de Cultura considera que se tratam de construções agrícolas, e não dá autorização nem para escavações, nem para a conservação do monumento.
Percebe-se?
Claro que sim, poderiam também ser tocas de toupeiras gigantes, mas seria menos verosímil.
Agora, admitir uma ocupação neolítica dos Açores... isso é que já é de malucos!

Por isso, há apenas dois arqueólogos nacionais com vontade de estudar o assunto, os outros já devem ter conhecido as toupeiras, e devem querer continuar a trabalhar sem problemas. Os estrangeiros, claro, nunca viram a cegueira das nossas toupeiras, e não vão acreditar na bicharada que para aqui há!
(Desde já peço desculpa por uma vez ter colocado um comentário num site de arqueologia que a partir desse instante deixou de funcionar durante quase um ano... calculei que fosse mau, mas não tanto!)

As claras explicações de Felix Rodrigues (arqueólogo), Antonieta Costa (antropóloga), Francisco Nogueira (historiador), inclusas no vídeo são mais que suficientes. Acho que só lhes faltou explicar que as construções não tinham sido obra de ET's, pois também tiveram que explicar que não se tratavam de construções da 2ª Guerra Mundial. 
As imagens que retirei do vídeo são mais que suficientes para mostrar Antas, ou Mouras encantadas... seriam assim consideradas em Portugal continental, e devem assim ser consideradas nos Açores. A ocultação e ilusão têm limites... sob pena de aceitarmos toda a palhaçada!... e se há quem não queira ser considerado palhaço, pois não vista o avental de chef dos cozinhados.

Não vale a pena perder mais tempo com o assunto. Os senhores ocultos do culto não merecem a atenção que pretendem... podem julgar que se pretende resolver este mistério da origem da humanidade - são visões estreitas, é muito mais que isso.

Interessa aqui perceber que eram possíveis grandes viagens marítimas à mesma época que se construíam as antas. É claro que havia construções noutras ilhas costeiras, na zona da ilhas Britânicas, mas não a tão grande distância. Percebe-se também que a chegada ao continente americano estava quase a meio do caminho, mesmo na época pré-histórica.

Livros Púnicos do Rei Hiempsal
Vamos citar os chamados livros do Rei Hiempsal (II), conforme Salustio (que foi governador da Numídia), usando a tradução de Isaac Cory.
Hiempsal começa por dizer que os aborígenes africanos eram os Getulianos e os Líbios, considerados rudes, sem moral nem lei. No entanto, quando Hércules morreu na Hispania, segundo a opinião dos Africanos, o seu exército constituído de várias nações acabou por se dispersar, por falta de liderança unificadora.
Nas fileiras estavam Medos, Persas, Arménios, que tinham ido de barco até África, e acabaram por se estabelecer junto ao mar. 
Os persas ficaram junto ao Oceano Atlântico (em África), fazendo habitações com os cascos invertidos dos barcos... porque não conseguiam obter materiais, nem comprá-los, dos hispânicos. Por casamentos acabaram por se misturar com os Getulianos, passando a ser designados Numidianos, e ainda então as suas habitações chamadas "mapalia" eram oblongas, com tectos lembrando as curvas do casco dos navios.
ilustração romana de uma mapalia

O território ocupado por Medos e Arménios era vizinho dos Líbios, mais próximo do "mar africano" (enquanto que os Getulianos estavam próximos da zona tórrida). Fizeram cidades próximo da Hispania, só separados pelo estreito, e assim comerciavam.

Hiempsal diria ainda que o nome dos Medos foi corrompido pela linguagem dos Líbios, que os passaram a chamar Mouros em vez de Medos. Termina com uma pequena referência à chegada posterior dos Fenícios.

Ora, convém aqui notar que em Portugal o nome Mouro tem a conotação habitual de ligar aos povos do norte de África, da Mauritânia (Marrocos), como também ao islamismo que traziam aquando da invasão de 711. Porém, esse não é o único significado.
O nome "moura" aplica-se também como sinónimo de "anta".
As histórias de "mouras encantadas" diriam mais respeito ao encantamento nos monumentos megalíticos do que propriamente a belas donzelas árabes... lendas que podem depois ter sido alteradas, por propósitos ilusórios, coisas de Magos.

Isto interessa no contexto da Gruta do Medo, porque "Medo" pode ter o significado de "Pânico", mas isso também nos remete para uma palavra religiosa que vem do culto de Pã, associado às Antas, às Mouras. 
Ora, como Hiempsal apresenta "Mouros" como designação alternativa dos "Medos", fica a relação feita.
Ou seja, "Grota do Medo" pode simplesmente significar "Gruta do Mouro"... onde este "mouro" era apenas um descendente dos "medos" que tinham acompanhado a expedição de Hércules.

Aditamento [10/06/2013]:
- este texto surge na sequência desta notícia no Expresso (gentilmente comunicada por cafc).
- nessa notícia há uma mistura com a descoberta dos hipogeus, no Monte Brasil (também na Terceira) e no Corvo, que apareceu várias vezes na comunicação social (ver aqui os textos [1][2], e as notícias na imprensa [3], [4], [5], [6], [7], [8], nestes dois últimos anos, agradecendo também a Calisto e José Manuel).
- recordo ainda as placas do Pico que referem o ano 682, usando um típico "V" latino para "U", e um 682 que aparece disfarçado com mais dois símbolos para "I682Z".
- a Grota do Medo era bem conhecida das populações, como aliás refere a antropóloga Antonieta Costa, referindo-se a Gaspar Frutuoso e à proibição da zona, que ele relatava. Complementa isso existir o chamado "Império do Espírito Santo da Grota do Medo".
Por isso, como é óbvio, nada disto é novo... apenas resta saber se ficará por um apontamento perdido na imprensa, ou se desta vez tomará um carácter mais oficial, já que parece difícil continuar a ocultar uma evidência tão descarada... a que custo isso é feito?

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publicado às 06:37


Colocamos aqui uma importante contribuição de Calisto sobre a cavalaria e os cavalos lusitanos, recebida por email, na sequência da discussão sobre o Cavaleiro do Corvo.



--------------------- email de Calisto Barbuda ------------------------

Concordo sobre quem seriam os cavaleiros Lusitanos. 
A maior referência que encontrei estavam associados aos Coni, por outro lado a melhor zona de criação de cavalos é a Andaluzia incluindo o território a Sul de Portugal, é claro que esta questão é um pouco melindrosa, visto que há quem diga que, quem defende esta ideia é Iberista. O cavalo na Andaluzia famoso no séc XV a XVII, poderá ser descendente do de Portugal, e até concordo com as razões apontadas:
- Platão coloca na Andaluzia, mais concretamente na Bética a criação de cabras e carneiros.
- Do lado do Tejo Português temos planícies fabulosas para a criação de cavalos.
- Por outro lado (e em tempos mais recentes) repare-se que os reinos Árabes foram sendo empurrados para Sul e já não se podia escolher as terras entre o Tejo e Guadalquivir para continuar a selecionar e melhorar cavalos, já não havia Santarém (cf. [1]).
Posto isto, a faixa geográfica com que ficamos presumo que seja a dos Cónios.
"(...) Além destas referências ao modo de combater peculiar aos povos ibéricos e seus cavalos, que demonstram uma ininterrupta sequência milenária, existem outras que o designam como único. São elas as descrições do emprego de cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos." (cf. [2])
Uma coisa curiosa é o seguinte detalhe, os cavaleiros Ibéricos eram conhecidos com 'frenati', conduzidos com um freio (cf. [2]), ou seja o freio em vez do bridão (utilizados por todos os outros povos, salvo o erro) permite uma condução com uma só mão (poderia lhe dar o exemplo das touradas, mas infelizmente hoje já não há ninguém que utilize uma só mão para conduzir o seu cavalo perante qualquer situação), e para completar deixo-lhe um texto que encontrei na internet: 
"Em nenhum outro local existem evidências da existência de cavalos montados há tanto tempo. Embora noutras paragens, como na Grécia ou no Egipto, também já se utilizasse o cavalo na guerra, essa utilização era sempre feita como animal de tiro, puxando os carros de combate. Isto permite-nos colocar a hipótese da origem ibérica da própria equitação. A confirmar-se, o cavalo Peninsular seria, então, o primeiro cavalo de sela conhecido.
Os cavaleiros ibéricos evoluíam nos campos de batalha de uma forma característica. Tirando enorme partido da obediência e agilidade das suas montadas, movimentavam-se com rápidas transições e bruscas mudanças de direcção, o que dificultava em muito as manobras dos seus inimigos. Esta equitação peculiar, foi dada a conhecer ao mundo pelos Cynetes, quando esta tribo do sudoeste da Península combateu na Grécia contra os Atenienses, auxiliando a vitória dos Espartanos na guerra do Peloponeso (séc. IV a.C.). Tal facto justifica a origem do termo “gineta”, ainda hoje utilizado para classificar esta forma de montar.
Seleccionado, durante séculos, como suporte de uma técnica específica de combater, o cavalo Peninsular vai surpreendendo, pelas suas invulgares capacidades, todos os que contra ele se batem. É o caso de Romanos e Mouros, que o vieram encontrar na Península e prontamente reconheceram as suas inegáveis qualidades." (cf. [3])
Rapidamente se percebe que os ataques de cavalaria, na minha opinião, seriam quase actos "individuais", e não através de uma estrutura de combate sólida e coesa.
E isto tem uma ligação curiosa com a Guerra de Tróia, uma vez que a estrutura militar muda depois da dita guerra.

Sobre o cavalo Ibérico eu sabia alguma coisa, tal como sobre equitação do séc XVIII/XIX (nomeadamente Francesa), mas sobre a cavalaria na Antiguidade é que não sabia quase nada.
Antes da idade do Bronze o papel da cavalaria era essencialmente desempenhado por carros ligeiros puxados por cavalos.

Quando os Persas foram derrotados por Alexandre o Grande, o carro de combate puxado por cavalos já era obsoleto, no entanto continuaram a ser usados, por exemplo, pelos povos do sul da Grã-Bretanha quando da Invasão Romana comandada por Júlio César (55,54 a.C.), por essa altura, os carros já eram usados praticamente em cerimónias ou em corridas.
Xenofonte (430-355 a.c.) escreveu o mais antigo tratado conhecido de equitação ( há um mais antigo escrito por Simão/Simião, mas não se conhece o seu conteúdo), é interessante encontrar lá coisas que ainda hoje em dia fazemos, no entanto a ideia com que fiquei foi que ele preconizava uma cavalaria montada e não atrelada, uma força de cavalaria pequena mas bem treinada.
Xenofonte

O que de seguida transcrevo já não me lembro qual foi a fonte:
"Para os gregos montar a cavalo é um hábito que vem depois do cavalo atrelado. Mesmo com Homero as passagens são mal interpretadas pois todo o tom da poesia épica prova que a condução era a prática comum. Os heróis combatem em carros de combate, a maior parte do exército a pé, mesmo em viagens sobre montanhas eram feitas com carros de cavalos" 
Esta questão da viagens é curiosa, é que para a deslocação com carros de cavalos a rede viária Grega deveria rivalizar com a Romana.
Continuando: 
"Não se sabe quando, mas ao longo dos séculos houve uma mudança. Facto: jogos Olímpicos (776 a.C) em que originalmente a única prova era corrida de carros, só na 33º Olimpíada (648 a.C) aparece corrida de cavalos.
Em batalha o carro de cavalos desaparece antes das guerras persas (499-448 a.C), mas o seu lugar não foi preenchido até depois delas. Na guerra de maratona (guerra greco-persa 490 a.C) os atenienses não tinham cavalaria. Havia criação de cavalos provavelmente para corridas. Sem duvida foi o contacto com a cavalaria persa que levou à organização de um corpo de cavalaria ateniense. Os gregos nunca conseguiram a revolução na arte militar que deu à cavalaria um papel decisivo. Isto estava reservado para os Macedónios."
Um aparte, talvez para perceber a influência Persa é que Xenofonte em 401 alistou-se no exército de Ciro irmão de Artaxerxes II na luta contra este, juntou-se depois aos espartanos e lutou contra Atenas e Tebas na batalha de Coronea 394 a.C.
Continuando: 
"A cavalaria Grega era usada para assediar um exército em marcha ou completar uma vitória já garantida. Só os ricos serviam na cavalaria. O solo e morfologia grega não se adptavam/adaptam à criação de cavalos ao contrário dos tessalianos. Já eram reconhecidos desde os primeiros tempos, mas para o carro e não para cavaleiro. Encontram-se raças descritas nas éguas do rei Diomedes (trabalhos hercules), que comiam carne humana, os cavalos de Rhesus (rei tarcio que combateu ao lado dos troianos), Aquiles e Orestes nas corridas descritas por Sophocles “Electra”- finalmente da mitologia para a história, Bucephalo de Alexandre. Outras raças eram Argive, Acarnanian, Arcadian, e Epidaurian."
Sobre a Peninsula Ibérica nunca encontrei nada sobre carros de cavalos, tudo o que encontrei referia-se a cavalos montados, e isto deixa-me baralhado...
Da outra vez eu referi que foram levados cavaleiros Ibéricos por Dionísio tirano de Siracusa nas guerras do Peloponeso (369 a.C.), a forma de combater e montar em nada era semelhante à forma Grega de então. Também referi que : 
"(...) cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos."  (cf. [2]) 
ou seja teríamos mais uma vez a vantagem tecnológica do nosso lado.

Disse também (desta vez um pouco mais completo) que:
"(...) outros narram muitos combates singulares de cavaleiros íberos com Cartagineses e Romanos por onde se infere não só a superioridade ibérica neste género de combates, como ainda que ele era um apanágio ibérico. O mesmo se pode verificar mais tarde das crónicas moiras do século XI, de Abu Bakr al Tartusi, autor de Sirg al Muluk, em que cita um combate de um cristão com moiros das hostes de Al Nansur Ibn Amin, em que o Cristão venceu sucessivamente três adversários antes de ser vencido. No final, frisa-se que o vencedor era um homem da fronteira, habituado às lutas com Cristãos e diz-se que como aquele guerreiro nas hostes árabes não havia ‘- nem mil, nem quinhentos, nem cem, nem cinquenta, nem vinte, nem dez’."  (cf.[2]) 
por aqui consegue-se visualizar como seria a forma de combater Ibérica (apesar de se referir ao séc XI presumo que podemos transportar o mesmo para os anteriores).

Continuando com os Gregos: 
"Alguns séculos depois da guerra de Tróia, os tempos mudaram na Hélade e muitos costumes locais foram substituídos. Os gregos já não podiam mais viver sob aquele tipo de sociedade, na qual monarcas mandavam com poderes irrestritos, e isso demandava alterações radicais. Contudo, vale lembrar que Ílion não foi o único reino destruído naquela época. Segundo o historiador Robert Drews, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), inúmeros palácios caíram naquele período, causando o fim da Idade do Bronze. Tebas, Micenas, Tirinto e Canaã tiveram o mesmo destino da cidade de Príamo. 
Um dos motivos foi a mudança na estrutura militar. No caso da Hélade, os gregos abriram mão das eficientes cavalarias e, com isso, desenvolveram um novo tipo de estratégia bélica para fortalecer as infantarias. O problema é que, até então, os carros de guerra eram as armas mais eficazes de combate: um condutor bem treinado guiava a biga enquanto "passageiros" atiravam lanças e flechas nos inimigos. Os novos exércitos foram obrigados a encontrar formas de combater essas máquinas militares de forma mais eficiente. 
Com isso, as batalhas envolvendo cavalarias e bigas foram substituídas por pelejas entre homens a pé, os cidadãos-soldados: pessoas que passavam a fazer parte da sociedade de forma mais incisiva e, além disso, vivenciavam a rotina do exército e da polis. 
Assim, os clãs foram extintos, para que todos os homens fossem agrupados em uma mesma cidade, onde poderiam treinar em conjunto por mais tempo para se preparar melhor para a guerra. Isso fez que não tivessem apenas relações familiares, mas sim com os pares, criando um sentimento de cidadania colectiva. Era uma forma de despertar conceitos cívicos nas pessoas. Além disso, os heróis também se transformaram em figuras ultrapassadas. Não havia mais espaço para guerreiros como Aquiles e Heitor, que deixavam os companheiros para trás a fim de ir de encontro ao adversário para obter glórias individuais. Tudo passa a girar em torno da sobrevivência da cidade: os soldados deveriam permanecer unidos no campo de batalha para minimizar os riscos de derrota e, desta forma, resguardar a polis.  
O herói homérico, o bom condutor de carros, podia ainda sobreviver na pessoa do hippeis; já não tem muita coisa em comum com o hoplita, esse soldado-cidadão. O que contava no primeiro era a façanha individual, a proeza feita em combate singular", explica o helenista Jean-Pierre Vernant em seu clássico As origens do pensamento grego. "Mas o hoplita não conhece o combate singular; deve recusar, se lhe oferecer, a tentação de uma proeza puramente individual. É o homem da batalha de braço a braço, da luta ombro a ombro. Foi treinado em manter a posição, marchar em ordem, lançar-se com passos iguais contra o inimigo, cuidar, no meio da peleja, de não deixar sem posto. 
Nesse novo conceito de exército, as infantarias dependiam muito da força do conjunto e da unidade, portanto, todos os homens deveriam se unir como um só bloco para vencer as batalhas. Surgem aí as temíveis falanges, em que os guerreiros passavam a vida toda treinando para desenvolver uma "dependência" de um para com o outro. Deste modo, os generais formavam unidades de combate sólidas e coesas - como ocorreu com a eficiente infantaria de Esparta, que de tão competente foi apelidada de "usina de cadáveres" durante a Segunda Guerra Médica.  
Com a mudança, os monarcas também perderam seu espaço, afinal, os homens já viviam em conjunto para o bem comum da polis, então, sentiam-se capazes de decidir os rumos políticos da cidade-estado. O cidadão passa a se confundir com o soldado, pois a partir do momento em que ganha direitos, também assume seus deveres com a defesa da pátria. Os reis espartanos foram reduzidos a meros generais, sem desempenhar funções administrativas, mas apenas militares. Em seu lugar, quem passou a tomar as decisões políticas foram os conselhos criados pelo legislador Licurgo, que na verdade são os primeiros focos de instituições democráticas no Mundo Antigo. 
O período da grande batalha de Tróia e das memoráveis aretéias entre heróis lendários chegava ao fim porque os homens, treinados para ficar unidos nas guerras, passaram a querer lutar juntos para decidir os rumos da comunidade, de forma coletiva. Caem os reis e, no lugar, ergue-se a imponente democracia."A formação do exército no período clássico carrega elementos das relações sociais, tanto no caso dos espartanos como dos atenienses", explica Álvaro Allegrette, da PUC. "Com as mudanças sociais, as pessoas passaram a viver em comunidade e, assim, as relações entre os cidadãos fica mais evidente." 
A polis, explica Werner Jaeger, representa um princípio novo para os helenos, com reflexos importantes para a vida nas cidades, e surge também a definição de Estado, criado em Esparta: essa instituição pública representa, pela primeira vez, o agente educador do povo. 
Hesíodo, outro poeta grego da Antiguidade, dizia que o heroísmo não surge apenas nos combates. Segundo ele, em O Trabalho e os Dias, o verdadeiro herói mítico e exemplar é forjado em qualquer situação nas quais a disciplina é necessária para enaltecer as qualidades humanas. Um desses momentos era o acto de erguer-se na ágora e, dotado de um senso cidadão apurado, incitar o povo a votar por mudanças importantes para a vida colectiva. Isso reforça a idéia de que era fundamental aprimorar a erudição do povo. A educação seria, portanto, uma forma de obter mais condições de tomar decisões coletivas corretas. Surgem, assim, os políticos (a própria palavra deriva de polis)." 
(ver referência [4])
A cavalaria (penso eu) é boa para partir formações de infantaria (coisa que os cavaleiros Ibéricos eram exímios), a nova estrutura militar Grega parece uma forma de combater a cavalaria, digo eu...
Continuando: 
"a Tessália era, amplamente, conhecida por produzir exímios cavaleiros e experiências posteriores em guerras, tanto com como contra o Império Persa ensinaram aos Gregos o elevado valor da cavalaria em ações de perseguição e em escaramuças.
Em contrapartida, a Macedónia, ao norte, desenvolveu uma forte cavalaria pesada que culminou nos hetaroi (cavalaria dos Companheiros) de Filipe II e de Alexandre o Grande. Além desta cavalaria pesada, o exército de armas combinadas macedónio também empregou soldados de cavalaria ligeira, chamados "prodromoi, em missões de exploração e de cobertura. Foram também empregues os ippiko, soldados de cavalaria média, armados com lança e espada, protegidos com uma couraça de pele, cota de malha e chapéu, usados como exploradores e caçadores a cavalo. Esta cavalaria era usada em conjunto com a infantaria ligeira e a famosa falange macedónica. A eficiência do sistema de armas combinadas foi demonstrado nas conquistas asiáticas de Alexandre o Grande."  (cf. [5])
Sobre esta cavalaria média, armados com lança e espada, fez-me lembrar a lança contrapesada dos Ibéros. Encontra um texto interessante aqui: 
A maioria (se não toda) da informação sobre o cavalo Ibérico encontra com Sommer d'Andrade.

Posto isto continuo sem perceber o que levou a cavalaria Ibérica evoluir da forma que evoluiu, talvez a equitação tenha começado aqui na Península.

Referências:
[1] Arsénio Raposo Cordeiro: Cavalo Lusitano. O filho do vento. Edições INAPA, 1989.
[2] Fernando D'Andrade: O cavalo Lusitano. Lisboa, 10 Março 1986.

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publicado às 07:11


Colocamos aqui uma importante contribuição de Calisto sobre a cavalaria e os cavalos lusitanos, recebida por email, na sequência da discussão sobre o Cavaleiro do Corvo.



--------------------- email de Calisto Barbuda ------------------------

Concordo sobre quem seriam os cavaleiros Lusitanos. 
A maior referência que encontrei estavam associados aos Coni, por outro lado a melhor zona de criação de cavalos é a Andaluzia incluindo o território a Sul de Portugal, é claro que esta questão é um pouco melindrosa, visto que há quem diga que, quem defende esta ideia é Iberista. O cavalo na Andaluzia famoso no séc XV a XVII, poderá ser descendente do de Portugal, e até concordo com as razões apontadas:
- Platão coloca na Andaluzia, mais concretamente na Bética a criação de cabras e carneiros.
- Do lado do Tejo Português temos planícies fabulosas para a criação de cavalos.
- Por outro lado (e em tempos mais recentes) repare-se que os reinos Árabes foram sendo empurrados para Sul e já não se podia escolher as terras entre o Tejo e Guadalquivir para continuar a selecionar e melhorar cavalos, já não havia Santarém (cf. [1]).
Posto isto, a faixa geográfica com que ficamos presumo que seja a dos Cónios.
"(...) Além destas referências ao modo de combater peculiar aos povos ibéricos e seus cavalos, que demonstram uma ininterrupta sequência milenária, existem outras que o designam como único. São elas as descrições do emprego de cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos." (cf. [2])
Uma coisa curiosa é o seguinte detalhe, os cavaleiros Ibéricos eram conhecidos com 'frenati', conduzidos com um freio (cf. [2]), ou seja o freio em vez do bridão (utilizados por todos os outros povos, salvo o erro) permite uma condução com uma só mão (poderia lhe dar o exemplo das touradas, mas infelizmente hoje já não há ninguém que utilize uma só mão para conduzir o seu cavalo perante qualquer situação), e para completar deixo-lhe um texto que encontrei na internet: 
"Em nenhum outro local existem evidências da existência de cavalos montados há tanto tempo. Embora noutras paragens, como na Grécia ou no Egipto, também já se utilizasse o cavalo na guerra, essa utilização era sempre feita como animal de tiro, puxando os carros de combate. Isto permite-nos colocar a hipótese da origem ibérica da própria equitação. A confirmar-se, o cavalo Peninsular seria, então, o primeiro cavalo de sela conhecido.
Os cavaleiros ibéricos evoluíam nos campos de batalha de uma forma característica. Tirando enorme partido da obediência e agilidade das suas montadas, movimentavam-se com rápidas transições e bruscas mudanças de direcção, o que dificultava em muito as manobras dos seus inimigos. Esta equitação peculiar, foi dada a conhecer ao mundo pelos Cynetes, quando esta tribo do sudoeste da Península combateu na Grécia contra os Atenienses, auxiliando a vitória dos Espartanos na guerra do Peloponeso (séc. IV a.C.). Tal facto justifica a origem do termo “gineta”, ainda hoje utilizado para classificar esta forma de montar.
Seleccionado, durante séculos, como suporte de uma técnica específica de combater, o cavalo Peninsular vai surpreendendo, pelas suas invulgares capacidades, todos os que contra ele se batem. É o caso de Romanos e Mouros, que o vieram encontrar na Península e prontamente reconheceram as suas inegáveis qualidades." (cf. [3])
Rapidamente se percebe que os ataques de cavalaria, na minha opinião, seriam quase actos "individuais", e não através de uma estrutura de combate sólida e coesa.
E isto tem uma ligação curiosa com a Guerra de Tróia, uma vez que a estrutura militar muda depois da dita guerra.

Sobre o cavalo Ibérico eu sabia alguma coisa, tal como sobre equitação do séc XVIII/XIX (nomeadamente Francesa), mas sobre a cavalaria na Antiguidade é que não sabia quase nada.
Antes da idade do Bronze o papel da cavalaria era essencialmente desempenhado por carros ligeiros puxados por cavalos.

Quando os Persas foram derrotados por Alexandre o Grande, o carro de combate puxado por cavalos já era obsoleto, no entanto continuaram a ser usados, por exemplo, pelos povos do sul da Grã-Bretanha quando da Invasão Romana comandada por Júlio César (55,54 a.C.), por essa altura, os carros já eram usados praticamente em cerimónias ou em corridas.
Xenofonte (430-355 a.c.) escreveu o mais antigo tratado conhecido de equitação ( há um mais antigo escrito por Simão/Simião, mas não se conhece o seu conteúdo), é interessante encontrar lá coisas que ainda hoje em dia fazemos, no entanto a ideia com que fiquei foi que ele preconizava uma cavalaria montada e não atrelada, uma força de cavalaria pequena mas bem treinada.
Xenofonte

O que de seguida transcrevo já não me lembro qual foi a fonte:
"Para os gregos montar a cavalo é um hábito que vem depois do cavalo atrelado. Mesmo com Homero as passagens são mal interpretadas pois todo o tom da poesia épica prova que a condução era a prática comum. Os heróis combatem em carros de combate, a maior parte do exército a pé, mesmo em viagens sobre montanhas eram feitas com carros de cavalos" 
Esta questão da viagens é curiosa, é que para a deslocação com carros de cavalos a rede viária Grega deveria rivalizar com a Romana.
Continuando: 
"Não se sabe quando, mas ao longo dos séculos houve uma mudança. Facto: jogos Olímpicos (776 a.C) em que originalmente a única prova era corrida de carros, só na 33º Olimpíada (648 a.C) aparece corrida de cavalos.
Em batalha o carro de cavalos desaparece antes das guerras persas (499-448 a.C), mas o seu lugar não foi preenchido até depois delas. Na guerra de maratona (guerra greco-persa 490 a.C) os atenienses não tinham cavalaria. Havia criação de cavalos provavelmente para corridas. Sem duvida foi o contacto com a cavalaria persa que levou à organização de um corpo de cavalaria ateniense. Os gregos nunca conseguiram a revolução na arte militar que deu à cavalaria um papel decisivo. Isto estava reservado para os Macedónios."
Um aparte, talvez para perceber a influência Persa é que Xenofonte em 401 alistou-se no exército de Ciro irmão de Artaxerxes II na luta contra este, juntou-se depois aos espartanos e lutou contra Atenas e Tebas na batalha de Coronea 394 a.C.
Continuando: 
"A cavalaria Grega era usada para assediar um exército em marcha ou completar uma vitória já garantida. Só os ricos serviam na cavalaria. O solo e morfologia grega não se adptavam/adaptam à criação de cavalos ao contrário dos tessalianos. Já eram reconhecidos desde os primeiros tempos, mas para o carro e não para cavaleiro. Encontram-se raças descritas nas éguas do rei Diomedes (trabalhos hercules), que comiam carne humana, os cavalos de Rhesus (rei tarcio que combateu ao lado dos troianos), Aquiles e Orestes nas corridas descritas por Sophocles “Electra”- finalmente da mitologia para a história, Bucephalo de Alexandre. Outras raças eram Argive, Acarnanian, Arcadian, e Epidaurian."
Sobre a Peninsula Ibérica nunca encontrei nada sobre carros de cavalos, tudo o que encontrei referia-se a cavalos montados, e isto deixa-me baralhado...
Da outra vez eu referi que foram levados cavaleiros Ibéricos por Dionísio tirano de Siracusa nas guerras do Peloponeso (369 a.C.), a forma de combater e montar em nada era semelhante à forma Grega de então. Também referi que : 
"(...) cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos."  (cf. [2]) 
ou seja teríamos mais uma vez a vantagem tecnológica do nosso lado.

Disse também (desta vez um pouco mais completo) que:
"(...) outros narram muitos combates singulares de cavaleiros íberos com Cartagineses e Romanos por onde se infere não só a superioridade ibérica neste género de combates, como ainda que ele era um apanágio ibérico. O mesmo se pode verificar mais tarde das crónicas moiras do século XI, de Abu Bakr al Tartusi, autor de Sirg al Muluk, em que cita um combate de um cristão com moiros das hostes de Al Nansur Ibn Amin, em que o Cristão venceu sucessivamente três adversários antes de ser vencido. No final, frisa-se que o vencedor era um homem da fronteira, habituado às lutas com Cristãos e diz-se que como aquele guerreiro nas hostes árabes não havia ‘- nem mil, nem quinhentos, nem cem, nem cinquenta, nem vinte, nem dez’."  (cf.[2]) 
por aqui consegue-se visualizar como seria a forma de combater Ibérica (apesar de se referir ao séc XI presumo que podemos transportar o mesmo para os anteriores).

Continuando com os Gregos: 
"Alguns séculos depois da guerra de Tróia, os tempos mudaram na Hélade e muitos costumes locais foram substituídos. Os gregos já não podiam mais viver sob aquele tipo de sociedade, na qual monarcas mandavam com poderes irrestritos, e isso demandava alterações radicais. Contudo, vale lembrar que Ílion não foi o único reino destruído naquela época. Segundo o historiador Robert Drews, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), inúmeros palácios caíram naquele período, causando o fim da Idade do Bronze. Tebas, Micenas, Tirinto e Canaã tiveram o mesmo destino da cidade de Príamo. 
Um dos motivos foi a mudança na estrutura militar. No caso da Hélade, os gregos abriram mão das eficientes cavalarias e, com isso, desenvolveram um novo tipo de estratégia bélica para fortalecer as infantarias. O problema é que, até então, os carros de guerra eram as armas mais eficazes de combate: um condutor bem treinado guiava a biga enquanto "passageiros" atiravam lanças e flechas nos inimigos. Os novos exércitos foram obrigados a encontrar formas de combater essas máquinas militares de forma mais eficiente. 
Com isso, as batalhas envolvendo cavalarias e bigas foram substituídas por pelejas entre homens a pé, os cidadãos-soldados: pessoas que passavam a fazer parte da sociedade de forma mais incisiva e, além disso, vivenciavam a rotina do exército e da polis. 
Assim, os clãs foram extintos, para que todos os homens fossem agrupados em uma mesma cidade, onde poderiam treinar em conjunto por mais tempo para se preparar melhor para a guerra. Isso fez que não tivessem apenas relações familiares, mas sim com os pares, criando um sentimento de cidadania colectiva. Era uma forma de despertar conceitos cívicos nas pessoas. Além disso, os heróis também se transformaram em figuras ultrapassadas. Não havia mais espaço para guerreiros como Aquiles e Heitor, que deixavam os companheiros para trás a fim de ir de encontro ao adversário para obter glórias individuais. Tudo passa a girar em torno da sobrevivência da cidade: os soldados deveriam permanecer unidos no campo de batalha para minimizar os riscos de derrota e, desta forma, resguardar a polis.  
O herói homérico, o bom condutor de carros, podia ainda sobreviver na pessoa do hippeis; já não tem muita coisa em comum com o hoplita, esse soldado-cidadão. O que contava no primeiro era a façanha individual, a proeza feita em combate singular", explica o helenista Jean-Pierre Vernant em seu clássico As origens do pensamento grego. "Mas o hoplita não conhece o combate singular; deve recusar, se lhe oferecer, a tentação de uma proeza puramente individual. É o homem da batalha de braço a braço, da luta ombro a ombro. Foi treinado em manter a posição, marchar em ordem, lançar-se com passos iguais contra o inimigo, cuidar, no meio da peleja, de não deixar sem posto. 
Nesse novo conceito de exército, as infantarias dependiam muito da força do conjunto e da unidade, portanto, todos os homens deveriam se unir como um só bloco para vencer as batalhas. Surgem aí as temíveis falanges, em que os guerreiros passavam a vida toda treinando para desenvolver uma "dependência" de um para com o outro. Deste modo, os generais formavam unidades de combate sólidas e coesas - como ocorreu com a eficiente infantaria de Esparta, que de tão competente foi apelidada de "usina de cadáveres" durante a Segunda Guerra Médica.  
Com a mudança, os monarcas também perderam seu espaço, afinal, os homens já viviam em conjunto para o bem comum da polis, então, sentiam-se capazes de decidir os rumos políticos da cidade-estado. O cidadão passa a se confundir com o soldado, pois a partir do momento em que ganha direitos, também assume seus deveres com a defesa da pátria. Os reis espartanos foram reduzidos a meros generais, sem desempenhar funções administrativas, mas apenas militares. Em seu lugar, quem passou a tomar as decisões políticas foram os conselhos criados pelo legislador Licurgo, que na verdade são os primeiros focos de instituições democráticas no Mundo Antigo. 
O período da grande batalha de Tróia e das memoráveis aretéias entre heróis lendários chegava ao fim porque os homens, treinados para ficar unidos nas guerras, passaram a querer lutar juntos para decidir os rumos da comunidade, de forma coletiva. Caem os reis e, no lugar, ergue-se a imponente democracia."A formação do exército no período clássico carrega elementos das relações sociais, tanto no caso dos espartanos como dos atenienses", explica Álvaro Allegrette, da PUC. "Com as mudanças sociais, as pessoas passaram a viver em comunidade e, assim, as relações entre os cidadãos fica mais evidente." 
A polis, explica Werner Jaeger, representa um princípio novo para os helenos, com reflexos importantes para a vida nas cidades, e surge também a definição de Estado, criado em Esparta: essa instituição pública representa, pela primeira vez, o agente educador do povo. 
Hesíodo, outro poeta grego da Antiguidade, dizia que o heroísmo não surge apenas nos combates. Segundo ele, em O Trabalho e os Dias, o verdadeiro herói mítico e exemplar é forjado em qualquer situação nas quais a disciplina é necessária para enaltecer as qualidades humanas. Um desses momentos era o acto de erguer-se na ágora e, dotado de um senso cidadão apurado, incitar o povo a votar por mudanças importantes para a vida colectiva. Isso reforça a idéia de que era fundamental aprimorar a erudição do povo. A educação seria, portanto, uma forma de obter mais condições de tomar decisões coletivas corretas. Surgem, assim, os políticos (a própria palavra deriva de polis)." 
(ver referência [4])
A cavalaria (penso eu) é boa para partir formações de infantaria (coisa que os cavaleiros Ibéricos eram exímios), a nova estrutura militar Grega parece uma forma de combater a cavalaria, digo eu...
Continuando: 
"a Tessália era, amplamente, conhecida por produzir exímios cavaleiros e experiências posteriores em guerras, tanto com como contra o Império Persa ensinaram aos Gregos o elevado valor da cavalaria em ações de perseguição e em escaramuças.
Em contrapartida, a Macedónia, ao norte, desenvolveu uma forte cavalaria pesada que culminou nos hetaroi (cavalaria dos Companheiros) de Filipe II e de Alexandre o Grande. Além desta cavalaria pesada, o exército de armas combinadas macedónio também empregou soldados de cavalaria ligeira, chamados "prodromoi, em missões de exploração e de cobertura. Foram também empregues os ippiko, soldados de cavalaria média, armados com lança e espada, protegidos com uma couraça de pele, cota de malha e chapéu, usados como exploradores e caçadores a cavalo. Esta cavalaria era usada em conjunto com a infantaria ligeira e a famosa falange macedónica. A eficiência do sistema de armas combinadas foi demonstrado nas conquistas asiáticas de Alexandre o Grande."  (cf. [5])
Sobre esta cavalaria média, armados com lança e espada, fez-me lembrar a lança contrapesada dos Ibéros. Encontra um texto interessante aqui: 
O Eng.Fernando Sommer de Andrade e o Cavalo Lusitano (pitamarissa.wordpress.com)
A maioria (se não toda) da informação sobre o cavalo Ibérico encontra com Sommer d'Andrade.

Posto isto continuo sem perceber o que levou a cavalaria Ibérica evoluir da forma que evoluiu, talvez a equitação tenha começado aqui na Península.

Referências:
[1] Arsénio Raposo Cordeiro: Cavalo Lusitano. O filho do vento. Edições INAPA, 1989.
[2] Fernando D'Andrade: O cavalo Lusitano. Lisboa, 10 Março 1986.
[3] http://www.lusitanos.org/pdf.pdf
[4] http://www.revistafilosofia.com.br/ESLH/Edicoes/17/imprime125438.asp
[5] http://dicionario.sensagent.com/cavalaria/pt-pt/#Gr.C3.A9cia_antiga_e_Maced.C3.B3nia

Puro Sangue Lusitano

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publicado às 07:11


Colocamos aqui uma importante contribuição de Calisto sobre a cavalaria e os cavalos lusitanos, recebida por email, na sequência da discussão sobre o Cavaleiro do Corvo.



--------------------- email de Calisto Barbuda ------------------------

Concordo sobre quem seriam os cavaleiros Lusitanos. 
A maior referência que encontrei estavam associados aos Coni, por outro lado a melhor zona de criação de cavalos é a Andaluzia incluindo o território a Sul de Portugal, é claro que esta questão é um pouco melindrosa, visto que há quem diga que, quem defende esta ideia é Iberista. O cavalo na Andaluzia famoso no séc XV a XVII, poderá ser descendente do de Portugal, e até concordo com as razões apontadas:
- Platão coloca na Andaluzia, mais concretamente na Bética a criação de cabras e carneiros.
- Do lado do Tejo Português temos planícies fabulosas para a criação de cavalos.
- Por outro lado (e em tempos mais recentes) repare-se que os reinos Árabes foram sendo empurrados para Sul e já não se podia escolher as terras entre o Tejo e Guadalquivir para continuar a selecionar e melhorar cavalos, já não havia Santarém (cf. [1]).
Posto isto, a faixa geográfica com que ficamos presumo que seja a dos Cónios.
"(...) Além destas referências ao modo de combater peculiar aos povos ibéricos e seus cavalos, que demonstram uma ininterrupta sequência milenária, existem outras que o designam como único. São elas as descrições do emprego de cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos." (cf. [2])
Uma coisa curiosa é o seguinte detalhe, os cavaleiros Ibéricos eram conhecidos com 'frenati', conduzidos com um freio (cf. [2]), ou seja o freio em vez do bridão (utilizados por todos os outros povos, salvo o erro) permite uma condução com uma só mão (poderia lhe dar o exemplo das touradas, mas infelizmente hoje já não há ninguém que utilize uma só mão para conduzir o seu cavalo perante qualquer situação), e para completar deixo-lhe um texto que encontrei na internet: 
"Em nenhum outro local existem evidências da existência de cavalos montados há tanto tempo. Embora noutras paragens, como na Grécia ou no Egipto, também já se utilizasse o cavalo na guerra, essa utilização era sempre feita como animal de tiro, puxando os carros de combate. Isto permite-nos colocar a hipótese da origem ibérica da própria equitação. A confirmar-se, o cavalo Peninsular seria, então, o primeiro cavalo de sela conhecido.
Os cavaleiros ibéricos evoluíam nos campos de batalha de uma forma característica. Tirando enorme partido da obediência e agilidade das suas montadas, movimentavam-se com rápidas transições e bruscas mudanças de direcção, o que dificultava em muito as manobras dos seus inimigos. Esta equitação peculiar, foi dada a conhecer ao mundo pelos Cynetes, quando esta tribo do sudoeste da Península combateu na Grécia contra os Atenienses, auxiliando a vitória dos Espartanos na guerra do Peloponeso (séc. IV a.C.). Tal facto justifica a origem do termo “gineta”, ainda hoje utilizado para classificar esta forma de montar.
Seleccionado, durante séculos, como suporte de uma técnica específica de combater, o cavalo Peninsular vai surpreendendo, pelas suas invulgares capacidades, todos os que contra ele se batem. É o caso de Romanos e Mouros, que o vieram encontrar na Península e prontamente reconheceram as suas inegáveis qualidades." (cf. [3])
Rapidamente se percebe que os ataques de cavalaria, na minha opinião, seriam quase actos "individuais", e não através de uma estrutura de combate sólida e coesa.
E isto tem uma ligação curiosa com a Guerra de Tróia, uma vez que a estrutura militar muda depois da dita guerra.

Sobre o cavalo Ibérico eu sabia alguma coisa, tal como sobre equitação do séc XVIII/XIX (nomeadamente Francesa), mas sobre a cavalaria na Antiguidade é que não sabia quase nada.
Antes da idade do Bronze o papel da cavalaria era essencialmente desempenhado por carros ligeiros puxados por cavalos.

Quando os Persas foram derrotados por Alexandre o Grande, o carro de combate puxado por cavalos já era obsoleto, no entanto continuaram a ser usados, por exemplo, pelos povos do sul da Grã-Bretanha quando da Invasão Romana comandada por Júlio César (55,54 a.C.), por essa altura, os carros já eram usados praticamente em cerimónias ou em corridas.
Xenofonte (430-355 a.c.) escreveu o mais antigo tratado conhecido de equitação ( há um mais antigo escrito por Simão/Simião, mas não se conhece o seu conteúdo), é interessante encontrar lá coisas que ainda hoje em dia fazemos, no entanto a ideia com que fiquei foi que ele preconizava uma cavalaria montada e não atrelada, uma força de cavalaria pequena mas bem treinada.
Xenofonte

O que de seguida transcrevo já não me lembro qual foi a fonte:
"Para os gregos montar a cavalo é um hábito que vem depois do cavalo atrelado. Mesmo com Homero as passagens são mal interpretadas pois todo o tom da poesia épica prova que a condução era a prática comum. Os heróis combatem em carros de combate, a maior parte do exército a pé, mesmo em viagens sobre montanhas eram feitas com carros de cavalos" 
Esta questão da viagens é curiosa, é que para a deslocação com carros de cavalos a rede viária Grega deveria rivalizar com a Romana.
Continuando: 
"Não se sabe quando, mas ao longo dos séculos houve uma mudança. Facto: jogos Olímpicos (776 a.C) em que originalmente a única prova era corrida de carros, só na 33º Olimpíada (648 a.C) aparece corrida de cavalos.
Em batalha o carro de cavalos desaparece antes das guerras persas (499-448 a.C), mas o seu lugar não foi preenchido até depois delas. Na guerra de maratona (guerra greco-persa 490 a.C) os atenienses não tinham cavalaria. Havia criação de cavalos provavelmente para corridas. Sem duvida foi o contacto com a cavalaria persa que levou à organização de um corpo de cavalaria ateniense. Os gregos nunca conseguiram a revolução na arte militar que deu à cavalaria um papel decisivo. Isto estava reservado para os Macedónios."
Um aparte, talvez para perceber a influência Persa é que Xenofonte em 401 alistou-se no exército de Ciro irmão de Artaxerxes II na luta contra este, juntou-se depois aos espartanos e lutou contra Atenas e Tebas na batalha de Coronea 394 a.C.
Continuando: 
"A cavalaria Grega era usada para assediar um exército em marcha ou completar uma vitória já garantida. Só os ricos serviam na cavalaria. O solo e morfologia grega não se adptavam/adaptam à criação de cavalos ao contrário dos tessalianos. Já eram reconhecidos desde os primeiros tempos, mas para o carro e não para cavaleiro. Encontram-se raças descritas nas éguas do rei Diomedes (trabalhos hercules), que comiam carne humana, os cavalos de Rhesus (rei tarcio que combateu ao lado dos troianos), Aquiles e Orestes nas corridas descritas por Sophocles “Electra”- finalmente da mitologia para a história, Bucephalo de Alexandre. Outras raças eram Argive, Acarnanian, Arcadian, e Epidaurian."
Sobre a Peninsula Ibérica nunca encontrei nada sobre carros de cavalos, tudo o que encontrei referia-se a cavalos montados, e isto deixa-me baralhado...
Da outra vez eu referi que foram levados cavaleiros Ibéricos por Dionísio tirano de Siracusa nas guerras do Peloponeso (369 a.C.), a forma de combater e montar em nada era semelhante à forma Grega de então. Também referi que : 
"(...) cavaleiros ibéricos na Itália ou Norte da África em que se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossível o seu transporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e únicos."  (cf. [2]) 
ou seja teríamos mais uma vez a vantagem tecnológica do nosso lado.

Disse também (desta vez um pouco mais completo) que:
"(...) outros narram muitos combates singulares de cavaleiros íberos com Cartagineses e Romanos por onde se infere não só a superioridade ibérica neste género de combates, como ainda que ele era um apanágio ibérico. O mesmo se pode verificar mais tarde das crónicas moiras do século XI, de Abu Bakr al Tartusi, autor de Sirg al Muluk, em que cita um combate de um cristão com moiros das hostes de Al Nansur Ibn Amin, em que o Cristão venceu sucessivamente três adversários antes de ser vencido. No final, frisa-se que o vencedor era um homem da fronteira, habituado às lutas com Cristãos e diz-se que como aquele guerreiro nas hostes árabes não havia ‘- nem mil, nem quinhentos, nem cem, nem cinquenta, nem vinte, nem dez’."  (cf.[2]) 
por aqui consegue-se visualizar como seria a forma de combater Ibérica (apesar de se referir ao séc XI presumo que podemos transportar o mesmo para os anteriores).

Continuando com os Gregos: 
"Alguns séculos depois da guerra de Tróia, os tempos mudaram na Hélade e muitos costumes locais foram substituídos. Os gregos já não podiam mais viver sob aquele tipo de sociedade, na qual monarcas mandavam com poderes irrestritos, e isso demandava alterações radicais. Contudo, vale lembrar que Ílion não foi o único reino destruído naquela época. Segundo o historiador Robert Drews, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), inúmeros palácios caíram naquele período, causando o fim da Idade do Bronze. Tebas, Micenas, Tirinto e Canaã tiveram o mesmo destino da cidade de Príamo. 
Um dos motivos foi a mudança na estrutura militar. No caso da Hélade, os gregos abriram mão das eficientes cavalarias e, com isso, desenvolveram um novo tipo de estratégia bélica para fortalecer as infantarias. O problema é que, até então, os carros de guerra eram as armas mais eficazes de combate: um condutor bem treinado guiava a biga enquanto "passageiros" atiravam lanças e flechas nos inimigos. Os novos exércitos foram obrigados a encontrar formas de combater essas máquinas militares de forma mais eficiente. 
Com isso, as batalhas envolvendo cavalarias e bigas foram substituídas por pelejas entre homens a pé, os cidadãos-soldados: pessoas que passavam a fazer parte da sociedade de forma mais incisiva e, além disso, vivenciavam a rotina do exército e da polis. 
Assim, os clãs foram extintos, para que todos os homens fossem agrupados em uma mesma cidade, onde poderiam treinar em conjunto por mais tempo para se preparar melhor para a guerra. Isso fez que não tivessem apenas relações familiares, mas sim com os pares, criando um sentimento de cidadania colectiva. Era uma forma de despertar conceitos cívicos nas pessoas. Além disso, os heróis também se transformaram em figuras ultrapassadas. Não havia mais espaço para guerreiros como Aquiles e Heitor, que deixavam os companheiros para trás a fim de ir de encontro ao adversário para obter glórias individuais. Tudo passa a girar em torno da sobrevivência da cidade: os soldados deveriam permanecer unidos no campo de batalha para minimizar os riscos de derrota e, desta forma, resguardar a polis.  
O herói homérico, o bom condutor de carros, podia ainda sobreviver na pessoa do hippeis; já não tem muita coisa em comum com o hoplita, esse soldado-cidadão. O que contava no primeiro era a façanha individual, a proeza feita em combate singular", explica o helenista Jean-Pierre Vernant em seu clássico As origens do pensamento grego. "Mas o hoplita não conhece o combate singular; deve recusar, se lhe oferecer, a tentação de uma proeza puramente individual. É o homem da batalha de braço a braço, da luta ombro a ombro. Foi treinado em manter a posição, marchar em ordem, lançar-se com passos iguais contra o inimigo, cuidar, no meio da peleja, de não deixar sem posto. 
Nesse novo conceito de exército, as infantarias dependiam muito da força do conjunto e da unidade, portanto, todos os homens deveriam se unir como um só bloco para vencer as batalhas. Surgem aí as temíveis falanges, em que os guerreiros passavam a vida toda treinando para desenvolver uma "dependência" de um para com o outro. Deste modo, os generais formavam unidades de combate sólidas e coesas - como ocorreu com a eficiente infantaria de Esparta, que de tão competente foi apelidada de "usina de cadáveres" durante a Segunda Guerra Médica.  
Com a mudança, os monarcas também perderam seu espaço, afinal, os homens já viviam em conjunto para o bem comum da polis, então, sentiam-se capazes de decidir os rumos políticos da cidade-estado. O cidadão passa a se confundir com o soldado, pois a partir do momento em que ganha direitos, também assume seus deveres com a defesa da pátria. Os reis espartanos foram reduzidos a meros generais, sem desempenhar funções administrativas, mas apenas militares. Em seu lugar, quem passou a tomar as decisões políticas foram os conselhos criados pelo legislador Licurgo, que na verdade são os primeiros focos de instituições democráticas no Mundo Antigo. 
O período da grande batalha de Tróia e das memoráveis aretéias entre heróis lendários chegava ao fim porque os homens, treinados para ficar unidos nas guerras, passaram a querer lutar juntos para decidir os rumos da comunidade, de forma coletiva. Caem os reis e, no lugar, ergue-se a imponente democracia."A formação do exército no período clássico carrega elementos das relações sociais, tanto no caso dos espartanos como dos atenienses", explica Álvaro Allegrette, da PUC. "Com as mudanças sociais, as pessoas passaram a viver em comunidade e, assim, as relações entre os cidadãos fica mais evidente." 
A polis, explica Werner Jaeger, representa um princípio novo para os helenos, com reflexos importantes para a vida nas cidades, e surge também a definição de Estado, criado em Esparta: essa instituição pública representa, pela primeira vez, o agente educador do povo. 
Hesíodo, outro poeta grego da Antiguidade, dizia que o heroísmo não surge apenas nos combates. Segundo ele, em O Trabalho e os Dias, o verdadeiro herói mítico e exemplar é forjado em qualquer situação nas quais a disciplina é necessária para enaltecer as qualidades humanas. Um desses momentos era o acto de erguer-se na ágora e, dotado de um senso cidadão apurado, incitar o povo a votar por mudanças importantes para a vida colectiva. Isso reforça a idéia de que era fundamental aprimorar a erudição do povo. A educação seria, portanto, uma forma de obter mais condições de tomar decisões coletivas corretas. Surgem, assim, os políticos (a própria palavra deriva de polis)." 
(ver referência [4])
A cavalaria (penso eu) é boa para partir formações de infantaria (coisa que os cavaleiros Ibéricos eram exímios), a nova estrutura militar Grega parece uma forma de combater a cavalaria, digo eu...
Continuando: 
"a Tessália era, amplamente, conhecida por produzir exímios cavaleiros e experiências posteriores em guerras, tanto com como contra o Império Persa ensinaram aos Gregos o elevado valor da cavalaria em ações de perseguição e em escaramuças.
Em contrapartida, a Macedónia, ao norte, desenvolveu uma forte cavalaria pesada que culminou nos hetaroi (cavalaria dos Companheiros) de Filipe II e de Alexandre o Grande. Além desta cavalaria pesada, o exército de armas combinadas macedónio também empregou soldados de cavalaria ligeira, chamados "prodromoi, em missões de exploração e de cobertura. Foram também empregues os ippiko, soldados de cavalaria média, armados com lança e espada, protegidos com uma couraça de pele, cota de malha e chapéu, usados como exploradores e caçadores a cavalo. Esta cavalaria era usada em conjunto com a infantaria ligeira e a famosa falange macedónica. A eficiência do sistema de armas combinadas foi demonstrado nas conquistas asiáticas de Alexandre o Grande."  (cf. [5])
Sobre esta cavalaria média, armados com lança e espada, fez-me lembrar a lança contrapesada dos Ibéros. Encontra um texto interessante aqui: 
O Eng.Fernando Sommer de Andrade e o Cavalo Lusitano (pitamarissa.wordpress.com)
A maioria (se não toda) da informação sobre o cavalo Ibérico encontra com Sommer d'Andrade.

Posto isto continuo sem perceber o que levou a cavalaria Ibérica evoluir da forma que evoluiu, talvez a equitação tenha começado aqui na Península.

Referências:
[1] Arsénio Raposo Cordeiro: Cavalo Lusitano. O filho do vento. Edições INAPA, 1989.
[2] Fernando D'Andrade: O cavalo Lusitano. Lisboa, 10 Março 1986.
[3] http://www.lusitanos.org/pdf.pdf
[4] http://www.revistafilosofia.com.br/ESLH/Edicoes/17/imprime125438.asp
[5] http://dicionario.sensagent.com/cavalaria/pt-pt/#Gr.C3.A9cia_antiga_e_Maced.C3.B3nia

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publicado às 23:11

Apareceram hoje novas notícias sobre achados arqueológicos nos Açores. Seguimos os links que nos foram indicados por Calisto, e ainda o site da APIA:

  

Estas notícias de hoje seguem uma notícia anterior de Março, com novos dados e fotografias, colocando em cima da mesa a presença humana nas ilhas açorianas antes da colonização portuguesa.

Dadas as imagens supra, dificilmente podemos falar em "descobertas", trata-se muito mais de uma tentativa de "des-cobrir", no sentido das nossas explorações quinhentistas, ou seja, trata-se de "retirar do encobrimento" estes achados no Monte Brasil, perto de Angra do Heroísmo... que devem ser conhecidos dos locais e de alguns visitantes. O importante é reunir provas que não deixem dúvidas sobre a antiguidade dos monumentos... e esperar pela resposta do sistema - mas, desde a primária desvalorização, até bizarras explicações alternativas, tudo vai sendo possível para manter o encobrimento!

Ao mesmo tempo fomos encontrar no Arquivo da RTP-Açores um apontamento sobre o livro "Cavaleiro da Ilha do Corvo":
Refere o livro do Prof. Joaquim Fernandes, da Universidade Fernando Pessoa, sobre a estátua que já foi aqui referida várias vezes, mencionada por Damião de Góis, e que teve esboço de Duarte d'Armas.
Esboço da Estátua do Cavaleiro do Corvo (dita Ilha do Marco)

Há três anos, esse autor enviou ao blog.thomar.org um anúncio de publicação do livro "O Cavaleiro da Ilha do Corvo" na colecção Temas e Debates, do Círculo de Leitores, e vimos também agora uma referência à publicação em Abril de 2011, na editora Bússola, do Rio de Janeiro.

Para nosso registo, citamos aqui parte do texto que complementa a informação que já tinhamos:
A este estranho monumento juntou-se a descoberta, no século XVIII, de um não menos perturbador vaso de cerâmica, achado nas ruínas de uma casa, no litoral da mesma ilha, repleto de moedas de ouro e de prata fenícias, que, segundo numismatas da época e não só, datariam de, aproximadamente, entre os anos 340 e 320 antes de Cristo.

As descobertas fabulosas não se ficaram por aqui: viajantes estrangeiros, no decurso do século XVI, alegaram ter encontrado inscrições supostamente fenícias de Canaã (Palestina), numa gruta da ilha de S. Miguel. Por fim, em 1976, nesta mesma ilha, haveria de ser desenterrado um amuleto com inscrições de uma escrita fenícia tardia, entre os séculos VII e IX da era cristã.

Todas estas perplexidades levaram Joaquim Fernandes a encetar uma longa e exaustiva investigação bibliográfica e documental e a escrever O Cavaleiro da Ilha do Corvo.

No romance, o autor refere um testemunho que reforça de modo evidente o relato de Damião de Góis: um mapa dos irmãos Pizzigani, de 1367, descoberto em Parma, apresenta um desenho com uma figura explícita ostentando uma legenda em latim onde se diz: Estas eram as estátuas diante das colunas de Hércules... Ora esse desenho está colocado à latitude dos Açores, no meio do Atlântico, sugerindo a tradição das Estátuas como marcos-limites do oceano navegável ou conhecido e serviriam para avisar os perigos que corriam os navegadores mais ousados. Mais ainda: a historiografia árabe, do século X, por exemplo, faz referência a essas mesmas estátuas e à sua eventual função de marco dos limites navegáveis, o que credibiliza, por outra via, o testemunho de Damião de Góis. Demasiadas coincidências, pois, para um simples rumor ou lenda...


O Cavaleiro e os Corvos
aqui apontámos o facto sui generis de D. Afonso Henriques, indo para além de Ourique, teria feito uma incursão ao Algarve, então território muçulmano, para resgatar o corpo de S. Vicente que estaria no Promontório Sacrum
Concerteza que as "certezas" ficam para a historiografia oficial... aqui, sendo local de hipóteses e "estórias" pessoais, ficamos com uma dúvida pela tradição associada com a presença dos corvos na embarcação, onde seguiu o corpo de S. Vicente. Poderiam os corvos representar o corpo junto à estátua da ilha, no ponto mais ocidental... que ainda antes de ser descoberta já aparecia nos mapas com a referência Corvi Marini
Seria esse o limite de navegação para D. Fuas que ficou simbolizado na Nazaré?... sendo que a latitude em que se situa o Corvo é 39º40' e tem como correspondente continental os pinhais acima da Nazaré, com o Sítio/Pederneira colocado a 39º36' ? Uma diferença de apenas 4 minutos do grau...
Teria resistido D. Fuas a seguir a direcção americana apontada pelo Cavaleiro do Corvo?


Ponta Delgada
Convém notar que nem sempre é preciso afastar-mo-nos muito para encontrarmos peças de interesse.
Numa zona que já faz parte de Ponta Delgada, tirei esta fotografia num baldio que está já delimitado e pronto para intervenção de construção:
Ficamos com a sensação clara de haver aí uma ponte antiga, soterrada por terras agora removidas pelo construtor. Talvez um incómodo para o empreiteiro, mas que arrisca a ser temporário... 
Em Ponta Delgada não podemos fazer aquele exercício habitual de classificar todas as pontes como romanas ou medievais...
Os detalhes intrigantes aparecem-nos à vista desarmada, resta saber se os queremos ver e questionar, ou se nos deixamos guiar como caolhos!


Nota adicional (12/07/2011):
Para além do esboço acima, a conhecida imagem da estátua equestre de Marco Aurélio corresponde razoavelmente à descrição feita por Damião de Góis (a mão direita também aponta uma direcção, porém a esquerda não se coloca sobre o dorso do cavalo). Já tinha colocado antes um comentário sobre uma possível ligação da estátua a Marco Aurélio (ou Alexandre), mas dado o esboço a invocação da estátua equestre de Marco Aurélio quase dispensaria comentários adicionais.
Acrescentamos que após Marco Aurélio, com o filho Cómodo o Império Romano entrou num período conturbado (retratado no filme Gladiador).
Se a pequena Ilha do Corvo foi também chamada Ilha do Marco, talvez dispensasse o Aurélio... já que a direcção apontava para as áureas riquezas americanas. É possível que Marco Aurélio tivesse sido tentado a passar o limite colocado no Marco da ilha, seguindo na direcção do Cavaleiro do Corvo, pelo que se teria associado com uma estátua equestre semelhante.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 02:15

Apareceram hoje novas notícias sobre achados arqueológicos nos Açores. Seguimos os links que nos foram indicados por Calisto, e ainda o site da APIA:

  

Estas notícias de hoje seguem uma notícia anterior de Março, com novos dados e fotografias, colocando em cima da mesa a presença humana nas ilhas açorianas antes da colonização portuguesa.

Dadas as imagens supra, dificilmente podemos falar em "descobertas", trata-se muito mais de uma tentativa de "des-cobrir", no sentido das nossas explorações quinhentistas, ou seja, trata-se de "retirar do encobrimento" estes achados no Monte Brasil, perto de Angra do Heroísmo... que devem ser conhecidos dos locais e de alguns visitantes. O importante é reunir provas que não deixem dúvidas sobre a antiguidade dos monumentos... e esperar pela resposta do sistema - mas, desde a primária desvalorização, até bizarras explicações alternativas, tudo vai sendo possível para manter o encobrimento!

Ao mesmo tempo fomos encontrar no Arquivo da RTP-Açores um apontamento sobre o livro "Cavaleiro da Ilha do Corvo":
Refere o livro do Prof. Joaquim Fernandes, da Universidade Fernando Pessoa, sobre a estátua que já foi aqui referida várias vezes, mencionada por Damião de Góis, e que teve esboço de Duarte d'Armas.
Esboço da Estátua do Cavaleiro do Corvo (dita Ilha do Marco)

Há três anos, esse autor enviou ao blog.thomar.org um anúncio de publicação do livro "O Cavaleiro da Ilha do Corvo" na colecção Temas e Debates, do Círculo de Leitores, e vimos também agora uma referência à publicação em Abril de 2011, na editora Bússola, do Rio de Janeiro.

Para nosso registo, citamos aqui parte do texto que complementa a informação que já tinhamos:
A este estranho monumento juntou-se a descoberta, no século XVIII, de um não menos perturbador vaso de cerâmica, achado nas ruínas de uma casa, no litoral da mesma ilha, repleto de moedas de ouro e de prata fenícias, que, segundo numismatas da época e não só, datariam de, aproximadamente, entre os anos 340 e 320 antes de Cristo.

As descobertas fabulosas não se ficaram por aqui: viajantes estrangeiros, no decurso do século XVI, alegaram ter encontrado inscrições supostamente fenícias de Canaã (Palestina), numa gruta da ilha de S. Miguel. Por fim, em 1976, nesta mesma ilha, haveria de ser desenterrado um amuleto com inscrições de uma escrita fenícia tardia, entre os séculos VII e IX da era cristã.

Todas estas perplexidades levaram Joaquim Fernandes a encetar uma longa e exaustiva investigação bibliográfica e documental e a escrever O Cavaleiro da Ilha do Corvo.

No romance, o autor refere um testemunho que reforça de modo evidente o relato de Damião de Góis: um mapa dos irmãos Pizzigani, de 1367, descoberto em Parma, apresenta um desenho com uma figura explícita ostentando uma legenda em latim onde se diz: Estas eram as estátuas diante das colunas de Hércules... Ora esse desenho está colocado à latitude dos Açores, no meio do Atlântico, sugerindo a tradição das Estátuas como marcos-limites do oceano navegável ou conhecido e serviriam para avisar os perigos que corriam os navegadores mais ousados. Mais ainda: a historiografia árabe, do século X, por exemplo, faz referência a essas mesmas estátuas e à sua eventual função de marco dos limites navegáveis, o que credibiliza, por outra via, o testemunho de Damião de Góis. Demasiadas coincidências, pois, para um simples rumor ou lenda...


O Cavaleiro e os Corvos
aqui apontámos o facto sui generis de D. Afonso Henriques, indo para além de Ourique, teria feito uma incursão ao Algarve, então território muçulmano, para resgatar o corpo de S. Vicente que estaria no Promontório Sacrum
Concerteza que as "certezas" ficam para a historiografia oficial... aqui, sendo local de hipóteses e "estórias" pessoais, ficamos com uma dúvida pela tradição associada com a presença dos corvos na embarcação, onde seguiu o corpo de S. Vicente. Poderiam os corvos representar o corpo junto à estátua da ilha, no ponto mais ocidental... que ainda antes de ser descoberta já aparecia nos mapas com a referência Corvi Marini
Seria esse o limite de navegação para D. Fuas que ficou simbolizado na Nazaré?... sendo que a latitude em que se situa o Corvo é 39º40' e tem como correspondente continental os pinhais acima da Nazaré, com o Sítio/Pederneira colocado a 39º36' ? Uma diferença de apenas 4 minutos do grau...
Teria resistido D. Fuas a seguir a direcção americana apontada pelo Cavaleiro do Corvo?


Ponta Delgada
Convém notar que nem sempre é preciso afastar-mo-nos muito para encontrarmos peças de interesse.
Numa zona que já faz parte de Ponta Delgada, tirei esta fotografia num baldio que está já delimitado e pronto para intervenção de construção:
Ficamos com a sensação clara de haver aí uma ponte antiga, soterrada por terras agora removidas pelo construtor. Talvez um incómodo para o empreiteiro, mas que arrisca a ser temporário... 
Em Ponta Delgada não podemos fazer aquele exercício habitual de classificar todas as pontes como romanas ou medievais...
Os detalhes intrigantes aparecem-nos à vista desarmada, resta saber se os queremos ver e questionar, ou se nos deixamos guiar como caolhos!


Nota adicional (12/07/2011):
Para além do esboço acima, a conhecida imagem da estátua equestre de Marco Aurélio corresponde razoavelmente à descrição feita por Damião de Góis (a mão direita também aponta uma direcção, porém a esquerda não se coloca sobre o dorso do cavalo). Já tinha colocado antes um comentário sobre uma possível ligação da estátua a Marco Aurélio (ou Alexandre), mas dado o esboço a invocação da estátua equestre de Marco Aurélio quase dispensaria comentários adicionais.
Acrescentamos que após Marco Aurélio, com o filho Cómodo o Império Romano entrou num período conturbado (retratado no filme Gladiador).
Se a pequena Ilha do Corvo foi também chamada Ilha do Marco, talvez dispensasse o Aurélio... já que a direcção apontava para as áureas riquezas americanas. É possível que Marco Aurélio tivesse sido tentado a passar o limite colocado no Marco da ilha, seguindo na direcção do Cavaleiro do Corvo, pelo que se teria associado com uma estátua equestre semelhante.

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Apareceram hoje novas notícias sobre achados arqueológicos nos Açores. Seguimos os links que nos foram indicados por Calisto, e ainda o site da APIA:

  

Estas notícias de hoje seguem uma notícia anterior de Março, com novos dados e fotografias, colocando em cima da mesa a presença humana nas ilhas açorianas antes da colonização portuguesa.

Dadas as imagens supra, dificilmente podemos falar em "descobertas", trata-se muito mais de uma tentativa de "des-cobrir", no sentido das nossas explorações quinhentistas, ou seja, trata-se de "retirar do encobrimento" estes achados no Monte Brasil, perto de Angra do Heroísmo... que devem ser conhecidos dos locais e de alguns visitantes. O importante é reunir provas que não deixem dúvidas sobre a antiguidade dos monumentos... e esperar pela resposta do sistema - mas, desde a primária desvalorização, até bizarras explicações alternativas, tudo vai sendo possível para manter o encobrimento!

Ao mesmo tempo fomos encontrar no Arquivo da RTP-Açores um apontamento sobre o livro "Cavaleiro da Ilha do Corvo":
Refere o livro do Prof. Joaquim Fernandes, da Universidade Fernando Pessoa, sobre a estátua que já foi aqui referida várias vezes, mencionada por Damião de Góis, e que teve esboço de Duarte d'Armas.
Esboço da Estátua do Cavaleiro do Corvo (dita Ilha do Marco)

Há três anos, esse autor enviou ao blog.thomar.org um anúncio de publicação do livro "O Cavaleiro da Ilha do Corvo" na colecção Temas e Debates, do Círculo de Leitores, e vimos também agora uma referência à publicação em Abril de 2011, na editora Bússola, do Rio de Janeiro.

Para nosso registo, citamos aqui parte do texto que complementa a informação que já tinhamos:
A este estranho monumento juntou-se a descoberta, no século XVIII, de um não menos perturbador vaso de cerâmica, achado nas ruínas de uma casa, no litoral da mesma ilha, repleto de moedas de ouro e de prata fenícias, que, segundo numismatas da época e não só, datariam de, aproximadamente, entre os anos 340 e 320 antes de Cristo.

As descobertas fabulosas não se ficaram por aqui: viajantes estrangeiros, no decurso do século XVI, alegaram ter encontrado inscrições supostamente fenícias de Canaã (Palestina), numa gruta da ilha de S. Miguel. Por fim, em 1976, nesta mesma ilha, haveria de ser desenterrado um amuleto com inscrições de uma escrita fenícia tardia, entre os séculos VII e IX da era cristã.

Todas estas perplexidades levaram Joaquim Fernandes a encetar uma longa e exaustiva investigação bibliográfica e documental e a escrever O Cavaleiro da Ilha do Corvo.

No romance, o autor refere um testemunho que reforça de modo evidente o relato de Damião de Góis: um mapa dos irmãos Pizzigani, de 1367, descoberto em Parma, apresenta um desenho com uma figura explícita ostentando uma legenda em latim onde se diz: Estas eram as estátuas diante das colunas de Hércules... Ora esse desenho está colocado à latitude dos Açores, no meio do Atlântico, sugerindo a tradição das Estátuas como marcos-limites do oceano navegável ou conhecido e serviriam para avisar os perigos que corriam os navegadores mais ousados. Mais ainda: a historiografia árabe, do século X, por exemplo, faz referência a essas mesmas estátuas e à sua eventual função de marco dos limites navegáveis, o que credibiliza, por outra via, o testemunho de Damião de Góis. Demasiadas coincidências, pois, para um simples rumor ou lenda...


O Cavaleiro e os Corvos
aqui apontámos o facto sui generis de D. Afonso Henriques, indo para além de Ourique, teria feito uma incursão ao Algarve, então território muçulmano, para resgatar o corpo de S. Vicente que estaria no Promontório Sacrum
Concerteza que as "certezas" ficam para a historiografia oficial... aqui, sendo local de hipóteses e "estórias" pessoais, ficamos com uma dúvida pela tradição associada com a presença dos corvos na embarcação, onde seguiu o corpo de S. Vicente. Poderiam os corvos representar o corpo junto à estátua da ilha, no ponto mais ocidental... que ainda antes de ser descoberta já aparecia nos mapas com a referência Corvi Marini
Seria esse o limite de navegação para D. Fuas que ficou simbolizado na Nazaré?... sendo que a latitude em que se situa o Corvo é 39º40' e tem como correspondente continental os pinhais acima da Nazaré, com o Sítio/Pederneira colocado a 39º36' ? Uma diferença de apenas 4 minutos do grau...
Teria resistido D. Fuas a seguir a direcção americana apontada pelo Cavaleiro do Corvo?


Ponta Delgada
Convém notar que nem sempre é preciso afastar-mo-nos muito para encontrarmos peças de interesse.
Numa zona que já faz parte de Ponta Delgada, tirei esta fotografia num baldio que está já delimitado e pronto para intervenção de construção:
Ficamos com a sensação clara de haver aí uma ponte antiga, soterrada por terras agora removidas pelo construtor. Talvez um incómodo para o empreiteiro, mas que arrisca a ser temporário... 
Em Ponta Delgada não podemos fazer aquele exercício habitual de classificar todas as pontes como romanas ou medievais...
Os detalhes intrigantes aparecem-nos à vista desarmada, resta saber se os queremos ver e questionar, ou se nos deixamos guiar como caolhos!


Nota adicional (12/07/2011):
Para além do esboço acima, a conhecida imagem da estátua equestre de Marco Aurélio corresponde razoavelmente à descrição feita por Damião de Góis (a mão direita também aponta uma direcção, porém a esquerda não se coloca sobre o dorso do cavalo). Já tinha colocado antes um comentário sobre uma possível ligação da estátua a Marco Aurélio (ou Alexandre), mas dado o esboço a invocação da estátua equestre de Marco Aurélio quase dispensaria comentários adicionais.
Acrescentamos que após Marco Aurélio, com o filho Cómodo o Império Romano entrou num período conturbado (retratado no filme Gladiador).
Se a pequena Ilha do Corvo foi também chamada Ilha do Marco, talvez dispensasse o Aurélio... já que a direcção apontava para as áureas riquezas americanas. É possível que Marco Aurélio tivesse sido tentado a passar o limite colocado no Marco da ilha, seguindo na direcção do Cavaleiro do Corvo, pelo que se teria associado com uma estátua equestre semelhante.

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